Uma belíssima contribuição com a sensibilidade poética de Heloísa Crespo.
Folia de Reis
No Palácio da Cultura
assisti uma folia.
Não me lembrava como era
e nem como se vestia.
Revivi no meu passado
um medo que eu trazia.
Não era bem mais um medo,
era lembrança ruim.
Eu nunca me animava
nem nunca estava a fim
de ver nenhuma folia
ou cantoria assim.
Descobri que associando
a figura do palhaço
ao compasso de um bumbo,
ritmando todo o passo .
Pra criança apavorada
era mesmo que estilhaço.
Na minha mente infantil
aquela alegoria
era tão horripilante
que um monstro mais parecia.
Guardei a impressão errada
do artista e da magia.
Foi tão gostoso ouvir
agora o bumbo bater,
anunciando a chegada,
cumprindo o seu dever,
o grupo de foliões
representando o que crê.
O apito diz avisando:
Olha a Folia de Reis.
Formada por personagem
com farda nada burguês,
simples em azul e branco,
dançando com altivez.
Os homens enfileirados
tocando acordeão,
tambor, viola, pandeiro,
o bumbo e violão.
Também andando e dançando,
cantando uma canção.
Na frente uma bandeira
abrindo o lindo cortejo,
trazendo no interior
os magos, reis do festejo.
Vendo seu Rei pequenino
realizando um desejo.
A linda luz da bandeira
iluminando o Cristo,
Maria e o bom José
e tudo o mais sendo visto,
as flores tão coloridas
e a Ceia de Jesus Cristo.
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