quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O papel do cérebro na aprendizagem


Como o cérebro funciona? Como aprendemos? Por que existem tantas crianças com problemas para aprender? A resposta a essas e outras questões pesquisadas pela Neurociência, disciplina que envolve o estudo da relação entre o cérebro e o comportamento, vem ajudando educadores em todo o mundo a entender como ocorre o processo de aprendizagem e procurar maneiras de torná-lo mais efetivo, além de contribuir para a melhor compreensão dos estados mentais.
O diálogo entre as Neurociências e as práticas clínicas e educacionais foi o tema central do IX Congresso Brasileiro de Psicopedagogia e I Simpósio Internacional de Neurociências, Saúde Mental e Educação, realizado em julho de 2012, em São Paulo (SP). A Profissão Mestre acompanhou o evento e conversou com os especialistas que participaram da programação. Segundo a neuropsicóloga Sylvia Maria Ciasca, professora do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), todo mundo aprende, de uma forma ou de outra. “Aprender é mais do que adquirir informação, é uma mudança de comportamento. Significa todo um processo a ser seguido em etapas de desenvolvimento. Aprender requer o recriar, nos tornar capazes e [também nos possibilita] rever a história de uma forma própria. E esse tipo de aprendizagem faz-se em todas as pessoas”, informa Sylvia, que também é coordenadora do Laboratório de Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos da Atenção da Unicamp.
A neuropsicóloga explica que para aprender são necessárias inúmeras conexões neurais. “O cérebro funciona como uma orquestra, em que o trabalho de cada parte deve ser visto como um todo. Para isso, usamos diferentes áreas anatômicas que executam tarefas independentes, mas com objetivos comuns”, diz.
Mas se o cérebro possui uma estrutura tão complexa e preparada para aprender, por que muitas crianças apresentam dificuldade na escola? Os especialistas explicam que diversos fatores interferem no processo de aprendizagem, como o estímulo, a motivação e o ambiente no qual o aluno está inserido. “A dificuldade de aprendizagem é algo adquirido, por isso, diversas áreas do cérebro precisam ser estimuladas. Às vezes temos a competência, mas não temos a habilidade. Com a estimulação, o cérebro possibilita a ampliação das redes neurais, então podemos nos apropriar desse conhecimento”, comenta a psicopedagoga Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
A especialista observa que a aprendizagem pode ser mais efetiva quando ocorre a interdisciplinaridade. “Antes tínhamos um olhar em cima apenas da dimensão emocional, mas hoje trabalhamos com três dimensões: a cognitiva, que envolve as possiblidades do aprender; a afetiva, relacionada ao desejo de aprender; e a social, relacionada ao meio em que o indivíduo vive. Também existe a necessidade de entender o funcionamento do organismo, como o cérebro trabalha. Não podemos deixar de olhar para esse organismo que nem sempre responde como a gente espera”, explica Quézia.
Fonte: Revista Profissão Mestre
 

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