domingo, 5 de maio de 2013

Mostrando a Língua - 79

Segue a dica, meus bons diqueiros:
Há algum tempo, conversamos, eu e minha amada irmã, sobre um conhecido nosso que, para se referir às pessoas que moram em seu prédio, usa o termo 'MORADEIRA'. Afinal, pergunta ela, isso existe?
NÃO EXISTE, gente, a não ser na língua saborosa, tão generosa e livre de preconceitos do povo.
Mas, a Academia que não é generosa ( isso é uma crítica, sim?) cunhou o termo 'MORADORA', feminino de morador, e pronto! Os dicionários não aceitam a contribuição da língua falada e, com isso, perdem a oportunidade de enriquecer o léxico.
Vejam que belo texto encontrei em minhas 'andanças' literárias sobre o termo em questão, entre outros( os grifos são meus): ( o texto inteiro está no anexo e é 'bonidemais', como querem os mineiros.
' [...] Foi governado pelo meu sertanejo coração de sangra-d'água e aguapé que este "moradense" deixou de ser um morador de sua cidade, mas virou um assíduo "moradeiro". Explico: "moradense" é quem nasce e vive em Morada Nova. Quem nasce noutras terras e muda-se para Morada Nova é "morador". E aqueles que, tendo ou não nascido lá, vivem em outras terras, mas frequentam frequentemente a nossa cidade, estes, somos os "moradeiros", seja a negócios, por lazer ou amor.
Eu, cá de minha parte, virei moradeiro por pura necessidade: sarar uma neurose de saudade, um banzo. E voltar a Morada Nova é parte da cura: o chá, o divã.'
Que trecho mais lindo, não é? Aí, ele justifica o uso de MORADEIRO, muito mais expressivo, segundo o autor ( e é!) para designar o amor pela terra.
 Abçs da Edinalda
GUTTA CAVAT LAPIDEM NON VI, SED SAEPE CADENDO.
( água mole em pedra dura tanto bate até que fura)

sábado, 4 de maio de 2013

Reforma de base


Na semana passada, o golpe militar de 1964 completou 49 anos. Além de tentar barrar a influência socialista neste lado da Cortina de Ferro, o golpe visava impedir as Reformas de Base que o governo Goulart se propunha a fazer. Elas eram uma necessidade para desamarrar os recursos econômicos improdutivos e distribuir melhor o produto de nossa economia.
Desde nossa origem, o Brasil foi um país que mantinha seus recursos acorrentados. Especialmente a terra, amarrada então por latifúndios improdutivos, e mão de obra sem instrução e impedida de trabalhar na terra. A reforma agrária visava liberar terras ociosas e a utilização de mão de obra ociosa no campo, a fim de desacorrentar a terra e a mão de obra.
As elites brasileiras temiam perder o controle sobre os recursos de sua propriedade e, em consequência, a renda que os recursos lhes proporcionariam. Somam-se a esse temor as forças internacionais. Elas temiam que as Reformas de Base pudessem ser os primeiros passos para libertar o Brasil do bloco dos países ocidentais e levá-lo para o bloco socialista. A Guerra Fria no mundo e o egoísmo no Brasil levaram ao golpe militar que barrou as reformas e atrelou o Brasil ao bloco ocidental.
Apesar de abortadas as reformas, o Brasil conseguiu crescer, aumentando renda para dinamizar produtos para a população de alta renda. Porém, criou desigualdade social que caracteriza a nossa sociedade. A indústria cresceu, mas ao custo da desorganização vergonhosa de nossas cidades, que viraram verdadeiras monstrópoles. Graças à ciência e à tecnologia, o nosso campo ficou mais dinâmico do que nunca (salvo no tempo do açúcar no século 17), mas vulnerável porque ainda depende da demanda externa por nossas commodities.
Mesmo crescendo, o Brasil ainda precisa fazer reformas de base em sua estrutura social e econômica. A reforma agrária já não visa tanto liberar recursos, porque a mão de obra já emigrou e a tecnologia usa a terra de latifúndios produtivos. Mas ainda é necessária por razões sociais: para os brasileiros sem terra e para a redução da migração às cidades.
O simples avanço não basta. A grande reforma do século 21 é a reforma no sistema educacional, que assegure Escola com alta qualidade e igual para cada brasileiro, capaz de liberar o imenso patrimônio intelectual latente de um povo à espera de sua Educação; e capaz de quebrar o círculo vicioso da pobreza.
O objetivo da reforma educacional é fazer que cada menino ou menina do Brasil tenha acesso à Escola com a mesma qualidade, não importa a cidade onde viva nem a renda de sua família. Todos os pequenos experimentos e medidas adotadas nos últimos 30 anos não têm permitido um salto rumo à federalização da Educação, no nível e na distribuição de que o Brasil precisa. O país precisa de uma reforma cujo caminho é a federalização da Educação de base e fazer que cada uma das mais de 156 mil Escolas públicas do país tenha, pelo menos, a mesma qualidade das atuais 431 Escolas federais de Educação de base.
É preciso fazer que cada uma delas receba o mesmo valor de investimento na Educação para que, por seu total esforço, tenha seu desenvolvimento e possa desenvolver o país. E o investimento precisa ser do governo federal porque a renda dos municípios varia muito, com cidades ricas e cidades pobres.
49 anos depois, a reforma da Educação de base é a reforma de base para o século 21.
Cristovam Buarque, Professor da UnB, senador (PDT-DF), in: Gazeta do Povo (PR)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ensino freia adaptação ao mundo digital


Com um dos piores Ensinos de matemática e ciências do mundo, o Brasil reduz sua capacidade de adaptação ao mundo digital. Um informe apresentado ontem pelo Fórum Econômico Mundial aponta que o País subiu apenas da 65.ª para a 60.ª posição entre as nações mais preparadas para aproveitar as novas tecnologias em seu crescimento.
Além do ranking sobre capacidade de adaptação ao mundo digital, o Fórum divulgou outros dois, referentes ao Ensino de matemática e de ciências.
Entre os 144 países avaliados, o Brasil aparece no 116.º lugar em Educação, atrás, por exemplo, de Chade, Suazilândia e Azerbaijão. Em ciências, Venezuela, Lesoto, Uruguai e Tanzânia estão melhores posicionados no ranking que o Brasil, que ocupa a 132.ª posição.
O resultado é uma estagnação no avanço da tecnologia no Brasil, apesar dos investimentos públicos em infraestrutura e de um certo dinamismo do setor privado nacional. Na América Latina, países como Chile, Panamá, Uruguai e Gosta Rica estão melhores preparados para enfrentar o mundo digital que o Brasil.
"Apesar desse progresso, a tradução dessa maior cobertura em impactos econômicos em inovação e competitividade está estagnada", alerta o documento. Um dos motivos é a "qualidade do sistema educacional, que aparentemente não garante as habilidades necessárias para uma economia em rápida mudança em busca de talentos", indicou. Mesmo em países pobres como Senegal, Quênia e Camboja, o acesso de Escolas à internet é superior, segundo o informe.
O ranking é liderado pela Finlândia, seguida por Cingapura e Suécia. O Brasil, de fato, vem ganhando posições. Mas os autores do informe estimam que aposição hoje do País no ranking não condiz com uma das sete maiores economias do mundo.
O informe considera que a maioria das economias em desenvolvimento continua sem conseguir criar as condições necessárias para reduzir a falta de competitividade existente na área da tecnologia de informação, em comparação às economias desenvolvidas. "No Brasil temos grande desenvolvimento por parte de empresas multinacionais para melhorar a competitividade, mas esse empenho não se estende por todo o setor privado", alertou o editor do informe, Beñat Bilbao-Osorio.
Internet. A subida de posição do Brasil no ranking vem dos avanços em infraestrutura e do fato de o país ter dobrado a capacidade de uso de banda larga, além de ampliar a rede de celulares. Em bandas fixas, o Brasil é o 11.° colocado no ranking.
Outro problema sério, porém, é o ambiente para promover inovação e burocracia, além do custo dos celulares, um dos mais altos do mundo. O Brasil aparece na 130.ª posição entre os 144 países, superado pelo Gabão.
O número de usuários de internet no Brasil, em 2011, também não chegava ainda a 45%, o que deixa o País na 62.ª posição nesse critério, abaixo da Albânia. Apenas um terço dos brasileiros tem internet em casa. A taxa despenca para apenas 8% se o critério for o número de casas com banda larga.
O Brasil não é o único a passar por essa situação. "Os Brics (Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul) enfrentam desafios", diz o informe. "O rápido crescimento econômico observado em alguns desses países nos últimos anos poderá ser ameaçado, caso não forem feitos os investimentos certos em infraestruturas, competências humanas e inovação na área das tecnologias da informação", alerta.
"A digitalização criou 6 milhões de empregos e acrescentou US$ 193 bilhões à economia global em 2011. Apesar de positivo, o impacto da digitalização não é uniforme nos setores e economias - cria e destrói empregos", disse Bahjat El-Darwiche, Sócio, Booz & Gompany.
Fonte: O Estado de S.Paulo (SP)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Conheça os conceitos que vão mudar a escola e o aprendizado


 “Na sala de aula, cada um é diferente e aprende de forma diferente”. A afirmação feita por Joel Rose, cofundador e diretor executivo da New Classrooms Innovation Partners, em evento em São Paulo na semana passada sobre novos modelos para o ensino público, é senso comum entre professores e o desafio principal de quem pensa e trabalha pela educação do futuro. No Transformar 2013, que reuniu mais de 800 pessoas, entre educadores, gestores e empreendedores, exemplos concretos norte-americanos de escolas inovadoras – e bem sucedidas – mostram que já é possível personalizar a aprendizagem e como não há apenas um modelo para fazer isso.
Conheça conceitos que vão transformar as escolas (e onde foram aplicados):
 
Personalização – Entender as necessidades de cada estudante é o diferencial da School of One, uma plataforma criada para escolas de Nova York por Rose e Christopher Rush e que tem a tecnologia como principal aliada para a tarefa. Baseado em uma avaliação feita no início do ano, o sistema elabora um mapa de habilidades e plano de estudos individual. Mas para isso, utiliza experiências de outros alunos. Um enorme repositório de lições está disponível e o banco de dados prevê que tipo de atividade é mais adequado ao perfil de cada um. “A melhor maneira de aprender pode ser com aulas online, em grupos ou estudando sozinho. O nosso algorítimo usa as experiências já aplicadas para identificar isso”, explicou Rose. Uma receita parecida é usada no grupo de escolas Summit, na Califórnia , na qual os estudantes também passam por uma avaliação no início do ensino médio, para elaborar um plano de estudos de acordo com seus objetivos de carreira. A tecnologia, novamente, é usada para avaliar em todos os momentos o que cada aluno já aprendeu e se já está pronto para aprender mais. “Cada um segue no seu ritmo”, contou a diretora executiva da rede, Dianne Tavenner.

Plataforma adaptativa – Para proporcionar o ensino personalizado, existem plataformas tecnológicas de ensino online que ajudam a elaborar e entregar os conteúdos necessários para os diferentes tipos de alunos. José Ferreira, fundador da Knewton, ferramenta que fornece lições de matemática, diz que o volume gigante de informações – maior que o do Facebook – que sua base de dados oferece revoluciona o ensino. A plataforma mostra ao professor com agilidade o que os estudantes aprendem, quando erram, no que tem dificuldades e como aprendem e ajuda a elaborar aulas.

Ensino híbrido – A sala de aula já não tem mais um professor falando em frente ao quadro negro e alunos sentados em carteiras organizadas em fileiras iguais nas oito escolas públicas gerenciadas pela ONG New Classrooms, de Joel Rose. Para que cada um possa aprender do seu jeito, também é realizada uma mudança física e os alunos sentam nas mais variadas formas: sozinhos, em grupos pequenos ou grandes, em frente a computadores ou usando material impresso. No espaço reorganizado, fazem atividades distintas, algumas online e outras, não. Para que esse modelo híbrido funcione, o papel do professor também muda para o de mentor. Segundo Tavenner, das escolas Summit, os docentes acompanham as atividades realizadas em um espaço grande, sem paredes, e orientam os alunos de várias formas: resolvendo dúvidas, questionando, provocando debates, orientando atividades e projetos.

Engajamento – O interesse das crianças é o ponto de partida para o aprendizado na escola de ensino fundamental Quest to Learn, em Nova York. Apoiada pelo Instituto of Play, um estúdio de design sem fins lucrativos liderado por Brian Waniewski, a escola constrói o engajamento dos alunos através de jogos. Segundo Waniwski, a lógica dos videogames é apropriada para o aprendizado porque proporciona um ambiente com regras, nas quais há etapas a serem vencidas, mas que tolera erros. E mais: oferece feedback constante. Para usar esses elementos, o Instituto of Play tem profissionais especializados em criar jogos educativos que dão suporte aos professores e incentiva também os alunos a inventarem os seus próprios. Outra forma de promover o engajamento é conectar o ensino com a realidade. Essa é a aposta de Melissa Agudelo, reitora de admissões do grupo de 11 escolas High Tech High, de São Diego. “Os alunos precisam ver sentido no que aprendem”, diz. Nas escolas, há muitas atividades práticas, os alunos saem da sala de aula e têm experiências na comunidade e precisam resolver problemas reais.

Educação por projetos – O fim da grade de disciplinas separadas é uma das experiências das escolas High Tech High para tornar o aprendizado mais relevante aos alunos. Segundo Agudelo, os estudantes não são divididos por série, nível de habilidade e aprendem vários conteúdos integrados. Para isso, os professores estimulam alunos a desenvolverem projetos, solucionar problemas, nos quais precisam usar vários tipos de conhecimento. Nesse caso, professores de áreas diferentes se envolvem com os mesmos projetos.
Fonte: iG

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Mostrando a Língua - 78

Caros diqueiros,
Para DIA DO TRABALHADOR/TRABALHO , além de lhes mandar um abraço, recortei e enfeitei de verde-esperança, dois versos do 1º texto, de 1930, de Ferreira Gullar, em que o poeta diz:
'Se habito nas imensas oficinas,
moro na tenda do ferreiro pobre,'
(O Trabalho- Ferreira Gullar-1930)
Mas, fazendo jus à inspiração do dia...vamos trabalhar!
Vem de nosso diqueiro VILMAR RANGEL a seguinte 'consulta' ( que colori de azul e grifei o trecho em questão):
Caríssima: lendo suas dicas sobre amuado, avacalhado etc., lembrei-me daquele vocábulo clássico - enfezado -, cuja origem (salvo engano) está na palavra fezes, que, no tempo da escravidão, eram transportadas no alto da cabeça em vasilhas ou baldes que, a um descuido, caíam sobre rosto, ombros, corpo do coitado, causando-lhe (é claro) grande aborrecimento e raiva. É isso mesmo ?
Eta papo mal cheiroso, Vilmar! Rsssssss Mas tudo pela etimologia, não é? Vamos lá!
Essa palavra tem etimologia curiosa. Nem sempre quer dizer zangado ou com raiva. No Sul, quando a festa está boa, fica ENFEZADA; em outras regiões , se alguém está fraco fisicamente ou raquítico, está ENFEZADO! Nada a ver com fezes, não é?
Pois bem: na etimologia oficial, deriva de infensare, verbo Latino ( infenso, -as, -atum, -are) que significa opor-se a alguma coisa com vigor, hostilizar, ficar raivoso.
Mas, há dicionaristas que concordam em conotar ENFEZAR com fezes. É o caso do professor Silveira Bueno — ex- Professor da Universidade de São Paulo (falecido), um maiores filólogos de cátedra de nosso país.
Parece, então, de correta etimologia (científica) aquilo que eméritos filólogos e dicionaristas ( Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa”, de Francisco da Silveira Bueno) apontam a respeito o vocábulo enfezar, endossado pelo sentido popular do vocábulo ( foex,-cis= resíduos).
Ainda assim, fica a dúvida de Vilmar, de Aurélio Buarque, de Sérgio Nogueira e minha, ora!
Apontei as duas possibilidades, mas não se pode afirmar com certeza de quald elas se origina a palavra, até porque, o vocábulo é usado com outras acepções totalmente diferente no Sul e para designar fraqueza física.
Sugiro que , para nosso conforto, apliquemos a que mais de adeque ao contexto.
forte abraço, bom feriado,
Edinalda