A Educação Básica na rede pública de Ensino do Distrito
Federal pode sofrer mudanças em 2013. Estão em discussão a adoção do
aprendizado em ciclos até o 9º ano e a implementação de um modelo de blocos de
disciplinas para o Ensino médio. O Sindicato dos Professores (Sinpro) teve
acesso ao novo formato estudado para as Escolas e se preocupa com a possível
aprovação de um projeto sem uma discussão com a sociedade.
De acordo com o diretor do sindicato, Washington Dourado,
o estudo em ciclos acabaria com a reprovação em diversas séries. Os Alunos só
seriam avaliados com a possibilidade de retenção entre o 5º e o 6º ano e no fim
do 9º. Nas últimas séries antes do vestibular, a divisão seria diferente. “O
Ensino médio seria dividido em blocos, segundo informado por integrantes do
grupo de trabalho da Secretaria de Educação. Em um semestre, o Aluno estudará
um conjunto de disciplinas, no semestre seguinte, outro. Por exemplo, se
aprender exatas no primeiro, terá humanas no segundo”, explicou.
Dourado ressalta que integrantes do grupo de trabalho
preveem mudanças já para o ano que vem. “Nossa maior reclamação é fazer isso a
toque de caixa, sem preparar a rede pública, sem discutir com a sociedade”,
disse. O modelo aplicado seria similar ao Bloco Inicial de Alfabetização (BIA)
(veja Para saber mais) já implementado no DF para as três séries iniciais do
Ensino fundamental, quando não há retenção. “A intenção da secretaria é
reproduzir o BIA nos ciclos seguintes, mas para o Professor é um desafio,
principalmente porque estamos acostumados com a seriação. Precisamos de tempo
para discutir essas possíveis alterações”, exemplificou.
O sindicalista afirma que não vai julgar o mérito da
possível proposta, mas reivindica informações oficiais e participação da
sociedade na formação da política. “Queremos debater, conhecer, analisar o que
será feito na rede pública do DF”.
Os temores, no entanto, não são confirmados pela
Secretaria de Educação do DF. A pasta informou, por meio de nota, que mantém um
grupo de trabalho para discussão e organização do sistema, que busca constantes
melhorias para o Ensino público do DF, mas negou ter um plano pronto para 2013.
“As discussões são necessárias para se alcançar propostas para uma mudança de
qualidade no Ensino-aprendizagem. Neste momento, não existe nenhuma proposta
concreta de mudança no currículo pedagógico da rede pública de Ensino”, diz o
documento.
Prós e contras
Embora não haja confirmação das mudanças, especialistas
ouvidos pelo Correio ressaltam pontos positivos e negativos do aprendizado em
ciclos. Eles concordam que uma política tão diferente da atual precisa ser
implementada com cuidado. A Professora da Faculdade de Educação da Universidade
de Brasília (UnB) Benígna Villas Boas é a favor da forma diferente de
organização, mas dentro de um sistema voltado para o aprendizado e com estrutura
para o modelo.
Ela ressalta que as Escolas precisam ter condições de
trabalho melhores que as atuais para o início do sistema em ciclos. Além disso,
analisa que é necessário ter Professores, gestores e equipes pedagógicas muito
bem preparados. “A Escola não foi feita para reprovar, mas para que os
estudantes aprendam. Se o conteúdo é bem assimilado, eles estarão preparados
para enfrentar qualquer seleção e para qualquer situação da vida.”
No entanto, a Professora Lêda Gonçalves de Freitas, da
Universidade Católica de Brasília (UCB), tem ressalvas quanto às possíveis
mudanças. “A proposta é bem democrática, mas a realidade dos ciclos não tem
resolvido o problema da aprendizagem nas Escolas. Tem, muitas vezes, adiado a
reprovação e isso é sério”, afirma. Para ela, antes de fechar um novo programa,
uma pergunta essencial deveria ser feita: “O que precisamos fazer para que
nossas crianças aprendam melhor?”.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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