segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Parada Poética - 13

109 anos. Falar hoje de DRUMMOND é cantar a privação. Estamos SEM.
Onde andará o homem melancólico, vertical, lúcido, minucioso, grave? Será que curte uma Itabira secreta?
Onde seu topos na prosa do mundo? Onde encontraremos a tontura da cambalhota do verso, seu senso de humor, espelhado em ‘sete faces’, em tantas faces…?
Ah, DRUMMOND, queríamos você e sua imporosidade, você e suas tantas pedras,você e seu jeito kantiano.
Parabéns com saudades, poeta de integridade mineral, sem rachaduras. Parabéns com gosto de carmina drummondiana.
Queríamos hoje o poeta serenado, o anjo que você dizia gauche. Queríamos poder quebrar a crista da morte para não perder seu verso, Carlos! Queríamos hoje,  DRUMMOND, a TUA PRESENÇA!”
Edinalda Maria Almeida

Ensino de ponta no Brasil, mas longe do topo do mundo

O músico Rafael Nanetti, 26 anos, passou boa parte da vida escolar em instituições privadas brasileiras. No ensino médio, ele fez high school em uma escola da rede pública dos Estados Unidos.
As diferenças eram muitas e somaram-se ao choque cultural, mas a infraestrutura de qualidade, em especial àquela dedicada aos esportes, impressionaram Rafael.
“Dá pra dizer, sem dúvida, que as públicas de lá [dos EUA] são muito melhores do que as particulares daqui [do Brasil]”, afirma. Nos Estados Unidos, o número de escolas particulares é bem inferior ao existente no Brasil e as mensalidades muito mais caras.

Ensino privado fica à margem de avaliações oficiais
Embora os rankings produzidos pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sejam usados pelas instituições que aparecem nas primeiras colocações, não há nenhuma avaliação oficial obrigatória para medir o desempenho das escolas particulares no Brasil.
Enquanto as instituições públicas se submetem às provas que compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a participação das particulares é opcional.
Mesmo as que participam recebem do Ministério da Educação (MEC) diagnósticos genéricos, já que o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, uma das provas do Ideb, é censitário e feito por amostragem, sem emissão de informações detalhadas das escolas participantes.

Objetividade
A coordenadora dos cursos de pós-graduação em Educação da FAE Centro Universitário, professora Cléa Mara Reis Félix, cita algumas medidas que poderiam contribuir para uma avaliação mais objetiva da rede privada de Educação básica.
Uma delas seria adaptar aos ensinos fundamental e médio o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicado a alunos ingressantes e concluintes do ensino superior. A prova é aplicada apenas a turmas selecionadas, mas indispensável para a obtenção do histórico escolar, mesmo nas instituições particulares.
Segundo a professora, avaliar o aluno quando ingressa e quando sai da instituição é o mais adequado, já que o sistema avalia o quanto a escola realmente foi relevante para o desenvolvimento individual de cada estudante.
Entretanto, para Cléa, medir o desempenho dos alunos não é suficiente para qualificar uma escola. “Penso que é muito importante a aplicação de índices de gestão educacional. Temos sérios problemas de gestão tanto na rede pública como privada”, diz.

Atitude 
Em alguns casos, a cobrança dos pais faz diferença na melhoria dos serviços prestados pelas escolas particulares. Confira algumas dicas do que fazer:
- Converse com outros pais e veja se há reivindicações em comum que podem ser apresentadas à direção. Pedidos feitos em grupo surtem mais efeito.
- Procure ir a todas as reuniões. Pais participativos conhecem melhor a realidade da escola e têm mais condições de embasar suas sugestões de melhoria.
- Mesmo que não pense em mudar seu filho de colégio, acompanhe as notícias sobre os concorrentes. Não custa perguntar por que determinada atividade que você viu na escola vizinha não é oferecida ao seu filho. Isso deve motivar alguma ação da diretoria.
- Se a mensalidade paga for cara, seja rigoroso com a qualidade de todo o material comprado com o seu dinheiro. Se achar que algo não corresponde ao valor pago, peça explicações.
A exposição cada vez mais frequente de índices que medem o desempenho escolar destaca o que parece ter sido um consenso ao longo dos anos: a Educação pública no Brasil não é das melhores.
Em geral, qualquer que seja o instrumento de avaliação adotado, escolas particulares obtêm resultados superiores aos conquistados pela rede pública.A comparação é lógica e válida. Analistas, porém, alertam que isso tem induzido à falsa conclusão de que o ensino privado no país é realmente bom.
Quando índices internacionais são usados como referência – e não apenas parâmetros nacionais como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) –, chega a ser espantoso notar que os melhores estudantes da rede particular brasileira não alcançam os alunos que estão abaixo da média em países desenvolvidos, sejam eles de escolas públicas ou privadas.
Uma amostra dessa situação ficou clara diante dos números mais recentes do Programa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa), divulgados em dezembro de 2010.
O estudo comprovou que o desempenho em leitura da camada que inclui os alunos brasileiros mais ricos é pior do que o resultado atingido pelos estudantes mais pobres de lugares como Hong Kong, Coreia do Sul e Finlândia.
Os problemas parecem começar nos primeiros anos de escola. Em agosto, foram divulgados os resultados da inédita Prova ABC, do Ministério da Educação (MEC), que avaliou crianças com 8 anos de idade.
Dentre os alunos de escolas particulares, 21% não alcançaram o desempenho mínimo esperado em Português e 26% não dominavam o conteúdo ensinado em Matemática.

Contentamento
Os números também mostram que pais com filhos em escolas particulares mostram-se contentes com a qualidade do ensino. Uma pesquisa de 2006, conduzida pelo Ibope a pedido da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), com famílias de classes A e B, revelou que 90% dos entrevistados declaravam-se satisfeitos com a escola de seus filhos. A qualidade de ensino foi apontada por 41% deles como a principal razão para terem efetuado a matrícula.
Para o consultor educacional Renato Casagrande, não é apenas a comparação com os problemas da escola pública que justifica a satisfação. Os pais não se guiam por níveis de Educação alcançados em outras partes do mundo.
Tendem a usar como referência a escola que tiveram. Se notam que a de seus filhos é melhor, já se contentam. Entretanto, lembra o consultor, as habilidades e competências exigidas pela sociedade globalizada não são as mesmas de 20 ou 30 anos atrás.
“Ainda há muita valorização da escola conteudista, mas muito do que foi importante um dia é desnecessário hoje”, diz Casagrande. A expectativa familiar, mais focada na aprovação no vestibular, por exemplo, é o que motivaria as escolas – tanto públicas como particulares – a não investirem em formas mais sofisticadas e eficazes de aprendizagem.
“Sem a cobrança dos pais por mais desenvolvimento, o horizonte de possibilidades que a escola pode oferecer fica reduzido.”

Seleção de professores deixa a desejar
A formação dos professores é outro aspecto a ser considerado para entender a discrepância entre a Educação de ponta no Brasil e no exterior. Segundo Renato Casagrande, a procura por cursos de licenciatura é baixa, o que implica em menos critérios para a seleção de futuros docentes.
O problema é agravado por grades curriculares de cursos de graduação que não dão a devida importância à metodologia e à prática em sala de aula. E quando chegam ao mercado de trabalho, bons profissionais da Educação básica tendem a optar pela estabilidade do serviço público, no qual encontram remuneração muito próxima (e igualmente baixa) à paga pela iniciativa privada.
Gazeta do Povo (PR)

Para nobel de economia, Brasil precisa investir mais na educação dos primeiros anos

O Prêmio Nobel de Economia James Heckman afirmou nesta terça-feira (25) que o Brasil “precisa investir na educação dos primeiros anos e nas regiões mais carentes”. Segundo o professor da universidade de Chicago, investir no início da vida escolar diminui o trabalho de “remediar o ensino mais tarde”. O catedrático fez uma palestra na manhã da terça passada (25) em São Paulo.
De acordo com o professor, é mais fácil reverter uma situação que acontece na fase da adolescência e na idade adulta, do que na infância. Por isso, a importância de oferecer uma educação de qualidade logo nos primeiros anos de vida. “Teremos sucesso em intervenções na adolescência também, mas na infância é melhor”, afirmou.
Heckman também falou sobre o papel da motivação para garantir um melhor aprendizado.  “Crianças altamente motivadas aprendem melhor e têm mais conhecimento. A motivação afeta também a velocidade com que irão aprender”, disse o professor.
Para ele, as escolas podem estimular os alunos mostrando a relação do que eles aprendem na sala de aula e a profissão pretendida para o futuro: “Se a criança quer trabalhar na construção civil ou ser engenheiro, tem que perceber que precisa ir bem nas aula de computação na escola, por exemplo”. E a motivação é uma via de mão dupla, pois os professores reagem melhor a uma criança mais motivada, segundo Heckman.

Medidas
"Vivemos em uma época em que os testes se tornaram um padrão para avaliar as escolas e os indivíduos", comentou o Nobel de economia. "Esses testes são utilizados, mas não são tão bem entendidos. O importante também é o que eles deixam de fazer."
Segundo o professor, os testes padronizados, como a Prova Brasil e o Enem, não conseguem captar as competências não-cognitivas. Ou seja, capacidades como a sociabilidade ou coeficiente de neurose em um indivíduo. "Quero dizer que quando falamos em competências, precisamos ir além, a vida é muito rica e precisamos entendê-las", concluiu Heckman.
Se perguntarmos, o que pode prever o sucesso, o traço único, na opinião de Heckman, é a conscientização. "A inteligência exerce um papel importante, mas a conscientização é mais fundamental para o aprendizado", afirma.
Para ele, a escola está muito focada no desempenho acadêmico dos alunos - e esse tipo de conhecimento, sozinho, não garante uma vida feliz. Aliás, Heckman ressaltou a importância da definição de que tipo de sociedade pretendemos alcançar. O que é ser feliz nessa sociedade? Sem essa baliza, na opinião dele, fica difícil determinar os rumos dos nossos sistemas educacionais.
"Se tivermos um foco só no resultado final, vamos perder a finalidade dos testes escolares, que é avaliar todo o processo", afirmou Heckman. "Temos que tomar cuidado com aquilo que medimos." Para o professor, não existe ainda um jeito de mensurar a totalidade do trabalho da escola.
Uol Educação

domingo, 30 de outubro de 2011

Escolas invertem processo e deixam formação de lado

Ao longo dos anos, o Enem foi ganhando diferentes funções- assumidas, como selecionar alunos para universidades, e não assumidas, como ser critério de escolha de escolas de qualidade para as famílias.
Esse é um lado bem perverso do exame, porque existe a pretensão de analisar todo o trabalho de um colégio com uma prova apenas, que obviamente não capta diversos aspectos da complexidade da formação dos jovens.
Esse contexto caracteriza uma verdadeira guerra, porque as escolas inverteram o processo: em vez de pensarem na formação dos alunos e o Enem retratar isso como consequência, elas trabalham com foco no exame com a intenção de usar isso como propaganda para captar mais alunos.
É uma inversão de valores,em que os interesses particulares das instituições que aparecem com o ranking do Enem acabam se sobressaindo em relação aos assuntos pedagógicos.
Não tenho dúvidas de que entramos numa fase de vale-tudo, em que a prova virou um instrumento de marketing. Lamento que a educação esteja nesse jogo de interesses, que traz, a reboque, estratégias impensáveis para que a escola se dê bem no rankings, como estimular a participação de uns e não de outros, separar estudantes em salas de acordo com seu desempenho e dar treinamento específico para a prova, entre outros. As escolas acabam funcionando em função do Enem, quando deveriam funcionar em função do aluno.
Essas escolas passam para seus estudantes a mensagem de que o que vale é o produto final, como se os fins justificassem os meios e de que, o que vale, acima de tudo, é o resultado. Mas o que deveríamos estar ensinando para os nossos alunos é que o caminho leva à vitória e o processo leva ao produto.Mas quando temos uma disputa desenfreada como essa, parece que o caminho pouco importa.
Silvia Colello, in: O Estado de São Paulo (SP)

Instalada comissão especial que analisará qualidade da educação

Foi instalada nesta quarta-feira (19) a comissão especial responsável por analisar o projeto de lei (PL 7420/06) que dispõe sobre a qualidade da educação básica e a responsabilidade dos gestores públicos na sua promoção.
A proposta, da ex-deputada Professora Raquel Teixeira, determina que a educação básica, em cada rede e sistema de ensino do País, obedeça a critérios obrigatórios de qualidade, entre os quais a jornada escolar universal em tempo integral de pelo menos sete horas diárias no ensino fundamental, e de cinco horas no ensino médio.
Pela proposição, o magistério público também deve contar com plano de carreira e exigir titulação mínima de todos os profissionais da educação. 
Após a instalação da comissão, o deputado Newton Lima (PT-SP) foi eleito presidente. Os deputados Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) e Jorginho Mello (PSDBSC) foram escolhidos vice-presidentes.  
Pelo projeto, a qualidade do ensino básico será periodicamente aferida por processo nacional de avaliação escolar, conduzido pela União, por intermédio do Ministério da Educação. Os gestores públicos do sistema serão responsabilizados pela obtenção dos padrões mínimos de qualidade.
Para o deputado Andre Moura (PSC-SE), um dos integrantes da comissão, o projeto “constitui inegável avanço em relação às regras anteriores, ao tomarmos por base a Constituição de 1988”.
“A proposta estabelece importantes princípios e práticas destinados a assegurar a educação escolar a todos os brasileiros. Estabelece ainda responsabilidades dos entes federados e financiamento”, afirma Moura. “Com o objetivo de garantir a qualidade, o projeto estabelece relevantes mecanismos de avaliação”, opina ainda o deputado.

Formação e estratégia
A proposta estabelece ainda outros cinco critérios para a melhoria da qualidade do ensino:
- programa de formação continuada para os profissionais do magistério e servidores técnico-administrativos, de duração anual, e com dotação orçamentária específica;- período de tempo semanal dedicado a atividades de planejamento e estudo coletivo, inserido na jornada de trabalho dos profissionais da educação;
- elaboração pelas escolas de seus próprios planos de educação, em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE);
- padrões definidos de infraestrutura e funcionamento das escolas, de acordo com a relação custo/aluno/padrão/qualidade periodicamente calculada para cada etapa e modalidade da educação básica;
- estratégias diferenciadas na oferta de educação infantil, a fim de que todas as crianças na faixa etária de zero a cinco anos recebam a atenção educacional adequada.

Íntegra da proposta:

·      PL-7420/2006
Agência Câmara

sábado, 29 de outubro de 2011

Punição para estudantes


A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente.
A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante. 
Indisciplina: De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência contra professores aumenta assustadoramente. Ela diz que, além dos episódios de violência física contra os educadores, há casos de agressões verbais, que, em muitos casos, acabam sem punição.
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Diretora de escola proíbe alunos de assistir aula depois que pais faltam à reunião

Revoltada com o descaso dos pais que não atenderam à convocação para comparecer à escola e discutir o desempenho dos filhos, uma diretora foi pessoalmente às classes e retirou os alunos da aula. Eles foram avisados de que só voltariam para as classes depois que os pais ou responsáveis se apresentassem.
A punição ocorreu no dia 17/10, na Escola Estadual Genésio Machado, em Sorocaba (SP). A medida atingiu dezenas de alunos das 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e gerou polêmica.
Os pais reclamaram que a diretora agiu com abuso de autoridade. Alegaram ainda que alguns alunos tiveram de esperar pelos pais do lado de fora da escola, sentados na calçada.
A diretora Arlete Veloso reclamou da falta de interesse dos pais pela vida escolar dos filhos. Eles haviam sido convocados para uma série de reuniões, na semana passada, para receber os boletins e discutir as notas dos filhos, mas poucos compareceram. 
A diretora alegou que o descaso pode caracterizar crime de abandono intelectual - deixar de prover, sem justa causa, a instrução primária de filho em idade escolar.

Ela chegou a informar o Conselho Tutelar sobre o descaso dos pais. A mãe de uma estudante alegou que não compareceu às reuniões porque trabalha o dia todo. Ela considerou "irresponsável" a atitude da diretora, pois alguns estudantes ficaram na rua. Arlete disse que os alunos foram orientados a permanecerem no interior da escola.

- Os pais se preocupam com os direitos dos alunos, mas se esquecem de seus deveres.
Agência Estado

Piso do magistério: a confissão do governo

Em agosto, após a publicação do acórdão do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade dos governadores de RS, SC, PR, MS e CE, quatro deles ingressaram no STF com embargos declaratórios, para esclarecer a partir de quando o piso passa a vigorar como vencimento inicial.
CE, SC e MS requerem essa vigência após o julgamento final da ação, sem retroagir a janeiro de 2010, e o RS requer um ano e meio para implementação gradativa do piso como vencimento básico, a contar do acórdão dos embargos.
O governo Tarso confessa que: o piso nacional não se iguala prima facie a vencimento inicial ou remuneração; o governo Yeda adotou política legítima de aproximação do piso à remuneração, autorizado pela então jurisprudência do STF; ajuizou a ADI, obtendo a cautelar; agiu amparado por essa decisão e apostou no sucesso da decisão de mérito; apesar de entender piso como vencimento inicial, o governo Tarso iniciou-se sob a vigência da cautelar, que se esperava fosse confirmada, o que possibilitaria aumento paulatino do vencimento inicial do magistério; a decisão de mérito provocou viragem copernicana na jurisprudência constitucional brasileira, indo de encontro à cautelar; há impossibilidade fático-financeira de o governo pagar o piso como vencimento básico desde já e arcar com o passivo, devido ao impacto na ordem de R$ 1,7 bilhões por ano, cerca de 50% da folha de pagamento do magistério, em torno de R$ 3,399 bilhões em 2011, extrapolando o limite com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal, além do aprofundamento da dívida com precatórios, hoje de R$ 4.953.745.088,69.
Como a lei federal de 2008 previa o piso como vencimento inicial em janeiro de 2010, o governo Tarso requer um ano e meio, não para adequar a carreira, como prevê a lei, mas para "proceder a uma complexa reestruturação da numerosa categoria do magistério público estadual"(?).
Em setembro e outubro, o governo Tarso ajuizou agravo regimental e ação cautelar no STF para suspender a decisão de constitucionalidade do piso até o julgamento dos embargos.
É evidente a dificuldade em pagar o piso no país, com 19 greves de professores após a decisão de mérito do STF, na qual estava em jogo não a evidente necessidade de remunerar melhor o magistério, mas, segundo o ministro Gilmar Mendes, o sistema federativo e o efeito perverso das leis que, com boas intenções, podem, na prática, produzir seu contrário.
Mariza Abreu, ex-secretária estadual da Educação, in: Correio do Povo (RS)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma proposta para os royalties

A definição das regras de distribuição dos royalties do petróleo da camada pré-sal caminha para a judicialização, sem que se discuta o principal: em que setor da vida brasileira a riqueza bilionária, porém finita, deve ser aplicada?
Numa espécie de anticandidatura de uma campanha que mais parece a corrida do ouro no velho Oeste americano, dois senadores, um da oposição e outro da base do governo, apresentaram projeto de lei que procura mudar a lógica da discussão.
Cristovam Buarque (PDT-DF) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) recorrem à história para lembrar que, no século XVII, o Brasil remeteu a Portugal cerca de mil toneladas de ouro, riqueza que hoje equivaleria a algo como R$ 97 bilhões.
Todo aquele ouro, como se sabe, serviu para financiar a industrialização e os avanços tecnológicos da Inglaterra. Mais de 200 anos depois, a natureza, dizem os dois senadores, oferece, com o pré-sal, nova oportunidade ao Brasil.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que as reservas do pré-sal acrescentarão algo como 50 bilhões de barris de óleo cru às reservas brasileiras.
Muitos acham que essa é uma estimativa conservadora, mas, mesmo que não seja, fará do Brasil um dos mais promissores produtores e exportadores de petróleo do planeta. Hoje, o país detém, a depender do critério utilizado, reservas entre 12,748 e 15,986 bilhões de barris.

Buarque e Ferreira propõem Educação e poupança longa
Buarque e Ferreira propõem a transformação de todo esse petróleo em "inteligência e capacidade de inovação". Em outras palavras, os dois defendem que a rentabilidade dos recursos do pré-sal seja inteiramente aplicada em Educação e ciência e tecnologia (C&T), um caminho para enfrentar uma tragédia brasileira - o baixíssimo nível educacional de seu povo. Eles querem também criar um instrumento de poupança de longo prazo.
O projeto de lei 594/2011 prevê a criação do Fundo do Petróleo para Formação de Poupança para Educação Básica e Inovação (Funpei) com parte dos recursos arrecadados com royalties e participações especiais.
Os senadores estimam que, no 10º ano de funcionamento, o Funpei pode chegar a uma capitalização acumulada de R$ 115 bilhões. Evidentemente, os aportes, calculados com base em estimativas "conservadoras" de produção de petróleo no pré-sal, cresceriam ao longo do tempo, chegando a R$ 39,5 bilhões no 10º aniversário.
Em 2010, royalties e participações especiais renderam à União e aos Estados e municípios produtores R$ 21,5 bilhões. Pelos cálculos da assessoria dos senadores Cristovam Buarque e Aloysio Nunes Ferreira, em 2015 esse volume de recursos vai praticamente dobrar (para R$ 40,5 bilhões). Em 2020, irá a R$ 63,3 bilhões.
Os dois senadores asseguram que, no seu projeto de lei, não há quebra de contratos e regras vigentes, ou seja, a nova legislação afetaria apenas as áreas dentro e fora do pré-sal ainda não contratadas. Eles sustentam também que os municípios e Estados produtores não perderão recursos. Para tanto, a ideia é fixar critérios de repartição apenas para os recursos que excederem o montante que os entes da federação receberam em 2010.
Por exemplo: o Rio de Janeiro, maior produtor de petróleo e Estado que mais teme a mudança das regras dos royalties, recebeu R$ 9,8 bilhões em royalties e participações especiais em 2010.
A estimativa é que, em 2015, essa conta suba para R$ 10,7 bilhões. As novas regras diriam respeito, portanto, à parcela que excedesse o valor arrecadado em 2010 - R$ 900 milhões.
Os critérios de repartição desse excedente, conforme o projeto Buarque-Ferreira, teriam as seguintes ponderações: 60% dos recursos seriam estimados com base no número de alunos matriculados na Educação básica (da creche ao ensino médio); 20%, de acordo com o desempenho dos alunos em sistemas oficiais de avaliação; os 20% restantes seriam calculados na evolução dos indicadores de qualidade do ensino.
Portanto, quanto maior o número de estudantes na Escola e melhor o seu desempenho nas avaliações, maior o volume dos recursos a serem destinados à cota de cada ente federativo no novo fundo.
Essa regra promoveria, em vez de uma corrida ao ouro, uma verdadeira corrida à Educação no Brasil. Uma competição saudável para ver quem educa mais e melhor. Por quê? Porque a cota de cada Estado e município no Funpei será tanto maior quanto mais intenso for o esforço dos governantes em educar a população.
Para que haja formação de poupança, o projeto prevê que os recursos poderão ser sacados por governadores e prefeitos em percentuais crescentes, a partir do segundo ano de vigência do Funpei, até chegar a 100% no 10º ano. Os saques seriam feitos sob certas condições para evitar a descapitalização do fundo. E o dinheiro, destinado exclusivamente à Educação e C&T.
A proposta dos dois senadores tem um quê de utopia, à medida que vincula o rico dinheiro do pré-sal à emancipação dos brasileiros por meio da Educação. Esta é tão desimportante na agenda da maioria dos governantes que, certamente, eles dão risada ao se depararem com um projeto como esse.
Para Buarque, o país sofre com a "corrupção de prioridades". "Não quero ser acusado dessa corrupção, de ter gastado esse dinheiro dos royalties no imediato, em vez de no futuro", diz ele.
Cristiano Romero, in: Valor Econômico (SP)

Escola tem de reaprender a ensinar para conquistar alunos

A fama do Colégio Bandeirantes, inaugurado em 1934, vai muito além da capital paulista. Não bastasse os nome famosos que estudaram por lá, como o atual ministro da Educação Fernando Haddad, o jurista Ives Gandra, o cardiologista Adib Jatene e o falecido ex-governador Mário Covas, a escola é conhecida como porta de entrada do vestibular mais concorrido do país, a Fuvest. E nem sempre essa fama tem como foco os pontos positivos da escola.
O modelo de ensino, por exemplo, comenta- se, é focado na competição acirrada entre os alunos, com salas divididas por notas, dos melhores para os piores. Quem não se adaptar e repetir o ano é convidado a se retirar. A escola não lida com o fracasso, ela quer os melhores.
Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente e também ex-aluno do colégio, até acha graça de alguns comentários sobre a escola. Mas garante que parte é verdade, como a competição e o ranqueamento por notas no ensino médio.
Outros nem tanto: há mais de uma década a escola deixou de convidar os repetentes à frequentarem outros colégios. Não que ele acredite que o modelo de ensino da escola sirva para todos.
O Band é bastante competitivo, porque será pormeio da competição que os alunos entrarão no ensino superior, defende. Mas hoje estamos aperfeiçoando esta competição, ressalta. Este aperfeiçoamento passa por mudanças estruturais no modelo de ensino da própria escola.
Preocupados com o futuro da Educação, o colégio encomendou um estudo à consultoria Mandalah sobre as macrotendências que vão nortear as mudanças na Educação. E para a surpresa de Aguiar, o colégio certamente não está na primeira sala no quesito quebra de paradigmas da educação.
Sinceramente, achei injusto quando vi alguns tópicos do estudo , explica o diretor, com a indignação de um aluno que não ficou na posição estimada. Temos uma pressão para mudar a sociedade e a Educação tem um papel grande nisso. Temos de ser inovadores, afirma.
Por isso, é com a mesma determinação que exige empenho de seus alunos, que o Band deve promover mudanças internas. Hoje temos um modelo de educação tradicional eficiente e eficaz, mas ainda o professor se posiciona como o detentor do conhecimento e o aluno como receptor, diz.
A Mandalah entrevistou educadores do Brasil e do exterior, jovens casais que começam a pensar em ter um filho, alunos, funcionários e professores do próprio colégio, além de especialistas em políticas de Educação.
O resultado foi um quadro com tendências (ver ao lado) que devem ter um impacto muito significativo sobre a Educação no século XXI, relativas a disciplinas, métricas de avaliação, tecnologia em sala de aula, ambiente físico da escola, capacitação de professores e dinâmicas de ensino.
Aguiar explica que o novo cenário é simples: o professor passa a ser mediador do conhecimento e o aluno é o protagonista de sua aprendizagem. Já a aplicação... Temos de atender melhor às demandas individuais dos alunos, que aprendem de diferentes maneiras. A escola de ensino massificado não nos atende mais, explica.
O colégio aposta que as novas tecnologias vão ajudar. Os tablets, por exemplo, como não são tão invasivos na sala de aula como os computadores, vão facilitar o acesso às informações , diz. O problema é que não adianta só colocar tecnologia na sala: Temos que preparar os professores para trabalhar com ela, ressalta.
Brasil Econômico (SP)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Audiência avalia inclusão de atividade extraclasse em jornada de professor

A comissão especial que analisa o Plano Nacional de Educação (PL 8035/10) ouve hoje especialistas sobre a reserva de um terço da carga horária de professores para realização de atividades extraclasse, como planejamento pedagógico. Os debatedores deverão avaliar o impacto dessa medida na qualidade da educação.
Essa reserva está prevista na Lei 11.738/08, que instituiu o piso salarial do magistério. Em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou questionamentos dos estados de Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sobre essa reserva. Com a decisão , o professor que cumpre jornada de 40 horas semanais, tem de ficar pelo menos 13 horas em atividades fora da sala de aula.
Foram convidados para participar da audiência pública:
- o secretário de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo Filho;
- o professor titular da Universidade Federal de Goiás e secretário-adjunto da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), Luiz Fernandes Dourado;
- a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE), Madalena Guasco Peixoto;
- e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Anísio Teixeira Malvina Tuttman.
A reunião ocorrerá às 14h30 no Plenário 10
Agência Câmara

Escolas da América Latina e do Caribe têm infraestrutura precária, mostra estudo do BID

A infraestrutura e o acesso a serviços básicos de eletricidade, água, esgoto e telefone são "altamente deficientes" nas escolas da América Latina e do Caribe.
Em 40% das escolas públicas e privadas, não há biblioteca, 88% não têm laboratório de ciências, 65% não contam com salas de informática e 35% não oferecem espaço para prática esportiva.
Os dados constam do relatório Infraestrutura Escolar e Aprendizagem da Educação Básica Latino-Americana, lançado hoje (18) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo leva em consideração informações sobre 16 países, incluindo o Brasil. Uma das conclusões é que há grande disparidade entre a infraestrutura disponível nas escolas particulares em relação à rede pública e ainda entre as que se localizam nas cidades em comparação às do campo.
A condição dos estabelecimentos de ensino que atendem à quinta parte mais pobre é ainda mais grave. Segundo o relatório, só a metade deles tem acesso à água potável e eletricidade, apenas 4% têm acesso à linha telefônica, mais da metade não têm biblioteca e quase nenhum tem laboratório de ciências, ginásio de esportes ou sala de computação.
“Essas deficiências minimizam o potencial da escola em mitigar ou compensar as iniquidades que as crianças trazem de casa, já que muitas dessas carências estão replicadas nos lares dos estudantes”, aponta.
A comparação entre os países mostra que aqueles localizados na América Central apresentam os maiores déficits nos parâmetros medidos, seguidos pelo Paraguai e Equador, na América do Sul. Na outra ponta, estão os países do Conesul (Chile, Argentina e Uruguai), que contam com a melhor infraestrutura física.
O Brasil, assim como o México e a Colômbia, ocupa posição intermediária entre as variáveis analisadas. O estudo destaca que, no Brasil, menos de 10% das escolas têm laboratórios de ciências, situação que se repete em El Salvador, na Nicarágua e Costa Rica.
O estudo também relaciona a infraestrutura das escolas com o desempenho dos alunos a partir do Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Serce), espécie de teste que foi aplicado a quase 200 mil alunos de 3 mil escolas da região. A principal conclusão é que aqueles que estudam em unidades mais bem equipadas têm um melhor aprendizado.
Um dos fatores que está mais “consistente e positivamente” relacionado com a pontuação dos alunos no Serce, segundo o relatório, é a presença de áreas de estudo como laboratórios de ciências, biblioteca e sala de computação na estrutura escolar. O relatório estima que haverá uma variação de cerca de 20 pontos na nota de um aluno de uma escola que conte com todos esses recursos em comparação à outra que não tenha nenhum desses insumos.
Agência Brasil

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Oportunidade para professores de Inglês

A CAPES, a Embaixada dos EUA e a Fulbright selecionarão até 50 professores de língua inglesa da rede pública de ensino básico, para curso de capacitação de oito semanas na University of Oregon, em 2012.

       Após o retorno ao Brasil, o professor terá duas semanas para concluir o projeto desenvolvido nos EUA.

PERÍODO

Serão dois grupos de até 25 professores em dois períodos. O candidato deverá indicar, no momento da inscrição, o grupo de sua preferência.

Grupo 1 - participará do curso de janeiro a março.

Grupo 2 - do período de junho a agosto.

OBJETIVOS

Alguns dos objetivos do programa são: fortalecer a fluência oral e escrita em inglês, compartilhar metodologias de ensino e avaliação que estimulem a participação do aluno em sala de aula, estimular o uso de recursos online e outras ferramentas na formação continuada de professores e na preparação de planos de aula.

REQUISITOS PARA CANDIDATURA

- possuir nacionalidade brasileira e não ter nacionalidade estadunidense;

- possuir bacharelado ou licenciatura em língua inglesa;

- ser professor de inglês em exercício, efetivo na rede pública de ensino básico, com estágio probatório concluído;

- ter concluído a graduação em Letras (língua inglesa) após 1995;

- ter proficiência em inglês;

- estar residindo no Brasil durante o processo seletivo;

- não possuir experiência acadêmica e/ou profissional prévia nos EUA.

 

BENEFÍCIOS NOS EUA

- alojamento no campus universitário;

- alimentação;

- seguro saúde;

- passagem aérea de ida e volta;

- taxas escolares.

PRAZO PARA INSCRIÇÃO

Até 4 de novembro de 2011

INFORMAÇÕES: www.fulbright.org.br

 

As estratégias para um ensino de qualidade

Analisar o desempenho de alunos e professores pode ser o primeiro passo para mudar um cenário educacional. Mas não pode ser o único. Especialistas brasileiros e internacionais se reuniram ontem no Rio para debater estratégias de avaliação e melhoria da qualidade em sala de aula em seminário promovido pela Fundação Itaú Social.
Os modelos de distribuição de bônus para professores e funcionários de escolas estaduais em São Paulo e Pernambuco foram apresentados por pesquisadores como estratégias que apresentam bons resultados no desempenho de alunos.
Nos dois Estados brasileiros, são estabelecidas metas para as escolas, e aquelas que alcançarem os objetivos, mesmo que em parte, recebem benefícios.
Em São Paulo, professores e funcionários de escolas que superarem a meta podem receber até 2,9 salários a mais ao ano. Em Pernambuco houve um salto no número de instituições estaduais que atingiram 100% da meta: em 2008, 233 escolas alcançaram os objetivos. Em 2010, o número chegou a 474.
– Pernambuco teria tido a média de outros Estados do Nordeste sem o programa de bônus – defende Cláudio Ferraz, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Em um estudo sobre o caso paulista, o professor Luiz Guilherme Scorzafave, da Universidade de São Paulo, apontou melhora significativa apenas na 4ª série:
– Ainda temos o desafio de entender o que acontece nas escolas após esses programas, o que o pagamento de bônus provoca no ambiente escolar. Os efeitos adversos são difíceis de prever.
Zero Hora (RS)

Infraestrutura adequada nas escolas melhora aprendizagem

A falta de bibliotecas, computadores, laboratórios de ciências, auditórios e quadras de esportes nas escolas prejudica a aprendizagem dos estudantes da América Latina. Essa é a conclusão do estudo Infraestrutura Escolar e Aprendizagens da Educação Básica Latino-americana, que será divulgado na tarde desta terça-feira pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A análise feita a partir do Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Serce), feito em 2006, mostra que o desempenho dos alunos que estudam em ambientes com boa infraestrutura é superior ao dos que estão em escolas piores. Os dados consideram os resultados de 200 mil alunos de 3ª e 6ª séries do ensino fundamental de 16 países da América Latina em provas de linguagens, matemática e ciências.
De acordo com o estudo, os estudantes de escolas urbanas sem ambientes acadêmicos adequados poderiam subir as médias de 506 pontos em provas de linguagens e 497 pontos em matemática para 525 pontos e 524 pontos, respectivamente, caso tivessem condições melhores de ensino. Os alunos de colégios rurais, por sua vez, aumentariam as notas de 465 para 487 em linguagens, e de 480 para 497 em matemática.
“Nas provas do Serce, 20 pontos adicionais significam um quarto da diferença entre a obtenção de um nível insuficiente de aprendizagem e um nível adequado”, afirma o relatório do BID.
O estudo mostrou ainda a precariedade na infraestrutura das escolas da região e revelou que há grandes diferenças entre estabelecimentos urbanos e rurais, públicos e privados. O desempenho dos menos favorecidos é pior nas provas.
Na relação entre a infraestrutura escolar e os resultados acadêmicos dos estudantes, o estudo diz que os fatores que mais contribuem para bons desempenhos são: a presença de espaços de apoio ao ensino (bibliotecas, laboratórios de ciências e salas de computadores), a garantia de serviços públicos de eletricidade e telefonia, a existência de água potável, rede de esgoto e banheiros em número adequado.
“Os governos latino-americanos têm dado atenção à questão da ampliação da cobertura escolar com êxito. Nisso temos melhorado”, afirma Jesús Duarte, um dos autores do relatório, especialista em educação do BID. “Mas agora que as crianças estão nas escolas, é necessário dar atenção à infraestrutura e aos recursos físicos delas para melhorar a aprendizagem. Há muito a ser feito nesse sentido”, diz.
Para diminuir a distância de aprendizagem dos estudantes menos favorecidos, os especialistas do BID apontam em que os gestores deveriam priorizar o investimento de recursos.
Nas escolas urbanas, segundo eles, deve-se construir mais bibliotecas, laboratórios de ciências, salas com computadores e espaços multiuso. Nas zonas rurais, ainda é preciso acabar com deficiências como a falta de acesso à água potável, banheiros, rede de esgotos, eletricidade e telefonia.

Condições precárias
Os dados do estudo mostram que os países da América Latina ainda não oferecem condições básicas de funcionamento aos professores e estudantes que frequentam as escolas de educação básica.
Uma em cada cinco escolas não tem acesso à água potável e o dobro não conta com rede de esgoto. Há telefones em pouco mais da metade e um terço dos colégios não oferece número suficiente de banheiros aos alunos. Falta eletricidade em 10% das escolas desses países.
Além disso, cerca de 88% dos colégios da região não têm laboratórios de ciências, 73% não têm refeitório, 65% não possuem salas de computação, 63% não oferecem salas de reuniões para os professores, 40% não possuem biblioteca e em 35% das instituições não há espaço para a prática de esportes.
Quando se compara as escolas usadas pelos mais favorecidos economicamente (as urbanas privadas) e pelos mais pobres (as rurais), as diferenças aumentam. Enquanto, 81% das escolas privadas urbanas têm laboratório de informática, menos de 13% das escolas rurais possuem esses espaços.
No Brasil, os especialistas destacaram que menos de um terço dos colégios possuem salas com computadores disponíveis para a comunidade escolar e menos de 10% das escolas oferecem laboratório de ciências. Argentina, Paraguai e Uruguai são os que possuem escolas com melhor estrutura física na América do Sul.

O estudo
O Serce utiliza nas provas conteúdos comuns aos currículos oficiais dos países e o enfoque às habilidades necessárias para a vida, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além disso, o estudo combina os dados com questionários aplicados aos estudantes e às famílias sobre suas condições socioeconômicas e aos diretores e professores sobre as escolas.
iG