quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Decisão estratégica na alfabetização


Assim como em alguns conceitos de política econômica, a área de Educação tem sido administrada no ciclo de governos tucanos e petistas dentro de alguma coerência. É possível mesmo identificar uma linha lógica de evolução nestes quase vinte anos.
Do tempo de Paulo Renato de Souza, ministro da Educação nas duas gestões FH, ficou a universalização da matrícula no Ensino fundamental. Já na parte final de sua administração ficara visível que teria de ser decretada guerra à baixa qualidade do Ensino público básico.Passado o primeiro governo Lula, cuja maior parte foi, equivocadamente, voltada ao Ensino superior, a qualidade do Ensino básico voltou à agenda, com Fernando Haddad no MEC.
O lançamento, quinta, do Pacto Nacional pela Alfabetização na Hora Certa, na presença da presidente Dilma, cria um elo que faltava nesta cadeia de ações para contornar talvez o mais crucial obstáculo a que o país dê de fato um salto qualitativo no processo de desenvolvimento.
São conhecidas, e mensuradas, as deficiências do Ensino básico brasileiro. Instituído no início do segundo governo Lula, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) - em que o Executivo federal assume o papel, há muito reclamado dele, de coordenação no setor - lançou as fundações do programa amplo de aprimoramento do Ensino sob responsabilidade de municípios e estados.E com o sistema de exames e índices criados desde Paulo Renato de Souza, para a sociedade e o administrador público acompanharem o rendimento da rede de Ensino, passou a ser possível estabelecer metas e avaliar até mesmo cada Escola pública.
Faltava, porém, estabelecer uma política focada na Alfabetização. Afinal, como nem sempre ela é bem feita, a vida do Aluno fica comprometida logo cedo. Ele não avançará como deveria no Ensino básico como um todo, não se qualificará para disputar as melhores vagas no mercado de trabalho. O MEC contará com R$ 500 milhões, a partir de 2014, para distribuir prêmios na rede pública. Ao todo, o governo federal destinará ao Pacto R$ 2,7 bilhões nos próximos dois anos. Convênios com universidade públicas servirão para treinar alfabetizadores, aos quais será destinado material pedagógico específico. Haverá, inclusive, um teste nacional, a fim de acompanhar a evolução das crianças, outra medida correta.
O alvo são, hoje, 7,9 milhões de Alunos das Escolas públicas, os quais precisão aprender a ler, escrever e a dominar noções de matemática até os oito anos de idade. Como em qualquer Escola particular. Se tudo correr bem - e é preciso vigilância das autoridades e da sociedade para isso -, cairá a vergonhosa taxa de 15,2% de crianças analfabetas (Censo de 2010) e desaparecerá a deplorável figura do "Analfabeto funcional". Como uma Alfabetização eficiente é essencial ao aprendizado no seu todo, criam-se condições para se atingir as metas estabelecidas para a melhoria de qualidade do Aluno formado na Escola pública.
Fonte: O Globo (RJ)

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