O governo
federal, desde a gestão Lula da Silva, vem se servindo do modelo das cotas de
vagas universitárias como instrumento de inclusão social das populações negras,
indígenas, e, agora, também, das brancas, que tiverem cursado por inteiro o
Ensino médio em Escolas públicas. A intenção dos criadores e dos defensores
deste mecanismo é a melhor possível. Eis que visam a facilitar aos estudantes
que integram as minorias oportunidades de Escolaridade superior, cuja
freqüência tem sido um privilégio das classes mais bem dotadas da pirâmide
demográfica do Brasil. Na verdade, se há erros e inconvenientes na adoção dessa
política, são eles fruto menos da natureza do instituto das cotas em si do que
da conveniência, da oportunidade e da maneira de aplicá-la na esfera das redes
universitárias. Por sua natureza, as cotas teriam o condão de igualar para
ricos e pobres oportunidades democráticas sem distinção.
Mas, na
realidade, não é isso que costuma acontecer. E as situações que seguem nesta
reflexão parecem contraporem o bom-mocismo das intenções à crua avaliação dos
resultados dessas medidas, onde quer que tenham sido adotadas. A primeira
consequência está no despreparo intelectual dos beneficiários das cotas, que,
depois de matriculados, têm abandonado em grande número os cursos, dado o mau
desempenho no processo Ensino-aprendizagem.
A segunda
materializa-se na troca do mérito dos que arduamente se preparam para disputar
vagas nas faculdades, com os que, sem preparo, apenas se credenciam às
matrículas, por razões alheias ao seu esforço pessoal de convívio com os
estudos. Cria-se uma espécie de conquista de status, mediante uma carteirada
política, no lugar do suor e das lágrimas exigidos pela natureza do Ensino
superior da parte dos que aspiram a cursá-lo.
Outras
conseqüências negativas tendem a se acumular na vida universitária e social,
como, por exemplo, a exacerbação dos sentimentos racistas de brancos contra
negros e índios e vice-versa. Isso sem levar em conta que as altas percentagens
das vagas por cota (em certos casos, chegam a 50% ou mais) acabarão por
destituir as universidades da sua principal finalidade de criadoras de novos
saberes, em função da inevitável falência da competência de mestres e Alunos
para com os deveres inerentes à pesquisa científica.
Paulo Nathanael P. de Souza, doutor em Educação, in:
Correio Braziliense (DF)
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