A maioria dos Alunos da 8ª série da Escola Professora
Júlia Elisa Farias, em Groaíras, sertão cearense, usa chinelo de dedo na sala
de aula. Adolescentes, idade média de 14 anos, nenhum deles manuseia
smartphones ou tablets. Alguns levam banana para completar a merenda que
recebem no intervalo. É simples o prédio do colégio, fincado num bairro de
periferia com ruas de pedra e barro, e cujo portão de acesso é trancado com
arame enferrujado. Alguns Alunos, para estudar ali, chegam de carona no lombo
do cavalo. Há duas semanas, compenetrados, meninos e meninas estavam diante do
primeiro simulado do ano. Interpretavam o texto que ilustrava uma das tirinhas
da personagem argentina Mafalda, garota de humor ácido e raciocínio rápido. Mal
percebiam a movimentação da equipe do GLOBO. Estavam atentos a perguntas e
respostas em diferentes matérias, as quais testariam o quanto aprenderam nos
últimos dias.
Tem sido essa a rotina nos últimos anos, quando a
Secretaria municipal de Educação adotou a aplicação de simulados semanalmente.
A prefeitura ainda colocou cuidadores em salas de aula - profissionais que
dividem espaço com os Professores para dar atenção especial a Alunos com
dificuldade de aprendizado -, criou turnos especiais para aulas de reforço e
pregou um quadro colorido na sala dos Professores que indica o grau de
frequência e ausência dos Alunos por turma.
Média de país
desenvolvido
Resultado: as crianças de famílias simples ajudaram a
colocar Groaíras no ranking das Escolas com resultado surpreendente no último
Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb). A nota da cidade foi 6,7,
considerada uma média de países desenvolvidos (acima de 6,0). Assim como
acontece em Sobral, segunda maior cidade cearense, que fica a 38 quilômetros de
Groaíras, os Alunos dessa cidade também estão amparados pelo Programa de
Alfabetização na Idade Certa (Paic), implantado no estado em 2007. Após cinco
anos de trabalho, os resultados começaram a aparecer. Em 2011, os municípios
atingiram a média satisfatória de Alfabetização.
Uma análise feita pelo Sistema Permanente de Avaliação da
Educação básica demonstrou que 81,5% dos estudantes do Ceará encontram-se
alfabetizados ao término do segundo ano do Ensino fundamental. Em 2007, esse
percentual era de 40%. Com relação aos municípios cearenses, 178 atingiram
médias de proficiência em nível desejável, seguidos de seis que estão em
patamar "suficiente".
Fonte: O Globo (RJ)
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