segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ler faz crescer

Ao contrário de anos anteriores, o debate sobre a Educação formal, do ensino, e, especialmente da qualidade tem tido espaço na mídia, com destaque na imprensa. Todos apontam as causas da baixa Escolaridade, os efeitos da má qualidade e os benefícios trazidos pelo bom ensino, mas o problema perdura. Nem sequer o Brasil consegue extinguir o analfabetismo. A má qualidade e a baixa instrução do brasileiro, apesar de alcançar um bom espaço nos meios de comunicação, ainda deveria ter maior abordagem na imprensa e muito mais na televisão.
Todo dia o Jornal Nacional fala dos índices das bolsas de valores, dos mercados e das economias mundiais, mas passa semanas sem falar de Educação, que poderia ter definido como critério falar ao menos uma vez por semana, regra a ser seguida por todos os programas de televisão e de rádio.
Tem aumentado o debate sobre o tema, e isso parece trazer uma certa acomodação às autoridades e à sociedade em tentar solucionar o problema de uma vez por todas. Mas, dentro da amplitude que é o tema Educação, a leitura sofre de um descaso maior, que traz como resultado o pouco hábito de leitura ao brasileiro, em comparação aos países desenvolvidos. Pesquisa recente do Ibope mostrou a diminuição da leitura de livros em 2011, comparado com o ano de 2010, com uma piora do que já era ruim. De acordo com a pesquisa a redução da leitura foi medida até entre crianças e adolescentes, que leem por dever Escolar. Em 2011, crianças com idades entre 5 e 10 anos leram 5,4 livros, ante 6,9 registrados no levantamento de 2007. O mesmo ocorreu entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos (6,9 ante 8,5) e entre adolescente de 14 a 17 (5,9 ante 6,6 livros).
Para estimular a leitura, uma das boas iniciativas do governo federal foi aprovar a Lei 12.244 em 2010 com previsão obrigatória de uma biblioteca em toda Escola. Como parte dos defeitos que fazem perdurar os problemas, a lei é frouxa ao permitir que essa obrigação seja cumprida no prazo máximo de 10 anos.
Apesar de serem poucas as iniciativas oficiais de incentivo à leitura, o problema se agrava pela omissão da iniciativa privada, por não apresentar nenhuma ação incentivadora. O Banco Itaú se torna uma ilha de exceção nesse mar de omissão. Por ano, o banco vem fornecendo uma coleção de 3 a 4 livros infantis gratuitamente. Os livros são entregues no endereço fornecido pelo solicitante, já com todas as despesas de correios pagas. O objetivo desse texto é exatamente levar expandir o conhecimento dessa medida, pois falta uma divulgação mais ampla. Para fazer o pedido, gratuitamente, basta acessar o site que dá título a este texto: www.lerfazcrescer.com.br e clicar sobre o ícone “peça sua coleção”. Como diz uma frase no mesmo site, a cada livro, o Brasil inteiro vira uma página.
Pedro Cardoso da Costa, Bacharel em direito, in: Folha de Boa Vista (RR)

domingo, 29 de abril de 2012

A educação no Brasil

 
O governo culpa os professores pela má qualidade do ensino, mas não enxerga o verdadeiro problema e tenta resolvê-lo com receitas prontas e acabadas.
Outra situação que requer definição da política pública é a remuneração do salário dos professores. Os dados do IBGE, citados pelo estudo, dizem que, considerando profissões com nível de formação equivalente, o magistério é aquela que oferece os piores salários. Um professor que atua no nível médio ganha, em média, quase a metade da remuneração de um policial civil, e um quarto do que ganha um delegado de polícia, isso varia por região.
Faltam bibliotecas, laboratórios de ciências e de informática em grande parte das escolas da rede pública da Educação básica. Metade dos professores leciona em escolas sem bibliotecas, quatro em cada cinco atuam em escolas sem laboratório de ciências, e três em cada quatro professores estão em escolas que não possuem laboratório de informática, quando tem laboratório faltam professores capacitados. A ausência de recursos didáticos é diferente entre as regiões, e isso dificulta o aprendizado dos alunos, e ai acontece à decadência da escolaridade, e vem daí o que dizem que escola pública não presta.
Os problemas na Educação brasileira, também vêm da política feita, pois a professores que nem se quer, tem curso ou base para dar aulas, a maiorias estão dando aulas sem si quer ter um curso superior, eles são indicados por políticos.
Outro problema vem da carga horária dos professores, pois eles ganham um salário pequeno, tem que fazer mais turnos para ter um salário para alimentar sua família, assim tendo que fazer mais turnos, seus alunos aumentam, corrigir trabalhos para um professor que tem mais de um turno é mais complicado, assim tendo menos tempo para criar, projetar aulas e dinâmicas, os professores na maioria das vezes da aquela aula chata, de dar sono, assim o rendimento da sua aula é pequena.
Às vezes o problema não vem somente dos recursos e dos professores, também vem do interesse dos alunos em aprender. Não adianta quase nada um aluno vir para escola não prestar atenção nas aulas e ainda incomodar, ou levar para um mau caminho o seu colega. Situação como esta resta poucas providencias a serem tomada pelos professores.
Mais o maior problema vem dos nossos governantes, é preciso ter verbas maiores para pagar os professores em dia, escolas com mais segurança e bem aparelhadas tecnicamente, mais ninguém o faz, Mas isso não é feito porque não interessa aos políticos, Porque para eles investir na Educação não dá votos, são problemas de puro interesse social isso não elegem ninguém, é um dos maiores problemas na Educação no Brasil.
Augusto Valente, funcionário público, ex-conselheiro de Direito da Criança e Adolescente/BV, in: Folha de Boa Vista (RR)

15 dicas para escolher a escola ideal para os filhos

A tarefa de escolher a escola dos filhos é uma das mais difíceis. O colégio, além de ser responsável pelo ensino, trará valores para a vida das crianças. Afinal, de lá que sairão os amigos, as influências e as experiências. A psicopedagoda Cristina Quilici, professora e membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, fez uma lista dos principais pontos que devem ser observados pelos pais. Confira.
1. Estabeleça quais valores e quais os objetivos a família quer passar para a criança. O vestibular é o foco desde cedo? O importante é construir o caráter e o raciocínio? A partir daí, conheça a proposta pedagógica que a escola segue e tente escolher a que ande junto com os seus objetivos.
2. Escolha uma escola próxima à residência ou ao trabalho. Perto de casa é sempre melhor para não estressar a criança no trânsito.
3. Conheça a escola em funcionamento e faça mais de uma visita. Ver as crianças felizes é um ótimo sinal.
4. Fale com amigos que tenham filhos na escola. Buscar referências sempre é um bom caminho para reforçar a escolha.
5. Pergunte como é feita a separação das crianças mais novas das mais velhas. Os pequenos podem se machucar no meio de adolescentes.
6. No caso de bebês, verifique se o local para troca de fraldas e o armazenamento das mamadeiras são adequados.
7. Verifique como a escola trabalha o período de adaptação. Se os pais podem ficar o período todo, se são apenas algumas horas. A criança chorar no começo do período é normal, mas há um limite para esse choro. Se depois de duas, três semanas não melhorar, converse com a escola.
8. Veja se a carga horária sobrecarrega a criança com relação à lição de casa e atividades extracurriculares. Criança precisa ter tempo para brincar, pois é isso que favorecerá o desenvolvimento do raciocínio e da imaginação. Quando uma criança brinca, ela está se preparando para a vida.
9. Procure saber qual a formação dos professores. É imprescindível terem formação superior com especialização em educação.
10. Cheque se a pessoa que recebe as crianças conhece os alunos e os pais. É muito importante que, mesmo adolescentes, só seja permitido ir embora sozinho com autorização dos pais.
11. Veja se as salas de aula são arejadas, confortáveis. A escola precisa contar com equipamentos multimídia para oferecer diferentes recursos de aprendizagem.
12. Atividades extracurriculares ligadas à cultura ajudam na formação intelectual e de caráter das crianças. Procure escolas que tenham projetos de música, teatro.
13. Se o filho for adolescente, peça a sua opinião antes de escolher a escola.
14. Veja se a mensalidade cabe em seu orçamento. Isso também vai ajudá-lo a evitar que seu filho sinta que não pertence aquele mundo. Lembre-se que além da mensalidade, há matricula, material e excursões. Coloque tudo na ponta do lápis.
15. Depois que fez escolha, observe a reação do seu filho. Veja se ele gosta de ir para a escola e se comenta sobre bons momentos que passou no período. Participe de reuniões de pais e festas. Fazer parte do mundo em que seu filho está inserido todos os dias é fundamental para confirmar que você fez a escolha certa.
Fonte: Terra

Motivos para ler

Não sei o que veio primeiro, se o gosto pela escrita ou pela leitura. O que sei é que desde pequena sempre gostei de ler e de escrever. “Quem lê, escreve bem”, dizia um professor. Sigo a recomendação dele ao pé da letra, com um acréscimo de conta própria: “Quem lê mais deve escrever melhor ainda”.
Quando garota, por volta dos 10, 12 anos de idade, além das obras de Monteiro Lobato, do “Pequeno Príncipe” e companhia, eu lia gibis de aventuras e as revistas de fotonovelas das minhas tias. Também li, às escondidas, alguns títulos considerados proibidos, como o famoso “Eu e o governador”, de Adelaide Carraro.
Em especial, o meu interesse era por resumos biográficos de grandes compositores de música clássica. Estranho, mas explicável. Tínhamos uma vizinha, professora de alemão, que não tinha filhos e que gostava de mim. Todo domingo, ela me levava para assistir aos “Concertos Matinais” no Teatro Municipal de São Paulo. Eu adorava o passeio, a orquestra, a grandiosidade do teatro, e queria saber mais sobre quem tinha criado aquelas músicas.
Nunca quis aprender a tocar nenhum instrumento. Lembrando daquela época, agora sei: minha curiosidade era puramente “jornalística”.

Despertar para a leitura
Em 18 de abril comemoramos o Dia Nacional do Livro Infantil, em alusão ao nascimento de Monteiro Lobato - o grande mestre da literatura infantil brasileira – em 1882. Através de seus personagens no “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, ninguém melhor do que ele demonstrou como a curiosidade ajuda a aprender e, principalmente, a gostar de aprender.
Os livros infantis de Lobato também enaltecem a figura do “instrutor”, seja ele um “sabugo de milho”, seja uma “dona Benta”, ou uma “tia Nastácia”. É a orientação segura que nutre a curiosidade infantil e ajuda a criança a despertar para a leitura.
O Instituto Pró-Livro (IPL), associação criada e mantida por entidades do mercado editorial, lançou em 28 de março passado, em Brasília, a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. O estudo foi realizado em 2011 com 5.000 entrevistados de 315 municípios de todos os estados do país, além do Distrito Federal.
A pesquisa está disponível para leitura no site do IPL (www.prolivro.org.br) e confirma algumas das minhas certezas. Professores, mães e pais (nesta ordem) são as pessoas que mais influenciam uma pessoa a ler. O fato de os pais (mães e pais) terem uma base escolar também é significativo, porque eles podem ler para os filhos, comentar as histórias e motivar as crianças para os temas dos livros.
A parte triste da pesquisa, pelo menos para mim, é a que revela que em média o brasileiro lê quatro livros por ano. Dos quatro, apenas dois são lidos do começo ao fim, ou seja, de fato, ele lê apenas dois livros por ano.
Felizmente, a grande maioria dos participantes desse estudo afirmou que a leitura é muito importante, porque “ler bastante pode levar uma pessoa a vencer na vida e melhorar a sua condição socioeconômica”.

Primeiro idioma
No mercado de trabalho, a questão da qualificação é grave. Os jovens à procura de estágio ou emprego têm uma preocupação válida e necessária pelo aprendizado de um segundo idioma. Acabam se esquecendo que, antes de tudo, precisam do primeiro, nossa rica e difícil língua portuguesa.
O Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) divulgou resultados de pesquisa que realizou com 6.716 estudantes e que mostram a falta que faz o hábito de leitura, a começar pelo desempenho dos candidatos em entrevistas.
Segundo a pesquisa do Nube, na área de Jornalismo, cerca de 50% dos jovens cometem erros acima do limite aceitável em testes ortográficos. Alunos de Pedagogia chegam a 50% e os de Matemática a até 67%. Nos segmentos das Artes e Design, o índice alcança 71%. No caminho contrário, mas bem-sucedido, 75% dos estudantes de Engenharia e 83% dos de Direito têm êxito.
Ler não ajuda apenas a escrever, mas a compreender melhor o que se passa ao nosso redor e a expressar o que pensamos de maneira mais clara, sempre.
Lucila Cano, in: UOL Educação

sábado, 28 de abril de 2012

Ler é mais que preciso, é indispensável!

Questionado se tem o hábito da leitura, o escritor Ariano Suassuna disse que não. “Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento”, disse ele. Já o estudioso Antonio Cândido defende o Direito à Literatura como direito humano, pois se algo é indispensável para nós, deve ser também indispensável para o próximo. Moacyr Scliar escreveu que a casa da leitura tem muitas portas, e a porta do prazer é das mais largas e acolhedoras.
Neste mês, comemora-se o Dia Nacional do Livro Infantil, em 18 de abril, dia do nascimento de Monteiro Lobato, e o Dia Mundial do Livro, em 23 de abril, falecimento de Cervantes e de Shakespeare. Estas datas nos cobram uma reflexão sobre a leitura no país.
A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada em março, revelou que o brasileiro está lendo menos. De acordo com o levantamento, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.
Além das justificativas das novas tecnologias, falta de estímulo e alto custo, a indiferença dos brasileiros pelos livros tem raízes mais profundas. Séculos de escravidão levaram os líderes do país a negligenciar a Educação. A Escola primária só se tornou universal na década de 90. As bibliotecas e as livrarias ainda não conseguiram emplacar. Cerca de 75% da população brasileira jamais pisou numa biblioteca.
Outro fato importante é que só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 anos encontram-se no nível pleno de alfabetização, ou seja, têm hoje condição de ler e compreender integralmente um texto longo. Não é possível pensar que exista um país, com o crescimento do nosso, que possui uma taxa de 70% de analfabetos funcionais.
Portanto, acredito que, no ano em que declaramos o educador Paulo Freire patrono da Educação brasileira, temos o dever de lutar para que homens e mulheres enxerguem o mundo com outros olhos, sem limitações. Por isso, propus a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública na Câmara dos Deputados. O objetivo é destacar o papel estratégico da Biblioteca Pública na formação intelectual do cidadão. Além disso, promover debates sobre políticas de criação, modernização e capacitação técnica dos profissionais, para garantir acesso amplo e irrestrito da sociedade à leitura.
José Stédile, deputado federal (PSB-RS) e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública, IN: Zero Hora (RS)

Justiça autoriza ingresso de aluno com 6 anos incompletos no 1º ano

A Justiça Federal em Pernambuco determinou na última sexta-feira (13) que as crianças que não completaram seis anos podem ser matriculadas no 1º ano do ensino fundamental. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira e se estende às redes estaduais e municipais de todo o país.
Até então uma resolução do Conselho Nacional da Educação determinava que só poderiam ingressar no ensino fundamental os alunos que tivessem seis anos até o dia 31 de março do ano letivo. Segundo o CNE, o objetivo da medida é organizar o ingresso dos alunos no ensino fundamental, já que antes cada rede de ensino fixava uma regra diferente.
As resoluções do CNE não têm força de lei, mas servem de orientação geral para os sistemas públicos e privados de ensino.
A ação civil pública foi movida pelo Ministério Público Federal em Pernambuco, que discorda da adoção unicamente do critério etário para o acesso ao ensino fundamental. Para a Procuradoria, a capacidade de aprendizagem da criança deve ser analisada de forma individual e não genérica --quando é usado o critério da idade cronológica.
Fonte: Folha.com

Estímulos à leitura variam para crianças de zero a nove anos

Pessoas que leem, mas não compreendem o sentido de um texto e não são capazes de se expressar pela escrita são classificadas como analfabetas funcionais. São homens e mulheres que abandonam a Escola antes da segunda etapa do ensino fundamental e representam 20% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Se a Escola não valoriza a leitura ou deixa de avançar na alfabetização e no letramento, ela está formando um analfabeto funcional. A opinião é da pedagoga Verônica Branco, mestre em alfabetização e doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). “São pessoas que não passam da Escolaridade básica e deixam a Escola antes do 6.º ano, porque é muito difícil ler”, explica.

Parceria
Para a pedagoga Maria Silvia Bacila Winkeler, é tarefa da Escola organizar e sistematizar o conhecimento, mas a ajuda dos pais em casa é indispensável. “As crianças são estimuladas em todos os ambientes, principalmente se veem os pais lendo e leem com eles”, diz Maria, que é professora de Pedagogia e doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
A professora de Português Marly Nogueira da Silva, 51 anos, nunca se mostrou ansiosa diante das primeiras dificuldades Escolares dos cinco filhos. “Eles escreviam e erravam bastante no começo, mas eu sempre soube que a escrita e a leitura corretas não se aprendem de uma vez”, afirma. Ela sempre procurou orientar os filhos em seus estudos. Agora, os três mais velhos – Mariane, Cássio e Juliane – já estão na faculdade e também auxiliam no estudo dos caçulas Geovani, 14 anos, e Gabriele, 9 anos.
A importância desse espírito de parceria entre família e educadores é defendida pela doutora em Educação Adriane Knoblauch, professora da UFPR. “O envolvimento dos pais deve estar muito afinado com o trabalho que é desenvolvido na Escola”, afirma.
Gazeta do Povo (PR)

É difícil aprender inglês na escola

Disciplina obrigatória a partir do 6.º ano do ensino fundamental, o “inglês de colégio” – como é pejorativamente chamado o ensino da língua inglesa nas Escolas regulares – virou sinônimo de conhecimento superficial e insuficiente para se comunicar. Para especialistas, o ensino de língua estrangeira ainda é desvalorizado nas discussões sobre Educação, as condições de trabalho dos profissionais são precárias e os métodos de ensino são meramente burocráticos.
O problema é mais evidente na rede pública, mas um grande número de instituições privadas segue os mesmos padrões, tornando quase obrigatória a matrícula de crianças e adolescentes em cursos de idiomas no contraturno para que dominem uma segunda língua.
A engenheira ambiental Ana Paula Tebaldi, 28 anos, estudou em colégio público e sentiu a necessidade de fazer um curso particular de inglês antes de entrar na faculdade. Ciente da importância do idioma e sem acreditar que o ensino regular daria conta de fazer com que o filho aprendesse inglês, ela já matriculou Artur, 6 anos, em uma Escola privada de inglês. “Quando a instituição trata exclusivamente do ensino de línguas, o aprendizado é melhor”, considera.

Faculdade de Letras não é suficiente para formar bons professores
Embora uma boa estrutura e um sistema de ensino eficaz sejam essenciais para a aprendizagem, a qualidade da aula depende em grande parte da formação do professor. De acordo com o professor Luiz Fernando Schibelbain, para ensinar alguém a falar inglês não basta ter apenas faculdade de Letras. “Quando eu era aluno aprendi teorias sobre a língua, mas não a dar aula de forma comunicativa”, conta. Para ele, as universidades deviam se preocupar em capacitar os acadêmicos a ensinar idiomas de modo menos burocrático.
A fraca capacitação dos professores é confirmada por Marila Hanech, coordenadora do curso de inglês do Centro Europeu. Ela relata que recebe frequentemente na instituição professores de língua estrangeira da rede pública que se matriculam no nível básico, com um conhecimento do idioma muito abaixo do esperado para um profissional da área. 

Comparação com cursos de idiomas realça deficiência
A professora e doutora Clarissa Jordão, do curso de Letras da UFPR, reconhece os problemas do ensino de inglês em Escolas regulares, mas ressalva que a situação é semelhante em outras disciplinas, embora não existam muitas referências de comparação.
“Há vários alunos da rede pública tendo aulas de método Kumon porque não aprendem bem Matemática, mas não se crucifica o professor dessa matéria, só o de Inglês”, diz. Para Clarissa, é a visibilidade dos cursos de idiomas que acaba colocando em evidência a deficiência do ensino de língua estrangeira nas Escolas.
Segundo a professora, a Escola como um todo não modernizou seus métodos, o que faz o conteúdo parecer irrelevante para os alunos. “Hoje, os jovens aprendem muito de inglês nos games e na internet, por exemplo, e isso não é explorado em sala de aula”, lamenta.
No início do mês, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, disse que interessados em participar do programa Ciência Sem-Fronteiras, que concede bolsas de estudo no exterior a estudantes de nível superior, devem agilizar o aprendizado do inglês para facilitar o ingresso nas universidades internacionais. A cobrança contrasta com as condições oferecidas pelo próprio Estado.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mais de um milhão de jovens estão "presos" no ensino fundamental, mostra censo escolar 2011

Mais de um milhão de jovens estão “presos” no Ensino Fundamental, mostra o Censo Escolar 2011. Esses alunos têm mais de 14 anos e, por conta de reprovações ou outros fatores, não conseguem passar de ano e, consequentemente, ir para o Ensino Médio.
“No Brasil, você tem uma forte defasagem idade-série. Boa parte não conclui o ensino fundamental na idade correta. Uma das causas disso é a forte reprovação", diz Tufi Machado Soares, professor da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e especialista em fluxo escolar. "Evidente que o sistema é falho. Se um aluno é reprovado, isso ocorre, pelo menos, porque ele não aprendeu o que deveria.”
Esse contingente - os mais de um milhão de estudantes empacados no Fundamental - é a diferença entre a população com mais de 14 anos e o número de matriculados no Ensino Fundamental, que atende justamente o público entre 6 e 14. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 29.204.148 pessoas nesta faixa etária e 30.358.640 estudantes registrados entre o 1º e o 9º ano das escolas brasileiras.
O fato de o estudante não conseguir ser aprovado gera a chamada “distorção idade-série”. No 8º ano, por exemplo, a idade média dos estudantes já supera os 14 anos, ficando em 14,3. No 9º ano, última série do Fundamental, a idade média é de 15,2.
Esse “movimento” entre um nível e outro é chamado de fluxo escolar. O cálculo do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) leva em conta, entre outros fatores, o fluxo. 

Histórico do fluxo
Porém, a situação já foi pior. "Estamos melhorando, mas está muito devagar. As políticas que foram planejadas foram se esgotando. Uma das causas para não se ter um bom fluxo é a reprovação e o abandono. É preciso combater isso melhorando a qualidade", disse Soares.
Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), no início dos anos 2000, a diferença entre matriculados e população chegava a 20% contra os atuais 3,9%. Os números de 2011 mostram também que hoje, afirma o governo, existe uma tendência a que os alunos consigam passar dos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano).
A correção de fluxo, diz o especialista, é um processo que vem desde a década de 80 no Brasil. "Num determinado momento da nossa história, lá na década de 80, pensava-se que garantir a matrícula era o suficiente ara melhorar os níveis. Com o tempo, percebeu que isso não era suficiente. Construir escola não bastava", afirma. Na década de 90, ele diz, houve um aumento na política de correção de fluxo, que, no entanto, tem dado resultados menos efetivos atualmente.
Soares aponta a progressão continuada nos primeiros anos do fundamental como umas maneiras para reduzir a distorção: “A reprovação deve ser uma opção extrema a ser adotada pela escola. Sou contra a reprovação nos primeiros anos escolares, não vejo motivo para reprovar um aluno.” 

Matrículas
Pelo quarto ano seguido, o Brasil teve uma redução no número de matrículas no ensino básico, com uma queda de 1,1% em relação a 2010. O censo identificou 194.932 escolas no país em 2011, com 50.972.619 alunos - 84,5% deles em escolas públicas. No ano passado, havia 51.549.889 estudantes.
A queda no número de matrículas foi puxada pela redução na rede pública fundamental (-2,1% em relação ao ano anterior) e na educação de jovens e adultos (-6,6% no nível fundamental e -4,4% no nível médio). Houve crescimento em praticamente todos os outros níveis.
O Inep atribui a redução à "acomodação do sistema educacional" e no "aperfeiçoamento" do método de coleta dos dados. Neste ano, para evitar duplicidades, o governo exigiu a comprovação documental de matrícula e de frequência para os estudantes com mais de um vínculo escolar (matrículas em mais de uma unidade). A distribuição de recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) leva em conta o número de alunos dos municípios e Estados.
O Censo Escolar da Educação Básica é realizado anualmente pelo Inep. Estabelecimentos públicos e privados de educação básica são obrigados por lei a oferecer as informações. 

Afinal, qual é a prioridade do brasil?

Não há dúvidas de que o Brasil tem um dos maiores mercados potenciais para empresas de Educação. Só em investimento público são mais de R$ 100 bilhões anuais recursos que, todos estão de acordo, não dão conta da demanda nacional. Para que o país seja o líder que almeja ser, os governos vêm investindo em programa de distribuição de livros didáticos, bolsas de estudos, novos equipamentos eletrônicos (os alunos brasileiros deverão ter até tablets num futuro próximo). Falta ainda dar conta da lei que obriga o pagamento do piso salarial para o professor. Mas nada que não possa ser resolvido quando o legislativo aprovar o novo Plano Nacional de Educação (PNE), com promessa de aumentar de cerca de 5% do Produto Interno Bruto para 7%, 7,5% ou mesmo 10% pedidos pela sociedade.
Afinal, Educação é prioridade, certo? Errado. E prova disso, é o descaso com que o alto escalão do governo federal trata o tema investimento. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve um encontro a portas fechadas com parlamentares da Comissão Especial responsável pela análise da proposta do novo PNE. A área econômica apoiou a intenção do relator Angelo Vanhoni (PT-PR) de determinar que o país alcance, em dez anos, um volume de investimento público direto em Educação de 7,5% do PIB.
Em nota pública sobre o encontro, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação lembrou que no dia 15 de outubro de 2010, a então candidata à presidência Dilma Rousseff se comprometeu em uma Carta-compromisso pela Garantia do Direito à Educação de Qualidade, a alcançar um patamar de investimento público em Educação pública na ordem de 7% do PIB até o fim de seu mandato, ou seja, 2014. Agora, o governo diz que vai tentar cumprir esta meta em uma década. O que mudou neste dois anos, faltou dinheiro? Não segundo análise do Ipea. Falta é prioridade. E talvez fosse de bom tom o ministro explica o que é mais prioritário do que a Educação do país. Jogar bola?
Regiane de Oliveira, in: Brasil Econômico (SP)

Alunos "mais pobres" têm o pior desempenho em prova que avalia ensino fundamental público

O grupo de alunos com pior situação econômica teve os piores desempenhos em matemática e português na Prova Brasil de 2009, mostra um cruzamento de dados feito pela Fundação Lemann e fornecido ao UOL Educação. A prova é aplicada a alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e acontece a cada dois anos. Os dados de 2009 são os mais recentes disponíveis.
Segundo Francisco Soares, especialista em avaliações em educação e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a proficiência do aluno reflete, ao mesmo tempo, todas as características dele, inclusive as socioeconômicas. Os alunos que têm melhores condições econômicas, diz, têm mais condições de se saírem melhor na escola.
“A proficiência do aluno reflete de forma muito próxima sua característica sociodemográfica. Isto [a diferença nos resultados] é uma prova de que a escola no Brasil não consegue cumprir sua função. Aprendem principalmente os alunos que já trazem de casa as condições adequadas para o aprendizado.”

Desempenho
Em matemática, no 5º ano, enquanto oito em cada dez (80,83%) alunos do grupo “mais pobre” não atingiram o nível mínimo de aprendizado para a série em que estão, pouco mais de cinco em dez (55,36%) do grupo “mais rico” conseguiram o mesmo desempenho.
Isso significa dizer que esses estudantes não conseguem, por exemplo, ler informações e números apresentados em tabelas ou identificar que uma operação de divisão resolve um dado problema. Somente 17,69% dos estudantes “mais pobres” e 31,74% dos “mais ricos” atingiram a categoria de aprendizado “adequada”.
Já no 9º ano, na mesma disciplina, a distância entre os dois grupos que não atingiram o nível adequado é menor: 94,37% dos “mais pobres” contra 83,01% dos “mais ricos”. Esses estudantes não consegue fazer operações de adição, subtração, divisão ou multiplicação que envolvam centavos em unidades monetárias e/ou resolver problemas com porcentagens.
“É um problema geral [do 9º ano]. Nem os ‘mais ricos’ estão conseguindo aprender. Mas é bom lembrar que estamos falando de escolas públicas”, afirma o economista Ernesto Faria, autor do levantamento.

Resultados
No geral, independentemente da classe econômica, o resultado é melhor nos anos iniciais do ensino fundamental do que nos finais. Ainda que bastante ruins e acima dos 50%, o total de estudantes do 5º ano que não atingiu a categoria “adequado” é menor do que os do 9º ano, em que o menor índice está em torno de 70%.
Para Faria, a própria dificuldade adicional da segunda fase do ensino fundamental, em que são abordados conteúdos mais específicos em matemática, por exemplo, ajuda a piorar os resultados. “A partir do segundo ciclo, soma-se um grau de complexidade muito grande. Em língua portuguesa, o vocabulário que vem de casa, ter contato desde criança com diversas pessoas, ajuda. Em matemática, nem tanto”, diz.
A Prova Brasil é aplicada para alunos do 5º e 9º anos do fundamental de escolas públicas municipais, estaduais e federais, de áreas rural e urbana, que tenham, no mínimo, 20 matrículas na série avaliada. No ano passado, houve outra edição da prova. Porém, os resultados ainda não foram divulgados.

Como as categorias foram definidas
As classificações são usadas pelo movimento Todos pela Educação e por alguns Estados para “categorizar” o conhecimento estudantil e têm quatro níveis: “abaixo do básico”, “básico”, “adequado” e “avançado”. Um estudante no nível “básico”, por exemplo, tem domínio mínimo do conteúdo que deveria saber; um do “adequado”, por sua vez, tem domínio pleno. O nível considerado ideal é o adequado. Existem notas mínimas para cada uma dessas classificações (veja na tabela ao lado).
Para determinar o grupo econômico ao qual o estudante pertence, o economista Ernesto Faria fez uma divisão de acordo com itens considerados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em suas pesquisas, como total de aparelhos de televisão, banheiros em casa, número de automóveis, entre outros.
Para cada uma deles, uma pontuação foi atribuída, o que dividiu os estudantes em quatro categorias: quem somou menos pontos, tem nível econômico considerado mais baixo; o topo da tabela indica os estudantes em situação econômica melhor.
Uol Educação

quinta-feira, 26 de abril de 2012

É possível resolver

Os responsáveis pelos sistemas de Educação Básica no Brasil - secretários, professores, diretores e pais - têm, aos poucos, estabelecido o consenso de que o sucesso de escolhas pedagógicas, práticas de gestão e opções políticas deve ser verificado pelo impacto observado nos estudantes. Hoje, a sociedade brasileira espera mais da Escola, além do acesso e da permanência dos alunos. Quer que eles adquiram as competências cognitivas necessárias para uma vida pessoal produtiva e uma inserção social crítica, assim como competências não cognitivas que contribuam para a construção de uma sociedade melhor para todos. Em relação às competências cognitivas, temos um grande problema.
Um estudo recente, encomendado pela Unesco ao Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais, aponta que, em 2009, 22% dos alunos das Escolas públicas concluíram o Ensino Fundamental sem adquirir capacidades cognitivas elementares em leitura e 39%, sem capacidades básicas em matemática. Os estudantes com menor nível de aprendizado são expostos a professores mais sobrecarregados e com menos Escolaridade, além de estarem concentrados em Escolas com piores indicadores de qualidade: piores bibliotecas, instalações e condições de funcionamento, equipes de gestores e professores menos coesas e mais violência Escolar.
O estudo mostra que houve melhora nos indicadores de exclusão por aprendizado entre 2005 e 2009. Neste período, a proporção de estudantes com desempenho abaixo do básico permaneceu estável para os alunos do 9 ano do Ensino Fundamental em matemática, mas diminuiu entre os alunos do 5 ano em leitura e matemática, e entre os alunos do 9 ano, em leitura. Os dados indicam que, se por um lado não estamos bem, por outro há soluções sendo tentadas, muitas com sucesso.
Entretanto, há uma prioridade crucial para os sistemas de Educação que deve receber mais atenção: eles precisam produzir resultados mais equitativos, mais justos. Existe equidade Escolar quando não se observam diferenças de desempenho entre grupos sociais. No entanto, o estudo mostra que, entre os alunos que frequentam a Escola sem aprender, há mais negros e mais indígenas do que entre os estudantes proficientes, e a maioria vem de famílias com nível socioeconômico mais baixo.
Não se pretende que todos os alunos tenham a mesma competência leitora ou matemática, mas que em qualquer grupo sociodemográfico seja garantido o aprendizado básico e existam os que sabem mais. Isto não está acontecendo. Em muitos grupos sociais não se observam valores altos de desempenho. Assim, as diferenças no desempenho cognitivo dos alunos do ensino básico são maiores que as diferenças econômicas.
O sistema educacional brasileiro só consegue promover mais equidade quando produz baixos resultados. Nas Escolas onde o desempenho está em patamares mais aceitáveis, a diferença entre grupos de alunos de distintas categorias é muito grande. Ou seja, nossos desafios educacionais têm duas dimensões: a primeira relativa ao nível do aprendizado e a segunda relativa à sua distribuição social. Superar esses desafios é fundamental para que o Brasil tenha um sistema educacional justo e eficaz.
José Francisco Soares, professor, O Globo (RJ)

Só dois em cada 10 “pretos” no 5º ano de públicas sabem o esperado para a série em que estão

Enquanto quase quatro em cada dez estudantes do 5º ano do ensino fundamental brancos de escolas públicas tiveram desempenho na Prova Brasil 2009 em matemática compatível com a série em que estão, apenas dois em dez dos pretos tiveram o mesmo resultado. Essa é uma das conclusões de um estudo da Fundação Lemann, obtido pelo UOL Educação.
"Pretos" é o termo utilizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para se referir a negros. Os outros termos utilizados são "brancos", "pardos", "amarelos" e "indígenas". A pesquisa do instituto tem base autodeclaratória.
Por mais que os resultados dos autodeclarados brancos sejam melhores em todas as séries na qual a prova foi aplicada (5º e 9º anos) e em todas as disciplinas (português e matemática), mais de 60% de todos os alunos, em todas as categorias, não haviam atingido em 2009 o conhecimento adequado para o nível que frequentam.
De acordo com Francisco Soares, especialista em avaliações em educação e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), apesar de os números serem ruins, há motivos para comemorar.
“No meio de tudo isso, há noticias boas. As diferenças entre pardos e brancos tem diminuído. Não sei se porque mais alunos se declaram pardos. Mas com isso, agregar para políticas públicas os pretos aos pardos é perverso. Favorece os que menos precisam”, diz.
A Prova Brasil é aplicada para alunos do 5º e 9º anos do fundamental de escolas públicas municipais, estaduais e federais, de áreas rural e urbana, que tenham, no mínimo, 20 matrículas na série avaliada. O exame acontece a cada dois anos e os dados mais recentes disponíveis são os da prova de 2009.

Pretos têm os piores índices
O cruzamento, feito pelo economista Ernesto Faria, mostra que, independentemente da série ou da disciplina da prova, os estudantes que se declararam pretos têm os piores índices: no 5º ano, 78,8% deles tiraram nota “abaixo do básico” ou “básico” em português e 80,49%, em matemática; no 9º ano, 83,68% e 93,21%, respectivamente.
No 5º ano, em matemática, esses estudantes não conseguem ler informações e números apresentados em tabelas ou identificar que uma operação de divisão resolve um dado problema. Em português, eles não sabem “inferir o sentido de uma expressão metafórica e o efeito de sentido de uma onomatopeia” ou mesmo localizar a informação principal de um texto.
No 9º ano, tirar uma nota menor que o índice “adequado” em matemática significa que o aluno não consegue fazer operações de adição, subtração, divisão ou multiplicação que envolvam centavos em unidades monetárias e/ou resolver problemas com porcentagens. Em português, eles não podem “identificar o conflito gerador do enredo” ou “reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação”.
Soares alerta, no entanto, que a proficiência reflete todos os fatores combinados. “A diferença por raça esconde um fato importante: que os alunos que se autodeclaram pretos são mais pobres. Por isso, buscamos, com ajuda de métodos de análise adequados, obter o efeito puro do sexo, raça, nível socioeconômico, atraso escolar.” 

Classificações
As classificações são usadas pelo movimento Todos pela Educação e por alguns Estados para “categorizar” o conhecimento estudantil e têm quatro níveis: “abaixo do básico”, “básico”, “adequado” e “avançado”. Um estudante no nível “básico”, por exemplo, tem domínio mínimo do conteúdo que deveria saber; um do “adequado”, por sua vez, tem domínio pleno. Existem notas mínimas para cada uma dessas classificações.
Fonte: UOL Educação

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pedagogia e tecnologia

O governo do Estado de São Paulo não parece dispor de prioridades definidas para a Educação. Anunciou nos últimos meses mudanças na grade curricular do ensino médio e na oferta de aulas de reforço para estudantes da rede pública. Incapaz de preencher as vagas para o corpo docente, autorizou a contratação de professores reprovados em teste de seleção.
A manutenção das escolas tampouco escapou. Uma parte da verba para reparos nos prédios sempre era entregue em janeiro. Neste ano, após dois meses de aulas, cerca de 5.000 colégios estaduais ainda aguardam os recursos.
Faltam professores. Falta manutenção. Falta também clareza sobre como aplicar uma injeção de qualidade no ensino deficiente. Tanto é que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) lançou um ambicioso programa de informatização das salas de aula na rede estadual, como se o problema principal fosse a falta de tecnologia.
Estima-se em R$ 5,5 bilhões o investimento a ser feito no projeto nos próximos dez anos. O montante equivale a mais que o quíntuplo do gasto -R$ 1 bilhão- orçado, neste ano, para reformas da infraestrutura já existente nas escolas.
Fonte: Folha de S.Paulo (SP)

Mantega garante 7,5% do PIB em educação, afirmam deputados

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu nesta terça-feira a deputados que “é possível” investir 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação a partir de 2013, segundo o presidente da comissão especial do Plano Nacional de Educação (PNE), deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).
A meta de investimento foi estabelecida no projeto de lei que cria o novo PNE, em tramitação no Congresso Nacional. Os parlamentares da comissão se reuniram hoje com o ministro.
“O valor que a Fazenda oferece é o mesmo valor [do projeto]”, disse Lelo Coimbra, em referência ao percentual a ser investido em educação daqui a dez anos.
A União Nacional dos Estudantes (UNE), também presente ao encontro, reforçou seu pedido para que o governo se comprometa a investir 10% do PIB no setor.
Sobre o percentual, o relator do projeto, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), disse que está “absolutamente convencido” de que investir 7,5% do PIB nos próximos dez anos “fará uma verdadeira revolução na educação”.
Vanhoni explicou que a meta de investimento direto (7,5% do PIB) inclui gastos da União, Estados e municípios. O PNE também estabelece que o investimento total seja de 8,5%, o que inclui, por exemplo, repasses do governo à iniciativa privada.
Atualmente, segundo o deputado, o percentual investido em educação é de 5,1% do PIB.
Fonte: Valor Online

terça-feira, 24 de abril de 2012

Acompanhar lição de casa do filho facilita aprendizado


A lição de casa sempre vira uma tarefa para a família - o aluno precisa entregar o dever e os pais têm o papel de supervisionar essa atividade. Tornar esse momento do dia prazeroso é um desafio, pois competir com televisão, videogame ou qualquer outra brincadeira é extremamente difícil. Mas é uma tarefa que toda mãe - ou pai - adora fazer.
Mas existem alguns meios de facilitar esse processo. A psicóloga comportamental Paula Pessoa Carvalho, especializada em orientação psicológica, familiar e educacional, indica que acompanhar a lição com o filho e tornar o momento de aprendizagem agradável faz com que a criança se estimule e se habitue a estudar em casa. "Isso facilitará seu desenvolvimento educacional durante toda a vida acadêmica", afirma.

Melhor horário
O melhor horário para o estudo é o que a criança esteja mais disposta, ou seja, sem sono ou fome. Também é importante definir o mesmo horário todos os dias, para que a criança se acostume com essa rotina.

Cuidados com o ambiente
O local de estudo pode ser uma mesa no quarto, na sala ou na cozinha, mas longe do sofá e da cama. Estabeleça que a lição seja feita sempre no mesmo lugar, onde não existam reforçadores concorrentes como TV ligada, som, videogame ou alguém brincando ao lado.

É importante acompanhar
Outro ponto importante para que a criança sinta prazer em fazer a lição de casa é ter alguém que a auxilie, para que esse momento seja agradável. Pode ser a mãe ou o pai.
 
Erros são aceitos
Também é legal que a criança tenha a possibilidade de errar e acertar. Não critique demais os erros dos pequenos, pois eles são necessários para que a criança aprenda o certo. Seja carinhoso, explique com paciência. Lembre-se de elogiar quando ela acertar.

Atenção para dificuldades de aprendizado
Os pais devem ficar atentos quando, mesmo com todos os métodos seguidos, a criança não consiga se concentrar. Não aprenda com os erros, nem por exclusão, dedução ou entendimento. Se isso acontecer é importante pedir uma atenção para a escola e para profissionais especializados para ver se está tudo certo com seu pequeno.

Para as mães que trabalham fora
Caso a mãe ou o pai não possam acompanhar quando a criança faz a lição, é importante definir o local e o horário e retomar o que foi feito no momento em que chegar a sua casa. Tente perceber se a lição foi feita com dedicação.
Fonte: Terra

Educação e trabalho

A partir do último quartel do século XX, com alterações significativas no conteúdo e nas condições de produção e gestão em rede das empresas, novos requisitos à formação para o trabalho foram introduzidos, cada vez mais distantes do tradicional sistema de Educação e formação profissional herdado da sociedade urbano-industrial. O avanço da economia de serviços, assentada na disseminação do trabalho imaterial, exige uma profunda transformação no atual sistema de formação para que o ensino superior seja universalizado e a Educação se torne um ativo para a vida toda.
Ao contrário do problema do analfabetismo rudimentar reinante nos séculos XIX e XX, tem destaque atual o analfabetismo funcional, imposto pela mudança técnica e informacional. Nesse sentido, expandem-se as ocupações que utilizam maior informação e exigem o exercício de atividades multifuncionais, geralmente aquelas sustentadas pelas exigências de maior Escolaridade e qualificação profissional ao longo da vida laboral.
O avanço da economia de serviços exige uma profunda transformação no atual sistema de formação. Isso, por si só, não corresponde, necessariamente, à garantia da elevação do nível geral de emprego, nem mesmo à melhor qualidade das condições de trabalho. A inserção nacional na Divisão Internacional do Trabalho determina cada vez mais a estrutura do sistema produtivo que exerce, por sua vez, pressão interna sobre o nível quantitativo e qualitativo das ocupações.
No caso da distribuição ocupacional nas economias capitalistas percebe-se a trajetória de longa duração iniciada com a transição das ocupações no setor primário (agropecuário) para os empregos na manufatura até atingir, mais recentemente, o trabalho generalizado no setor terciário. Com o movimento de redução relativa do emprego no setor industrial, ganha cada vez maior destaque as ocupações nos serviços.
Mesmo o intenso crescimento do setor terciário não tem sido suficiente para compensar a queda na participação relativa das ocupações nos setores industrial e agropecuário, o que faz presente o excedente da força de trabalho expresso pelo desemprego. Neste contexto, a reorganização em curso do trabalho material para o imaterial pressupõe uma profunda reflexão a respeito da formação profissional ao longo do século XXI. Com os avanços da nova economia da tecnologia, os sistemas de formação educacional e formativos para o exercício do trabalho heterônomo herdados da sociedade urbano-industrial tornam-se cada vez mais antiquados.
Por força do avanço do trabalho imaterial, a condição de trabalho pressupõe cada vez mais a alteração profunda do ciclo de vida e de estudo. Isso porque as condições tradicionais de coesão social encontram-se fraturadas, com padrão familiar fortemente superado por arranjos monoparentais e a extensão do individualismo sobrepondo a sociabilidade mecânica.
Na sociedade pós-industrial, o conhecimento torna-se estratégico na inserção e configuração das novas trajetórias ocupacionais portadoras de maior articulação da vida com o estudo e trabalho. Sobre o resgate da formação profissional não cabe partir da mera reprodução do passado, mas de sua reinvenção nos termos necessários à reorganização da vida e trabalho em plano superior ao atualmente existente.
Com isso, a Educação deixa de ser algo centrado nas fases precoces da vida (crianças, adolescente, jovens e alguns poucos adultos), como no passado, para ser algo necessário ao longo da vida. Ao invés da separação do tempo de inatividade com o tempo de trabalho presente na sociedade urbano-industrial, chega-se cada vez mais à transição do tempo da inatividade com a atividade pelo trabalho imanente do conhecimento.
Para haver Educação comprometida com o ciclo completo da vida (infância, adulto e velhice), cuja expectativa aproxima-se dos 100 anos de idade, os sistemas de formação profissional precisam incorporar cada vez mais os pressupostos do diálogo desenvolvidos pelo conjunto dos atores sociais. Novas formas de produção e de reorganização do trabalho não existem sustentavelmente sem uma base recorrente de Educação e formação profissional.
O resgate da Educação e da formação profissional deve compreender o saber como elemento central do rearranjo básico entre os atores sociais, como a postergação do ingresso no mercado de trabalho e a conexão alongada da qualificação educacional para os segmentos populacionais envelhecidos. Sem isso, o processo de metamorfose no trabalho tende a obstaculizar as possibilidades de universalização das oportunidades da sociedade fundadas no conhecimento.
Na atual transição do sistema de formação para o trabalho da sociedade urbano-industrial para pós-industrial, o entendimento entre os atores sociais relevantes torna-se a condição necessária para maior eficiência alocativa dos meios de produção regulados pelo Estado. Da mesma forma, reveste-se de extrema importância a possibilidade de compartilhar os novos ganhos de produtividade com patamar de civilidade superior ao do século XX.
Marcio Pochmann, professor, in: Valor Econômico (SP)