O envolvimento dos pais nas atividades educativas dos
filhos foi a fórmula encontrada pela Escola Municipal Beatriz Rodrigues da
Silva, de Palmas (TO), para melhorar o desempenho no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb) - que saltou de 4,7 em 2007 para 8 em 2011. A
instituição faz parte do estudo Excelência com Equidade, desenvolvido pela
Fundação Lemman e pelo Itaú BBA para traçar um panorama de escolas públicas que
atendem alunos de baixo nível socioeconômico e que apresentaram bom desempenho
nas avaliações.
Entre os casos analisados, o coordenador de projetos da
Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, um dos responsáveis pela pesquisa,
destaca o comprometimento das equipes envolvidas. "Algumas estratégias
implantadas, como o acompanhamento contínuo das secretarias de educação,
poderiam causar desconforto nos professores, que talvez se sentissem invadidos.
Conseguir alcançar uma mudança cultural é um dos grandes desafios", diz.
Entre as práticas que ajudam as escolas a alcançar bons
resultados, o estudo indica quatro estratégias em comum nas instituições
analisadas: criar um fluxo aberto e transparente de comunicação; ganhar o apoio
de atores de fora da escola, como entidades e poder público; enfrentar
resistências com o apoio de grupos comprometidos e respeitar a experiência do
professor e apoiá-lo em seu trabalho. "São práticas simples, mas que
exigem engajamento de toda a equipe", afirma.
A diretora da escola Beatriz Silva, Fátima Pereira de Sena
e Silva, também destaca o trabalho em equipe. Segundo ela, a presença da
família foi decisivo. "Nós queremos que a comunidade se envolva com a
escola, que participe da Festa da Família, do Festival da Primavera. Esse é um
trabalho de parceria com as famílias", diz. Dar atenção total aos alunos
foi outra estratégia traçada para atingir notas mais altas no Ideb. "Se o
aluno não vem, ligamos para a família. O uso do uniforme é muito cobrado, não
permitimos que eles tragam celular para a escola. Nossa evasão é zero",
destaca. Para 2013, a instituição tem 880 alunos matriculados do ensino
fundamental.
Para receber mais turmas, a escola de Palmas deve adaptar
duas salas que até então eram utilizadas no projeto Mais Educação, do
Ministério da Educação (MEC), que prevê a realização de atividades no
contraturno. "Queremos atender mais a comunidade. Temos que nos adaptar
para isso. Seria mais cômodo continuarmos como estávamos, mas a ideia é servir
quem está ao nosso redor. É em nome do bem do grupo", explica.
Entre outras justificativas para a boa qualidade do
ensino, a diretora aponta as reformas na escola, além da capacitação e
valorização dos professores. "É uma questão de motivação, de mostrar que,
se nós começarmos com o pé direito, vai ser mais fácil e vamos ser
reconhecidos", diz.
Valorização financeira de professores refletiu no
desempenho
Traçar uma meta foi o ponto de partida para a equipe da Escola Municipal
Professora Suzana Moraes Balen, em Foz do Iguaçu (PR). Com Ideb 5,8, em 2009, a
ideia era chegar a 7,5 - e, para isso, o trabalho da comunidade e da Secretaria
de Educação também ganhou destaque. "Tivemos constante apoio não apenas
com material físico, mas também pedagógico. Toda a nossa equipe se envolveu
para atingir essa meta", diz.
O projeto fez parte de uma proposta lançada pela
prefeitura do município: profissionais de educação de escolas que conseguissem
elevar em ao menos 25% o Ideb receberiam um 14º salário. "A parte
financeira não foi o único estímulo. Nós realmente queríamos alcançar uma
qualidade de ensino melhor, e antes não tínhamos motivação para isso. Nosso
prédio era defasado, assim como o quadro de professores. A partir do momento em
que fomos valorizados, começamos a trabalhar melhor", diz.
Aumentar a carga horária foi outra alternativa -
inicialmente mal vista pelos pais. Os alunos de 5º ano, que realizam a prova,
passaram a ter aulas também no turno da tarde. "As famílias não gostavam
muito, achavam que os filhos deveriam ficar em casa. Mas, com o tempo,
mostramos a importância desse reforço", conta. Hoje, a turma do 5º ano tem
aulas com o mesmo professor nos dois turnos, enquanto os demais anos revisam
conteúdo e realizam exercícios em contraturno durante quatro horas, duas vezes
por semana, com professor cedido pela prefeitura especialmente para a tarefa.
Nos horários em que o professor do 5º ano tem reservados
para planejamento, um substituto entra em sala de aula para atividades como a
oficina do dicionário, em que, a partir de crônicas, músicas e textos
literários, os alunos aprendem a utilizar a ferramenta para expandir o
vocabulário. A diretora destaca que a adesão para atingir a meta foi total.
"Cada um percebeu o seu compromisso dentro da escola. Foi um passo muito
grande tanto para os alunos, quanto para os professores. Agora, nós queremos
crescer ainda mais", diz.
Fonte: Terra
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