Nos últimos anos alguns dados estatísticos parecem
camuflar o que há de pior na Educação pública brasileira. O número de Escolas e
de universidades espalhadas em cada esquina do país, a quantidade de
Professores "formados" por força da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, nº 9394/96, a participação mesmo que de forma indutiva nas
discussões em torno da Educação, são os principais exemplos dessa amplitude de
oportunidades.
Em contrapartida, o resultado do NEM realizado em novembro
do ano corrente foi pior que o do ano anterior. Aqui faço alusão ao Tocantins,
haja vista que sou funcionário do mesmo, e por isso ressalto que Este talvez,
seja um dos estados que mais gasta em Educação, considerando o salário dos
servidores, os programas oriundos de outros estados, as "formações continuadas"
e o excesso de funcionários "engabinetados" que muito pouco
contribuem para a prática educativa, que teve o resultado do citado exame
também arruinado, inclusive pior que do vizinho Estado de Goiás tão criticado
em função das mazelas arraigadas na Escola pública. O Tocantins, assim como
outros, não teve entre as primeiras Escolas com as melhores notas, nenhuma
completamente pública estadual, já que os Institutos são Federais e o Colégio
Sagrado Coração de Jesus é conveniado.
A aprovação quase obrigatória é outro exemplo de
preocupação com números e não com a qualidade. É óbvio que essa é uma questão
de avaliação que vem se arrastando há décadas, ou seja, supõe-se que a Escola
conheça os modelos de avaliação (diagnóstica, formativa, continuada, etc), no entanto,
não a utiliza e se o faz, não condiz com os resultados de aprendizagem vistos
principalmente nas avaliações externas, pois se não se ensina, logo, não há o
que se avaliar. Então, se passa o Aluno com o ideário de que a Alfabetização se
faz ao longo do percurso Escolar, tornando-o mais um Analfabeto funcional.
Ressalta-se que o texto ora escrito não é uma crítica infundada, mas um chamado para uma reflexão tanto dos que governam, quanto do próprio Professor, este, engrenado na máquina do "Estado" acredita que tem feito sua parte e não consegue perceber o abismo que separa a Educação pública brasileira de outros países.
Ressalta-se que o texto ora escrito não é uma crítica infundada, mas um chamado para uma reflexão tanto dos que governam, quanto do próprio Professor, este, engrenado na máquina do "Estado" acredita que tem feito sua parte e não consegue perceber o abismo que separa a Educação pública brasileira de outros países.
A propósito, cito o último ranking elaborado pela
Consultoria Economist Intellegence Unit, a qual aponta o Brasil em penúltimo
lugar entre os quarenta pesquisados, atrás inclusive de países menos
importantes do ponto de vista econômico.
É verdade que o novo Plano Nacional de Educação tem projetos interessantes e
com o aumento da parcela do PIB brasileiro de 5% para 10%, muito pode melhorar
os níveis de Educação, isso se os gestores dos recursos disponíveis os
administrarem corretamente.
Para conclusão do texto talvez sejam necessárias algumas
perguntas que façam com que o leitor se interesse pelo assunto e busque
compreender a inoperância da Escola pública em relação à qualidade propriamente
dita. Por que em pleno século XXI as Escolas públicas em vários estados
brasileiros têm que ter seus gestores indicados politicamente? Por que o
Professor tem que ministrar aula em turmas com 35 e 40 Alunos mesmo em espaços
insuficientes? Por que o salário de um Professor é tão insignificante em
relação aos das demais classes trabalhadoras se o país é hoje o 5º no ranking
da economia? Embora seja o 39º em qualidade da Educação. Por que o negro tem que
se submeter a um sistema de cotas para ter direito a uma vaga na universidade?
Essas são perguntas que talvez justifiquem a discrepância
entre os números e a qualidade propriamente dita. É preciso que a sociedade
civil, Professores, pais, Alunos independente da categoria comecem já a exigir
direitos que são negados há décadas. É imprescindível que haja
"cabeças" que pensam e não apenas que mandam fazer através de
projetos utópicos que terminam o tempo de vigência sem cumprir as metas (último
Plano Nacional de Educação). É preciso respeito a uma classe que morre
silenciosamente. Os Professores.
Fonte: Jornal de Tocantis (TO)
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