O filósofo
grego Plutarco (46-119 d.C.) escreveu que a "a alma do Aluno não é um vaso
que se deve encher, mas uma lareira que se deve acender". Quase 20 séculos
depois, esse pensamento é um dos que norteiam a vida da Professora Maria Laura
Mouzinho Leite Lopes, de 93 anos. Moradora de Laranjeiras, ela está há 30 anos
à frente de um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que tem
como missão melhorar o Ensino de matemática nas Escolas.
Com um
raciocínio invejável, essa ilustre moradora da Zona Sul conta que, quando o
governo militar a aposentou, em 1969, ela foi com a família para Estrasburgo,
na França, onde ficou durante 11 anos:
- Consegui
trabalho no Instituto de Pesquisa e Educação Matemática (Irem), da Universidade
Louis Pasteur, onde havia um programa para reciclagem de Professores. Quando
voltei para o Brasil, notei que tínhamos aqui um campo enorme para trabalhar;
que poderíamos fazer matemática de outra maneira: trabalhando a cognição do
Aluno - explica.
Foi a partir
dessa percepção que, em 1982 - mesmo ano em que nasceram os Jornais de Bairro -
Maria Laura juntou-se aos Professores Lucia Tinoco, Radiwal Alves Pereira e
Charles Guimarães, que também buscava alternativas para melhorar os métodos de
Ensino.
- Voltei para
a UFRJ em 1980. Dois anos mais tarde, juntei-me aos Professores que estavam na
universidade e começamos a colocar nossas ideias em prática e a estruturar
nosso grupo, um ano mais tarde batizado oficialmente como Projeto Fundão -
recorda. A turma foi crescendo e, atualmente, com cerca de 30 integrantes,
ainda se reúne semanalmente nas dependências da UFRJ.
- Nos
dividimos em cinco grupos de pesquisa em diferentes áreas da matemática e
produzimos o conteúdo que depois é lançado em livro, para ser aplicado nas
salas de aula. É importante que as pessoas entendam que matemática é um modo de
pensar, uma linguagem que atende a todos os outros conhecimentos, não apenas a
números e fórmulas - defende.
Após muito
pensarem numa forma de tornar as aulas dos Alunos do Ensino Médio mais
atraentes, três Professores do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, na
Taquara, criaram um projeto curioso: viajar, de 2 de janeiro a 2 de fevereiro
de 2013, pelas principais cidades do Cone Sul a bordo de um Mercedes Benz ano
1959, coletando material e histórias interessantes para serem trabalhados
durante o próximo ano letivo com os cerca de dois mil Alunos matriculados
anualmente neste segmento na Escola.
Intitulado
"Projeto Expedição Cone Sul", a viagem resultará na coleta de dados
que serão usados para o Programa do Ensino Médio Inovador (ProEMI). A
iniciativa é uma estratégia do governo federal de induzir a restruturação dos
currículos do Ensino Médio com a inserção de atividades que os tornem mais
dinâmicos.
Robson Silva
Macedo, Professor de Ensino Religioso; Marco Aurélio Berão, de Biologia; e
Gilmar Guedes, de Filosofia; são os idealizadores da viagem. Os três Docentes
farão um percurso de mais de 25 mil quilômetros, que passará por Foz do Iguaçu,
Atacama, Santiago do Chile, Perito Moreno, Ushuaia (conhecida como a Cidade do
Fim do Mundo por ser o ponto mais extremo ao sul da América), Buenos Aires e
Montevidéu.
Macedo explica
que os três estarão empenhados em fazer um banco de imagens composto de 15 mil
a 20 mil fotografias, um documentário, e, por fim, um livro com o balanço da
viagem e relatos de bastidores:
- Todo o
acervo servirá como material pedagógico interdisciplinar e transdisciplinar que
poderá ser usado por nós e por outros Professores. Também montaremos uma
exposição no Brigadeiro Schorcht, e há possibilidade de ela se tornar
itinerante.
Fonte: O Globo (RJ)
Nenhum comentário:
Postar um comentário