Repete-se e amplia-se, na última edição do Exame Nacional
do Ensino médio, a conclusão de que a realidade das Escolas públicas é
desalentadora. O desempenho dos colégios mantidos pelos Estados piorou no ano
passado em relação a 2010. Dos 50 melhores educandários do país, apenas três
são públicos, e todos são federais – na edição anterior, eram seis. É uma
disparidade grande demais, que não se explica apenas pelo conjunto de
distorções do programa encarregado de avaliar estudantes e Escolas do Ensino
médio. Entre as deficiências apontadas, denuncia-se com frequência que o Enem
faz o confronto da Escola pública com instituições privadas que selecionam seus
alunos.
O exame seria assim um duelo desigual de estudantes de
colégios muitas vezes precários com Alunos de Escolas de elite. Há dados que
comprovam as falhas, como o fato de que, entre as 10 melhores Escolas, em sete
eram menos de cem os Alunos que estavam concluindo o Ensino médio e fizeram o
teste. Essa seletividade não é suficiente, no entanto, para alterar o conjunto
dos resultados e sustentar pretextos desqualificadores do exame. O Enem deve
ser mantido e aperfeiçoado, com a correção de eventuais falhas.
Os números divulgados pelo MEC são incontestáveis: 92% das
Escolas estaduais tiveram nota abaixo da média geral do país, que já é
insatisfatória. E esse não é um problema localizado nas regiões mais pobres.
Nenhum Estado conseguiu registrar mais de 20% das Escolas com notas acima da
média nacional. A precariedade revelada pela amostragem exige, há muito tempo,
reações do setor público.
O descaso com a formação básica assumiu a conotação de
desprezo com parcela da população que mais depende do suporte dos governos.
Alunos de Escolas públicas são, em sua maioria, de famílias de baixa renda.
Privá-los de um bom Ensino é uma forma de ampliar as privações e negar-lhes a
chance de crescer econômica e socialmente através da Educação.
Fonte: Jornal de Santa Catarina (SC)
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