quinta-feira, 21 de março de 2013

Ensino não atinge meta

Um dos avanços da Educação no fim do século 20 foi a avaliação do Ensino. Até a década de 1990, vivia-se de achismo. Ninguém sabia ao certo o que os Alunos sabiam. Com a evolução do processo, fixaram-se metas. Uma delas foi traçada pelo Movimento Todos Pela Educação. Baseada em dados do IBGE e do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do MEC, a ONG estabeleceu cinco metas a serem atingidas até 2022 — ano do bicentenário da Independência do Brasil.
São elas: todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos devem estar na Escola; a Alfabetização precisa estar plenamente concluída aos 8 anos; os Alunos têm de dominar o conteúdo da série que frequentam; a conclusão do Ensino médio deve ocorrer até os 19 anos; os investimentos em Educação precisam ser ampliados. Impõe-se, claro, acompanhar a evolução do alvo. A menos de uma década do fim do prazo, o resultado preocupa e exige providências.
A tragédia maior concentra-se na matemática. Só 10,3% dos estudantes das Escolas públicas e privadas concluem o Ensino médio com domínio da matéria. Em bom português: às vésperas de transpor os portões da universidade, 9 em cada 10 jovens são incapazes de resolver questões básicas de cálculo ou álgebra. Pior: o quadro involuiu. Em 2009, o percentual era de 11%, o mesmo de 2005. Depois da estagnação, andamos para trás.
Não é melhor a situação do curso fundamental. Ao completar os nove anos de estudos, os Alunos têm desempenho aquém do esperado. A meta fixou 25,4% de excelência. A realidade bateu nos 16,9%. Minas Gerais marcou um ponto na média geral. Tem, entre os estados, a melhor adequação de aprendizado de matemática nos dois níveis de Ensino. A pior do médio ficou com Alagoas; do fundamental, com o Amapá.
O Ensino médio é o calcanhar de aquiles da Educação nacional. Excesso de matérias, conteúdos voltados para o passado, material didático inadequado, Professores sem estímulo, falta de sintonia com as necessidades do mercado respondem, em boa parte, pela evasão e pelo fracasso Escolar. Não só. Se for levado em conta o desempenho dos Alunos que concluem a 9ª série, entende-se o acúmulo de dificuldades. A moçada carrega, vida afora, o fardo do despreparo do primário malfeito.
Impõe-se levar o problema a sério. Educação tem de ser prioridade não só no discurso — como tem sido ao longo dos anos. Eleição após eleição, candidatos juram atenção plena ao setor. As palavras, porém, se perdem no caminho. Teimam em não tornar-se fatos. Não é por acaso que o país sofre apagão de mão de obra. Passou da hora de mudar. Ninguém precisa inventar a roda. Ela já foi inventada. É só olhar para ver e agir.
Fonte: Correio Braziliense (DF)

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