O Ensino Médio
noturno enfrenta uma dificuldade no país: a falta de dados oficiais sobre o
rendimento dos alunos que estudam à noite. O Instituto Nacional de Pesquisas
Educacionais (Inep) não contabiliza nenhum tipo de indicador de qualidade, como
taxas de evasão e abandono, por turno.
Conforme a
assessoria de imprensa do Inep, a única estatística que contempla o horário é o
número geral de matrículas. Mas esse dado nem sequer aparece separado por
séries.
A Secretaria
Estadual da Educação (SEC) também não dispõe de indicadores de qualidade sobre
a Educação noturna. Conforme a assessoria de comunicação, o Estado utiliza a
base de dados do Inep.
Uma das poucas
pistas sobre essa modalidade de ensino no Estado vem de uma pesquisa, divulgada
pelo Ministério da Educação em 2008, que traz dados de matrículas por série no
período de 1998 a 2002 e contou com a participação da professora da Faculdade
de Educação da UFRGS Vera Peroni.
O trabalho
mostra que, no último ano avaliado, o número de matrículas caiu 40% entre a 1ª
e a 3ªséries do Ensino Médio, revelando “situações de evasão, abandono e
repetência, relativamente maiores nas escolas desse turno de funcionamento”.
– A falta de
dados sobre esse turno é um problema – afirma Vera.
Paradigma novo para as escolas
Como oferecer
uma aula adequada, daquelas que fisgam alunos, para estudantes com idades e
interesses tão díspares no Ensino Médio?
Este é um dos desafios que a Secretaria Estadual da Educação (SEC) tem pela
frente nos próximo anos.
No Estado,
30,5% dos estudantes (123 mil alunos) do Ensino Médio encontram-se naquela
faixa definida como “distorção idade-série”. Simplificando: estão atrasados
devido à repetência, abandono ou evasão.
Na
interpretação da SEC, o fenômeno tem relação com a universalização do acesso ao
ensino na década de 90, após a Constituição Federal.
– Estamos
vivendo uma contradição: ampliamos o acesso à escola, mas não conseguimos
oferecer uma Escola que garanta aprendizagem para enormes contingentes
populacionais que passaram a ter direito ao ensino. A escola, mesmo pública,
ainda é elitista – analisa o secretário da Educação, Jose Clovis Azevedo.
Professora da
Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Elizabeth Krahe aponta dois aspectos a serem vencidos a médio e longo prazo: –
Precisamos aproximar o mundo da escola e o mundo do trabalho, através de uma
adequação curricular, e formar e requalificar professores para lidar com este
perfil de alunos. Os professores estão capacitados para trabalhar com alunos de
14 anos a 17 anos, que é o perfil ideal, mas esta não é a realidade do Ensino
Médio.
Secretário conversa com professores
Ao longo de
uma hora e meia da tarde de ontem, o secretário estadual da Educação, Jose
Clovis de Azevedo, proporcionou um “passeio teórico” por fundamentos do
conhecimento e desafios da aprendizagem em videoconferência no auditório do
Ministério Público, em Porto Alegre.
Mais de 300
professores, funcionários e representantes de equipes diretivas de escolas
acompanharam a atividade, que foi transmitida em tempo real, pela internet,
para escolas de Porto Alegre, da Região Metropolitana e do interior do Rio
Grande do Sul.
Fonte: Zero Hora (RS)
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