As Escolas da rede estadual estão colocando em prática um
novo modelo de avaliação dos estudantes que diminui o risco de repetir o ano. O
sistema, chamado de “avaliação emancipatória”, está vinculado à reforma do
Ensino médio promovida pela Secretaria Estadual da Educação (SEC). Substitui
notas por conceitos descritivos e dificulta a reprovação ao tolerar que o Aluno
vá mal em até uma área de conhecimento.
Nas últimas semanas, como as Escolas devem inserir a
avaliação dos estudantes no sistema informatizado, se tornou concreta uma
mudança estabelecida ainda no começo do ano. O antigo modelo de atribuir notas
de zero a 10 e reprovar aqueles que não atinjam a nota mínima em qualquer
disciplina começou a ser eliminado dos colégios da rede estadual.
Este ano, a alteração vai atingir somente os Alunos do 1º
ano do Ensino médio. No ano que vem, deverá abranger os anos seguintes e, no
futuro, virar norma em toda a Educação básica estadual. Em resumo, as notas são
substituídas por conceitos de aprendizagem “satisfatória”, “parcial” ou
“restrita”. Além disso, passam a ser atribuídos não a cada disciplina isolada,
mas a cada uma das grandes áreas de conhecimento em que as matérias
tradicionais foram reagrupadas matemática, linguagens, ciências humanas e
biológicas.
Professores de disciplinas de uma área, como história e
geografia, têm de sentar e entrar em consenso sobre qual é o conceito do Aluno.
É um avanço, pois os coloca debruçados sobre o processo daquele estudante
avalia a coordenadora do Ensino médio da SEC, Maria de Guadalupe Menezes de
Lima.
Outra mudança é que, se o Aluno tirar conceito “restrito”
em apenas uma área de conhecimento, poderá passar de ano. Levará com ele,
porém, um parecer indicando em quais habilidades precisa melhorar. Com base
nisso, os Educadores deverão elaborar um plano de apoio para o estudante
superar as dificuldades. Ele só será reprovado se tirar conceito insatisfatório
em duas ou mais áreas de conhecimento.
Medida desperta debate
O novo modelo de avaliação vem despertando debate nas
Escolas. A supervisora Maria Aparecida, do colégio porto-alegrense Paula
Soares, teme um efeito negativo.
– Acredito que é uma maneira de mascarar os índices de reprovação
sem que os Alunos aprendam – critica.
A representante da SEC discorda:
– Não estamos implementando promoção automática. A
avaliação emancipatória é um referencial antigo e já aplicado em municípios e
Estados como Minas Gerais.
Segundo Maria, a intenção é utilizar a avaliação mais
descritiva como um recurso para melhorar o aprendizado do estudante ao longo do
ano. Os gaúchos são campeões nacionais de reprovação no Ensino médio (veja
quadro). A Professora da Faculdade de Educação da UFRGS Vera Peroni, falando
apenas em tese, afirma que a avaliação tradicional é insatisfatória:
– Um parecer é capaz de dizer mais sobre um estudante do
que um número. O objetivo da política educacional é identificar porque o Aluno
está aprendendo. Nesse sentido, não adianta avaliar só para dizer que está mal.
Fonte: Zero Hora (RS)
... Nem avaliar só pra dizer que vai bem quando não está,não é, professora?
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