No Brasil, 50,8% dos chefes de família são Analfabetos ou
têm apenas o Ensino fundamental, segundo dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. Porém, a baixa
Escolaridade não impede que os pais ajudem o filho nas tarefas e acompanhem de
perto a sua vida Escolar. Nesses casos, aumenta ainda mais a responsabilidade
da Escola de dar suporte ao Aluno para que ele fique em pé de igualdade com o
restante da turma.
Se a família não entende nada do que o filho está
aprendendo, só o fato de mostrar interesse e de conferir se ele está fazendo o
que foi pedido pelo Professor já serve como estímulo para que o Aluno aumente
seu comprometimento Escolar. Isso serve para todo o Ensino fundamental, mas a
criança dará mais importância ao que os pais pensam nos primeiros anos de
Escola. Se ela perceber que a família valoriza a Educação, a tendência é ter um
bom desempenho.
Um Aluno cuja família tem maior grau de instrução tende a
ter melhores notas, pois a formação é, segundo a gerente de Planejamento
Estratégico do movimento Todos Pela Educação, Andrea Bergamaschi, uma
combinação entre o que a Escola ensina com o que os pais indicam e incentivam
os filhos a ler, escutar, assistir e discutir. “Para aqueles que não têm esse
suporte, a Escola vai compensar estimulando mais a leitura, além de provocar
discussões sobre assuntos diversos, desde o desenho a que o Aluno assiste até o
que os jornais estão mostrando.”
Superando
dificuldades
Na Escola Estadual Manoel Ribas – que atende
principalmente moradores da Vila das Torres, em Curitiba –, a pedagoga
Jaqueline Ferraza consegue perceber em todos os anos Escolares quando a família
acompanha de perto a vida Escolar do filho. Mesmo com situação socioeconômica
frágil e baixa Escolaridade familiar, é possível encontrar muitos pais e mães
que fiscalizam as tarefas e até conseguem aprender com os filhos. “O que esses
filhos aprendem na Escola acaba sendo uma fonte de conhecimento para os pais”,
comenta.
A inspetora da Escola, Leila Sentone, é um caso de mãe que
supera dificuldades da baixa instrução para ajudar a filha Isabela, 16 anos, e
a neta Bianca, 11 anos. Se elas não conseguem entender algum assunto, Leila
pede auxílio ao marido. “Quando minha filha estava no Ensino fundamental era
muito mais fácil ajudar, entender ou pelo menos ter alguma noção do conteúdo.
No Ensino médio é mais difícil”, conta.
Ler adianta
formação em um ano e meio
Além de conferir de perto os deveres de casa e valorizar o
estudo, a melhor maneira de os pais promoverem uma melhora no desempenho
Escolar do filho é ler para ele na fase de Alfabetização, entre os 5 e 6 anos.
No Brasil, apenas 37% das famílias fazem isso, segundo dados da Fundação Itaú
Social. E para essa tarefa não são necessárias alta Escolaridade e bagagem
cultural, apenas Alfabetização.
Dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita
pelo Instituto Pró-Livro, mostram que a principal influência na leitura de uma
pessoa vem das mães e que a maior parte delas concluiu apenas os primeiros anos
do Ensino fundamental. “Nesses casos, a formação é irrelevante. Só o ato de
contar uma história cria um impacto profundo na vida da criança. Depois disso,
ajuda se o adulto discutir o que foi lido, pedir que a criança crie um novo
final, que imagine outras possibilidades para aquele enredo”, comenta o
Professor do programa de pós-graduação em Educação da Universidade Tuiuti Joe
Garcia.
Quando os pais se comprometem com essa atividade de
leitura, a criança avança em média um ano e meio na Escolarização. Ou seja, é
como se ela estivesse cognitivamente uma série e meia na frente da que está.
Simples, mas
necessário
Confira algumas dicas que auxiliam os pais a incentivarem
o filho ao estudo:
- Mostre interesse pelo que ele aprendeu na Escola.
Pergunte como foi o dia, de quais atividades ele mais gostou e peça detalhes.
Relembrar o que foi aprendido ajuda a memorizar.
- Na hora de sentar com o filho para estudar, tente ler um
pouco do conteúdo para ele. Isso tornará o assunto mais atrativo.
- Separe um espaço fixo em casa para estudar, assim como
um horário. A rotina facilita o aprendizado.
- Discuta com a criança ou o jovem o que está passando no
jornal, no cinema ou até a letra de uma música. Estimule-os a exporem suas
ideias.
- Incentive-os a perguntar em sala de aula, a questionar o
Professor quando houver dúvidas.
Sem interferir
Educadores defendem que a função dos pais não é corrigir
tarefas, já que podem ensinar algo errado em um desses momentos. "Eles têm
um papel mais afetivo do que cognitivo. Estão ali para estimular, despertar
interesse", diz o Professor de Educação da Universidade Tuiuti, Joe
Garcia. A correção é papel do Professor.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)
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