domingo, 23 de dezembro de 2012

Mostrando a Língua - 69

Queridos diqueiros, às voltas com as compras e festejos natalinos,

Nesta breve 'despedida' (volto depois de 26 de janeiro), trago 3 dicas para vcs ficarem 'degustando' enquanto aguardam o retorno. Aproveitem para botar a matéria em dia, sim? Rsssssss
São, as três, sugeridas por diqueiros atentos, dois deles, das chamadas 'áreas duras' do conhecimento - a doutora em Informática Aplicada à Educação, amiga querida Sílvia Batista e o engenheiro de produção Dr. Algê Duarte, também amigo querido de tanto tempo. A terceira foi enviada pelo amigo e confrade Vilmar Rangel, homem das Relações Públicas e... humanas, sem dúvida!
Agradeço aos três o cuidado e vigilância em relação à amada Língua Portuguesa. Eis as propostas:

Dica 1- de Sílvia Batista, que nos envia a notícia abaixo sobre o (ainda) discutido Acordo Ortográfico
Governo adia novo acordo ortográfico para 2016
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1204152-governo-adia-novo-acordo-ortografico-para-2016.shtml


Dica 2- de Algê Duarte (essa é boa, porque está 'no ar' e com erro!)
Querida Professora,
Apesar das inúmeras, digamos, falhas no uso correto da língua, na mídia, principalmente nos canais de TV, uma dúvida vem me incomodando, por estar sendo repetida com muita frequência. Trata-se de uma propaganda onde o ator se refere a um ganhador do prêmio, "vai pra quem mais se comportou esse ano". Por acaso não seria para quem melhor se comportou?
Um abraço, Algê.

OBS.: tomei a liberdade de grifar seu texto, ok, meu diqueiro?
 
Com outro abraço, Algê, louvo sua inquietação porque o uso está mesmo ERRADO.
Já assisti a essa propaganda e, cada vez mais, fico chocada com ou maus tratos da mídia à Língua Portuguesa. É lamentável, porque como veículo de massas, a TV acaba difundindo o erro, não é?
Considerando que, quando fazemos um elogio, como esse que o vovozinho faz, queremos saber quem se comportou bem, entre aqueles que estão na cena. Mas o vovozinho quer saber quem se comportou MUITO BEM, ou seja, ele deveria usar o advérbio MELHOR que é o comparativo de superioridade do advérbio BEM.
Como PIOR é de MAL.
Assim, amigos diqueiros, certamente neste caso, o autor do texto fez uso desta 'praga' chamada licença poética que deve considerar a Nação burra. Usam a tal licença em nome da harmonia musical, da facilidade de comunicação, da rima, da busca pelo som melhor para os ouvidos da massa. Nesta medida, estão, por exemplo, Roberto Carlos com 'detalhes tão pequenos de nós dois' (já viram detalhe grande?), João Só, com 'menina que mora na ladeira... debaixo do pé da laranjeira...' (o uso exige pé de laranja ou apenas laranjeira. O que seria um pé de laranjeira no reino da flora, né?). Ele quis forçar a rima, com certeza! Salve Chico Buarque e Zeca Baleiro que, até agora, pela genialidade que lhe concede o conhecimento da Língua, não precisaram de licença poética. 

Dica 3- de Vilmar Rangel (tomei a liberdade, meu amigo, de grifar suas propostas, ok?)
Por que não se deve dizer megas ofertas ou vales compras? Só sei que não é certo nem soa bem. Mas...qual o motivo ???
Bjks
V.

Retribuindo as bjks, Vilmar, agradeço tb suas propostas, pelo que têm de instigadoras. Vamos lá!
No caso de 'megas ofertas', não se pode grafar assim, separado. Por isso, ao escrevermos MEGAOFERTAS (que é o correto) fazemos a flexão de plural na palavra inteira, ok?
Quanto a 'vales compras', precisamos avaliar os falantes e a 'desmontagem' mental de cada um deles que é o que determina as consequências flexionais.
Veja só que graça!
1) se o falante considera que vale-refeição significa que o papelzinho 'vale uma refeição', valer, nesse caso é VERBO seguido de substantivo e NÃO FLEXIONA NO PLURAL (com 's', é claro!). Assim, teríamos: VALE-REFEIÇÕES;
2) se o falante entender que se trata de 'um vale destinado à refeição', aí, a palavra 'vale' é SUBSTANTIVO e PODE SER FLEXIONADA. Então, teríamos: VALES-REFEIÇÃO ('refeição' no singular porque é o especificador, como em horas-aula)
Uso, sempre, a opção 2, Vilmar e queridos diqueiros, porque acho que alguns se lembram de que, quando comprávamos refrigerante, por exemplo, em garrafa, o moço da venda, bar ou o que seja entregava um 'vale' em que escrevia 'vale um refrigerante'.
Lembram-se disso? (os novinhos, não, com certeza!)
Pois bem: talvez esta memória de um passado nem tão recente (rssss) me autorize a usar a segunda flexão. Sei lá! 

Grande e fraterno abraço de Natal (pós fim de mundo). Graças ao Divino, deve ter faltado papel para os Maias continuarem e escrever seu calendário. Por isso pararam no dia 21/12. E aqui estamos nós, sobreviventes nesta maravilha chamada vida.
Um ano novo de esperanças e paciência (é ano de saturno - duros trabalhos e exigências nos esperam para vencer. E venceremos!)
Obrigada por participarem desta lista tão simplesmente elaborada, mas mantida com a sofisticada escuta de vcs.
Até 2013,
Edinalda

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