Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, escreveu que “começa a se disseminar entre psicólogos americanos a expressão ‘cérebro de pipoca’ para designar um distúrbio estimulado pela internet”.
A causa do mal é o excesso de estímulos mentais simultâneos que dificulta às pessoas pura e simplesmente lidar com as realidades comezinhas da vida cotidiana, cujo ritmo é mais lento que um clique de mouse.
Na famosa Universidade de Stanford, um dos berços da revolução digital, o professor de psicologia social Clifford Nass constatou que muitos jovens que usam intensamente a internet ficaram incapazes de interpretar o significado de expressões faciais de homens e mulheres.
Segundo o professor esses jovens revelam uma espécie de analfabetismo emocional e padecem graves dificuldades de relacionamento, embora intensamente ligados a “redes de relacionamento”!
O problema, segundo Nass, “está tanto na falta de contato cara a cara com as pessoas como na dificuldade de manter o foco e verificar o que é relevante, percebendo sutilezas, o que exige atenção”.
O distúrbio do ‘cérebro de pipoca’ mostra que o excesso de informação digital bloqueia a habilidade da pessoa para distinguir o relevante do irrelevante.
Para outros analistas, distorções de origem digital, como a compulsão para se manter conectado com o computador ou o celular, pertencem à categoria de vício.
O distúrbio do “cérebro de pipoca” é induzido, segundo os especialistas compulsados por Dimenstein, pelo movimento caótico e constante de informações exigindo que se executem simultaneamente várias tarefas.
Por causa de alterações químicas cerebrais, a vítima passa a ter dificuldade para se concentrar num assunto só e fazer coisas simples da vida cotidiana, como ler um livro, conversar com alguém sem interrupção ou dirigir sem falar no celular.
É como se as pessoas tivessem dentro da cabeça a agitação do milho explodindo no óleo quente, resumiu Dimenstein.
Folha de São Paulo
Indicação: Heloisa Crespo
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