Não é fórmula
do outro mundo, nem especialista vindo de fora. Vem do povo muito da força que
faz a Escola Estadual Tomé Francisco da Silva, na zona rural de Quixaba, Sertão
do Pajeú, ser reconhecida pelo sucesso do projeto pedagógico que aplica. A
medida é simples, apesar de ser grande desafio para boa parte das escolas
públicas brasileiras. Mais de 10% da população de Quixaba estudam na
instituição, que recebeu segunda-feira o Prêmio de Gestão Escolar (PGE) 2012. A
escola fica no povoado de Lagoa da Cruz, onde praticamente todos os moradores
vivenciam o cotidiano escolar. “É um lugarzinho no meio do nada, mas hoje é
referência para o Brasil”, diz o diretor da unidade, Ivan Nunes. E o mérito de
tantos aplausos não cabe a um homem só. Ivan é apenas um no exército que se
esforça diariamente para manter e aprimorar a excelência da escola.
A cada dois
meses, as famílias dos 800 alunos matriculados na unidade são recebidas na
escola pelos estudantes, professores e gestores. O objetivo é discutir o
desempenho dos meninos, deixar os pais a par das atividades e abrir espaço para
sugestões. Simples, a medida é apontada como um dos segredos da Tomé Francisco.
E os pais saem de onde estiverem para não perder o encontro. A média de
frequência das famílias às reuniões fica entre 96% e 98%.
A vontade de
garantir a qualidade da educação no município é plantada em toda população de
Quixaba, povoada por 6.739 pessoas. Para entender a relação entre moradores e
escola, basta o visitante prestar atenção na festa que eles fizeram pelas ruas
após a divulgação do resultado do PGE. A cidade fez um Carnaval para festejar
mais uma vitória do ensino. Essa reação, de quem sabe que contribuiu com a
conquista, durou o resto da segunda-feira, mas na terça, nada de feriado
improvisado. “Mantivemos o dia de aula normal. Não podemos parar”, disse a
diretora adjunta da unidade, Rosineide Alves.
A curta
história da cidade, fundada há 21 anos, tem elementos que podem justificar o
envolvimento com a evolução educacional.Seu primeiro prefeito, Antônio Ramos da
Silva, era analfabeto. Ex-lavrador, ele comandou a execução de um grande plano
educacional. Investindo na educação, acreditava ser capaz de revolucionar a
cidade. Hoje, o índice de analfabetismo em Quixaba é de 28,2%. De acordo com o
resultado da Prova Brasil, 40% dos estudantes do município aprenderam o
adequado em leitura e interpretação de textos até o quinto ano. A média é maior
do que a brasileira (32%) e a pernambucana (15%).
Na Escola Tomé
Francisco da Silva, 66% dos estudantes que fizeram a prova obtiveram desempenho
positivo. Até 2022, o Movimento Todos Pela Educação espera que 70% dos
brasileiros que fizerem as provas tenham conhecimento adequado sobre essas
competências. Ou seja: faltam apenas 4% para que a unidade alcance a meta que o
País deve atingir em dez anos.
A escola tem
programas de incentivo à leitura e à escrita, como o Café Literário, Literarte
e Prazer de ler. Quem vai mal em alguma disciplina tem acesso a aulas de
reforço, com ajuda dos amigos monitores. Os estudantes participam de diversas
olimpíadas nacionais, como a de português, matemática e astronomia e trazem
medalhas e menções honrosas à cidade anualmente. Na última terça-feira, depois
de entregar ao diretor da Tomé Francisco da Silva, Ivan Nunes, a medalha da
Ordem do Mérito Guararapes, o governador do Estado, Eduardo Campos, citou Paulo
Freire para explicar o sucesso que a instituição de Quixaba tem e que falta a
muitas escolas estaduais de referência: “A escola é feita de gente”,
parafraseou.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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