Dois assuntos
dominam a pauta dos que se preocupam com a Educação: o que se vai nela investir
em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e o destino dos royalties do
petróleo. Desde que a Câmara dos Deputados aprovou o Plano Nacional de Educação
(PNE) com 10% do PIB para a Educação, passou-se a reivindicar 100% da renda dos
royalties para se atingir este patamar.
Gasta-se perto
de R$ 220 bilhões (5% do PIB) em despesas com Educação superior e básica da
União (1%), estados (2%) e municípios (2%). Por enquanto, a Câmara rejeita a
vinculação da receita dos royalties à Educação.
Este ano, com
os 5% do PIB, estamos mantendo 1,5 milhão de estudantes em universidades
federais e estaduais gratuitas; 9 milhões de Alunos no Ensino médio estadual e
27 milhões no Ensino fundamental. A universalização do atendimento significa
mais um milhão de matrículas no Ensino fundamental, 7 milhões na Educação
infantil, 2 milhões nos cursos médios profissionais e, pelo menos, 30 milhões na
Educação de jovens e adultos, dos quais, hoje, 15 milhões são Analfabetos
absolutos. Essas 40 milhões de novas matrículas, a um custo anual de R$ 3 mil,
somam R$ 120 bilhões - quase 3% do PIB.
Nos últimos
anos, a evolução dos gastos concentrou-se na expansão das matrículas em cursos
federais de universidades e institutos de tecnologia, virtuosamente espalhados
pelo país. Para chegarmos ao percentual de 30% dos jovens de 18 a 24 anos em
cursos de graduação e provermos a expansão dos mestrados e doutorados públicos,
precisamos de mais 1% do PIB. O que faltaria para chegar aos 10%? Somente 1%,
ou seja, R$ 44 bilhões do PIB atual.
Mas há duas
outras demandas que nos angustiam. A primeira é a da valorização salarial dos
Educadores. Para dobrar a média salarial dos 2 milhões de Professores
precisaríamos de R$ 66 bilhões (1,5% do PIB). A segunda é a baixa qualidade da
Educação pública. As memórias de Anísio Teixeira e de Darcy Ribeiro nos levam à
necessidade de Escola em jornada integral.
Qualidade na
Educação básica exige currículo com pelo menos sete horas diárias - o que custa
mais 1,5% do PIB. Chegamos não a 10%, mas a 12%. Não advogamos 12% do PIB para
a Educação a cada ano. Mas o que é líquido e certo é que precisamos de mais
recursos financeiros.
Em 2011, foi
protocolada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 101, pela qual a
sociedade brasileira se comprometia a investir 10% do PIB em Educação. Por meio
de artigo adicional à Carta, indicam-se fontes de novos recursos como
contribuições sociais da União, impostos e receitas de royalties sobre o
petróleo e outros minerais de todos os entes federados. Na atual conjuntura,
100% dos royalties são imprescindíveis para se chegar com segurança perto dos
10% do PIB.
Há muita
capacidade contributiva sem ser tributada, renúncia fiscal injusta, sonegação a
ser combatida. Dessa discussão podem surgir argumentos e decisões que nos
livrem de pesadelos e realizem o sonho de uma Escola pública de qualidade para
todos.
Fonte: O Globo (RJ)
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