Um dos fatores que mais contribuem para o baixo desempenho
Escolar e a estagnação observados no Ensino médio é a escassez de Professores,
particularmente nas disciplinas de química, física, biologia e matemática. Com
o crescimento das matrículas na Educação profissional, problema similar começa
a se desenhar com a mesma intensidade nessa modalidade de Ensino. Ambas as
modalidades são estratégicas para o Brasil e têm tudo a ver com a nossa juventude.
Nos últimos cinco anos, a expansão da Educação
profissional saltou de 928 mil matrículas para 1,36 milhão em 2012. O
investimento também apresentou aumento importante nesse mesmo período, saindo
de R$ 2 bilhões para R$ 7,6 bilhões. De acordo com dados levantados pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil demandará, até 2015, cerca
de 7 milhões de técnicos. Mas, para que esse esforço nacional seja
bem-sucedido, além de dinheiro, será preciso que haja mais gente qualificada
para ensinar, para formar técnicos.
Recente auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União
(TCU) revelou um deficit de 8 mil Professores em institutos federais de
Educação técnica, o que equivale a 20% dos profissionais necessários. Esse
deficit atinge toda a rede de 442 câmpus em funcionamento no país. As
consequências desse déficit Docente são a evasão, os baixos índices de
conclusão e o elevado índice de insatisfação por parte dos concluintes, algo em
torno de 60%, segundo o TCU.
No Ensino médio, o deficit de Professores é muito maior,
algo em torno de 250 mil Professores; nas disciplinas acima mencionadas, esse
deficit é de 150 mil. A pergunta central que todos fazem é: como reverter esse
quadro? Como tornar atrativa a carreira Docente? Enquanto o desafio da atratividade
não for resolvido, será difícil sair da estagnação do Ensino médio e avançar
com qualidade para o Ensino técnico, apesar dos crescentes investimentos do
governo no setor.
A saída passa, a meu ver, por um pacto nacional para
melhorar a atratividade da carreira — que envolve, na essência, quem emprega e
quem forma —, intermediado pelo Ministério da Educação (MEC). Ou seja, é
preciso envolver os governos e as universidades. Eventualmente, as empresas, no
caso da Educação profissional.
Iniciativa que o MEC vem gestando nessa direção é o
programa Quero Ser Professor, com foco no Ensino médio, que envolve um conjunto
de projetos interligados que traduzem esforço conjunto em prol da atratividade
da carreira do magistério. Na essência, o programa engloba três pilares:
certificação pós-graduanda para os Professores da rede de Ensino e impacto no
plano de carreira, clusters para o desenvolvimento do Ensino integrando
Professores e Alunos das universidades e das redes de Ensino, e o projeto
Nenhum Aluno para Trás, destinado aos Alunos das licenciaturas. Outra boa
iniciativa do MEC foi a implantação do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (Pibid), para Alunos dos cursos de licenciatura. Hoje já
são quase 50 mil bolsas implantadas.
No campo da Educação profissional, iniciativas importantes
de ampliar a Escolaridade e a qualificação do trabalhador começam a surgir no
país. Nessa direção destacam-se o movimento A Indústria pela Educação,
encabeçado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), e o
movimento A Educação para o Mundo do Trabalho, iniciado pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI), ainda em fase de incubação. Acredito que ambos
devam incorporar o desafio da atratividade da carreira do magistério à agenda,
para que as demandas atuais e futuras sejam atendidas com qualidade.
Os recursos existem e devem ir além da infraestrutura
predial. Devem ser empregados para atrair jovens para o magistério, de forma
que a carreira se torne objeto de desejo, como ocorre nos países que estão no
topo da Educação mundial. É o caso de Coreia do Sul, Finlândia, Canadá e
Cingapura.
O Brasil começa a se destacar no cenário mundial, com
muitos atrativos e oportunidades de negócios. É o país do 7º PIB mundial e
precisa, mais do que nunca, para acelerar o crescimento, de bons Professores,
em quantidade suficiente para atender as demandas de formação, tanto do mundo
do trabalho quanto do Ensino superior. O que está em jogo, portanto, é o futuro
da nossa juventude, que precisa ser preparada para os desafios globais — e isso
exige uma boa Educação.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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