Algumas décadas atrás, a palavra “professor” era um
tratamento de distinção, quase uma honraria. Exercer o ofício de ensinar
garantia status e respeito da comunidade. É provável que a sociedade da época
entendesse melhor do que hoje o papel dos Educadores como construtores do
futuro. Há muito que os Professores brasileiros, porém, não contam nem sequer
com uma pálida sombra do prestígio e do valor social que lhes foi atribuído no
passado – ainda que a atualidade costume ser chamada de “era do conhecimento”.
É sintomático que a lei que instituiu o piso nacional do
magistério, em 2008, tenha ido parar na Justiça, questionada por vários
governos estaduais. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
que o salário mínimo para Professores é legal. O que chama a atenção, porém, é
que os estados não queriam pagar R$ 1.567 mensais – o valor do piso em 2013
para uma jornada de 40 horas semanais. Alegaram não ter caixa para fazer frente
à despesa.
É fato que os governos estaduais enfrentam sérias
dificuldades financeiras. Mas a situação demonstra o pouco valor que o poder
público tem dado ao Ensino no país nos últimos tempos. Sabe-se que somente uma
revolução educacional garantirá o desenvolvimento sustentável. Mas não é na
Educação que o Brasil está depositando seus principais esforços. E o salário
dos Professores é tão somente reflexo disso – ainda que a remuneração seja apenas
um dos muitos problemas do Ensino.
O piso do magistério é pouco maior que o salário médio do
trabalhador brasileiro – R$ 1.345, segundo o último dado disponível, divulgado
em setembro do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A comparação dos números mostra que o país considera que o trabalho do
Educador está muito longe de figurar dentre as prioridades da nação.
Todas as profissões têm sua importância, mas a atividade
do professor é estratégica para o futuro e deveria receber mais atenção. Por
mais que apenas uma boa remuneração dos Professores não garanta necessariamente
a melhora da Educação, ela é essencial para tornar o magistério mais atrativo
aos jovens talentos – tanto quanto hoje são as engenharias, a medicina, o
direito... Talvez assim “Professor” volte a ser um tratamento tão distinto e
desejado quanto o de “doutor”.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)
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