quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Funciona ou não funciona? Ninguém sabe

 
O Ensino Médio noturno enfrenta uma dificuldade no país: a falta de dados oficiais sobre o rendimento dos alunos que estudam à noite. O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) não contabiliza nenhum tipo de indicador de qualidade, como taxas de evasão e abandono, por turno.
Conforme a assessoria de imprensa do Inep, a única estatística que contempla o horário é o número geral de matrículas. Mas esse dado nem sequer aparece separado por séries.
A Secretaria Estadual da Educação (SEC) também não dispõe de indicadores de qualidade sobre a Educação noturna. Conforme a assessoria de comunicação, o Estado utiliza a base de dados do Inep.
Uma das poucas pistas sobre essa modalidade de ensino no Estado vem de uma pesquisa, divulgada pelo Ministério da Educação em 2008, que traz dados de matrículas por série no período de 1998 a 2002 e contou com a participação da professora da Faculdade de Educação da UFRGS Vera Peroni.
O trabalho mostra que, no último ano avaliado, o número de matrículas caiu 40% entre a 1ª e a 3ªséries do Ensino Médio, revelando “situações de evasão, abandono e repetência, relativamente maiores nas escolas desse turno de funcionamento”.
– A falta de dados sobre esse turno é um problema – afirma Vera. 

Paradigma novo para as escolas
Como oferecer uma aula adequada, daquelas que fisgam alunos, para estudantes com idades e interesses tão díspares no Ensino Médio? Este é um dos desafios que a Secretaria Estadual da Educação (SEC) tem pela frente nos próximo anos.
No Estado, 30,5% dos estudantes (123 mil alunos) do Ensino Médio encontram-se naquela faixa definida como “distorção idade-série”. Simplificando: estão atrasados devido à repetência, abandono ou evasão.
Na interpretação da SEC, o fenômeno tem relação com a universalização do acesso ao ensino na década de 90, após a Constituição Federal.
– Estamos vivendo uma contradição: ampliamos o acesso à escola, mas não conseguimos oferecer uma Escola que garanta aprendizagem para enormes contingentes populacionais que passaram a ter direito ao ensino. A escola, mesmo pública, ainda é elitista – analisa o secretário da Educação, Jose Clovis Azevedo.
Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Elizabeth Krahe aponta dois aspectos a serem vencidos a médio e longo prazo: – Precisamos aproximar o mundo da escola e o mundo do trabalho, através de uma adequação curricular, e formar e requalificar professores para lidar com este perfil de alunos. Os professores estão capacitados para trabalhar com alunos de 14 anos a 17 anos, que é o perfil ideal, mas esta não é a realidade do Ensino Médio.

Secretário conversa com professores
Ao longo de uma hora e meia da tarde de ontem, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, proporcionou um “passeio teórico” por fundamentos do conhecimento e desafios da aprendizagem em videoconferência no auditório do Ministério Público, em Porto Alegre.
Mais de 300 professores, funcionários e representantes de equipes diretivas de escolas acompanharam a atividade, que foi transmitida em tempo real, pela internet, para escolas de Porto Alegre, da Região Metropolitana e do interior do Rio Grande do Sul.
Fonte: Zero Hora (RS)

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