Um dos avanços da Educação no fim do século 20 foi a
avaliação do Ensino. Até a década de 1990, vivia-se de achismo. Ninguém sabia
ao certo o que os Alunos sabiam. Com a evolução do processo, fixaram-se metas.
Uma delas foi traçada pelo Movimento Todos Pela Educação. Baseada em dados do
IBGE e do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
do MEC, a ONG estabeleceu cinco metas a serem atingidas até 2022 — ano do
bicentenário da Independência do Brasil.
São elas: todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos devem
estar na Escola; a Alfabetização precisa estar plenamente concluída aos 8 anos;
os Alunos têm de dominar o conteúdo da série que frequentam; a conclusão do
Ensino médio deve ocorrer até os 19 anos; os investimentos em Educação precisam
ser ampliados. Impõe-se, claro, acompanhar a evolução do alvo. A menos de uma
década do fim do prazo, o resultado preocupa e exige providências.
A tragédia maior concentra-se na matemática. Só 10,3% dos
estudantes das Escolas públicas e privadas concluem o Ensino médio com domínio
da matéria. Em bom português: às vésperas de transpor os portões da
universidade, 9 em cada 10 jovens são incapazes de resolver questões básicas de
cálculo ou álgebra. Pior: o quadro involuiu. Em 2009, o percentual era de 11%,
o mesmo de 2005. Depois da estagnação, andamos para trás.
Não é melhor a situação do curso fundamental. Ao completar
os nove anos de estudos, os Alunos têm desempenho aquém do esperado. A meta
fixou 25,4% de excelência. A realidade bateu nos 16,9%. Minas Gerais marcou um
ponto na média geral. Tem, entre os estados, a melhor adequação de aprendizado
de matemática nos dois níveis de Ensino. A pior do médio ficou com Alagoas; do
fundamental, com o Amapá.
O Ensino médio é o calcanhar de aquiles da Educação
nacional. Excesso de matérias, conteúdos voltados para o passado, material
didático inadequado, Professores sem estímulo, falta de sintonia com as
necessidades do mercado respondem, em boa parte, pela evasão e pelo fracasso
Escolar. Não só. Se for levado em conta o desempenho dos Alunos que concluem a
9ª série, entende-se o acúmulo de dificuldades. A moçada carrega, vida afora, o
fardo do despreparo do primário malfeito.
Impõe-se levar o problema a sério. Educação tem de ser
prioridade não só no discurso — como tem sido ao longo dos anos. Eleição após
eleição, candidatos juram atenção plena ao setor. As palavras, porém, se perdem
no caminho. Teimam em não tornar-se fatos. Não é por acaso que o país sofre
apagão de mão de obra. Passou da hora de mudar. Ninguém precisa inventar a
roda. Ela já foi inventada. É só olhar para ver e agir.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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