Em discussão
no Senado, a proposta do Plano Nacional de Educação (PNE) vem reacendendo o
debate sobre o investimento em educação no Brasil. Com a meta de destinar 10%
do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor já aprovada pela Câmara,
especialistas e políticos conversaram na sexta-feira, 9, sobre a necessidade e
os impactos desse financiamento para o País.
Em audiência
pública, o professor e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas (Ipea) Waldery Rodrigues Júnior alertou para a necessidade de se
discutir a forma de aplicação dos recursos. “Isso é muita coisa, um valor
elevado e que precisa ser discutido”, comentou o especialista. Para ele, tão
importante quanto a quantidade é a qualidade do investimento.
Além da
audiência, o Senado também foi palco do seminário Gestão Escolar, promovido
pela Frente Parlamentar Mista para o Fortalecimento da Gestão Pública. No
evento, foram apresentados exemplos de boa gestão e discutidas propostas para
aprimorar o PNE. A Escola Sesc de Ensino Médio, do Rio, foi um dos destaques
apresentados no evento.
O colégio
funciona como uma “escola-residência” e abriga alunos de todas as partes do
País com bolsa integral: eles não pagam nada para cursar o ensino médio com um
programa acadêmico individualizado em turmas de no máximo 15 alunos. Situada na
23.ª posição no ranking nacional do Enem, a escola possui média de 95% de
aprovação nos vestibulares, segundo o diretor substituto da instituição,
Antônio Viveiros.
O horário
integral e a infraestrutura adequada apresentados pela escola do Sesc também
estão na proposta de federalização da educação básica, defendida pelo senador
Cristovam Buarque (PDT-DF). No seminário, ele aproveitou ainda para defender a
valorização dos professores e a criação da carreira nacional do magistério,
outro tema presente em sua proposta. Para o senador, o salário dos professores
deveria ser de R$ 9 mil, e eles deveriam ser submetidos a avaliações
periódicas. “Ele é estável em relação aos outros, mas instável com relação a
ele próprio”, disse sobre a carreira do magistério.
Para Walter
Garcia, um dos fundadores do Instituto Paulo Freire que esteve presente no
seminário, de nada adianta fazer cálculos matemáticos se o País não for capaz
de enxergar o essencial: um salário que atraia e mantenha as pessoas mais
capazes na carreira docente. "Isso implica decisões políticas corajosas.
Investir no professor salva o PNE, que está sendo discutido agora, e salva o
País de mais um fracasso anunciado”, afirmou.
A valorização
dos professores foi um consenso. Contudo, o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF),
presidente da frente parlamentar ´mista, alegou que o simples esforço
financeiro não é suficiente para resolver os problemas da educação no Brasil. A
melhor saída, segundo ele, é o caminho da profissionalização e meritocracia,
com incentivo aos professores, diretores, alunos e toda a comunidade escolar
para que continuem em busca da melhoria na educação.
Fonte: O Estado de S.Paulo (SP)
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