sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

1 ANO

01/01/2012
Aniversário do nosso Blog!
Parabéns para todos nós!

CARTA DE ANO NOVO


Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e servir.

Ano Novo! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade em torno de teu destino.

Não maldigas nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.
(Pelo Espírito Emmanuel, no livro "Vida e Caminho", psicografado por Chico Xavier)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

NOSSA GRATIDÃO

A todos vocês que, durante 2011, contribuíram para o crescimento de nosso blog!

Esperamos todos, e muitos outros que virão, durante o ano de 2012.

Abraços!
Equipe EscolaPraQuê? 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ciranda de Natal

Participantes:
A. A. de Assis
Agostinho Rodrigues
Alberto Fioravanti
Amilton Pinto
Andreza Deodato
Ângela Sarmet Moreira
Antonio Roberto Fernandes (in memorian)
Armonia Gimenes de Salvo Domingues
Bruna Lorraynne
Carlos Augusto Souto de Alencar
Darly Barros
Diamantino Ferreira
Eliana Jimenez
Elmar Martins
Érica Viana
Evandro Sarmento
Fernando da Silveira
Geraldo Aguiar
Geraldo Linhares
Gildo Henrique
Glória Marreiros
Heloisa Crespo
Ineida de Oliveira
Isabel Assad
José Antônio Ferraiuoli
Luis Tavares 
Malvelita Leite
Márcia Luzia de Jesus Pessanha
Ruth Farah

Maria Lucia Fernandes Rocha
Maria Virgínia Claudino
Neilde Chalita
Neiva de Souza Fernandes
Paola Barreto
Renato Alves
Rita Rangel
Sandy Freitas
Sonia Vasconcellos
Vitória Rangel França
Wagner Fontenelle Pessôa
Walter Siqueira

Organização e Programação Visual: Heloisa Crespo
Rua José do Patrocínio, 106, Campos dos Goytacazes/RJ. 28010-385, Brasil.
Telefone (22) 9832 3202 –  E-mail: heloisacrespo@gmail.com

Ciranda de Natal (9)

ILUSÃO DE NATAL

Cresci na doce ilusão,
que existisse papai-noel!
somente aos oito anos,
tive uma decepção cruel!

Pedia todo ano
quando perto estava o natal,
que ele colocasse em meu tamanquinho
uma boneca, na janela do quintal.

Talvez vocês não entendam
porque eu não disse sapatinho,
é que naquele tempo
eu só tinha mesmo um tamanquinho!

E colocava na janela do quintal,
na esperança da boneca ganhar,
porém no dia seguinte
tamanco vazio; a boneca não estava lá.

Então eu criança pensava:
o que fiz de tão errado
para o presente não merecer?
e achava ser castigo,
a boneca não receber.

Um dia, véspera de natal
na venda, vi minha mãe comprar,
uma galinha plástica, pequenina
que a gente apertava, para os ovinhos botar.

E aí no dia seguinte:
no tamanco que botei no quintal,
dentro estava a galinha,
era meu presente de natal!

Só então que compreendi,
que a gente ganhava alguma coisa,
se o pai ou a mãe pudessem comprar,
e que papai Noel não existia,
para nos presentear.
(Vitória Rangel França)


MAIS UM NATAL

Ela sempre achava difícil
Sobreviver a um outro Natal
Era um aperto no peito
Inexplicável
A saudade dos filhos e netos distantes
Aumentava
O rebuliço das compras
A promessa de tempestade
Por causa do calor da estação
Tudo pesava no coração.
Não era tristeza
Não era comiseração
Era um desconforto sem razão
Eu era pequenina e não conseguia entender
A festa tão esperada
A chegada dos que moravam fora
O festival de malas pequenas e grandes... o embolar para dormir
Os presentes... o Papai Noel...
E ela tão desanimada
Reclamando do alvoroço:
- Não estou mais para tanta confusão.
Em algum momento da vida
Minha linda mãe perdera o ânimo
E o Natal também ficou sem sentido para ela
Mas nunca desisti de contagiá-la
Com a minha alegria de mais um nascimento do Menino.
Todos os anos...
Amei a árvore
Fritei as rabanadas
Temperei a carne branca
Cozinhei as castanhas, as preferidas do meu pai
E recebi os dois até muito velhinhos
Em minha sala de jantar
Arrumei a festa
Preparei as rezas e homenagens
Só para ganhar da tristeza da minha mãe.
Hoje já não posso mais
O desânimo dela espantar
Meu Natal fica sempre com menos sentido
Nem meu pai está mais lá.
A saudade me traz
O “não quero nada” da minha mãe
A voz forte do meu pai na hora das orações
E a certeza de que em algum lugar
Eles estão...
A nos proteger, a nos espiar, unindo nossos corações.

(Márcia Luzia Gama de Jesus Pessanha)

TROVAS NATALINAS

Das alturas desce um hino,
doce canto de louvor:
_ É Natal do Deus-Menino,
nosso Rei e Salvador!

Peçamos neste Natal
que a esperança acenda a luz
da paz, com amor fraternal,
louvando a Cristo Jesus!

Que Jesus, todo bondade,
queira unir crentes e ateus
e o Natal da humanidade
retrate a face de Deus!
                                          (
Ruth Farah)


NEVE EM MEU NATAL... 

Ainda guardo, muito viva, uma lembrança
Da minha mãe enfeitando, com algodão,
Um galho seco, alguma planta ou coisa e tal...
Fazendo assim, nos alegrava o coração.
Naquele tempo, tão distante, de criança,
Ela nos dava este presente no Natal. 

Aquele branco, imaginado e nunca visto,
Que recobria aquele galho pequenino,
(Era dezembro... Era verão, quase janeiro),
Virava neve nos meus sonhos de menino.
E mesmo sendo previsível e previsto,
Eu esperava por aquilo o ano inteiro.

Sempre pensei que, em minha vida, eu não veria
Jamais, a neve a me cair sobre a cabeça,
Como num filme ou história infantil...
Mas lembro bem e, talvez, jamais esqueça
De que me punha a imaginar como seria
Eu ver a neve assim, caindo no Brasil.

Mas, dia desses, me dei conta, com surpresa,
Observando meus cabelos, com atenção,
Que a propria vida me deu isto, afinal.
E eu senti enternecer meu coração,
Naquele instante em que tive esta certeza:
Finalmente, eu tenho neve em meu Natal...                                                    
(Wagner Fontenelle Pessôa)

NATAL

Natal é tempo de mudança,
de transformação,
substituindo
o egoísmo pela generosidade,
a indiferença pela atenção,
a ingratidão pelo reconhecimento,
as palavras ao vento por verdades,
o rancor pelo perdão,
a grosseria pelo respeito,
o medo pela confiança,
a falsidade pela sinceridade,
a inveja pela satisfação do outro.

Colocando no lugar
do desânimo - a esperança,
da arrogância - a humildade,
da preguiça - o trabalho,
da dominação - a cooperação,
da tristeza a - alegria,
da  ansiedade - a calma,
do retraimento - a comunicação,
da indelicadeza - a cortesia,
do julgamento cruel - o crítico e construtivo.

Trocando
a tensão por descontração,
a indiscrição por prudência,
a instabilidade de humor por bom humor,
a indecisão por determinação,
a desonestidade por decência,
o pessimismo por otimismo,
a contradição por coerência,
a irresponsabilidade por  compromisso,
o mal pelo bem.

Que troca eu preciso fazer?
                                                    (Heloisa Crespo)

domingo, 25 de dezembro de 2011

Ciranda de Natal (8)

VINTE CINCO DE DEZEMBRO

Nesse dia eu acordei,
Não olhei presente
Não olhei nada,
Afinal...
Para mim era um dia comum,
Como outro dia qualquer,
Dormira amontoado,
Como dormia e acordava todos os dias,
Eu e mais três irmãos:
- Paco, Tininha e Joca.
A cama era um estrado de colchão duro,
Alguns caixotes de madeira a sustentavam.
Minha mãe dormia numa esteira, na sala,
Com um homem que eu não chamava de pai.
Ele não era bom nem mau,
Acordava cedo, e, às vezes, chegava de noite,
Isto, só quando voltava, não era todo dia.
Mamãe também saía cedo
Carregando uma carrocinha de catar lixo,
Deixava a gente na creche e pegava de tardinha.

O tempo passando e nós crescendo,
Paco não cresceu muito,
Morreu numa arenga com a polícia.
Joca trabalha com mamãe,
Não catam mais lixo,
Compram de uma turma que cata para eles.
A vida melhorou um pouco;
As camas são todas de ferro
E a casa ganhou mais um quarto.
Tininha mora com um sujeito daqui da comunidade,
Ela tem de um tudo...
Ele é o “Gerente da boca” e vive preso,
A casa dela é grande com escada e varanda,
Tem até antena parabólica!
Eu dei pro comércio e fiz um biombo,
Dá pra ajudar a mamãe que anda cansada.
Tenho dois filhos que moram com as mães,
Estudam no colégio de um bairro aqui perto,
Não falta nada de comida e roupa para eles.
Hoje é dia vinte cinco de dezembro,
Fui ao Shopping comprar uns presentes
Para mamãe e os meus filhos
Foi o meu primeiro presente de Natal.
                        (Geraldo Aguiar)


Esqueça o capitalismo
na rua ou televisão.
Natal não é consumismo
é festa de devoção.
                                                                           (Eliana Jimenez)

 CRÔNICA DE NATAL

                        Natal é amor. Amor é Deus. Amor próprio. Amor paterno, filial, fraterno. Amor de todos os amores. Nada maior que a doação do amor.A suprema doação de amor é Deus. Deus tem tudo. A Deus nada falta. Ele não tem necessidade de amor. A necessidade é humana, no dizer de Platão: “filha da pobreza”.

                        O homem é pobre de amor. Essa carência resulta de um desejo universal – ser amado. Todos desejam ser amados: o homem pela mulher, a mulher pelo homem; o mestre pelo discípulo, o discípulo pelo mestre; o marido pela esposa, a esposa pelo marido; os pais pelos filhos, os filhos pelos pais. Todos, amados pelos amigos. Esse amor tem o calor de estima. Ser estimado, ser apreciado, equivale a ser amado. O homem precisa de amor como precisa de alimento e de abrigo. Com efeito, o amor é alimento da vida sentimental e abrigo das satisfações e das insatisfações emocionais. Muitas vezes procuramos certas coisas, não sabemos o quê, mas serve para a vida, como se flutuássemos num vácuo, é a necessidade de ser estimado e apreciado, é a necessidade de ser amado. Precisamos de amor, eis a questão . . .

                        Ser amado sem amar não é uma bênção, mas uma maldição. Não há maldição se não há amor. O amor está morrendo. Esta é a frase dos últimos tempos. É a frase do desestímulo. É a frase da fossa. O homem criou com ela o vácuo social onde vive. Temos um pouco de Nietzche ao afirmarmos que o amor já morreu.

Os homens já não se amam uns aos outros. Eles têm fisionomias tristes. Eles caminham indiferentes no meio da multidão, sentem-se só, perdidos.

                        O amor ao próximo também morreu. Quem é o nosso próximo, senão um carente de amor como nós. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Este derradeiro amor está agonizante. É tarde. Ele padece de um mal incurável, o egoísmo. O amor próprio está moribundo. Para salvá-lo, tem de se fazer com que o homem nasça, com que se liberte da ganga, que assuma um rosto – brada aos céus o prefaciador de Saint-Exupéry. Eu sugiro, não existe outra época melhor na terra dos homens que o Natal para se pedir ao ser que tudo tem, a mesma imagem da criação, para que o homem possa comunicar-se com o homem. Se os homens se abordarem diretamente uns aos outros, o mais certo é não se virem a encontrar. Para se encontrar, precisam de se confundir no mesmo Deus. No Deus Menino. No Deus de todos os amores. No Deus do Natal.
(Evandro Sarmento)

NO ACONCHEGO MACIO
 “São necessários muitos galos para tecer a madrugada”.
Disse João Cabral. Penso que também são necessárias,
Muitas atitudes humano-divinizadas
Para tecer a noite do galo, noite de gala, noite de Natal.

Nasce o menino-Deus, no aconchego macio
De nossa ternura e gratidão.
Radiância de alegria! Estrela-guia,
Farol de nossa conscientização. 

O coro dos anjos canta hosanas
E Drummond também poetiza
“Para acordar os homens
E adormecer as crianças”. 

Há festa no ar e nos corações
Que se propõem a amar
O sino redobra doze badaladas.
É o despertar das consciências. 

Incenso, mirra, prendas caras,
Jóias raras são ofertadas ao menino-rei
Muitas virtudes são oferecidas no altar.
Todos se curvam em humildade e oração. 

Reconhecem a profética missão:
Na manjedoura, dorme Jesus,
Razão iluminada,
Nossa dimensão!
 (Armonia Gimenes de Salvo Domingues)                             

NOITE DE NATAL EM ALTO MAR

Está chegando, do Natal, o lindo dia,
Mexendo com o coração da gente.
Trazendo momentos de alegria
E, também, não esquecendo do presente! 

Outra data, muito longe, a festejar,
Mas que seja só de luz e de calor,
Corações abertos para aceitar,
As esperadas bênçãos do Senhor! 

Na lida de problemas bem complexos,
Tento enxergar o céu pela vigia,
Mas só consigo ver estes reflexos
Do navio, em que me encontro neste dia! 

Na hora da prece e da contrição,
Todos reunidos, alguns só na lembrança...
O que importa, porém, está no coração,
Como sabemos, desde o tempo de criança! 

Cientes disto, nunca estaremos sós,
Pois, sempre, haverá alguém ao nosso lado.
É aquele que jamais descuida de nós:
O aniversariante, querido e esperado!
(Amilton Pinto)
 

NATAL DE ANTIGAMENTE 

Que saudades do Natal de antigamente
quando éramos ainda pinguinhos de gente!
E papai, num momento comovente
dizia pra nós: só pode um presente!! 

Ficávamos então na maior alegria
pensando no quê melhor poderia
trazer para nós, o Papai Noel.

E papai, que de longe tudo assistia
_aquela nossa infantil euforia_
que hoje, eu penso o que ele gostaria
de nos dar um presente de maior valia
que dinheiro nenhum jamais compraria
e isso seria... um pedacinho do céu!

 (Maria Lúcia Fernandes Rocha)

Ciranda de Natal (7)

NATAL
Não Deixes tua noiva, filho de Davi,
Não partas assim, pensativo, em segredo,
Ouve o profeta, despreza o medo,
Pois, Emanuel nascerá por aqui.

Nessas terras, onde um rei que tanto
Investe, com inveja, contra a profecia,
Reis magos avisam que uma estrela-guia
Indica o rumo do casebre santo.

Ao fugires levando tua amada e o menino,
E no Egito aguardares pela voz de Deus,
Pensa que guardas o Rei dos Judeus,
Que, assim, cumprirá sagrado destino.

Salve, Bendita! Eis a saudação:
Bendito é Teu filho que irá nascer!
Tua prima, por certo, vai te receber,
E, do ventre dela, se alegrará João.

Gabriel, o anjo, disse em Nazaré:
“Salve agraciada, o Senhor é contigo!”
Em teu colo manso encontrará abrigo
A Criança que, um dia, norteará a fé.

Não te entristeças: presságios, pavor...
Raquel não querendo ser consolada,
Herodes, a dor, o exílio, a empreitada,
Bendita és, mãe do Salvador!

Menino, vendo-Te assim deitadinho
Em meio à paz que no presépio existe,
Em sonhos quero Te falar, tão triste,
Sobre o que Te espera ao longo do caminho.

Reis, pastores, animais, enfim...
Tua família ao Teu redor, a luz...
Não posso esquecer a morte na cruz
Para salvar a humanidade, por nós, por mim.

Envolto em panos, manjedoura tão linda,
Ao Te olhar, vens e diz-me ao ouvido:
Alegra-te, homem, tudo deve ser cumprido,
Estarei contigo, se me quiseres ainda.

                                                                   (Gildo Henrique)



NATAL

Está chegando o Natal!
Por todos os lados euforia,
luzes, músicas, alegria,
desejos de ser feliz...
E os planos que a gente faz,
falam de amor, de ventura,
já não se tem a amargura,
que às vezes, nós carregamos...
e vejam: que maravilha!
Ao brilho daquela estrela
despimos nosso egoísmo
e até nos outros pensamos...
Tomara que o Natal fique
dentro de mim, de vocês...
E o bem que Jesus nos fez,
dentro de nós justifique...
(Ângela Sarmet Moreira)

O SONHO DO NATAL NA CASA ASSASSINADA
                             “... Era esta a sala... ( Oh! Se me lembro e quanto)”. – Luís Guimarães Jr.

Mesmo morta, cruelmente assassinada ela ainda está de pé. Por estar morta, não pede socorro. Por estar morta, não me olha quando passo por ela, apressadamente, procurando fugir da sensação de contemplá-la morta, quando me vejo mais órfão que nunca...

Lembro-me de que, ao sair todos os dias do seu interior para trabalhar, durante quarenta anos, eu glorificava a Deus por nela ter encontrado refúgio, filho pródigo que fui, após onze anos de louco hedonismo pelas plagas cariocas. No seu interior, o chefe de família encontrava-se com o colegial dos anos 30 e 40, com o liceísta que, no passado, vivia singelamente os valores do Cristianismo, sem nunca deixar de louvar a Deus ao dela sair ou, retornando, ao atravessar a sua porta de entrada.

No Rio de Janeiro, o jovem dos anos 50 perdeu o hábito de rezar pelas inúmeras graças recebidas. Voltando para a sua cidade, a velha Casa acordou-o da longa  letargia. Sim. Foi ela que o despertou, que o fez novamente sentir intensamente, mas o fez com todo o carinho do mundo, pois em suas paredes, já na época salitradas, ecoaram os vagidos da criancinha de 1929.

Inspirada pelo altruísmo dos seus donos, a velha Casa foi abrigo seguro de pessoas que viviam na zona rural e que, por falta de recursos, nela buscavam, como se fosse um hospital, a solução para as enfermidades que as afligiam. Quantas, sob o seu teto, recuperaram a saúde. Alguns, apesar de todos os esforços empreendidos, bafejaram os últimos suspiros. Tudo isso diante dos olhos atônitos do menino estarrecido com as dores do mundo.

Lágrimas, choros convulsos e risos reconfortantes tornaram-se um amálgama inspirador e indestrutível, porque nela celebrávamos cotidianamente o espantoso milagre da vida. Nela o adolescente de tantos anos atrás presenciou, abismado, antes da chegada dos médicos solicitados, com urgência, uma jovem atacada de loucura furiosa recuperar-se com o simples espargir sobre ela a água captada na Gruta de Lourdes, onde Bernadette deparou-se com a pessoa santíssima de Maria. Água trazida da França por um jovem e cético médico – quem sabe o preferido de todos ? – para a Mãe profundamente religiosa.

Assassinaram a Casa, quando a abandonaram os Antão da Silveira, os Ribeiro Rangel, os Ribeiro Abreu, os Costa da Silveira, os Moreira da Silveira, todos esquecidos de que nela foram vividos, num sacrossanto aconchego, os mais doces festejos natalinos. Mas haverá um outro Natal, pois o Milagre de Lourdes, realizado no seu interior, nos dá a Esperança do reencontro. A velha Casa totalmente reconstruída. Teto de ouro... paredes de prata... o mais belo presente do Menino Jesus...
(Fernando da Silveira)

 NATAL DE OUTRORA

Aproxima-se o Natal!
Na casa humilde, Morro do Alemão,
rangendo as engrenagens, passa o velho caminhão,
deixando refrigerantes para a grande  festa.
Dourado líquido e  rótulos com  pinguins
fazem sonhar  a criançada inusitados sabores.

Num sábado qualquer papai arma a Árvore
cercado pelos  anjos de dezembro,
e já não é um sábado qualquer...
Da filharada os olhos infantis neste dia
emitem luminosas faíscas de alegria
como os prismas dos enfeites natalinos.

A antiga geladeira familiar no quintal
agora, sim,  tem sua serventia
(Durante o ano serve para guardar jornal...)
Sobre  cavaletes, a tosca mesa  de madeira,
toalha branca, os pratos com iguarias...
(A que custo, meu  Deus, ninguém sabia)

Chegam os irmãos,  papai prepara a ceia,
pratos e compoteiras de vidro barato
rebrilham as luzes da Noite Especial.
Minha mãe sorri de  amoroso prazer
ao ver reunida a já dispersa prole
na doce e gostosa alegria do Natal...

Grande conversa familiar à mesa:
desfilam causos, confidências, estórias,
assim que  o rubro tom do vinho tinto
vai  passando  às  faces cor-de-rosa.
O patriarca preside a concorrida ceia
filhos e filhas, netos, genros, noras...

Dia seguinte:  com as crianças da casa,
seus velocípedes, carrinhos e  gaitas,
bonecas de   pano,  panelas de lata,
de novo à mesa para o almoço natalino
e sob um pálio de velhas colchas recosidas
para amainar o sol àquela hora...

...vivemos a graça de momentos mágicos
desde então fixados em nossa história
como indelével marca dos Natais de Outrora.
(Renato Alves)

NATAL

Já se pode sentir algo novo no ar
Os sorrisos se alargam, a esperança se renova
É como se uma nova chance aflorasse em nossas vidas.
É tempo de amar mais, beijar mais, abraçar mais...

Tempo de cuidar das pequenas coisas,
De pronunciar palavras carinhosas,
Comprar presentes, se doar,
Perdoar e se perdoar.

Corremos o ano todo para justamente agora
Pararmos para uma reflexão.
É Natal! Chegamos ao final de mais um ano.
Que os sinos da alegria e renovação possam entoar em nossas
Casas, anunciando o nascimento daquEle que sempre reinará
Em todos os séculos: JESUS!
(Rita Rangel)

Ciranda de Natal (6)

MELANCOLIA

O sol boceja! A Noite Santa avança
e, em meio ao lusco-fusco do poente,
volto a sentir saudades da criança
que a vida fez crescer e, de repente...

Nada, contudo, guarda semelhança
com os Natais do meu antigamente:
o mundo é outro ¾ a bem-aventurança
da data, um breve hiato, num presente

de tanta violência entre os mortais,
que é fácil compreender não volte mais
essa criança que se foi tão cedo;

prefiro vê-la agora recolhida,
neste meu peito que, de volta à vida
mas, infeliz e trêmula de medo!
(Darly Barros)

Natal!
Magia que se renova em cotidiana esperança
Natal!
Magia que embala o despertar silencioso de todos os sonhos
Natal!
Magia da transformação dos sonhos em FÉ
(Neilde Chalita)

Nem só de presentes faz-se
o Natal, nem de comida.
Natal é aquele em que nasce
Jesus Cristo em nossa vida!
                 (A. A. de Assis)

 JARDINAGEM
 
Chuva . Apaga no céu todas as luzes. Motorista do táxi me transporta sob esta chuva herege, insistente, criadeira, e  pergunta, tipo quem meramente comenta, enquanto  transvasa o formigueiro labiríntico de nossas ruas, se já é dezembro. Pergunta logo a mim que nada sei de tempo e até acho complicadas as manobras militares, tão científicas quanto inúteis, com que buscam acorrentá-lo a medidas exatas. Mas parece  que o calendário impunha como resposta, no momento da pergunta, ser o último dia de novembro. Será talvez dezembro quando pousarem olhos sobre o que escrevo. Mas já agora pessoas se adiantam e  agarram velozes os derradeiros vestígios do ano, nos bancos,na praça,  nas lojas de presentes. Aquela vertiginosa  rapidez lenta, e vacilantemente inútil (acaso a única então possível), carregada dos embrulhos que se carregam apesar da chuva. Ruas vazias de espaço, cheias de gente e carros se arrastando numa pressa concorrente e molhada que tenta correr, tropeçante, antecipando expectativa do décimo-terceiro que a matemática – não a lógica singela dos fatos consumados-   diz ser impossível num ano de doze. Será  - ou é- dezembro? Diferença entre doze e treze, entre o que foi, o que é, e o que será. Nenhuma, se dois mais dois igual a sempre, noves fora zero,  resto nada ou, em conta sem erro, esperanças grandes.  A verdade agostiniana proclama só existir o tempo presente, que engloba lembranças presentes do passado e expectativas presentes do futuro.  Dizem e ouço, enquanto cultivo a teimosia de me colocar em estado de Natal não contradizendo ninguém, para ficar em espírito de paz.  Tento, quando Natal se aproxima. Procuro mesmo, nesta época ao menos, reencontrar, entre as nuvens mais espessas, os comandos da Estrela de Belém, mesmo não sendo eu rei nem tendo a sabedoria dos magos, sabedoria de  cujo conteúdo até hoje não se sabe qual fosse.

Mas a chuva cai, sabida e pegadeira .Extremamente inadequada e pagã, como este frio fora de época. Parece que vai durar até  o Natal. O que mostrarei neste Natal ao meu primeiro neto, já nascido e batizado,  que não comemorou ainda seu primeiro dia de Natal? Disse ser a chuva  pagã e  herege? Já não tenho tanta certeza. Sei é que não termina, sonolenta em seus bocejos, de contar  nos dedos incontáveis seu tempo de acabar. Vejo que cai sem pressa, descolorindo nas coisas um tom sem sol, vagamente cinzento, delindo contornos, velando claridades. Impondo em tudo aquele  fora-de-moda, aquele  ar  estranho de retrato antigo cuja verdade foi-se embora. Retrato onde nós, se nele estávamos, de muito nos retiramos daquela inacreditável figura de menino a aguardar de Papai Noel o seu brinquedo. A chuva cai, e vai escorrendo em lágrimas os últimos vestígios assinalados do calendário, encharcando-nos daquela tristeza desendereçada, fria, tão vaga e indefinível que alguns quase que chamam de saudade. Olho para este céu de borralho que vai cancelando no quadro ainda em processo - ano inconcluso-   os últimos restos, neste  novembro-dezembro do Ano da Graça de  dois mil e onze. Nem sei se digo que será chuvoso,  imbrífero, este Natal sem luzes vistas no céu. Nunca me ensinaram a ciência dos meteoros. Só rudimentarmente a  das estrelas.  Pode que possa mostrar minha espera. Pois não sei se a que todos os anos espero conseguirá abrir caminho e alumiar-me  ao menos os sapatos cambaios que, como de costume,  deixarei , órfão de presentes, sob a árvore ou na janela. Conseguirá chegar-me como das outras vezes, demarcando futuras caminhadas como das outras vezes.  Saiba-se que  não aceito em meu Natal menos que uma estrela.

Chuva sem adjetivos, simplesmente? E grande meu desânimo, embrulhado num frio enorme que encapota os dias. Chuva que cai e persevera por toda a parte, na cidade e no campo. Certamente até entre urtigas, entre pedras, entre espinhos . Verão ou quase-verão embora. Ou será que me enganei de época? Se me enganei de ano, serei o único orgulhosamente humilde o bastante para confessar que nada sei de tempo. Estamos não em dezembro de 2011, mas em algum dia de  5772 como querem os judeus? Ou mesmo em 1432 (contando-se a partir da Hégira) como juram muçulmanos? Entre nós mesmos  usávamos não o atual calendário gregoriano, mas o calendário juliano (reformulado por Augusto) vigente ainda hoje entre certos cristãos orientais . Não sei como me situar em todos eles e, neles, o 25 de dezembro. O que frequentemente dificulta situar-me de pronto, sem recurso à agenda, em qualquer deles. Admito até a possibilidade de ser mais simples o calendário chinês, o qual briosamente desconheço. Sei é que me acostumei a ver, no céu cheio de estrelas nas imediações do Natal,  quando ele se aproxima, a Estrela de Belém a me servir de lume..

Indago se ela, encoberta, já  está aí mesmo, tendo mudado só de    aparência, linguagem, ou de intérprete, para ser entendida. Haja passado  mesmo, como que de contrabando, através das nuvens, através da chuva. Descubro que, apesar da chuva, ou exato por causa da chuva, desabrocharam já, nesta primavera-verão de inverno de agora, risonhas flores carregadas  de primavera plena, acaso em lugar de uma só , solitária e esperada estrela. Posso mostrar incontáveis estrelas em constelações codificadas, exuberantemente descidas, ao mesmo tempo, subitamente do céu sobre os canteiros dos jardins mesmo em descuido. Posso, alegre, mostrar alegres e floridas revoadas deixadas de um céu que está, embora até, olhando-se para cima, não se possa ver que está,  em festa. Posso mostrar ao pequenino pequeninos sóis de cores todas, que se afeiçoaram ao chão, se aninhando nele, fazendo  nele raiz e pouso.Tudo isso nas flores cuidadosamente plantadas por esta chuva cristã com seus dedos jardineiros, nos indicando com clareza o que fazer, exatamente o que fazer, mesmo entre urtigas, entre pedras, entre espinhos...

(Elmar Martins)
NATAL EM SENTIDO REAL

Tempo litúrgico, data comercial
Neste poema esbocemos o que é Natal
De modo que, e forma sem igual,
Seja explicado o seu sentido real.

Digas tu qual luz é mais forte a brilhar.
A estrela de Belém ou a artificial a piscar?
Digas tu onde é pertinente depositar nossa esperança:
Num fictício velhinho ou no Deus que se faz criança?

Digas tu qual presente devemos celebrar:
O que é deixado aos pés da árvore
Ou aquele que o presépio vem revelar.

Perpetue ente os seus tudo o que ela ensina
Nosso maior presente ninguém jamais poderá vender,
Pois, Ele veio de graça doar-se você.

Tempo litúrgico, data comercial
Com alegria festejemos o verdadeiro Natal
Aproveitemos essa época de esplendor universal
Para nos unir fraternalmente e desprezarmos todo mal.
(Érica Viana)