quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Avaliação mostra que metade dos alunos de 8 anos não aprende o mínimo

Metade das crianças brasileiras que concluíram o 3.º ano (antiga 2.ª série) do ensino fundamental em escolas públicas e privadas não aprendeu os conteúdos esperados para esse nível de ensino. Cerca de 44% dos alunos não têm os conhecimentos necessários em leitura; 46,6%, em escrita; e 57%, em matemática.
Isso significa que, aos 8 anos, elas não entendem para que serve a pontuação ou o humor expresso em um texto; não sabem ler horas e minutos em um relógio digital ou calcular operações envolvendo intervalos de tempo; não identificam um polígono nem reconhecem centímetros como medida de comprimento.
"Esse panorama mostra que a exclusão na Educação, que deveria servir como um mecanismo compensatório das diferenças socioeconômicas, começa desde cedo", afirma Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação. "A grande desigualdade que tende a se agravar no ensino médio já se faz presente nos primeiros anos do fundamental. Isso é visível nas diferenças entre as regiões do País."
Os resultados descritos são da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) e foram divulgados ontem. O exame, conforme o Estado adiantou em dezembro, é uma nova avaliação nacional, organizada pelo Todos Pela Educação, Instituto Paulo Montenegro/Ibope, Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). É a primeira vez que são divulgados dados do nível de alfabetização das crianças ao final do ciclo.
A prova foi aplicada no começo deste ano para 6 mil alunos de 250 escolas, apenas das capitais. Somente uma turma por unidade foi sorteada para participar e cada aluno resolveu 20 questões de múltipla escolha de leitura ou de matemática. Todos fizeram a redação, que teve como proposta escrever uma carta a um amigo contando sobre as férias.
Os resultados, divulgados por regiões, estão nas escalas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para leitura e matemática. O nível de 175 pontos foi estipulado como a pontuação que representa que o aluno aprendeu os conteúdos exigidos para a série.
Disparidades. Os dados da Prova ABC mostram a distância entre o sistema público e o privado e, também, as diferenças bruscas existentes entre as regiões do País. Em algumas, menos de um terço dos estudantes aprendeu o mínimo.
É o caso da Região Norte, onde apenas 21,9% dos alunos das escolas estaduais e municipais cumpriram a expectativa de aprendizado em matemática. No Nordeste, essa taxa é de 25,2% para a disciplina e de 21,3% em escrita na rede pública.
"No caso de matemática, que tem a situação mais grave, mesmo a taxa total da Região Sul, que é a melhor, é baixa: 55% dos alunos aprenderam os conteúdos previstos", exemplifica Ruben Klein, consultor da Cesgranrio.
Ele destaca que mesmo entre as escolas particulares a diferença regional se impõe. Enquanto a rede privada nordestina teve média de 67,7 na prova de escrita -numa escala de 0 a 100, em que o ideal é 75 -, a rede particular do Sudeste alcançou 96,7 e a do Sul, 87,5. A nota do Nordeste indica que os alunos apresentam deficiências na adequação ao tema e ao gênero do texto, na coesão e na coerência e possuem ainda falhas na pontuação e na grafia.
Para João Horta, especialista em avaliações do Inep, os dados podem servir para a formulação de políticas públicas. "A partir do momento que identificamos as dificuldades enfrentadas, podemos gerar metas para tentar reverter essa situação preocupante", afirma ele, que acredita que a Educação integral pode ajudar a solucionar o quadro.
"Aumentar o número de horas dentro da escola pode minimizar as diferenças, colocando equipes para ajudar os professores nesses momentos adicionais."
O Estado de São Paulo (SP)

Mostrando a Língua - 24

Salve, queridos diqueiros!
Esta é uma quarta especial: receberemos com a costumeira alegria, entusiasmo, pompa e circunstância DOIS novos diqueiros: CAROLINA FERNANDES e Dr. FERNANDO BATISTA PECLY. Ela, amiga querida de nossa diqueira Dra. Aline Siqueira - sobrinha de dengo; ele, dentista e filho amado de nossa tb diqueira Talita Batista, amiga e professora da UCAM. Ocuparão as seguintes cadeiras:
Carolina- cadeira 118
Fernando - cadeira 119

Pois bem: temos ouvido (com muita frequência!) as pessoas se expressarem de uma maneira bastante inusitada em conversas formais e informais, palestras e outras situações de comunicação da seguinte maneira:
Gostaria de colocar minha opinião.

Mas, gente, COLOCAR onde, em se tratando de opiniões?
Opiniões não se colocam, se expõem ou se dão. Há também quem gosta de, ao final de um discurso, fazer uma colocação em vez de fazer uma exposição, que é muito mais coerente e elegante.

Vou fazer uma COLOCAÇÃO de que vcs não vão gostar.
Deixem eu fazer minha COLOCAÇÃO!

Gostaria de expor minha opinião.
ou
Gostaria de dar minha opinião.

É simples, não é? Mas há muita gente COLOCANDO o que apenas poderia ou deveria ser EXPOSTO!
Fica a dica e a recomendação de mais cuidado
Abraços!
Edinalda

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mais de 40% dos alunos concluem o 3º Ano do ensino fundamental sem o aprendizado esperado em leitura

Mais de 40% dos alunos que concluíram o 3° ano do ensino fundamental não têm o aprendizado em leitura esperado para essa etapa. Isso significa que não dominam bem atividades como localizar informações em um texto ou o tema de uma narrativa.
É o que aponta o resultado de uma avaliação aplicada no primeiro semestre deste ano a 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e privadas de todas as capitais do país. O objetivo era aferir o nível de aprendizado das crianças no início da vida escolar, após os três primeiros anos de estudo.
A Prova ABC é uma parceria do movimento Todos Pela Educação, do Instituto Paulo Montenegro/Ibope, da Fundação Cesgranrio e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A avaliação utilizou a mesma escala da desempenho adotada pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), exame aplicado pelo Ministério da Educação (MEC) aos alunos do 5° e 9° do ensino fundamental.
Por esse modelo, o aluno tem o aprendizado considerado adequado quando atinge 175 pontos. O desempenho médio em leitura dos alunos participantes da Prova ABC foi 185,5 pontos – mas há grande variação nas notas de escolas públicas e privadas e entre estudantes do Norte e Nordeste em relação ao restante do país.
Enquanto os alunos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram desempenho acima da média nacional – chegando a 197 pontos no Sul – os do Norte e Nordeste atingiram, respectivamente, 172 e 167 pontos. Os resultados também variam entre as escolas públicas e particulares: a média dos estudantes da rede pública foi 175,8 pontos, contra 216,7 entre os da rede privada.
Os alunos que participaram da prova também fizeram uma redação para avaliar competências como coesão, coerência e adequação do texto ao tema proposto, além da observação das normas ortográficas e de pontuação. O desempenho esperado, em uma escala de 0 a 100, era pelo menos 75 pontos. Mas a média nacional foi 68,1, sendo a nota dos alunos das escolas públicas seis pontos inferior a essa média e a dos estudantes da rede privada, 18 pontos superior.
Também foi avaliado o conhecimento dos participantes em matemática, cuja média nacional foi 171,1 pontos - abaixo do nível determinado como aprendizado adequado. O aluno precisaria atingir 175 para ser considerado apto a resolver problemas envolvendo notas e moedas, além de dominar a adição e a subtração. Apenas 42% do total dos avaliados atingiram esse patamar.
As habilidades dos estudantes com os números também foi superior na rede privada, cuja média foi 211,2 pontos contra 158 na pública. Os alunos do Norte e Nordeste também tiveram resultados inferiores – 152,6 e 158, 2 pontos respectivamente – em relação aos participantes do Sul (185 pontos), Sudeste (179 pontos) e Centro-Oeste (176 pontos).
Agência Brasil

Ensino fundamental: 57% saem do 3º ano sem saber matemática

Dados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), aplicada a crianças que concluíram o 3.º ano do fundamental, revelam que 56,1% dos alunos aprenderam o que era esperado em leitura para este nível do ensino e 42,8% em Matemática. O estudo apontou uma variação grande entre as regiões do País e as redes de ensino pública e privada.
A prova foi aplicada no 1º semestre a cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais e é uma parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro /IBOPE, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Os resultados foram apresentados na escalas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), de 175 pontos. Ao atingir essa marca, o aluno consegue, em leitura, identificar temas de uma narrativa, localizar informações, identificar características de personagens e perceber relações de causa e efeito. Em matemática, com a pontuação eles conseguem dominar a adição, subtração e resolvem problemas que envolvem notas e moedas.
Em leitura, o desempenho dos alunos foi de 185,8 pontos na escala Saeb - 56,1% do total das crianças aprenderam o que era esperado. A tabela abaixo mostra a discrepância entre o rendimento de escolas privadas, em que 79% tiveram desempenho conforme as expectativas, e as públicas, em que o mesmo índice foi de 48,6%.  
Já em matemática, a pontuação foi de 171,1, com 42,8% das crianças com resultado esperado. O índice chegou a 28,3% na região Norte, a pior, e a 55% na Sul, a melhor.
Os alunos também tiveram de fazer uma redação, em que foram examinados os seguintes critérios: grafia das palavras, adequação às normas gramaticais, segmentação de palavras e pontuação. De uma escala que vai de 0 a 100 pontos, o desempenho esperado dos alunos de 3º ano é de pelo menos 75 pontos.
Estadão.edu

domingo, 28 de agosto de 2011

O desafio de criar leitores

Uma das maiores críticas literárias e, ao mesmo tempo, incontornável voz de oposição política na Argentina, Beatriz Sarlo conhece hoje mais da política que da produção literária brasileira.
Ao mesmo tempo em que fala com desenvoltura sobre a forma como Dilma vem imprimindo seu caráter "irredutível" e "moralizante" ao governo, diz ter pouco acesso a autores brasileiros contemporâneos - entre os que admira, estão Milton Hatoum, que leu traduzido, e Chico Buarque, cujos romances conheceu em português.
Também a política tem sido mais associada ultimamente a Sarlo que à literatura na Argentina - seu título de ensaios La Audácia y el Cálculo: Kirchner 2003- 2010, uma crítica ao estilo kirchnerista num mundo midiatizado, tem frequentado a lista de mais vendidos no país.
Mas é sobre leitura, ou sobre a formação do leitor, que ela vem falar nesta sexta na 14.ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, que começa hoje, em mesa da qual também participa seu conterrâneo Alberto Manguel. Na conversa a seguir, ela trata do tema.

Em Modernidade Periférica (1982), lançado aqui em 2010, você cita que o governo argentino foi importante para a criação de um público leitor. Como foi?
O Estado deu instrumentos educativos para que se pudesse constituir esse público. Desde o fim do século 19, o governo argentino tem como política uma Educação pública, gratuita e obrigatória. Naquele período, também procurou nacionalizar os imigrantes nas Escolas públicas, o que ajudou a atrair leitores para a imprensa jornalística e para os romances.

E como é o público leitor na Argentina hoje?
O público está dividido, como na maior parte dos países do mundo, em três tipos: o público que lê best-sellers no sentido mais estrito, esses fabricados para ser muito vendidos. Em geral, traduções, como Ken Follet. Outro é o que lê o que chamo de literatura de qualidade, que não é o que para mim é boa literatura, mas dá a impressão de trabalhar com as marcas da boa literatura.
Essa não é a literatura que leem nem os críticos nem os escritores nem o terceiro segmento do público, que lê a literatura mais experimental, mais difícil. Ao segundo segmento chamo de literatura de qualidade tomando o nome do que nos EUA se chama de quality films. Esses são não as obras de arte, mas os filmes médios, benfeitos, sem grandes problemas, que vão para as grandes salas.

Nos últimos anos, tem-se trabalhado no Brasil em nome da implantação de bibliotecas públicas. Na Argentina isso já aconteceu com força há mais tempo?
Há uma rede de bibliotecas populares em todas as províncias argentinas há uns 100 anos, que às vezes têm características razoáveis ou até baixas. Mas há essa rede e várias iniciativas provinciais para criar um clima favorável à leitura. De toda maneira, há que se pensar que a literatura hoje passa pela internet e por aqueles que têm acesso à internet.

A internet pode ser positiva para a formação de leitores?
Depende do nível cultural e de alfabetização da pessoa que tem acesso a ela. Assim como no século 15 se inventou a imprensa e no século 18 surgiram as bibliotecas circulantes, hoje há a internet. Não se pode prescindir dela. Muito do que lemos hoje nós o fazemos comprando, baixando e imprimindo a partir dela. O que temos de ver é como trabalhar no nível público com isso e quais são as novas formas estéticas que podem surgir aí.
O Estado de São Paulo (SP)

28 de agosto - Dia Nacional do Voluntário

Segundo definição das Nações Unidas, “o Voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos…”.
Uma via de mão dupla. É dessa forma que se pode resumir o trabalho voluntário. O voluntariado não se resume apenas a generosidade e a doação, mas também permite uma abertura a novas experiências, novas oportunidades de aprendizado, ao prazer de se sentir útil, cria novos vínculos de pertencimento e afirmação do sentido comunitário. Tudo isso faz dessa prática uma ótima experiência.
Cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, o trabalho voluntário tem uma data especialmente dedicada a ele. No próximo dia 28 de agosto comemoramos o Dia Nacional do Voluntariado, data instituída em 1985, por meio da Lei Nº 7.352, sancionada pelo então Presidente da República, José Sarney, passando a ser celebrada anualmente a partir de então.

Sobre Voluntariado


1. Todos podem ser voluntários
Não é só quem é especialista em alguma coisa que pode ser voluntário. Todas as pessoas capacidades, habilidades e dons. O que cada um faz bem pode fazer bem a alguém.

2. Voluntariado é uma relação humana, rica e solidária
Não é uma atividade fria, racional e impessoal. É relação de pessoa a pessoa, oportunidade de se fazer amigos, viver novas experiências, conhecer outras realidades.

3. Trabalho voluntário é uma via de mão dupla
O voluntário doa sua energia e criatividade, mas ganha em troca contato humano, convivência com pessoas diferentes, oportunidade de aprender coisas novas, satisfação de se sentir útil.

4. Voluntariado é ação
Não é preciso pedir licença a ninguém antes de começar a agir. Quem quer, vai e faz.

5. Voluntariado é escolha
Não há hierarquia de prioridades. As formas de ação são tão variadas quanto as necessidades da comunidade e a criatividade do voluntário.

6. Cada um é voluntário a seu modo
Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos. Alguns voluntários são capazes, por si mesmos, de olhar em volta, arregaçar as mangas e agir. Outros preferem atuar em grupo, juntando os vizinhos, amigos ou colegas de trabalho. Por vezes é uma instituição inteira que se mobiliza, seja ela um clube de serviços, uma igreja, uma entidade beneficente ou uma empresa.

7. Voluntariado é compromisso
Cada um contribui na medida de suas possibilidades mas cada compromisso assumido é para ser cumprido. Uns têm mais tempo livre, outros só dispõem de algumas poucas horas por semana. Alguns sabem exatamente onde ou com quem querem trabalhar. Outros estão prontos a ajudar no que for preciso, onde a necessidade é mais urgente.

8. Voluntariado é uma ação duradoura e com qualidade
Sua função não é de tapar buracos e compensar carências. A ação voluntária contribui para ajudar pessoas em dificuldade, resolver problemas, melhorar a qualidade de vida da comunidade.

9. Voluntariado é uma ferramenta de inclusão social
Todos têm o direito de ser voluntários. As energias, recursos e competências de crianças, jovens, pessoas portadoras de deficiência, idosos e aposentados podem e devem ser mobilizadas.

10. Voluntariado é um hábito do coração e uma virtude cívica
É algo que vem de dentro da gente e faz bem aos outros. No voluntariado todos ganham: o voluntário, aquele com quem o voluntário trabalha, a comunidade.

Fonte: http://www.infojovem.org.br/2010/08/26/dia-nacional-do-voluntario/
Colaboração: Heloisa Crespo

sábado, 27 de agosto de 2011

Atraso na escola

A legislação que rege a oferta de ensino no País prevê que a criança deve ingressar aos 6 anos no primeiro ano do Ensino Fundamental e concluir essa etapa aos 14. Na faixa etária dos 15 aos 17 anos, os jovens devem estar matriculados no Ensino Médio.
Entre 2008 e 2010, o percentual de alunos, fora da série adequada para a respectiva idade, teve ligeira elevação. Em 2008, a taxa correspondia a 22,1% no Ensino Fundamental, passando para 23,6%, em 2010. No Ensino Médio, era de 33,7% em 2008, alcançando 34,5% no ano passado.
O Censo Escolar de 2010 revela, ainda, que em cada grupo de cinco estudantes brasileiros um deles está atrasado na escola.
No Ensino Médio, pelo menos três, no total de dez, também estão em idêntica situação, constatando-se, assim, taxas de distorção idade-série. O indicador mede a proporção de alunos que não estão matriculados na série indicada à faixa etária.
A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda, entende que essa estagnação resulta do arrefecimento da política de progressão continuada. Muitas redes de ensino, que tinham como orientação a não reprovação de alunos nos primeiros anos do Ensino Fundamental, modificaram essa norma.
Por isso, na sua opinião, houve uma manutenção da reprovação, constituindo a maior causa da distorção idade-série. Assim, já se cogita da adoção de políticas de correção de fluxo e de aprendizagem sem recorrer à reprovação como o reforço escolar.
Embora exista razoável estabilidade na taxa de distorção da idade-série nos últimos anos, Maria do Pilar salientou que na década passada a redução do índice foi maior: entre 2001 e 2011essa diferença reduziu-se em 16 pontos percentuais no Ensino Fundamental e 19 pontos no Ensino Médio.
A média ideal seria um patamar mais adequado, entre 3% e 4%. Todavia, a taxa de distorção idade-série cresce no 6º ano do Ensino Fundamental, no qual 32% dos estudantes estão atrasados, e no 1º ano do Ensino Médio alcança 37,8% dos jovens.
Por essa razão, será ministrado um “curso especial”, de caráter diferenciado, incluindo-se a organização dos alunos.
Nessas condições será permitido que em um ano o estudante receba o certificado de conclusão e possa ingressar no Ensino Médio. É uma decisão inteligente e aceitável, mas reveladora de que ainda lutamos com deficiências no setor educacional.
Folha de Pernambuco (PE)

Parada Poética - 03

O grande poeta argentino, Jorge Luis Borges, completaria esta semana 112 anos. Minha ex-aluna Luiza lembrou-me do poema Instantes, que muitos dizem de autoria de Borges, quando o utilizamos numa avaliação de Literatura Portuguesa, solicitando aos alunos que destacassem a presença de características do período árcade, principalmente as máximas latinas: carpe diem (aproveitar o dia), fugere urbem (fugir da cidade), inutilia trucant (cortar as inutilidades), locus amoenus (local ameno, tranquilo), aurea mediocritas (valorizar as coisas cotidianas). Bons tempos!!!
A nossa grande amiga e poetisa, Heloisa Crespo, também presta uma homenagem ao grande poeta.

INSTANTES

Se eu pudesse novamente viver a minha vida, 
na próxima trataria de cometer mais erros. 
Não tentaria ser tão perfeito, 
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. 
Seria menos higiênico. Correria mais riscos, 
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, 
subiria mais montanhas, nadaria mais rios. 
Iria a mais lugares onde nunca fui, 
tomaria mais sorvetes e menos lentilha, 
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata 
e profundamente cada minuto de sua vida; 
claro que tive momentos de alegria. 
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente 
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; 
não percam o agora. 
Eu era um daqueles que nunca ia 
a parte alguma sem um termômetro, 
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e, 
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, 
começaria a andar descalço no começo da primavera 
e continuaria assim até o fim do outono. 
Daria mais voltas na minha rua, 
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, 
se tivesse outra vez uma vida pela frente. 
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo.


UM MOMENTO COM BORGES
                                 A Luiza Miranda, Erivelton Ragel e Jorge Luis Borges

Revi o poema "Instantes".
Concordo quando ele diz
que se outra vida tivesse,
cometeria mais erros...

Não faria tanto esforço
pra fazer as coisas certas.
Não levaria a vida
com tanta seriedade.
Seria menos responsável,
mas não, irresponsável.
Menos ponderada, sim.
Sem dúvida, viajaria muito mais,
dançaria bem mais,
seria mais intolerante.

Correria riscos novamente.
E, mais uma vez, faria tudo
que eu fiz na minha infância:
nadaria no meu rio preferido,
andaria de cavalo de pau
e cavalo de verdade.
Tomaria banho na cachoeira.
Andaria descalça na grama,
molhada pela chuva.
Teria aquelas conversas
intermináveis com a minha avó.
Iria ao hipódromo aos domingos.
Ah, isso eu não mais faria.
As pistas não existem mais...
                                 Heloisa Crespo

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Educação e sustentabilidade, um compromisso compartilhado!

Ante a constatação unânime quanto ao significado da Educação para o desenvolvimento, é importante discutir as várias vertentes de políticas públicas e ações capazes de viabilizar a democratização do ensino de qualidade. Este é um dos grandes desafios brasileiros.
Como sabemos, o País avançou muito na oferta de vagas nas Escolas públicas, conseguindo atender de modo pleno à demanda. No entanto, ainda está aquém no tocante à qualidade, que continua deixando a desejar.
Ensino de alto nível, porém, exige uma série de requisitos, a começar pela saúde e alimentação dos alunos, estímulo e boas condições de trabalho dos professores, salas de aula com um mínimo de salubridade e conforto e acesso a material Escolar adequado. Neste ultimo aspecto, há um positivo exemplo, relativo à distribuição gratuita de cadernos para os cinco milhões de alunos da rede pública estadual.
Esse trabalho é realizado pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), por meio da distribuição de kits Escolares aos estudantes do ensino fundamental e do Médio.
Trata-se de ação que muito tem contribuído para a elevação dos índices de Escolaridade no Estado. Como se sabe, a dificuldade financeira para a compra de material é um dos fatores inibidores da frequência às aulas, mesmo a criança ou jovem tendo sua matrícula garantida.
Todos os anos, a FDE compra cerca de 20 milhões de cadernos, fornecendo-os aos cerca de cinco milhões de alunos da rede Escolar gerida pela Secretaria da Educação do Governo do Estado de São Paulo.
Obviamente, o atendimento a essa demanda é economicamente relevante para a indústria gráfica, contribuindo para estimular o seu segmento caderneiro, não apenas pelos substantivos números, mas também pelo cronograma em que o processo licitatório e de distribuição ocorre: o período imediatamente anterior ao de maior demanda, nas proximidades do final do ano.
Isso mitiga o impacto da sazonalidade e permite às gráficas manterem suas operações em plena atividade. Outro detalhe importante do programa da FDE é que nos kits Escolares também há cadernos confeccionados com papel reciclado, numa analogia com a demanda global da sustentabilidade e exigência de produtos e serviços cada vez mais ecologicamente corretos.
Tal peculiaridade valeu o reconhecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Este aspecto, aliás, é consentâneo com a visão e atitudes da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), que criou o Prêmio de Responsabilidade Socioambiental, já em sua segunda edição, e liderou a organização da Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, da qual são signatárias 25 entidades de classe.
Essas iniciativas visam a estimular as práticas industriais corretas e a conscientizar a sociedade sobre o quanto o setor é sustentável, com produtos recicláveis, advindos da transformação de insumos renováveis.
O programa da FDE relativo à distribuição de cadernos e materiais Escolares aos alunos da rede pública, além de todos os aspectos mencionados, suscita uma reflexão importante sobre o desafio da democratização do ensino de qualidade. Atendê-lo trata-se, de fato, de uma obrigação constitucional do Estado.
No entanto, todos devem contribuir, inclusive os fornecedores de produtos, como cadernos, e serviços voltados às Escolas e aos alunos. O compromisso de qualidade, nesses casos, é inexorável. Esta é uma responsabilidade que a indústria gráfica assume de modo enfático perante os cinco milhões de alunos da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo.
Jornal do Commercio (RJ)

Mostrando a Língua - 23

Salve, salve, meu bom povo!
Eis a dica desta quarta, precedida de uma historinha bem humorada que recebi de Silvinha Paes. Eis a historinha:

“Falar BOM português às vezes é um perigo.
A mocinha de família se preparou toda para ir ao ensaio de uma escola de samba.
Chegando lá, um cidadão afro descendente (o antigo negão), todo suado, cheio de correntes no pescoço e com a camisa do Framengo, pede pra dançar com ela e para não ser preconceituosa ela aceita.
Mas o cidadão suava tanto que ela já não estava suportando mais!
A moça foi se afastando e disse:
- Você sua, heim?
Ele a puxou, lascou um beijo e respondeu:
- Beleza gata.... excrusive vô sê seu tamém!  É nóis!”

Tadinho. Ele entendeu "Vou ser sua...". Não é fácil, hein, pessoal? Só rindo!Agora, risadas à parte, e se o amor desse uma ´pernada' nela?

Eis a dica:
Na oração “SÃO OS BANQUEIROS QUE ACABAM SE DANDO BEM”, há um erro grave de concordância, mas frequente, de que o falante não se dá conta. A expressão É QUE (flexionada neste caso no plural- SÃO QUE) não é genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase. Por se tratar de um mero enfeite frasal, essa locução é totalmente dispensável sem prejuízo para o sentido da oração.
Analisemos: São os banqueiros que acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de significação, é lógico.)
A frase correta será então: É OS BANQUEIROS QUE ACABAM LUCRANDO.

Mais exemplos:

“Só nós dois É QUE sabemos o quanto nos queremos bem”. (Puxei do fundo do baú esta letra de canção portuguesa.)
Seria estranho ( e errado!) dizer: Só nós dois somos que sabemos o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos bem.
É eles QUE representarão o presidente. Essa frase está correta. Se eliminarmos do contexto a expressão de realce É QUE, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o presidente. Estaria, portanto, incorreta se fosse escrita assim: São eles que representarão o presidente
Muito cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, os organizadores de concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases desse tipo, induzindo o concursando a considerá-las incorretas.
Até quarta, pessoal!
Fraterno abraço,
Edinalda

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Livros didáticos que serão distribuídos às escolas públicas em 2012 custaram R$ 1,1 bilhão

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) encerrou a negociação da compra de 162,4 milhões de livros que serão distribuídas às escolas da rede pública no ano que vem. O custo total da aquisição foi R$ 1,1 bilhão – a maior compra de livros já feita pelo órgão, que é uma autarquia do Ministério da Educação (MEC). As redes de ensino começam a receber as obras em outubro. A entrega vai até fevereiro de 2012.
Para o próximo ano, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) adquiriu livros para todas as disciplinas do ensino médio, além de 70 milhões de exemplares de reposição para o ensino fundamental.
É o primeiro ano em que os alunos do ensino médio vão receber livros de espanhol, inglês, filosofia e sociologia. Cada obra deve ser usada durante três anos consecutivos. Ao todo, foram adquiridos 2.108 títulos diferentes.
Vinte e quatro editoras tiveram obras selecionadas. O material é apresentado a comissões de especialistas das universidades federais que selecionam as obras a partir de critérios estabelecidos pelo programa, como, por exemplo, a coerência com o currículo escolar. Em seguida, as escolas recebem um guia do livro didático com os títulos disponíveis e escolhem as obras que querem receber. A partir desse levantamento é que os títulos são adquiridos.
O valor de cada exemplar adquirido para 2012 variou entre R$ 5,45 e R$ 28,94. O preço varia de acordo com o número de páginas da obra e a quantidade de exemplares encomendados. A Editora Ática será a maior fornecedora do PNLD 2012, com 33 mil exemplares, ao custo de R$ 194 milhões.
Em seguida, aparecem as editoras Saraiva, que receberá R$ 205 milhões por 30,8 mil exemplares, e Moderna, com 30,6 mil publicações ao custo de R$ 220 milhões. As menores fornecedoras são as editoras Fapi e Aymará, com 5 mil e 1,4 mil exemplares, respectivamente.
“Mesmo no caso do livro com preço mais alto, ainda é menor do que aquele que o consumidor compra na livraria. É o ganho de escala que o FNDE tem. Além de ser uma compra direta com a logística otimizada, o livro chega à escola sem nenhum intermediário. Não há custo com vendedor ou outros custos que estão envolvidos no mercado livreiro quando a obra vai para o consumidor comum”, diz Rafael Torino, diretor de Ações Educacionais do FNDE.
Para receber as obras, é necessária a adesão das escolas ao Programa Nacional do Livro Didático – até 2009, a entrega dos livros era feita a todas as redes de ensino, ainda que não houvesse solicitação formal. Atualmente, todos os estados e 97% dos municípios estão inscritos no programa.
Nádia Franco, Agência Brasil

Um trabalho que as escolas não estão fazendo

Uma das principais pesquisadoras da formação de leitores no Brasil, Marisa Lajolo, da Unicamp, elogia o formato do Agentes de Leitura, mas diz que a existência do programa expõe as deficiências do sistema educacional brasileiro.
- Se tivéssemos bons professores não precisaríamos de agentes da leitura. O melhor exemplo disso é que todas as escolas bem avaliadas não precisam de gente de fora para promover a leitura. Ela mesma se encarrega disto - afirma. 
Lembrando a instabilidade no repasse de verbas para outro programa de estímulo à leitura, o Proler, da Fundação Biblioteca Nacional (criado em 1992), ela diz ainda que um desafio da área é garantir a continuidade das ações. 
- Para isto é preciso algo mais do que vontade política. Neste momento, há um capital grande interessado nisso: a indústria livreira, ameaçada pelo livro digital - constata. 
Em São Bernardo do Campo, por exemplo, a previsão é de que o programa seja renovado por mais um ano e o número de agentes passe de 185 para 400 - mas a falta de bibliotecas em bairros carentes como Baeta Neves e Alvarenga levanta uma interrogação sobre como os leitores formados pelo programa poderão manter o hábito de ler. 
Fabiano dos Santos Piuba, criador do programa e diretor do Livro, Leitura e Literatura no Ministério da Cultura, pretende acompanhar o desempenho das crianças atendidas por agentes em avaliações como a Prova Brasil. Também negocia uma parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para produzir pesquisas sobre o projeto. 
Medir os resultados é um desafio. Números positivos podem estimular governos estaduais e federais a investir, em parceria com o governo federal, no programa ou em iniciativas semelhantes. No momento, a maior parte da verba vem do Ministério da Cultura, via Fundo Nacional de Cultura. A contrapartida é de 1/3 por parte de estados e 20% pelos municípios. 
Cada agente de leitura custa R$7 mil reais por ano, incluindo seleção, material e capacitação. Em um ano, o projeto em 15 estados com 3.142 agentes custará R$22,2 milhões. 
Para o escritor Francisco Gregório Filho, um dos fundadores do Proler, hoje há por parte do governo e da sociedade civil uma preocupação maior em relação à leitura. 
- Há uma determinação política para investir em formação de leitores. Daí a criação de novos programas, como o Agentes de Leitura, capaz de complementar outros como, por exemplo, o Proler, que teve seus percalços, mas voltou a se fortalecer - diz. (G.S.J. e M.A).
O Globo (RJ)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O maior desafio da educação

Em meio a tantos, é possível definir o maior problema da Educação? Quando falamos de Educação, estamos falando de Escola,  principal função é construir conhecimentos e desenvolver a capacidade de continuar aprendendo. O principal instrumento para aprender é a leitura. Portanto, ensinar a ler – isto é, alfabetizar – é o primeiro e maior desafio da Escola.
Mas a escola pública não tem conseguido fazer isso para a maioria da população. Qualquer um sabe diferenciar uma criança que sabe ler e escrever de uma que não sabe. Basta fazer um ditado ou dar-lhe um livro para ler. Nas Escolas particulares, as crianças concluem o 1º ano lendo e escrevendo. Por que na Escola pública isso não ocorre? Conhecemos as explicações: “Cada criança tem seu tempo, é preciso respeitá-lo”; “não existe idade certa para alfabetizar”; “é preciso deixar a criança descobrir sozinha e não atropelá-la com instruções...”
Nada disso, porém, condiz com as evidências científicas acumuladas nas últimas décadas pelos cientistas do mundo todo que estudam como as crianças aprendem a ler e escrever e quais as estratégias mais eficientes para promover essa aprendizagem. O Brasil começa a despertar, lentamente, para o problema. Diversos municípios e algumas redes estaduais – notadamente as de Sergipe e Ceará, no Nordeste – têm desenvolvido políticas de alfabetização mais eficientes. Mas isso ainda não é a norma. E nem todas as iniciativas produzem iguais resultados. 
A Prova Brasil mostra que metade dos alunos do 5º ano não sabe ler e escrever textos simples. O país patina na alfabetização devido a dois problemas. O primeiro é a descaracterização do que significa alfabetizar. Aquilo que qualquer pai ou mãe sabe identificar e deseja — ou seja, que seu filho aprenda a ler e escrever no 1º ano de Escola— passou a ser objeto de especulações entre os educadores. Alfabetizar passou a ser confundido, por exemplo, com ser capaz de compreender um texto... E com isso se perdeu a noção de que a criança deve ser alfabetizada no 1º ano. 
O segundo problema é a questão do método. O Brasil leva 30, quase 40 anos, sem dar orientações consistentes nessa área, como se método de alfabetização não fosse importante. A maioria dos professores não tem formação mínima para alfabetizar e as cartilhas distribuídas pelo MEC são um descalabro. As universidades continuam omissas e desatualizadas.
Após anos de inércia, o país começa a despertar. Neste ano, o Brasil foi palco de vários seminários nacionais e internacionais onde mais de 50 cientistas de seis países apresentaram suas pesquisas sobre alfabetização. Dia 10 de agosto, dois deles darão palestras em Jaboatão dos Guararapes, falando das evidências científicas sobre quais as metodologias mais eficientes para se alfabetizar, segundo estudos feitos no mundo todo. Eles devem trazer importantes contribuições para as redes de ensino interessadas na eficácia da alfabetização.
Diário de Pernambuco (PE)

Duas décadas de avaliações e o que aprendemos?

Temos utilizado este espaço nos últimos dias para chamar a atenção para as contradições produzidas no âmbito da Educação no Tocantins. De uma maneira surpreendente, ultimamente a Educação no estado tem sido objeto de discussão e está presente nos principais veículos de comunicação do Estado. 
Desde quando foram implementados os sistemas de avaliação da Educação pelo Ministério da Educação (MEC) o Tocantins não figura nas melhores posições em relação aos demais entes federados e na tentativa de se contrapor ao óbvio, os secretários de Educação estadual reiteradamente argumentaram e continuam argumentando que aqui os investimentos são altos e os salários dos professores são os mais bem pagos do país, numa clara tentativa de imputar aos professores a responsabilidade pelos resultados negativos.
Quanto à remuneração dos profissionais da Educação, em pesquisa recente divulgada pela Unesco feita em 40 países, o Brasil tem o terceiro pior salário para um professor em início de carreira, cerca de US$ 5 mil por ano.
Segundo dados do estudo, enquanto na Alemanha o rendimento anual de um professor chega a US$ 30 mil por ano, no Brasil não passa de US$ 10 mil no auge da carreira.
Em Portugal, por exemplo, o salário anual de um professor chega a US$ 50 mil. A pesquisa mostra ainda que em países vizinhos, como a Argentina, um professor em inicio de carreira recebe cerca de UU$ 22 mil por ano.
Os números revelam que, na verdade, os profissionais da Educação no Brasil são mal remunerados e o Tocantins não é uma exceção neste contexto o que ocorre neste caso é que dentro de um cenário de baixos salários o Estado tem melhor colocação.
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) divulgou na última quarta-feira, o resultado do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Tocantins (Salto), que avaliou o desempenho dos alunos do 5º e 9° ano do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio em língua portuguesa e matemática.
Os testes mostraram que 81,3% dos alunos do 5º ano, 91,38% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental e 97,12% dos alunos do 3º ano do ensino médio nas escolas públicas estaduais não atingiram a pontuação mínima na avaliação que era 5,0 pontos.
Os dados são preocupantes, mas não surpreendem, visto que as avaliações nacionais vêm mostrando esta realidade ano após ano no Estado do Tocantins.
O  Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi implantando em 1998, anterior a ele o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica  (Saeb) -foi instituído em 1990, portanto o surpreendente é a incapacidade dos governos em utilizar os dados produzidos pelas avaliações para desenvolver políticas públicas educacionais eficazes.  
Instrumentos e evidências que mostram que a Educação passa por sérios problemas não faltam. No discurso oficial a análise dos resultados do Salto é permeada pelo senso comum em considerar que o fato do Tocantins praticar um dos melhores salários do país e que nossa infraestrutura é a melhor da Região Norte, que é precária, são suficientes para justificar a fragilidade e inconsistência das políticas de Educação do Estado, que ao longo de sua história ainda não conseguiu construir um sistema de ensino sólido, com características próprias, ao invés disto tem se feito a opção por projetos e programas paliativos que não demonstram ser suficientes para fazer frente as demandas da Educação no Tocantins.
A priori, o que se percebe no tratamento dos resultados desta avaliação no Tocantins, evidenciado nas falas dos gestores escolares e da Seduc, que a busca de justificativa para a implantação das escolas de tempo integral em prédios sem condições estruturais, reforçando um equívoco, aumentar a permanência do aluno na escola, sem uma reflexão que leve em conta o currículo, as condições de trabalho e a formação dos professores para atender uma proposta pedagógica diversificada.
Outra medida e um segundo equívoco é a adoção de políticas meritórias que não resultam em melhoria de qualidade educacional.
Jornal do Tocantins (TO)