De todos os
desafios brasileiros, a Educação é o mais importante. Um povo educado é capaz
de votar melhor, criar mais, gerar mais riqueza e ser mais feliz. Mais que o
controle da inflação, a descoberta do pré-sal ou a ascensão da nova classe
média, a melhor notícia desde a redemocratização do país foi a universalização
do Ensino fundamental. Ainda assim, nosso Ensino é insatisfatório, se comparado
a países na nossa faixa de desenvolvimento humano. Melhorar nossas Escolas
deveria ser, portanto, a prioridade de qualquer governo.
O leitor de
ÉPOCA já sabe que a Educação é uma de nossas maiores causas e tem sido o
primeiro a receber as notícias desse front. É reconfortante perceber que,
apesar dos percalços e inevitáveis equívocos inerentes a qualquer ação, têm
surgido várias iniciativas positivas no setor. Três semanas atrás, a editora
Camila Guimarães publicou uma radiografia de um programa de Alfabetização
cearense que se tornou uma inspiração para o país, o Paic, ou Programa de
Alfabetização na Idade Certa. Ele estabeleceu como prioridade a Alfabetização
de todos os Alunos da Escola pública e, graças a uma incomum cooperação entre
os municípios e o governo estadual, tem logrado índices de sucesso
surpreendentes nos últimos anos.
Na semana
passada, o governo federal, inspirado no Paic, lançou o Pacto Nacional de
Alfabetização na Idade Certa, o Pnaic. Ele pretende transformar uma situação
preocupante: metade das crianças brasileiras de até 8 anos não sabe ler ou
escrever adequadamente. Isso significa que as consequências para o aprendizado
futuro são dramáticas. Quem nem lê direito será incapaz de aprender qualquer
outra coisa - de geografia a biologia, de história a matemática. O programa do
governo deve, portanto, ser acompanhado com rigor, para que seus objetivos
sejam cumpridos.
A preocupação
em melhorar a Educação básica existe até nos Estados Unidos, país onde ela é
certamente melhor do que aqui. “Há um excesso de conteúdo, em detrimento do
conhecimento profundo das disciplinas”, disse a Camila o presidente do Conselho
de Educação da Califórnia, Michael Kirst. Ele pilota uma reforma do currículo
do Ensino básico no país, para dar às crianças instrumentos para, no futuro,
acompanhar melhor os cursos na universidade. O exemplo americano mostra como é
crucial, na longa estrada educacional, começar pelo começo: ensinar a ler e a
escrever. Isso terá mais resultado do que qualquer política de privilegiar estudantes
no Ensino superior.
Fonte: Época
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