quinta-feira, 31 de março de 2011

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Edinalda, eu li em um documento - "eu tenho ganho" não seria eu tenho ganhado? Outras dúvidas: enviei a carta imprimida ou seria carta impressa? Eu tenho imprimido ou tenho impresso? Português passou a ter mais graça por sua causa! (Paulo Clébio)


RESPOSTA:
As questões são:1-ganho/ganhado; 2-imprimida/impressa
Para cumprir o cânone, vc está certo, PC, deveria ser tenho ganhado, em razão do uso do verbo ter como auxiliar.
Alguns verbos do português têm formas abundantes, isto é, formas de igual valor ou função. A abundância geralmente se verifica no particípio passado.
Em geral, empregam-se as formas regulares (terminadas em “-ado” ou “-ido”) na voz ativa (com os auxiliares “ter” e “haver”) e as irregulares (muitas delas terminadas em “-to” ou “-so”) na voz passiva (com os auxiliares “ser”, “estar” ou “ficar”).
É por isso que dizemos que fulano foi preso (voz passiva), mas que a polícia o havia prendido (voz ativa). Igualmente dizemos que o candidato foi aceito (voz passiva), mas que o candidato tinha aceitado (voz ativa).
E a carta? Imprimida ou impressa?
Também, neste caso, o verbo imprimir é abundante, isto é, apresenta as duas formas. Na sua proposta, PC, carta impressa é o correto, porque subentende-se que a carta foi impressa (verbo auxiliar). Mas quem imprimiu? A gráfica já tinha imprimido a carta, quando vc pediu a alteração.
Resumindo a melodia:
 1- com os verbos SER e ESTAR utilizaremos a forma irregular (impresso, ganho, pago,...)
2- com os verbos TER e HAVER, usaremos as formas regulares (imprimido, ganhado, pagado, ...)
Embora se trate de uma regra (regularidade), nem sempre se verifica esse comportamento. Há hoje forte tendência ao emprego das formas irregulares na voz ativa e isso já é aceito em vários casos, entre os quais o do verbo “ganhar”, apresentado acima. Então, não costumamos ouvir tinha ganhado e sim, tinha ganho.
Na dúvida, pessoal, é melhor não ultrapassar! Substituam por um sinônimo (Ele tinha recebido o prêmio).
Até domingo, grande abraço!
Edinalda (prof.edinalda@yahoo.com.br)


Ensino médio poderá ter grade horária livre

 
As diretrizes brasileiras para o Ensino Médio, em vigor desde 1998, devem ser substituídas nas próximas semanas. O novo texto vai enfatizar que não há uma grade curricular fixa para a etapa e incentivar que cada escola ou rede monte o próprio currículo com ênfase em trabalho, ou em ciência e tecnologia ou em cultura.
A proposta está em estudo pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) há 8 meses e aguardava um retorno das secretarias de educação estaduais – responsáveis por mais de 90% das matrículas desta etapa - que receberam o documento após a posse dos novos titulares da pasta, em janeiro. Nesta quarta-feira, 30/03, o projeto foi apresentado pelo relator, José Fernandes de Lima, em reunião do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) que ocorre em Palmas, no Tocantins.
“Com algumas sugestões de mudança de redação, eles aprovaram a essência do projeto”, diz Lima. “Há um consenso de que é preciso mudar algo para tornar esta fase mais atrativa para o adolescente.” O ensino médio tem os piores indicadores de aprendizado e conclusão da educação brasileira: apenas metade dos matriculados conclui os estudos e 10% aprende o que seria o mínimo adequado segundo as expectativas vigentes.
As novas diretrizes esperam que a ênfase em trabalho, ciência e tecnologia e cultura e a maior flexibilização criem diversidade de projetos que atraiam os jovens. “Vamos deixar bem claro que cada escola ou sistema está liberado para enfatizar mais uma ou outra área sem se prender a cargas horárias. Tem que ensinar matemática, português e outros conteúdos sim, mas pode ser dentro de um projeto sobre o que for melhor para a comunidade”, explica o relator.
Próximos passos
O documento agora segue para votação dentro do CNE no dia 6 de abril e depois aguarda homologação do ministro da Educação, Fernando Haddad. “Acredito que isso será resolvido em semanas”, afirma Lima.
Segundo ele, após a aprovação das diretrizes, outros processos serão necessários como a visita aos estados para tirar dúvidas e uma nova discussão das expectativas de aprendizagem mantidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e que direcionam avaliações como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). “A resolução não tem palavras mágicas, para ela mudar o sistema será necessário muito trabalho das diferentes esferas do governo”, diz o relator.
Fonte: IG Educação

quarta-feira, 30 de março de 2011

15 mitos da Educação

A Revista Nova Escola enumerou 15 mitos presentes no dia a dia do professor. Vale a pena analisar como essas questões interferem em nossa prática.
Para mais detalhes acesse:

terça-feira, 29 de março de 2011

Rio – Oceano

Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê a sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar.
Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós.

domingo, 27 de março de 2011

Campos dos Goytacazes: 176 ou 334 anos?


No dia 29 de maio de 1677, o atual município de Campos dos Goytacazes-RJ foi elevado à categoria de vila, tornando-se a Vila de São Salvador de Campos. Porém no dia 28 de março de 1835 foi instituída a Comarca de Campos, data em que a vila passa à categoria de cidade. E aí fica a polêmica: Comemoramos a elevação à categoria vila ou cidade? Com a palavra a nossa poetisa Heloisa Crespo:

QUANDO FOI QUE EU NASCI
Hoje é o meu ‘aniversário’?
Então eu tenho o direito
de pedir vários presentes,
como jovem, que alguns
insistem em dizer que tenho
175 anos!
Pedirei apenas um:
respeito, muito respeito,
com a jovem senhora que sou!
Pensando bem, eu não peço.
Eu exijo, determino
que a minha idade, de fato,
seja dita e acatada.
Perguntem ao Avelino,
e ao Jorge Renato também
-Ferreira e Pereira Pinto-,
qual a minha idade certa
que eles sabem tão bem!

Não tenho só esse tempo
de vida comemorado.
Hoje é, apenas, mais um
dia em que celebra um fato
acontecido na vida
de Campos dos Goytacazes.
Não é o meu nascimento! 
Repito quase gritando.
Não é o meu nascimento! 
Eu já existia antes
de vinte e oito de março
do ano de 35*¹.
A História prova o que eu digo,
com marcos, fatos, registros...

Quantos anos tem São Paulo?
Quantos anos tem o Rio?
Por que eu só tenho isso,
cento e setenta e cinco?
Pensem nisso e acompanhem
como tudo começou
com o berço dos paulistas,
o berço dos cariocas
e com a terra dos campistas.

Perguntem ao Avelino,
e ao Jorge Renato também
-Ferreira e Pereira Pinto-,
qual a minha idade certa
que eles sabem tão bem!

Heloisa Crespo

*¹ 1835 (176 anos de elevação de Campos dos Goytacazes à categoria de cidade, em 28/03/2011.

sábado, 26 de março de 2011

Ser Professor: Problema ou desafio?

Algumas pessoas veem as coisas como elas são e perguntam: ‘Por quê?’... Eu sonho com coisas que ainda não aconteceram e pergunto: Por que não? (George Bernard Shaw)
Todo educador sonha com uma educação de qualidade, porém vive o pesadelo das dificuldades encontradas principalmente quando atua em escolas públicas.
A solução reside inicialmente em mudança de paradigma. Primeiramente precisamos substituir a palavra “problema” pela palavra “desafio”. A primeira arrasta uma carga semântica negativa, enquanto que a segunda gera uma força de superação. Diga sempre: “Eu não tenho problemas! Tenho desafios!” E que desafios encontramos na escola?
Se formos um pouco mais atentos iremos constatar que nossas reclamações, que não são poucas, vai desde a estrutura física passando pelos alunos até chegar à direção.
Pensemos:
1. Estrutura – o que podemos fazer? É o desafio ao qual damos mais a nossa atenção e que, geralmente, poucas coisas podemos fazer. Aqui diz respeito ao concreto: prédio, recursos tecnológicos, pessoal de apoio, material de consumo, etc.
2.       Relacionamentos – o que podemos fazer? É o desafio ao qual damos menos a nossa atenção e que, geralmente, muitas coisas podemos fazer. Aqui diz respeito à forma como nos relacionamos com todos dentro da unidade escolar, desde o porteiro até a direção, porém o foco do professor será sempre o aluno e na forma como ele atua em sala de aula.
Baseado nessa premissa, listamos alguns pontos que dão o que pensar.
1. LIMITE: Não deixe o “copo transbordar”. Todos nós temos o nosso limite de tolerância e não podemos deixar que os desafios dentro de sala nos conduzam para além dele. Quando sentirmos que estamos perdendo o controle da situação, devemos parar e retomar o leme.
2. CONFIANÇA: Conquistar a confiança da turma. Confiança é uma conquista lenta e não uma imposição! Procure se interessar pelos assuntos dos jovens/crianças que estão sob sua orientação. Demonstre uma posição de compreensão e jamais de rejeição a respeito dos interesses deles, tais como tipos de músicas preferidas, passatempos, comportamento, vestimenta. Não deixe passar uma oportunidade sem demonstrar seu ponto de vista em relação à situação.
3. DIFERENÇA: Se há um lugar em que podemos fazer algo para transformar a Educação deste país, este lugar chama-se SALA DE AULA (aula,-ae em latim, significa pátio, atrium, o lugar onde os soldados romanos faziam suas refeições) (sabor>saber). A aula é um tempo mágico e a sala o espaço renovador. Magia e renovação são ótimos ingredientes para transformar a aridez de alguns corações em solo fértil. Educar sem liberdade é um grande equívoco, por isso tratem seus alunos como grandes colaboradores e só então vocês serão considerados, efetivamente, educadores.
4. FOCO: O aluno é o meu cliente. Foco nele! Sem aluno não há professor! E por isso podemos afirmar sem nenhum temor: Aluno, razão maior do meu viver (profissional)! O foco do professor deve ser sempre o aluno e não o conteúdo. O conteúdo é manipulável, o ser humano... nem sempre! Nossos alunos se comprometerão no momento em que perceberem que nós, professores, estamos comprometidos. O comprometimento é que transforma a promessa em realidade. “Comprometam-se em dar o melhor de si em qualquer situação. Essa é a diferença entre sapos e príncipes”, ou para não ser tão machista, entre sapas e princesas.
5. LIDERANÇA: Nunca deixar que as situações o dominem – Você é o líder e não o liderado. Sempre que necessário faça o aluno sentir a sua autoridade. O jovem, segundo os estudiosos no assunto, necessita de diretrizes e essa função de orientador cabe, dentro da sala de aula, ao professor.
6. PERCEPÇÃO: Problemas de comportamento de alunos comumente encobrem as reais causas. Alunos indisciplinados, daqueles que querem aparecer a qualquer custo geralmente são poucos notados em ambientes fora da escola. Detectar as lideranças e puxá-las pra perto é sempre um bom começo.
7. INGREDIENTES: O bom humor e a afetividade são dois ingredientes essenciais na sala de aula. Não abra mão de utilizar desses atributos para temperar os encontros aluno-professor.
8. EXCELÊNCIA: A excelência é construída a partir das repetições, não de forma automatizadas, mas num continuum processo de aprimoramento. Caso façamos a mesma coisa da mesma forma há anos, chegou a hora de mudar, ou melhor, de inovar. Metodologias de Ensino-Aprendizagem que foram vitoriosos durante a maior parte de nossa formação podem não oferecer mais o mesmo nível de eficácia daqui para frente. Fujamos das formatações, dos pacotes e das políticas pedagógicas lineares. Sejamos polivalentes. Não desperdice seus talentos contribuindo para perpetuar burocracias. Inovação, Flexibilidade e Agilidade são as marcas registradas da contemporaneidade.
9. HUMANIDADE: Somos humanos lidando com humanos. Não percamos de vista a nossa humanidade em seu sentido lato. A linearidade existencial é uma utopia. A vida é feita de altos e baixos. O outro incomoda, o outro aborrece, o outro agride... mas não esqueçamos que também somos “o outro”.
10. PROFISSÃO: O professor não é um missionário, mas um profissional que simplesmente “não dá aulas”, mas que “vende aulas”, pois com seu salário tem que pagar contas, comer, se vestir... Portanto a matéria-prima com a qual trabalha é a mesma da qual se constitui seu pesquisador, ou seja, sujeito=objeto.
11. SERVIDOR: Se você é um servidor, não se esqueça de que o sonho de muitos professores é o de ser aprovado num Concurso Público. Alerta: O grande aliado do mau servidor é a estabilidade. Ela acomoda e faz com que as pessoas vejam apenas seus direitos, esquecendo-se de seus deveres. Não engrossem a fila daqueles que utilizam a função pública como repasto de suas sandices. Servidor é aquele de serve. Ele é pago com os impostos e taxas oriundos do sacrifício de milhões de brasileiros.
12. NÃO SIGA O ALERTA DE NINGUÉM. Nem mesmo esses meus, se não acreditar neles. Siga suas intuições e vozes internas. Cada qual sabe melhor do que ninguém o que é melhor para si. A tecnologia muda diariamente, mas a velha chave das grandes conquistas continua a ser escrita com seis letras: P-A-I-X-Ã-O. Apaixone-se pelas suas missões ou tarefas. Caso contrário, mude, pois jamais terá sucesso no seu sentido mais profundo.
Prof. Erivelton Rangel de Almeida

Projeto educar para ficar

O projeto “Educar para ficar” é uma forma de auxiliar alunos que apresentam dificuldades cognitivas. Idealizado pela professora Maria Lúcia Moreira Gomes e pela assistente social, Cristina Barreto Tavares, o projeto tende a desenvolver ações voltadas para o apoio neuropsicopedagógico dos alunos do IF Fluminense, com transtorno de aprendizagem em variados níveis de ensino, acolhendo-os em suas múltiplas necessidades e visando à permanência  no âmbito escolar.
A pretensão do projeto é auxiliar na solução de possíveis dificuldades que os alunos venham enfrentar em relação à adaptação na escola e as diversidades encontradas, dificuldade na área de conhecimento, psíquico e físico e problemas familiares ou pessoais de crise, que na maioria das vezes são prejudiciais ao desenvolvimento pedagógico do aluno.
Tais dificuldades foram observadas em experiência nas escolas e através de leituras sobre educação. Em muitas instituições podiam observar-se alunos com transtorno de aprendizagem, ocasionados por motivos que vão desde problema de adaptação a problemas psicossociais e neurológicos. Desta forma, é interesse do Educar para Ficar minimizar esses problemas e conseqüentemente fazer com que o aluno permaneça na instituição.
Uma das estratégias do projeto é atingir diretamente três aspectos, considerados dificultadores do processo ensino-aprendizagem. São eles: dificuldades no relacionamento interpessoal e adaptação ao meio; dificuldades no conhecimento adquirido, por falta de subsídios na trajetória escolar pregressa; dificuldades no aspecto neuropsíquico.
A equipe do projeto é formada pela neuropsiquiatra Paula Beloti, pela psicóloga Maria Lúcia Seixas, pela fonoaudióloga Rebeca Sardinha, pela psicopedagoga Bianca Acâmpora e pela terapeuta familiar Cristina Barreto. Cerca de 60 alunos já foram atendidos pelo projeto.
Profa. Maria Lúcia M. Gomes

quarta-feira, 23 de março de 2011

Precisa-se

 
Precisa-se de professores que tenham os pés na terra e a cabeça nas nuvens. Precisa-se de professores capazes de sonhar, sem medo de seus sonhos.
Professores tão idealistas que sejam capazes de transformar seus sonhos em uma visão de futuro. Tão ousados que atrevam a persegui-la. E tão práticos que sejam capazes de torná-la realidade.
Professores capazes de respeitar ideias e respeitar pessoas, não pelo cargo que ocupam, mas pela função que desempenham, seja ela a realização de uma tarefa ou de uma coordenação de esforços individuais para um objetivo comum a todos.
Precisa-se de professores, de qualquer idade, ávidos por aprender a desenvolver novas habilidades, que não se vangloriem de experiências e sucessos passados, mas se orgulhem de sua habilidade em absorver o novo.
Professores com coragem para questionar e inovar, para encontrar novos caminhos, para criar soluções adequadas aos problemas e exigências do seu tempo, presente e futuro, sem as amarras de âncoras do passado.
Precisa-se de professores que construam equipes e se integrem nelas; que não tomem para si o poder, mas saibam transferi-lo para cada um de seus companheiros de jornada.
Professores que não se empolguem com seu próprio brilho, mas com o brilho do resultado final do trabalho conjunto. Que não tenham respostas para todas as questões, mas saibam conduzir seus alunos na busca para encontrá-las.
Precisa-se de professores que sejam verdadeiros e justos. Que inspirem confiança a quantos o rodeiam e demonstrem confiança nos seus discípulos, sem receio de que lhe façam sombra, mas, pelo contrário, orgulham-se deles.
Professores que criem em torno de si, pelo seu próprio exemplo, um clima de entusiasmo, de liberdade, de determinação e ousadia, numa relação de amizade e companheirismo.
Precisa-se de professores que saibam administrar seu fazer pedagógico no campo do ensino, pesquisa e extensão e liderar pessoas. Professores que mantenham sempre a esperança e sempre façam da esperança sua certeza.
Precisa-se urgentemente de líderes, prontos e decididos a formar novos líderes.
Lílian Russo, “O que seria de nós, sem os professores”.

terça-feira, 22 de março de 2011

GESTAR II

Se você é professor de Matemática ou Língua Portuguesa do ensino fundamental (6º ao 9º ano), o MEC disponibiliza um material excelente que inclui discussões sobre questões prático-teóricas e busca contribuir para o aperfeiçoamento da autonomia do professor em sala de aula. O material é composto de Atividades de Apoio à Aprendizagem (aluno e professor), Caderno  do Formador (orientações) e Cadernos de Teoria e Práticas

Acesse o site e confira:

segunda-feira, 21 de março de 2011

O ensino religioso nas escolas públicas

O resultado de nossa enquete sobre se religião deva ser ou não disciplina obrigatória nas escolas públicas deu empate, mostrando que o tema é pra lá de polêmico. Para os opositores, o ensino religioso cabe à família e não à escola, e, queira ou não, o professor dará em suas aulas o direcionamento à crença a qual abraça, fazendo o papel que cabe aos pais. Mas vejamos o que diz a reportagem destacada no IG Educação: 

Parecer
"Entendemos que a escola pública deve ser laica, sem ensino confessional (com aulas separadas para cada religião). Não existe um consenso sobre a estrutura desse ensino religioso, então acreditamos que é preciso aguardar a decisão do STF sobre a ação que questiona o tema antes de tomar uma posição definitiva", disse a professora Rosa Maria Ribes Pereira, relatora do parecer no conselho.
O CME tem atuação consultiva junto à Secretaria Municipal de Educação, mas suas decisões costumam ser acatadas como uma normatização da política de ensino público local. O órgão é formado por seis integrantes do governo municipal e seis da sociedade civil, eleitos para mandatos de dois anos.
Segundo o texto aprovado pelo conselho, a religião não deve ser encarada como uma disciplina escolar, mas como um dos princípios éticos que fundamentam os projetos pedagógicos das instituições. Para Dom Antônio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio, o município deve cumprir a norma constitucional que estabelece o ensino religioso como parte do conteúdo mínimo do ensino fundamental.
"A religião é uma dimensão social e pessoal do indivíduo, além de um elemento da cultura brasileira. A Igreja procura agir para que se cumpra a Constituição e propõe aulas facultativas, com um professor para atender cada grupo de alunos que desejem ser educados em cada religião", afirmou.
Temas
Práticas contraditórias em relação ao ensino religioso coexistem no Rio. O município evita incluir o tema em suas escolas, mas o Estado oferece aulas sobre o tema desde 2004. Na época, a então governadora Rosinha Matheus, que é evangélica, chegou a sugerir o ensino do criacionismo na rede pública, com a tese de que o universo e seres vivos foram criados por intervenção divina.
Pastores evangélicos propõem que disciplinas ligadas à educação religiosa sejam oferecidas no município como aulas optativas, seguindo o formato criado pela rede estadual. "Impedir o ensino religioso priva o aluno da oportunidade de escolha e estabelece uma ditadura do laicismo", afirmou o pastor Francisco Nery, coordenador do departamento de ensino religioso da Omebe.

domingo, 20 de março de 2011

Uma tese é uma tese

Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca. As teses são todas maravilhosas. Em tese.
Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte. O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre – sempre uma decepção. Em tese.
Impossível ler uma tese de cabo a rabo. São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E não? Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo para, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta. E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese.
O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo. Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.
Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para não, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto. Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?
Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação? E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separação, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.
Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou: - Não vou mais estudar! Não vou mais à escola. Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses. - O quê? Pirou? - Quero estudar mais não. Olha Vocês dois. Não fazem mais nada na vida. Essa tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês? Pensando bem, até que não é uma má ideia!
Quando é que alguém vai ter a prática ideia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história? Acho que seria uma tesona.
Mario Prata

sábado, 19 de março de 2011

Convite

Mulheres são maioria entre jovens fora da escola e do trabalho

Parte da população de 18 a 24 anos do País faz parte de um grupo que nem estuda nem trabalha. São cerca de 3,4 milhões de jovens que representam 15% dessa faixa etária. Um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que as mulheres são mais afetadas por esse problema, muitas vezes em função da maternidade e do casamento.
Do total de jovens fora da escola e do mercado de trabalho, 1,2 milhão concluiu o ensino médio, mas não seguiu para o ensino superior e não está empregado. A proporção de jovens nessa situação aumentou de 2001 a 2008, segundo o Inep, e quase 75% são mulheres. Uma em cada quatro jovens nessa situação tinha filhos e quase metade delas (43,5%) era casada em 2008.
Para Roberto Gonzales, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o estudo reflete que a desigualdade de gênero ainda persiste não apenas na diferença salarial, mas no próprio acesso ao mercado de trabalho. “Isso tem muito a ver com a divisão do trabalho familiar, seja doméstico ou de cuidados com o filho. É uma distribuição muito desigual e atinge em especial as mulheres, por isso você tem tantas meninas fora do mercado e da escola”, diz.
Entre as mulheres de 18 a 24 anos que estão na escola e/ou no mercado de trabalho, o percentual daquelas que têm filhos é cinco vezes menor. Segundo o estudo, os dados comprovam que “existe forte correlação entre casamento e maternidade e a saída, mesmo temporária, da escola e do mercado de trabalho observada para as mulheres”.
Uma vez que o processo de escolarização foi quebrado, o retorno aos estudos é bem mais difícil. Para Gonzales, esse afastamento do jovem do mercado de trabalho ou dos estudos pode não ser apenas uma situação “temporária”, como sugere o estudo. Um dos fatos que corroboram essa teoria é a queda da matrícula entre 2009 e 2010 nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), segundo dados do último censo escolar.
“A baixa escolaridade não é uma barreira absoluta ao mercado de trabalho, mas é um problema porque há a possibilidade de criar-se um círculo vicioso. A mulher não terá acesso a bons empregos que dariam experiência profissional e poderiam melhorar sua inserção no futuro”, alerta.
Gonzales afirma ainda que as políticas públicas precisam ser mais flexíveis e acompanhar os “novos arranjos” da sociedade para garantir mais apoio a esse grupo de jovens mães. “As pessoas costumam ter uma ideia mais tradicional de educação em que os pais provêm o sustento para que o filho termine a escolaridade, depois ele segue para o ensino superior e entra no mercado de trabalho. E, na realidade, esses eventos não acontecem necessariamente nessa ordem. Assim como temos muitos jovens casais, também temos famílias monoparentais chefiadas por mulheres com filho e isso, muitas vezes, abre espaço para outras trajetórias de vida”, explica.
Uma das estratégias básicas para garantir que a jovem consiga prosseguir com seus estudos ou ingressar no mercado é a ampliação da oferta em creche. Atualmente, menos de 20% das crianças até 3 anos têm acesso a esse serviço no país. “Essa é uma das principais barreiras alegadas pelas mulheres inativas”, indica Gonzalez.
Fonte: IG Educação