Como referências, faço entender aqui o termo “Escola” em dois sentidos: em um sentido bem abrangente, a Escola com “E” maiúsculo, pela sua dimensão mais geral de Instituição de Ensino/aprendizado; e em segundo sentido, tomo como referência a universidade, especial e particularmente às instituições de Ensino superior estatais e do governo federal. Aquelas mais simplesmente denominadas de universidades federais, como a nossa UFPE. De “dentro, abordo a Escola como uma instituição por uma característica que não deveria mais existir, que é o seu ranço de tradição medievalista, pela sua inércia e cultuadora do status quo na sua organização interna, especificamente na composição de suas disciplinas e de seus respectivos conteúdos, ou programas, como se queira chamar.
Como o a instituição da lei e do judiciário, a Escola tem como traço não poder mudar muito. Em ambos estes casos, o que já existe deve estabelecer regras, normas quase rígidas, pois se assim não fosse, seria o caos, se prevalecesse a volatilidade, a rarefação, as mudanças sempre contínuas. Para gerar expectativas sociais e de paradigmas de conhecimento há de existir a continuidade, um, até certo nível alto grau de permanência, de existência do status quo. Seria uma anarquia se tudo, ou parte dele, vivesse mudando constantemente.
O que se passa dentro de uma Escola tem de ser reconhecido quotidianamente como rotina, como repetição, diria até. Exemplo: um livro de texto, um manual, deve ter vida mais longa. Se um dia se ensina assim, e em outro se ensina assado, a confusão (lembrando uma frase de Machado de Assis, seria geral.)A minha crítica aqui é a de que a Escola brasileira exagera no apego ao status quo, e sua grade curricular está perversamente anacrônica e isso já faz muito tempo. No Ensino médio, a situação é calamitosa, com um número excessivo de disciplinas e com a presença de disciplinas que não têm nada a ver com as necessidades efetivas da sociedade e da economia nossa. Muita gente competente sabe disso e não estou trazendo aqui uma crítica nova, original. Por que não se muda esta calamidade, não sei. Mas sei que não seria nada difícil modernizar a Escola, enxugando o número de disciplinas e substituindo muitas por um conjunto menor e mais compatível com as efetivas necessidades de nossas populações. De dentro, é isto que precisa ser urgentemente mudado.
De fora, as universidades federais quando, em quase desespero dos seus corpos Docentes, de técnicos e de funcionários, entram em greve, e greves de 170 dias (!) produzem, com estas prolongadas greves, efeitos muito graves na sociedade. Transtornam a dinâmica interna das famílias do alunado que fica sem aulas, e em grande número, vegetando em casa e se tornando deprimido e meio anômico, acarretando sérias situações estressantes para os pais. Quebram certos hábitos de pensar da juventude universitária, e chegam até a estigmatizar em muitos casos aquele alunado que estuda nas universidades federais que passa a ser objeto de gozação por colegas de Escolas privadas, como presenciei recentemente fatos dessa natureza. Semestres terão de ser repostos , os calendários estornam de um ano para outro e por aí vai. Há de se conceber uma prática diferente para essas greves nas universidades federais, desejo que já se constata em todos os grupos sociais mais envolvidos e punidos por este absenteísmo nas salas de aula e nos laboratórios, respeitando-se as justas demandas do Professorado e dos outros quadros dos funcionários.
Fonte: Diário de Pernambuco (PE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário