Professores do Ensino público de Mato Grosso leem mais do
que a média nacional. Porém, o hábito não reflete no aprendizado dos Alunos.
Pesquisa aponta que 81% dos estudantes, do nono ano, estão abaixo da média no
rendimento em leitura e interpretação de texto.
Segundo o Portal QEDU: Aprendizado em Foco, 75% dos
Professores da rede pública de Mato Grosso leem livros em suas horas vagas, 23%
fazem eventualmente e 2% nunca ou quase nunca lêem. Os dados são baseados nas
respostas dos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicados pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
e divulgados em agosto do ano passado.
Para o Professor Gilmar Soares Ferreira, presidente do
Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, subsede Várzea
Grande (Sintep-VG), os números são surpreendentes devido à situação do Ensino
público no Estado. “Os Professores tem um salário baixíssimo, então precisam
fazer jornadas duplas e triplas, às vezes, em mais de uma Escola”.
Segundo Ferreira a falta de incentivos para os
profissionais de a Educação consumir bens culturais também prejudica as aulas.
“Bens culturais como livros, cinema, shows ou teatro são caros demais para o
nosso piso. E mesmo quando conseguimos consumir esses bens, falta tempo para
significar o conhecimento e poder passar esses conteúdos aos Alunos. Enquanto
Alunos de outros países passam até oito horas dentro da sala de aula, nos
esforçamos para manter as crianças por quatro horas, isso reflete diretamente
na qualidade do Ensino”.
Para a Professora Fany Eloísa Costa, que além de
alfabetizadora leciona para Alunos com dificuldades de aprendizado, o Professor
tem a obrigação de ler para incentivar o Aluno. “Se queremos formar leitores
precisamos dar exemplo. Porém, esbarramos em algumas dificuldades, passamos o
dia todo na Escola e mesmo assim levamos muito trabalho para casa, temos que
batalhar para conseguir organizar tudo isso”.
Costa afirma que as Escolas também deveriam ter estruturas
para receber os Alunos em um período maior de tempo. “O colégio que eu trabalho
tem turmas especiais para quem tem mais dificuldade, mas não conseguiria
atender todos os Alunos de maneira integral”, afirma.
Segundo o Sintep, a falta de bibliotecas públicas
influencia diretamente na pesquisa. O sindicato aponta que atualmente apenas
50% das Escolas municipais e estaduais contam com bibliotecas próprias. “As
poucas que ainda tem estão desatualizadas, com livros velhos e gastos”.
Um total de 128.020 bibliotecas deveriam ser construídas
entre 2011 e 2020 nas Escolas brasileiras para atender a Lei 12.244, de maio de
2010, que estabelece a obrigatoriedade da existência de um acervo de pelo menos
um livro por Aluno em cada instituição de Ensino do País, tanto de redes
públicas como privada.
Fonte: Diário de Cuiabá (MT)
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