Cruzamento de dados da última Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), desfaz qualquer dúvida: mais estudo tende a significar
também melhores vencimentos na vida profissional. A diferença salarial entre os
que concluíram apenas o Ensino médio e os trabalhadores brasileiros com curso
universitário no Brasil alcança 167%. O percentual, que já foi maior, começou a
cair a partir do início deste século, numa tendência comum em países
desenvolvidos, nos quais o Ensino técnico costuma ser bem valorizado. Ainda
assim, o ganho continua expressivo e tende a se ampliar ainda mais nos casos de
profissionais com especialização, com curso de mestrado ou doutorado,
demonstrando o quanto o país precisa investir mais para propiciar a
continuidade da formação depois do Ensino Básico.
Apesar dos avanços registrados no país nos últimos anos e
de uma maior conscientização dos brasileiros de maneira geral sobre a
importância do estudo, as estatísticas ainda são pouco animadoras. Levantamento
conjunto dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, por exemplo, revela que
nada menos de 5,3 milhões de pessoas entre 18 e 25 anos não estudam nem
trabalham, nem procuram emprego. Aumentou, porém, em 60% o total de jovens
brasileiros que apostam na Educação profissional, embora a proporção ainda
fique longe da registrada em economias bem-sucedidas como a Alemanha, por
exemplo. Ainda assim, a média de estudo da mão de obra ocupada no Brasil é de
apenas 8,4 anos e uma parcela de apenas 12,5% dos trabalhadores concluiu o
Ensino Superior.
Além da baixa Escolaridade, o país convive com outros
problemas no âmbito educacional. Um deles é a baixa qualidade do Ensino de
maneira geral, tanto no nível médio quanto no superior. O outro é a acentuada
dissociação entre o que ocorre no meio acadêmico e na realidade. Além de
melhorar o acesso ao Ensino de nível superior, portanto, sem prejuízo da
qualidade, o país precisa aproximar os conteúdos das exigências cada vez
maiores e mais aceleradas do mercado de trabalho.
Países como a Coreia do Sul, entre outros, são exemplos
significativos de que é possível obter resultados compensadores com uma aposta
firme na Educação. Em apenas uma década, até 2010, o percentual de sul-coreanos
com diploma universitário passou de 24% para 40%. No Brasil, que só na área de
engenharia tem um déficit estimado de 150 mil profissionais, muitas empresas
começam a investir em treinamento,
apostando nas chamadas “universidades corporativas”. É importante que também o
poder público faça essa opção clara, para permitir melhor formação, maiores
ganhos para os brasileiros e um salto de qualidade para o país.
Fonte: Zero Hora (RS)
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