O desafio da
Educação brasileira não se resume a estimular crianças e adolescentes a
aprender. Exige, também, encontrar quem se disponha a ensiná-los. Nas últimas
décadas, a perda de interesse dos jovens pela carreira de Professor dificulta a
seleção de Educadores em quantidade e qualidade suficientes para garantir o
salto de desempenho que se espera nas Escolas. Ao cativar o interesse de apenas
2% dos estudantes do Ensino médio, conforme demonstrado pela pesquisa A
Atratividade da Carreira Docente no Brasil, o magistério segue caminho inverso
ao de países desenvolvidos.
Em lugares
como Japão, Finlândia ou Coreia do Sul, todos com Ensino de excelência, a
atividade oferece bons salários, reconhecimento social e por isso atrai os melhores
Alunos. No Brasil, os baixos rendimentos, a perda de status e o desgaste do
trabalho contribuem para o envelhecimento da categoria e despertam temor em
relação ao futuro da profissão.
Em apenas
quatro anos, entre 2007 e 2011, as sinopses estatísticas da Educação básica
revelam que o percentual de Docentes com menos de 24 anos caiu de 6% para 5,1%,
enquanto a proporção de mestres com mais de 50 subiu de 11,8% para 13,8%. Para
a coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação
Getúlio Vargas, Regina Pacheco, as razões vão além dos baixos salários:
– Precisamos
repensar o trabalho do Professor e a carreira no setor público, que segue um
modelo de 100 anos. Hoje, a concepção de vida é outra, os mais jovens querem ir
atrás de oportunidades, enquanto o sistema prevê que fiquem 30 anos fazendo a
mesma coisa.
Conforme a
pesquisadora, além de dificultar a renovação da categoria, as más condições de
trabalho estimulam distorções como excessos de faltas e licenças. Confira, a
seguir, um resumo das condições que afugentam novos Professores.
Fonte:
realizado pela Fundação Carlos Chagas sob encomenda da Fundação Victor Civita,
o estudo A Atratividade da Carreira Docente no Brasil foi concluído em dezembro
de 2009 e revelou que, dos 1.501 Alunos do Ensino médio entrevistados em todas
as regiões brasileiras, apenas 2% manifestavam o interesse de cursar Pedagogia
ou alguma licenciatura – caminhos para a carreira de Professor. Destes,
praticamente oito em cada 10 são mulheres.
Artigo: Orgulho de ensinar
Pesquisa da
Fundação Carlos Chagas, em 2009, por encomenda da Fundação Victor Civita,
confirmou tecnicamente o que a maioria dos brasileiros já sabia: quase ninguém
mais quer ser Professor. Na verdade, este “quase” está quantificado: dos 1,5
mil Alunos do terceiro ano do Ensino médio ouvidos pelos pesquisadores, apenas
2% confirmaram a intenção de cursar Pedagogia ou alguma licenciatura voltada
para o magistério. O dado expressa de forma eloquente a desvalorização de uma
profissão que já foi o sonho de consumo das famílias brasileiras nas décadas de
60 e 70 do século passado. E o mais desconcertante é que os Professores
continuam sendo tão necessários para o país quanto o eram naquela época.
Três aspectos
prioritários são apontados como causas da rejeição: 1) Falta de reconhecimento
social; 2) Salários baixos; e 3) Trabalho desgastante. Entre os 32% de Alunos
que chegaram a pensar em ser Professor, muitos encontraram resistência familiar
ou foram desaconselhados por pessoas de suas relações.
Há ainda um
subproduto cruel desta desvalorização, que é o direcionamento para a carreira
de uma parcela de Alunos com mau desempenho nos níveis intermediários. Como não
conseguem classificação para os cursos mais disputados, a formação Docente vira
um prêmio de consolação. Ainda assim, o país conta com muitos Professores
competentes, responsáveis e comprometidos com a Educação. Aí entra aquele
conjunto de valores que historicamente compõem a personalidade dos Educadores:
vocação, dedicação e profissionalismo.
A Educação tem
o poder de transformar as pessoas e de tornar as sociedades mais iguais e mais
justas. Sem Professores, não haveria médicos, engenheiros, advogados e outros
diplomados em ofícios respeitados por todos os cidadãos. O Brasil deveria
orgulhar-se de seus Professores e valorizá-los como merecem, para que os
mestres também voltem a ter orgulho da profissão que escolheram.
Fonte: Jornal de Santa Catarina (SC)
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