Professor titular e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), e professor associado da Universidade de São Paulo (USP), Naércio Aquino Menezes Filho é também consultor da Fundação Itaú Social e esteve esta semana em Goiânia.
Ele participou de um seminário gratuito que a entidade promove para gestores de projetos sociais e de políticas públicas e especialistas em avaliação, e, na oportunidade, apresentou um estudo sobre a Avaliação do Ensino Médio Profissional.
Especialista em Educação, Naércio falou ao POPULAR sobre alguns temas recentes e recorrentes na área, como os sistemas de avaliação instituídos pelo Ministério da Educação e o sistema de bonificação para professores da rede pública.
Que avaliação o senhor faz da Educação brasileira hoje?
Temos melhorado muito em termos de acesso à Educação. Era de menos de 25% o porcentual de jovens que permaneciam na escola até o ensino médio. Da década de 90 para cá, o aumento foi substancial: 50%. Desde o Fundef até o Bolsa Família, passando pelo Fundeb, tudo contribuiu. A grande questão é a qualidade da Educação básica; fazer os alunos das escolas públicas aprenderem Português e Matemática.
E quanto aos sistemas de avaliação, como o Enem, o Enade ou a Prova Brasil?
Acho que é importante ter um sistema de avaliação, para medir a qualidade do ensino. A comparação leva, por exemplo, a uma maior cobrança dos pais dos alunos e da sociedade. No caso do Enem, ele é importante para mediar a distância entre a escola pública e a privada.
O Enem reflete a Educação que começa em casa: há uma diferença entre o aluno que vem de uma família estruturada, que tem, em casa, o incentivo à leitura e ao estudo, e aquele que sofre ou vive, em casa, situações de violência ou exploração, e não tem estímulo algum.
Há discussões em torno da ideia de unificar o vestibular em todo o País, nas universidades públicas, por meio do Enem. É uma boa ideia?
Concordo, sim. Seria muito bom que tivéssemos uma avaliação única, bem feita, duas ou três vezes ao ano, para o ingresso dos estudantes brasileiros na universidade pública. Diminuiria o custo desses alunos, com a preparação e a ida a este ou aquele lugar para fazer as provas, e, ao mesmo, daria a eles maior mobilidade, para prestar o vestibular em qualquer instituição pública, ou em várias ao mesmo tempo, fazendo uma única prova.
Em Goiás, foi adotado um sistema de bonificação para professores da rede pública que permanecerem em sala e forem assíduos. O que o senhor acha desse tipo de instrumento?
É difícil achar uma medida que, isoladamente, vá resolver o problema da Educação. A questão envolve vários aspectos e contextos, como família, direção da escola, formação do professor, ambiente escolar, infraestrutura, entre outros. De qualquer forma, é importante tentar.
O bônus é uma tentativa de estimular, de incentivar o professor na sala de aula. Acho que há uma tendência à acomodação quando todos ganham a mesma coisa. Aquele que se esforça, que se desdobra e que é diferente daquele menos dedicado e sem compromisso, vai continuar a se esforçar porquê?
O senhor apresentou, hoje, um estudo sobre o ensino técnico profissional. O que tem a dizer a respeito?
Que é muito importante, hoje, para o aluno do Ensino Médio, complementar a sua formação com o ensino profissional. Observamos que, entre aqueles que fazem essa opção, há um aumento de salário de 12,5% em comparação com o estudante que faz, apenas, o ensino médio. A área industrial, atualmente, é a de maior impacto, principalmente quando o aluno sai para o mercado de trabalho.
O Popular (GO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário