Pedro Cabral
Junior tem 51 anos e metade deste tempo passou em sala de aula. Depois de 25
anos estudando, é dono do título de doutor. Todo o conhecimento adquirido
repassa para seus alunos da Educação Básica. Como ele, há outros 41 Professores
doutores em Santa Catarina no Ensino fundamental – o que representa 0,1% dos
41.787 profissionais. O índice está acima da média nacional, que é de 0,08%.Os
dados são do Ministério da Educação, referentes a 2011. O Estado com mais
doutores é o Rio de Janeiro, com índice de 0,3%. Baixos salários e até mesmo um
entendimento de que lugar de doutor é na universidade levam Educadores a
deixarem as Escolas básicas.
Cabral Júnior
pensa diferente. A caminho de um pós-doutorado, o Professor de artes, de 5º a
9º ano, do colégio municipal Beatriz de Souza Brito, em Florianópolis, nunca
cogitou sair da Escola.
– Aqui é onde
eu consigo atingir com mais intensidade as coisas que eu acredito. A revolução
que a gente tanto prega é feita no teu espaço de trabalho e na base. É onde eu
escolhi estar e ser feliz. Sou Professor por opção, e eu gosto de estar aqui.
Me divirto em sala de aula – afirma o doutor em História da Educação pela
Universidade de São Paulo (USP).
O Professor
Cabral acredita que a Escola é onde começa a construção do conhecimento, das
ideias e dos valores. Além de estar no lugar que escolheu, ele também diz que o
salário está dentro do que considera justo para um Professor com doutorado,
levando em conta seus 28 anos de serviços na rede municipal.
Cabral
acredita que há poucos doutores no Ensino fundamental por uma ideia de que ter
doutorado e dar aula para crianças é muito pouco. Quando fala que tem
doutorado, as pessoas perguntam em qual universidade ele trabalha.
– O status te
impõe e obriga que seja Professor universitário e até existe uma desconfiança
das pessoas que pensam que não estou na universidade porque não passei em
concurso – observa Cabral, que já deu aula em universidade.
Apesar de serem poucos os doutores no Ensino fundamental, ele acredita que a
especialização faz bastante diferença em seu trabalho.
– Quando
voltei do doutorado, eu brincava: vocês não notaram como eu estou diferente,
como estou melhor? Sair do dia-a-dia e ir para os bancos Escolares, estudar e
depois voltar para o espaço de onde saiu é ótimo. Ver que existe outras
possibilidade de fazer diferente. O dia-a-dia nos cega, impede até que a gente
leia e estude. Mas a saída te dá esse refresco – finaliza.
Fonte: Diário Catarinense (SC)
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