A escola pouco prepara para a vida e, muitas vezes, não oferece suporte ao desenvolvimento emocional e ao autoconhecimento na infância.
Em linhas gerais, esse é o pensamento do gerente pedagógico da Aymará Educação, Emerson Barreto, que, ontem à tarde, proferiu palestra no Encontro Nacional do Programa de Escolas Associadas à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (PEA-Unesco), realizado na Fábrica de Negócios, na Praia de Iracema.
A exposição de Emerson Barreto enfocou o currículo das escolas do Ensino Fundamental 1 (que vai do primeiro ao quinto ano). "Meu objetivo é desacomodar", avisou, antes da palestra. Esclareceu que, na fase de seis a dez anos, os alunos deveriam receber mais conteúdos práticos, que os ajudassem a entender suas potencialidades e enfrentar os desafios da vida.
"Essa não é uma etapa em que a escola devesse estar centrada em conteúdos para o vestibular", disse, comentando que "se aprende muito sobre Ciência, Matemática, História, mas quase nada sobre filosofia do conhecimento, por exemplo", frisou.
Para ele, no século atual, a sociedade é tangida por demandas para as quais a escola não apresenta respostas. A oralidade, frisou, é uma delas. "Comunicar uma ideia, de forma clara e ordenada, é algo fundamental nos dias de hoje. Mas quem ensina sobre isso?", questionou.
Ponderou que pontos como consumo consciente e sustentabilidade deveriam constar nas grades curriculares. "Desde cedo, devemos aprender a pensar sobre o que compramos e com qual finalidade compramos", defendeu, indicando que o consumo tem um impacto individual e coletivo ao meio ambiente, pelo gasto de matéria prima e produção de lixo.
Também sobre a questão, o palestrante ressaltou que não se ensina Educação financeira, que muitos confundem com matemática financeira. "O consumo consciente leva a um gasto consciente", comentou.
Propôs um maior espaço sobre empreendedorismo no processo educacional. "Ser empreendedor significa usar suas potencialidades com criatividade e determinação", conceituou, lembrando que o autoconhecimento é indispensável a quem deseja melhor usar seu potencial.
"Saber de suas possibilidades e de suas limitações ajuda no desenvolvimento de ações e projetos pessoais", disse, enfatizando a importância do autocontrole na administração das tensões e conflitos.
O Programa de Escolas Associadas é quase tão antigo como a própria Unesco. Foi criado para estender os objetivos dessa organização mundial, no pós-guerra, ao campo da Educação. É um braço fundamental nesse trabalho, pois a Unesco parte de um conceito simples: a guerra nasce na mente dos homens, e é lá que deve ser combatida.
Myriam Tricate, coordenadora nacional do programa, informou que, neste ano, a Unesco está trabalhando com as escolas temas como florestas e química. "A cultura da paz e da boa convivência é constante", citou, adiantando que, no Ceará, 12 escolas têm a chancela da Unesco e que a coordenação local do programa está com a organização educacional Farias Brito.
Diário do Nordeste (CE)
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