O Ministério da Educação (MEC) divulgou ontem as notas por
Escola da edição de 2011 do Exame Nacional do Ensino médio (Enem). Entre os cem
melhores colégios com o melhor desempenho na prova aparecem apenas dez Escolas
públicas, a maioria unidades de aplicação vinculadas a universidades federais,
instituições militares e de Ensino técnico.
Embora o Enem não sirva como uma avaliação de qualidade
educacional, mas principalmente como uma espécie de vestibular de acesso ao
Ensino superior, o resultado da edição do ano passado mostra que as Escolas
particulares absorveram melhor a proposta pedagógica do exame, composta por
testes de ciências da natureza e tecnologias, ciências humanas, linguagens e
códigos e matemática, além da redação. Na edição de 2010, 13 Escolas públicas
estavam na lista das cem melhores do Enem.
O MEC anunciou somente as notas de 10.076 unidades, que
representam 40,6% das Escolas de Ensino médio do país. Pouco mais de 1.185
Escolas que tiveram menos de dez Alunos no exame e outras 13.581 com taxa de
participação de estudantes concluintes menor de 50% do total da turma foram
excluídas da divulgação. Do total geral de médias apresentadas ontem, 199 são
federais, 4.968 estaduais, 111 municipais e 4.798 particulares.
Na avaliação de Tufi Machado Soares, Professor e coordenador
de pesquisa do Centro de Políticas Pública e Avaliação da Educação da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde que o MEC propôs reformular
o conteúdo do Ensino médio em 2009, usando o Enem como base, as Escolas
particulares foram as primeiras a se adaptar. "A exemplo da estrutura do
Estado, as Escolas públicas são muito engessadas, têm mais dificuldade para
mexer no conteúdo, dar mais dinamismo ao que é ensinado", disse Soares
durante encontro em São Paulo para discutir o Enem, promovido pelo movimento
educacional Todos Pela Educação.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ponderou que o
resultado não pode ser considerado como ranking das melhores Escolas de Ensino
médio do país. "O Enem não é um ranking de avaliação entre Escolas, é uma avaliação
dos Alunos, dos estudantes. É insuficiente como avaliação do estabelecimento
Escolar porque há Escolas com naturezas muito distintas", disse.
José Francisco Soares, Professor titular aposentado da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Conselho Nacional de
Educação (CNE), defende o uso de dados socioeconômico para melhor avaliar as
Escolas no Enem. "O que está fora da Escola impacta o que está dentro da
Escola. O nível socioeconômico é essencial para se perceber isso. Quando não mostramos
essa correlação, a informação que se divulga é de má qualidade."
O Colégio Objetivo Integrado, Escola privada de São Paulo,
ficou com a melhor média geral do Enem do ano passado: 737,15, considerando as
quatro disciplinas e a redação. O Colégio Elite Vale do Aço, de Ipatinga,
interior de Minas Gerais, e o Colégio Bernoulli-Unidade Lourdes, de Belo
Horizonte, ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com média
718.
A Escola pública mais bem classificada no Enem 2011 foi o
Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), com média 704. O
Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a segunda
pública melhor colocada, na 29ª posição, com média 676, seguido pelo Instituto
Federal do Espírito Santo, de Vitória, no 40º lugar e média 672.
As outras sete Escolas que figuram entre as cem melhores
notas do Enem 2011 são: Colégio Militar de Belo Horizonte (52º), Instituto de
Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (60º), Colégio Militar de Porto Alegre (73º), Etec São Paulo (74º),
Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (85º), Colégio Pedro II
- Unidade Niterói (90º) e Instituto Técnico da Universidade Federal de
Tecnologia do Paraná (91º).
Fonte: Valor Econômico (SP)
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