Um projeto realizado pelo núcleo de ensino da Unesp
(Universidade Estadual Paulista) mostrou que o uso de ferramentas tecnológicas
educativas melhoram em 32% o rendimento dos alunos em matemática e física em
comparação aos conteúdos trabalhados de forma expositiva em sala de aula.
O estudo Objetos de Aprendizagem em Sala de Aula:
Recursos, Metodologias e Estratégias para a Melhora da Qualidade de Ensino foi
desenvolvido durante dois anos e avaliou o desempenho de 400 estudantes de oito
turmas de 2º e 3° anos do ensino médio da escola estadual Bento de Abreu, em
Araraquara, no interior de São Paulo.
Para tanto, as aulas foram divididas entre expositivas e
atividades que contavam com o que a pesquisa chama de objetos de aprendizagem,
ou seja, recursos tecnológicos que permitem a interação com o conteúdo, como
animações, simulações e jogos. Um desses games, por exemplo, ensinava análise
combinatória. Nele, os alunos precisavam analisar quantas possibilidades de
roupa Susana, a bonequinha animada, poderia usar para ir à balada. Já em outro,
usavam o jogo para organizar diferentes times de futebol para aprender sobre
arranjo.
Diante da experiência, a pesquisa mostrou que os
estudantes com menor desempenho em sala de aula obtiveram maior rendimento com
o uso das ferramentas tecnológicas. Aqueles com média cinco, ou abaixo desse
valor, melhoraram em 51% seu desempenho em física e matemática. Já aqueles com
média acima de cinco, obtiveram um ganho médio de 13%.
"Isso mostra que os alunos que têm maior dificuldade
de aprendizagem são os mais beneficiados pelo uso dessa tecnologia. Esses
índices evidenciam a importância de olhar com mais atenção para a criação e
difusão de recursos que ajudem a inovar as metodologias didáticas" diz
Silvio Fiscarelli, coordenador do projeto e responsável pelo departamento de
didática da Unesp.
Ao todo, foram trabalhadas cerca de 20 ferramentas
tecnológicas nas aulas. Algumas delas, foram criadas pelo núcleo de ensino da
Unesp. Porém, a maioria, foi aproveitada de repositórios educativos locais,
como o BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais) e Rived, programa da
SEED (Secretaria de Educação a Distância) ou traduzidas de repositórios internacionais.
Segundo Fiscarelli, foram os próprios professores quem
ajudaram a selecionar os conteúdos que seriam trabalhados com ferramentas
tecnológicas.
Nova fase
Por conta dos bons resultados, neste ano terá início uma
versão mais ampla do projeto, que agora passa a ser apoiado com recursos
financeiros da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O
número de alunos atingidos subirá para 600 e a pesquisa contemplará os três
anos do ensino médio. Também será expandida a quantidade de disciplinas: além
de matemática e física, os professores usarão as ferramentas em português,
química e filosofia.
Além disso, diferentemente da versão anterior, os alunos
não vão mais precisar se deslocar ao laboratório de informática. Serão
fornecidos 35 notebooks para que as atividades sejam realizadas dentro da sala
de aula. "Essa será também uma possibilidade de comparar os alunos que
usavam o laboratório com os que irão usar os computadores em sala de aula.
Assim poderemos também verificar se há algum impacto com a mudança", diz
Fiscarelli.
Outro diferencial desta nova fase será a capacitação dos
professores e a entrega de bolsas-auxílio aos seis professores participantes do
projeto – diferentemente, da primeira etapa, em que não contavam com nenhuma
espécie de formação ou pagamento.
Ao longo do ano, serão oferecidas seis capacitações sobre
o uso de notebooks na sala de aula, o que são os objetos de aprendizagem e como
utilizá-los em cada uma das áreas. Para dar sustentabilidade à iniciativa,
Fiscarelli afirma que também serão criados roteiros (do professor e do aluno)
para orientar os professores interessados em replicar a metodologia.
De acordo com ele, a iniciativa surge como um know-how
antecipado à expansão da tecnologia em sala de aula, que normalmente foca na
entrega de equipamentos sem pensar antes no conteúdo. "Antes de fornecer
quais equipamentos é preciso pensar primeiro não no hardware, mas no software.
Não adianta levar uma lousa digital para a sala de aula se não tiver por trás
um bom software", diz.
Fonte: Portal Porvir
Nenhum comentário:
Postar um comentário