Mais de quatro mil entre quase 5.600 municípios
brasileiros empossaram recentemente prefeitos não reeleitos e, com eles, os
respectivos gestores para a pasta da Educação. Os novos secretários assumem em
um contexto favorável, de apoio crescente da população à Educação, que se
consolida como área prioritária para a concentração de esforços e investimentos
de governos, empresas e sociedade.
Alinhada a esse consenso, a aprovação do Plano Nacional de
Educação, prevista para este ano, demandará das novas administrações a revisão
ou elaboração de planos municipais de Educação de acordo com a realidade local,
pautadas pelas metas que serão estabelecidas para os próximos dez anos. Entre
elas, a extensão da oferta de Educação integral a 25% dos Alunos das Escolas de
Educação básica, como prevê a meta 6 do relatório do PNE.
De acordo com o Censo Escolar 2011, o número de estudantes
do Ensino fundamental da rede pública matriculados em tempo integral superou
1,6 milhão e cresceu 33,4% de 2010 a 2011 no Brasil. Apesar do aumento, isso
representa 6,4% do total de Alunos que estavam matriculados nesta etapa durante
o levantamento. O desafio fica maior se considerarmos toda a Educação básica. O
atendimento da meta aliado à oportunidade de romper o atual modelo de quatro
horas de aula subaproveitadas exigirá dos novos secretários empenho e
criatividade para pensar em estratégias que envolvam um conceito mais amplo
para o aprendizado formal. Ampliação do repertório cultural, circulação no
território, participação na vida pública, domínio de competências e habilidades
para a vida autônoma são requisitos para a sociedade contemporânea. Aliados aos
conhecimentos selecionados pela Escola, constituem condição necessária ao
desenvolvimento pessoal pleno.
Essa formação abrangente demanda a composição entre
diversos sujeitos e espaços, além da Escola. Torna fundamental uma abertura
para os arranjos locais, propondo diferentes modalidades na oferta,
considerando inclusive que não seria possível, no curto-médio prazo, duplicar o
número de Escolas e profissionais da Educação. Assim, o desafio da ampliação da
oferta de Educação integral com qualidade pela rede pública prevê uma
compreensão mais avançada de gestão participativa. Para desenvolvê-la, é
necessário identificar as propostas que já estão em curso nos municípios,
mapear espaços ociosos, formar parcerias com ONGs e universidades. É necessário
instituir fóruns para pensar conjuntamente as necessidades e tornar a cidade
corresponsável pelo projeto de Educação integral.
Os secretários estão diante de um imenso desafio,
proporcional à oportunidade. A implantação de planos que prevejam diversas
modalidades abre ao Brasil uma chance de equiparar-se aos sistemas de países
avançados, promovendo a melhoria da qualidade com a necessária igualdade de
oportunidades para todos.
Isabel Santana, gerente de Educação e avaliação da
Fundação Itaú Social, in: O Globo (RJ)
Nenhum comentário:
Postar um comentário