terça-feira, 3 de abril de 2012

Como recuperar o ensino médio

A liderança nacional entre os Estados que mais reprovam alunos no ensino médio preocupa especialistas em Educação do Rio Grande do Sul.
Eles consideram inaceitável o índice de repetência de 19,9% (referente a 2010, último ano com dados disponíveis), por excluir milhares de jovens das salas de aulas, gerar desperdícios calculados em R$ 406 milhões anuais e comprometer o desenvolvimento gaúcho.
Em reportagem de ontem, Zero Hora revelou como o Rio Grande do Sul ganhou o campeonato de maior reprovador brasileiro no ensino médio, apresentando um desempenho que assusta até mesmo o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo.
Para o pesquisador Gabriel Grabowski, da Universidade Feevale, um conjunto de fatores se acumulou nos últimos 20 anos, potencializando a deficiência.
O mais grave é a falta de investimentos. Grabowski observa que o Brasil aplica somente R$ 1,7 mil anuais por estudante, enquanto outros países, de porte econômico semelhante, investem cerca de R$ 10 mil.
Outro motivo é que 85,9% das matrículas do Ensino Médio estão com a rede pública estadual, justamente a menos contemplada com recursos.
– A esfera pública deveria receber maior atenção. Mas ocorre o inverso, está sendo desprestigiada – diz o professor da Feevale, especialista em ensino médio e Educação Técnica Profissional.
Helena Côrtes, da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), lembra que o ensino médio, se comparado ao Fundamental, sempre registrou maior repetência e evasão. Propõe, como uma das soluções, tornar o ensino mais atraente, sintonizado com a vida dos jovens. Recomenda que uma das providências é equipar as Escolas.
– O perfil do aluno do ensino médio é o do adolescente ligado em tecnologias – afirma.
O baixo desempenho gaúcho não surpreende Vera Peroni, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Vera entende que o resultado ruim apenas reflete o “desmonte” que a Escola pública vem sofrendo há décadas no país.
Não bastasse a falta de investimentos, Vera aponta que a Escola secundária foi sobrecarregada com a expansão do número de vagas.
– Espera-se de tudo da Escola, mas sem investimento algum para que ela possa cumprir suas funções – critica a educadora da UFRGS.

MAIS INVESTIMENTOS
Medidas para reverter os índices de reprovação e evasão nas Escolas públicas de ensino médio:- São necessários investimentos em Escolas e na qualificação e remuneração de professores. As Escolas devem oferecer equipamentos tecnológicos de ponta, que agilizem o aprendizado e incentivem os alunos. educadores devem estar capacitados e satisfeitos.

ATENÇÃO AO NOTURNO
O curso noturno do ensino médio é o que mais reprova e o que mais registra evasão, porque boa parte dos alunos trabalha durante o dia. Muitos chegam cansados às aulas e não dispõem de tempo para aprofundar os temas de casa. A situação acaba se refletindo também nos professores. O desafio é segurar o estudante.

ENSINO ATRAENTE
O tipo expositivo das aulas, que exige atenção e decoreba, pode ser enfadonho. Especialistas dizem que há muitas disciplinas sendo transmitidas de forma independente pelos professores. O ideal seria um trabalho articulado entre elas na classe, aproximando os conteúdos da realidade dos estudantes.

CONQUISTAR A COMUNIDADE
O Ensino Médio deve empolgar a comunidade Escolar. Não será o governo, nem o professor, isoladamente, que vão garantir um ensino de qualidade. professores e alunos, principalmente, devem acreditar na Escola pública.

RECUPERAÇÃO PREVENTIVA
Alunos em dificuldades devem ser acompanhados desde o início para que não cheguem ao final do ano letivo praticamente rodados. Em Guaporé, a rede municipal de ensino desenvolveu o método da “recuperação paralela”. No final do último trimestre, os professores apontam os estudantes que ganharão reforço Escolar já no início do ano. Com atenção permanente, a reprovação despencou.
Fonte: Zero Hora (RS)

Um comentário:

  1. Um artigo muito bom. Realmente os alunos têm de ser acompanhados logo desde o início.

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