segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Projeto “Mais (ou menos?) Educação”

Hoje recebi um telefonema da diretora de uma escola municipal convidando-me para participar do Programa do Governo Federal “Mais Educação”. Vibrei com o convite, pois seria uma oportunidade de compartilhar minha experiência docente com alunos que necessitavam de orientação. Empolgada perguntei qual era o público, já articulando possíveis atividades bem criativas para desenvolver.
- Você trabalhará com turmas do 6º ao 9º ano com produção textual.
- Gostei! Legal! Já tem horário definido? Perguntei para adequá-lo à minha disponibilidade.
- A carga horária semanal é 15h/aula, mas em sala é de 12/h. Teremos uma reunião para definir os dias. Você pode vir na próxima terça às 14h? Falei: - Conte comigo!
- Só um minuto, você trabalhará com alunos com defasagem de idade/série, defasagem de conteúdo, déficit de aprendizagem, com problemas relacionados à leitura, escrita, compreensão textual...
- OK! Um desafio e tanto! Confirmo presença.
Empolgação total! Peguei até um livro com textos e atividades variadas para já levar e verificar a possibilidade de adequá-lo.
Parei um pouco e pensei no salário... Perguntei à senhora que trabalha em minha casa como diarista sobre perfil dos alunos, já que ela faz parte da vizinhança da escola.
- A coisa lá é difícil! Os alunos têm problemas de comportamento, são difíceis, são agressivos...
Peguei o telefone e liguei para a diretora indagando sobre o valor do salário.
- R$300,00 por uma carga horária de 15h/aulas semanais e esse valor é mensal, disse ela. Senti uma forte angústia.
- Gostaria muito de agradecer seu contato, mas por esse valor é impossível fazer parte de um projeto que proponha “Mais Educação”.
Decepcionada, lembrei-me de que minha diarista, que trabalha com a mesma carga horária semanal, ganha mais do que o proposto pelo projeto.
Como dar “Mais” proporcionalmente?
Desculpem-me o desabafo: É sacanagem!
Profa. Jaqueline Dias

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Até quando?

Domingo, de manhã. Depois de uma semana de trabalho, ponho-me a rever os conteúdos dados, planejo as minhas próximas aulas e começo a corrigir um teste que apliquei em minhas quatro turmas de 7º ano. Por saber que é cultura só “iniciar” as aulas depois do carnaval, durante as duas semanas que o antecedem poucos alunos frequentam a escola, pois já sabem que o “bicho só começa a pegar depois da folia”.
Foram duas semanas de muita conversa e revisão de conteúdos, coisa light. Expliquei, exemplificando, o que é um substantivo, um adjetivo, um artigo, um pronome, um verbo, e o advérbio. Pareciam aquelas aulas dos sonhos, em que todos participam com gosto, até porque estamos em fase de “namoro”. Eu me empolgo e alimento a ideia de que a Educação tem solução, ou seja, “eu sou um exemplo vivo de que a coisa pode dar certo!”
Mas, basta iniciar a correção do simples teste, daqueles que você professor considera “moleza”, feito com consulta e levado pra casa para ser entregue no dia seguinte, para que um sentimento de vazio, de incompetência, se apodere de mim. Parece que os alunos que fizeram a atividade não foram os mesmos que participaram ativamente das aulas! O melhor resultado foi 30% de acertos!
O que será que aconteceu, meu Deus? Onde se encontra a causa do problema? Com eles? Que são incompetentes para responder a questões básicas, conteúdos de séries iniciais? Comigo? Que não consigo fazer com que simples conteúdos sejam fixados por eles? Com a escola? Com a Secretaria de Educação? Com o MEC?
Socorro! Como é difícil essa nossa caminhada! Paro de corrigir os testes, senão daqui a pouco precisarei colocar um isordil sob a língua. Já me encontro totalmente alterado! Parece que a minha boa manhã acabou ali. Voltar à sala de aula? Pra quê? Para ter que falar durante horas e horas e nada ser aproveitado!
 A solução é escrever. E à proporção que o papel vai aceitando passivamente a minha indignação e a catarse vai se fazendo, vou desacelerando os batimentos cardíacos, respirando mais devagar, me acalmando...
Lembrando Camões: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. E é essa subjetividade que permeia a Educação. A Educação é um processo, repito incansavelmente pra mim, e não devo esperar resultados em curto prazo. Viu? Assim é o professor! Já estou mais compreensivo, mais brando para recomeçar amanhã, segunda-feira, pois vou ter que encarar uma galera que não quer nada com os estudos, enquanto eu preciso continuar acreditando... até quando?
 Prof. Erivelton R. Almeida

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Por favor, divulguem!

A Audioteca Sal e Luz é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que produz e empresta livros falados (audiolivros).
São livros que alcançam cegos e deficientes visuais, (inclusive os com dificuldade de visão pela idade avançada) de forma totalmente gratuita.
Seu acervo conta com mais de 2.700 títulos que vão desde literatura em geral, passando por textos religiosos até textos e provas corrigidas voltadas para concursos públicos em geral.
São emprestados sob a forma de fita K7, CD ou MP3.
Colaboração: Profa. Heloísa Crespo

Coerência

É, senhoras e senhores, finalmente o "novo" congresso mostrou a sua cara e a coerência com o que os seus integrantes pensam do país e do povo: o palhaço Tiririca, que já foi considerado pela justiça eleitoral semi-analfabeto, foi nomeado para a comissão de educação.
Coerência????? Sim. Afinal, a maneira como a educação é tratada e direcionada em nosso país, com os cargos de secretários de educação e direção das escolas sendo ocupados não por mérito, mas por aval político; a priorização do ensino técnico, em detrimento da formação acadêmica; a falta de incentivo à pesquisa, etc, etc, etc, exige que se oficialize a palhaçada.
E o palhaço, o que é?????
Profa. Silvia Costa da Silva (Blog Refletiação)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Retrato (Professor após anos de ofício)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim inerte, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem
força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que sala de aula ficou perdida a minha face?

Paródia do poema “Retrato” de Cecília Meireles

Ensino médio afasta aluno da escola

“O ensino médio, como está, é algo inútil na vida da maioria dos jovens”, afirma Elizabeth Balbachevsky, livre docente do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora participante de grupos internacionais na área de educação para jovens. Para ela, a orientação para o vestibular, objetivo de quase todas as escolas desta etapa, é um desperdício.
“Para quem não está na perspectiva de entrar na faculdade, a sala de aula não tem nada a oferecer. O ensino brasileiro tem uma carga muito forte, toda preparatória para o acesso à universidade e não para a vida ou o curso superior em si”, comenta. O problema é que a maioria não vai prestar o tão esperado processo seletivo, principalmente antes de experimentar primeiro o mercado de trabalho: só 15% dos jovens brasileiros de até 29 anos fizeram ou estão fazendo um curso superior. Nos países mais desenvolvidos esta porcentagem dobra, mas ainda fica muito longe de ser maioria.
O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, concorda que o foco do ensino médio precisa ser ajustado. “No mundo todo, a fase tem um caráter terminativo. Dali para frente a pessoa está preparada para começar a vida adulta, pode até ser na faculdade, para quem quer, mas também pode ser trabalhando ou em qualquer projeto. A educação básica está concluída”, diz.
Hoje aos 19 anos, Evelyn Rodrigues, percebeu a falta que lhe faz os estudos. Nos três anos em que ficou longe da sala de aula, trabalhou como tosadora de cães, foi morar com o namorado e ficou grávida. “Nesta época, eu queria trabalhar. Quando arrumei um emprego, achei que estava aprendendo mais lá do que na escola. A aula parecia não ter muito a ver com minha vida. Agora sei que era fundamental para melhorá-la.”
Os alunos do ensino médio reconhecem o objetivo pré-vestibular da escola. Ao ser questionado sobre para que serve essa fase, Ayrton Senna da Silva Souza, de 16 anos, estudante do 3º ano na escola estadual José Monteiro Boanova, no Alto da Lapa, área nobre de São Paulo, resume a função em uma frase: “Para mim, esta é a etapa que vai mostrar quem está pronto para entrar na faculdade”, disse.
Quando a pergunta é o que gostariam que a escola oferecesse, a resposta muda. “Um curso”, responde Carlos Eduardo Dias, de 18 anos, que se formou na mesma unidade em dezembro. Ele espera fazer curso superior um dia, quando souber melhor em que área quer se especializar e tiver dinheiro para pagar a mensalidade. Enquanto isso, trabalha como auxiliar em uma concessionária de veículos. “Tive sorte de ser indicado, mas acho que a escola podia dar um curso que ajudasse mais, de informática, de vendas, algo assim.”
Outra colega do 3º ano, Eliza Rock da Silva, de 17 anos, mesmo tendo a universidade como meta, gostaria de ter mais autonomia e um ambiente melhor para aprender. “Acho que se os alunos tivessem o direito de escolher parte do curso, diminuiria o desrespeito pelos professores e, quem tem interesse, conseguiria estudar. Eu gostaria.”
A superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel, sugere, além de conteúdos voltados ao mercado de trabalho, mais atividades culturais e esportivas. Ela lembra que até pouco mais de uma década, o ensino médio era uma "festa" para os jovens que tinham acesso a ele. Os alunos se envolviam em grêmios estudantis, festivais culturais, competições esportivas e outras atividades que desapareceram da maioria das instituições. Para a educadora, só há dois motivos capazes de manter os jovens na escola: “ou eles vão porque vale o esforço, vão aprender algo útil e conseguir emprego; ou porque há atrações que os envolvem”.
Fonte: IG-Educação

Corretor ortográfico

Foi lançado um site chamado "Um Português", com o intuito de nos ajudar nesta transição entre a antiga e a nova ortografia.
O site possui um verificador ortográfico. Você copia ou digita o texto a ser analisado e ele, além de corrigir as palavras que estão escritas de modo incorreto, também explica o porquê dos erros.
Esta é uma iniciativa muito interessante e útil. Ajudem a divulgar o site!
Colaboração: Profa. Elyzabeth Tavares

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mais dinheiro para o professor...

O professorado nacional deve estar muito feliz!
O salário mínimo do professor brasileiro deve ser a partir de agora de R$ 1.187,08. O valor é 15,85% maior do que o piso salarial de 2010, que estava em R$ 1.024,67. Em nota oficial, o Ministério da Educação explicou que têm direito a essa remuneração mínima professores de nível médio que trabalhem 40 horas semanais. Não há piso definido para quem trabalha apenas 20 horas semanais.
Por favor, ainda não gastem por conta, pois não sabemos se os “patrões” (estados e municípios) abrirão os seus cofres para bancar esse salário de marajá.   

Alfabetização

 Profa. Marta Avancini
Fazer com que as crianças sejam efetivamente alfabetizadas até nos dois primeiros anos do ensino fundamental é um desafio central. Sem isso, não se consegue melhorar a aprendizagem, nem garantir a permanência do aluno na escola. Por isso, as ações voltadas para a melhoria da alfabetização estão entre as prioridades das redes estaduais de ensino de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
"Mesmo com os resultados apresentados nas avaliações oficiais, a aprendizagem da língua escrita na escola ainda está num nível muito baixo", analisa Magda Becker Soares, professora titular emérita da UFMG, especializada no tema.
Para ela, o problema tem origem na falta de clareza do que se entende por alfabetização. Até os anos 1980, considerava-se alfabetizado o aluno que sabia ler e escrever, ou seja, sabia codificar e decodificar. "Isso dava tranquilidade para o professor avaliar se a criança estava alfabetizada ou não."
Com a mudança para o conceito de letramento - que pode ser sintetizado na capacidade de utilização da leitura e da escrita -, alargou-se o entendimento do que é alfabetização, que se diluiu em várias competências e habilidades. A professora Magda aponta que esse processo está relacionado às demandas sociais de nossa sociedade, que é centrada na escrita, e às recentes descobertas no campo da linguística e da psicologia cognitiva sobre os processos de aprendizagem e uso da linguagem escrita.
Nesse cenário, ela vê como positiva a iniciativa da secretaria estadual de Educação do Rio Grande do Sul, onde foi implantado um programa que prioriza a alfabetização, por meio da oferta de três tipos de métodos que podem ser escolhidos pelas escolas, acompanhado de formação e assessoria às escolas.
A rede estadual de Minas Gerais é outra que dá atenção especial à questão da alfabetização. Há quatro anos, foi implantado um programa para fortalecê-la e assegurar que todas as crianças tenham domínio dos processos básicos de leitura e escrita até os 8 anos.
O coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais também considera que a falta de clareza sobre o que é alfabetização prejudica a aprendizagem, mas pondera que independentemente do método adotado e dos critérios de avaliação do professor é importante trazer para o debate público a questão da redução das metas relativas ao domínio da leitura e da escrita.
Na opinião de Soares, a meta de que a criança esteja alfabetizada aos 8 anos é "pouco desafiadora". "Seria importante trazer para o debate público a discussão da mudança desse patamar para os 7 anos", postula. Para ele, essa discussão deve se vincular a uma "ênfase maior na alfabetização".  "Se a criança não aprende a ler, terá dificuldade a vida toda."
Soares também enfatiza a necessidade de reforçar a aprendizagem em matemática. "Esta é uma linguagem que faz parte da sociedade moderna e as escolas costumam dar pouca ênfase ao conhecimento matemático".

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ditos populares... eu falava assim...

E a gente pensa que repete corretamente os 'ditos populares'
Dicas do Prof. Pasquale:

No popular se diz: 'Esse menino não para quieto, parece que tem bicho carpinteiro' "Minha grande dúvida na infância... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro?"
Correto: 'Esse menino não para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro' "Tá aí a resposta para meu dilema de infância!" EU NÃO SABIA. E VOCÊ?

‘Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão’.
Enquanto o correto é: ' Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.' "Se a batata é uma raiz, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparrama pelo chão se ela está embaixo dele?"

'Cor de burro quando foge.'
O correto é: 'Corro de burro quando foge!'"Esse foi o pior de todos!
Burro muda de cor quando foge? Com qual cor ele fica? Por que ele muda de cor?"




Outro que no popular todo mundo erra:'Quem tem boca vai a Roma.'
"Bom, esse eu entendia, de um modo errado, mas entendia! Pensava que quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar!" O correto é: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).



Outro que todo mundo diz errado,
'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.
O correto é: 'Esculpido em Carrara.' (Carrara é um tipo de mármore)




Mais um famoso....'Quem não tem cão, caça com gato.' "Entendia também, errado, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda! Tudo bem que o gato só faz o que quer, mas vai que o bicho tá de bom humor!"
O correto é:'Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho!'



 
Vai dizer que você falava corretamente algum desses?
Colaboração: Profa. Elizabeth Tavares

Alfabetização e letramento

“Já demos muitas aulas sobre alfabetização e letramento, mostrando aos alunos que muitas pessoas são alfabetizadas e não letradas. Na realidade, concordo com Gadotti e Emília Ferreiro quando dizem que o letramento é inerente à alfabetização, senão, ela (a alfabetização) não se concretizou. Esta deve acontecer na perspectiva do letramento e os professores alfabetizadores precisam ter isso em mente.” (Profa. Maria Lúcia M. Gomes)

A alfabetização tem sido entendida tradicionalmente como um processo de ensinar e aprender a ler e escrever, portanto, alfabetizado é aquele que lê e escreve. O conceito de alfabetização para Paulo Freire tem um significado mais abrangente, na medida em que vai além do domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva, “possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importante instrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e pela transformação social” (Paulo Freire, Educação na cidade, 1991, p. 68). Ele defendia a idéia de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, fundamentando-se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar códigos linguísticos, já lia o seu mundo.
O termo letramento tem sido utilizado atualmente por alguns estudiosos para designar o processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita nas práticas sociais e profissionais. Por que esse termo surgiu? Segundo alguns autores, a explicação está nas novas demandas da sociedade, cada vez mais centrada na escrita, que exigem adaptabilidade às transformações que ocorrem em ritmo acelerado, atualização constante, flexibilidade e mobilidade para ocupar novos postos de trabalho.
Os defensores do termo “letramento” insistem que ele é mais amplo do que a alfabetização ou que eles são equivalentes. Emília Ferreiro nega-se a aceitar esse “retrocesso conceitual”. Em vez de se curvar a esse novo anglicismo, ela traduz literacy por “cultura escrita”, e não por letramento. Mas não se trata só de um retrocesso conceitual. Trata-se, lamentavelmente, de uma tentativa de esvaziar o caráter político da educação e da alfabetização, uma armadilha na qual muitos educadores e educadoras hoje estão caindo, atraídos e atraídas por uma argumentação que, à primeira vista, parece consistente.
Não se trata só de palavras, de brigar por terminologias. Trata-se de uma posição ideológica que busca negar toda a tradição freiriana. A palavra alfabetização tem um peso, uma tradição, no contexto do paradigma da educação popular que é a maior contribuição da América Latina à história universal das idéias pedagógicas. O uso do termo “letramento” como alfabetização é uma forma de contrapor-se ideologicamente à essa tradição, reduzindo à alfabetização à “lecto-escritura”, como se diz em espanhol.
A alfabetização não pode ser reduzida a uma tecnologia ou técnica de leitura e de escrita. Ser uma pessoa letrada não significa ser alfabetizada, no sentido que Paulo Freire dava ao termo.
O termo “alfabetização” não perdeu sua força significativa diante da emergência dos novos usos da língua escrita, como argumentam alguns. Nem o termo inglês literacy (letramento) traduz melhor as práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita.
Já estão adotando o termo “letramento digital”. Daqui a pouco, deveremos nos referir às alfabetizadoras como letramentadoras? Além do equívoco conceitual, sonoramente seria uma lástima! Emília Ferreiro tem razão. É um retrocesso.
Moacir Gadotti, 63, é prof. titular da USP e Diretor do Instituto Paulo Freire.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lei e consciência: ambas a serviço da educação

Se atentarmos para a prática escolar vigente, encontraremos uma carência generalizada de atividades didáticas voltadas para a exploração educativa das novas tecnologias. – Helena S. Côrtes
Não é mais novidade que estamos diante de um novo público, os chamados alunos da Era Digital. Além disso, é sabido que o uso da tecnologia, por si só, não promove a melhoria do ensino e da aprendizagem. No entanto, é importante que educadores comprometidos com a educação, diante de um panorama mediado pelas novas TICs, compreendam que conceber a si mesmos e aos alunos como usuários críticos e criativos dos recursos tecnológicos, pode, de fato, encaminhar a qualificação da educação escolar.
Primeiro dia (Fevereiro/2011) dedicado ao planejamento na escola X: Bem, tomando como referências turmas do 6º Ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de ensino (na qual leciono), eu resolvi pensar em uma prática que buscasse fazer uso (em sala de aula) de recursos tecnológicos que os alunos já utilizam com certa destreza. A ‘Velha Máxima’ de levar em consideração a realidade do educando. Pensei em fazer um levantamento, em sala mesmo, para saber quais são os aparelhos eletrônicos que eles possuem, ou mesmo, têm contato diariamente. Como eu já supunha, o celular ganhou disparado.
Ao comentar com uma colega sobre tal ideia, ela me disse – “Você vai permitir que os alunos utilizem o celular em sala de aula? É proibido o uso de celular e outros equipamentos eletrônicos nas aulas – Lei nº 4. 734, de 04 de janeiro de 2008.” Fiquei surpreso com o espanto e o apontamento feito pela colega. Ora, ao lançar mão de uma expressão facial que parecia me reprimir de forma contundente, eu me senti como se estivesse prestes a cometer um ato ilícito. E o tom de voz? Quanta ignorância! Engraçado é perceber que vários professores se mostram indiferentes quando alguma proposta nova lhes é apresentada. Ela não quis nem ouvir de que modo a prática seria desenvolvida. Sendo assim, coube-me dar uma checada na tal lei. Só para maiores esclarecimentos. Vejamos:

Art. 1.º Fica proibido o uso de telefone celular, games, ipod, mp3, equipamento eletrônico e similar em sala de aula.
Parágrafo único. Quando a aula for aplicada fora da sala específica, aplica-se o princípio desta Lei.

Concordo plenamente que haja necessidade de se criar leis sócio-educativas com o intuito de gerar novos comportamentos. Todavia, cabe ao professor (enquanto autoridade máxima em sala de aula) impor regras e mostrar aos alunos o quão inapropriado é o uso de tais aparelhos durante a explanação de conteúdo, o desenvolvimento de atividades que não requerem o uso destes, a apresentação de trabalhos por parte dos colegas etc. Agora, não podemos de forma alguma negligenciar o fato de que os nossos alunos atualmente utilizam com desenvoltura diversos aparelhos eletrônicos, chegando até mesmo a devotar grande parte da atenção a estes. Então, por que não fazer uso destes recursos em sala de aula? Seríamos considerados contraventores por conta disto? Bem, o simples fato de mencionarmos que a aula será com o uso de recursos tecnológicos causa empolgação e interesse nos alunos. Um grande fator motivador a nosso favor.
Como professor de língua inglesa, minha intenção nos primeiros dias de aula é mostrar aos alunos o quanto o inglês está presente no cotidiano deles. Foi o que eu fiz. Entrei na sala e disse-lhes que haverá a oportunidade de utilizarmos aparelhos eletrônicos em sala (em especial o celular). Resultado: EMPOLGAÇÃO TOTAL! Bem, segundo Edward J. Valauskas e Monica Ertel, os alunos não precisam necessariamente saber o que você pretende ensinar para aprender.
O objetivo de minha prática será criar um banco de imagens com fotos de letreiros de pontos comerciais diversos cujo nome seja em inglês, para não só ensinar sobre vocabulários em língua inglesa, mas também mostrá-los o quão presente estão tais palavras em nosso cotidiano. Para tanto, os alunos terão que usar os celulares com câmera para tirar fotos destes letreiros no caminho casa-escola/escola-casa. Tenho certeza de que se eu dissesse que nossa atividade seria sobre palavras e/ou expressões no idioma alvo, presentes no nosso dia a dia, talvez eles não tivessem ficado tão motivados e empolgados para trabalhar ou aprender. Assim, eu omiti esse fato, mencionando que usaremos aparelhos eletrônicos em sala de aula, deixando bem claro que tudo será muito bem direcionado e supervisionado por mim. Afinal de contas, para levar o educando a obter sucesso ao final da prática a ser desenvolvida é preciso planejamento e supervisão.
Bem, caso no decorrer algum aluno tente burlar minha autoridade e faça uso de aparelhos eletrônicos de modo indevido em sala, basta eu recorrer à lei (Rs Rs). O importante é ter sempre a consciência tranquila de ter feito a coisa certa em prol do processo ensino-aprendizagem e dos meus educandos.
Prof. Carlos Fabiano de Souza     

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ter livros em casa aumenta o grau de educação

Por muito tempo se acreditou que o grau de estudos dos pais era um fator importante e determinante para a formação acadêmica dos filhos, mas, segundo uma pesquisa da Universidade de Nevada, a questão foi posta em dúvida. Segundo os pesquisadores, ter livros em casa é crucial para o aumento do grau de escolaridade dos filhos – e é mais importante do que o nível educacional dos pais.
Durante 20 anos, os pesquisadores analisaram hábitos de pais e crianças, assim como seus currículos, e chegaram à conclusão que as crianças que tiveram livros em casa avançaram pelo menos 3 anos no grau de escolaridade em comparação ao dos pais. De acordo com a psicopedagoga Maria Cristina Natel, a existência de livros é altamente benéfica para as crianças. “Nesta atmosfera, a criança tem uma imersão no ambiente da cultura e das letras, e isso faz com que ela se habitue ao universo da leitura, até mesmo antes de entrar na escola”, explica.
A pedagoga Célia Abicalil, coordenadora do Grupo de Pesquisa do Letramento Literário da Faculdade de Educação da UFMG, diz que a leitura forma o sujeito para a sociedade, porque faz com que ele tenha uma visão mais ampla de tudo que o cerca. “Uma criança que lê se torna um adulto mais inteiro no seu modo de olhar para o mundo”, diz.
Abicalil completa que o primeiro passo para incentivar a leitura é proporcionar o acesso aos livros, mas também aponta a importância de criar o hábito nos filhos. “Isso é fundamental para que eles se acostumem com o trabalho da leitura”, diz. Natel explica que os pais têm um papel importante nesta formação. “Não basta ter o livro em casa, o adulto precisa mediar o objeto de conhecimento”, diz.
Veja algumas dicas das especialistas que podem ser benéficos para estimular seu filho a ler 
- Ler para a criança e contar histórias para ela é o primeiro passo. Tal hábito, segundo as pedagogas, pode começar desde a gravidez.
- Ler em casa. O hábito de leitura dos pais influencia os pequenos a procurarem também os livros.
- Criar um ambiente para a criança ler: um local com prateleiras baixas e com espaço para ela sentar.
- Levar a criança em bibliotecas e livrarias.
- Quando mais velhas, apresentar livros de assuntos que despertem o interesse e conversar com elas sobre os enredos dos livros.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Planejamento ou Plano?


 
Quando iniciei minha caminhada na Educação estranhei a confusão gerada por muitos colegas pelo uso inadequado de algumas palavras. Na escola onde trabalhei uma profissional chegou à sala dos professores e disse-nos: “- Preciso que vocês entreguem o planejamento até a próxima semana!”
Estranhei! Como poderemos entregar algo que é abstrato? Seria o mesmo que dizer: Preciso que vocês entreguem a dedicação, o amor ou o comprometimento até a próxima semana! Na verdade, ela se referia ao “Plano” e não “Planejamento”. Senão vejamos:
Planejamento (substantivo abstrato) “é um processo, um conjunto de tarefas que são desempenhadas para alcançar as metas comuns e determinar os objetivos, estruturando a melhor maneira de atingi-los”. Dessa maneira, há uma concentração de esforços e utilização de recursos mais eficientes. O planejamento estratégico significa pensar a organização escolar como um todo em sua relação com o ambiente, numa perspectiva de futuro; é ver o todo antes das partes. Criar uma visão de futuro e os meios de alcançá-lo. Daí a importância de analisar o ambiente para definir a missão e escolher as estratégias de ação (posicionamento). “O planejamento serve de base para a preparação do plano de ação e, ainda, para a análise estratégica do objetivo a ser alcançado, ajudando a entender melhor a situação atual e as melhores alternativas ou meios para atingir os objetivos e as metas estipuladas. Os itens principais que contêm o planejamento estratégico são: identidade do processo a ser alcançado (visão, missão e valores); análise do problema, objetivos estratégicos e estratégias, táticas e plano de ação”.
Plano (substantivo concreto) “é formulação do produto final da utilização de determinada metodologia de planejamento. Documento formal que consolida as informações, atividades e decisões desenvolvidas no processo. Descrição do curso pretendido das ações”, ou seja, é o resultado final, a materialização da tarefa de planejamento.
E o que não faltam na Educação Pública são projetos (detesto essa palavra, que semanticamente cheira à gaveta emperrada), muitas vezes mal planejados, porque focam nos efeitos, desperdiçando tempo do servidor (ele é pago com os impostos e taxas oriundos do sacrifício de milhões de brasileiros) e dinheiro (que quando público não há preocupação com o custo-benefício).
Aliás, para nós professores, uma boa aula começa com um bom planejamento, cujo foco deve ser sempre o aluno (nossa matéria-prima) e não os conteúdos.
Boa aula!
Prof. Erivelton R. Almeida

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Marcas de batom no banheiro

Numa escola estava ocorrendo uma situação inusitada: meninas que usavam batom beijavam o espelho do banheiro todos os dias para remover o excesso de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora.

No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram.
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho! Que coisa!
Moral da história: Há professores e há educadores...
Comunicar é sempre um desafio!
Às vezes, precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados.
Por quê?
• Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade.
• Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência.
• Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença.
• Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.

Colaboração: Luiz Geraldo R. da Silva

Que educação de qualidade é essa que a Dilma quer?

Na semana passada, a presidente Dilma, com foco na educação, falou em rede de TV e rádio. Uma das principais questões colocadas por ela foi a necessidade de a sociedade se unir para melhorar a qualidade da educação. A presidente tem razão quando diz que a educação é o tema que tem mais facilidade para unir a sociedade. Quase todos os setores e classes sociais no Brasil, hoje, concordam que ela deve ser prioridade. Como consequência desse apoio, nossa Constituição exige que Estados e municípios apliquem pelo menos 25% de seus orçamentos em políticas de educação. Já a União é obrigada a aplicar, no mínimo, 18%.
Mas, infelizmente, essa unanimidade esconde um problema. Qual educação é defendida por cada setor da sociedade? Existem várias formas de exercê-la. A simples definição do currículo escolar (os conteúdos que serão ensinados na escola) esconde uma decisão que é extremamente ideológica. Pergunte aos empresários e certamente eles dirão que o Estado deve educar para o mercado de trabalho. Pergunte aos pesquisadores das escolas de aplicação e eles dirão que a educação tem que ser para a cidadania. Pergunte aos pais de alunos de classe média alta e eles dirão que deve preparar para o vestibular. Pergunte aos pais dos alunos pobres e eles dirão que precisa garantir um bom emprego.
No fim das contas, não discutimos qual o papel da escola e o que esperamos do aluno, após passar anos e anos dentro das salas de aula. Aprender a ler e escrever e a usar minimamente as ferramentas da matemática é consenso. Mas, e a partir daí? O que será a tal qualidade na escola que Dilma falou que devemos melhorar?

Tenho dois aspectos como certos. A primeira é que trocar educação por ensino não tem nada a ver com qualidade. Nossas escolas, em geral, se dedicam a fazer o aluno acumular conteúdos e têm a coragem de dizer que isso é educação. Mas isso é apenas ensino de conteúdos das matérias que as escolas propõem. É só olhar no dicionário e verificar a diferença entre os dois conceitos.
A segunda, e que muito me preocupa desde a campanha eleitoral, é que substituir o papel da iniciativa privada e misturar política pública de educação com ação populista também não é qualidade. Na campanha para governador de São Paulo, por exemplo, o candidato Aloísio Mercadante, depois de detectar que um dos maiores problemas percebidos pela população do Estado era a aprovação automática, preferiu o caminho fácil de prometer acabar com a promoção "simplificada" dos alunos. O agora ministro não se deu ao trabalho de explicar que a aprovação automática adotada pelo Estado de São Paulo é muito diferente da progressão continuada, que inclusive foi adotada por Paulo Freire no governo petista da ex-prefeita Luiza Erundina. Outra promessa que apareceu em vários Estados do País, além de em algumas campanhas presidenciais, foi a de o Estado financiar cursos técnicos em escolas particulares. Aloísio Mercadante chegou a insinuar que todo o ensino médio público de São Paulo seria profissionalizante.
Para a população, a proposta é tentadora. Um curso desses teria, em tese, uma estreita vinculação com o mercado de trabalho, de tal forma que garantiria um "bom" emprego para quem frequentasse seus bancos. Tão tentadora que a presidenta Dilma anunciou que, no próximo trimestre, será lançado um Prouni só para o ensino técnico, o Pronatec (Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica). O Estado irá, sem nenhum pudor, assumir função que deveria ser realizada e financiada pelas empresas, que serão as principais beneficiárias.
Não bastasse isso ser grave, as nossas escolas técnicas particulares são infinitamente mais questionáveis que as nossas escolas de ensino superior particulares. Se no ensino superior – para o qual já temos algumas formas de regulamentação, avaliação e controle – os resultados são sofríveis, imaginemos como é nas escolas técnicas. Mais do que no ensino superior, muitas escolas técnicas particulares são verdadeiros "caça-níqueis" e oferecem qualquer educação atrás de um dinheirinho. O Estado deveria atuar para proteger a população desses empresários, mas agora vai financiá-las.
Além disso, a popularização do ensino técnico pode fazer com que estudantes de famílias pobres se limitem a tarefas de operadores e fiquem longe das carreiras que pagam mais e que concentram as decisões dos caminhos da sociedade. Um aluno, proveniente de família pobre que faz um curso técnico e arruma um emprego que pague R$ 1.500 dificilmente o largará para tentar ser engenheiro, médico, administrador ou advogado.
A experiência de algumas regiões, como o ABC paulista, também é fator de preocupação. Lá, os metalúrgicos recebiam muito mais que a média dos trabalhadores de nível técnico no País. Lula foi um deles. A enxurrada de profissionais formados pelo SENAI - com dinheiro público renunciado a favor do sistema S - e a diminuição de vagas nas cadeias produtivas do setor automobilístico fez com que os salários baixassem muito e que muitos dos técnicos formados em carreiras do setor tivessem que trabalhar no setor de serviços.
 Prof. Marcelo Prado

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A lição do menino

Quando meus quatro filhos eram crianças, costumávamos ao final da tarde brincar de bola na rua em frente à casa onde morávamos. Eram momentos divertidos, após longo dia de trabalho burocrático (eu ainda não era professor). Só parávamos quando anoitecia, pois já era hora de tomar banho, jantar e depois juntos assistirmos à TV.
Um dia, no calor da brincadeira, a bola cai no terreno baldio que havia ao lado de nossa casa. Como já estava noite, deixei para pegá-la no dia seguinte.
Ao acordar lá fui eu pegar a redonda. O terreno era murado e tinha um pequeno portão de gradil com um cadeado cuja chave eu possuía uma cópia. A outra ficava com o vizinho que diariamente lá colocava seus dois cavalos pra pernoitar e pastar, o que era bom, pois mantinha o mato bem rasteiro.
Após abrir o portão, entro e começo a procurar a pelota. Olho aqui, ali e depois de uma longa procura finalmente a encontro. Quando vou me encaminhando para sair, observo que um dos cavalos havia escapulido e agora pastava mansamente um reles capim ao lado do meio-fio da rua.
­— Essa vai ser mole, pensei! Corro e começo a tocar o cavalo, fazendo-o entrar de volta ao terreno. Percebo que quanto mais gesticulava os braços e embicava os lábios em sinais sonoros que observara os carroceiros fazerem para tocar suas mulas, mais o teimoso equino se afastava.
Começava a me desesperar, pois o animal já se encontrava longe do alvo, foi quando me lembrei de seu Moacir, um velho carroceiro que morava no final da rua. Arfando e mostrando súplica no olhar, bato palmas e chamo pelo meu possível salvador: — Seu Moaciiiiiir! Seu Moaciiiir...
A esposa vem me atender e diz que ele não se encontrava em casa. Eu conto-lhe o meu “drama” e ela prontamente se dirige ao filho e diz: — Vai ajudar o moço!
Olho descrente para aquele menino franzino, não mais que 7 anos de idade, sujinho, vestido só com uma cueca furada, chupeta na boca... Não dava pra acreditar que aquele “projeto de gente grande” iria ter sucesso onde eu havia fracassado.
Mas lá fui eu, correndo para alcançar aquelas pernas que mais pareciam dois negros palitinhos. Parei no portão do terreno e fiquei extasiado, observando a destreza do pequeno que num piscar de olhos conduziu o cavalo para onde eu havia tentado sem sucesso. Não tive nem tempo de agradecê-lo, pois do jeito que chegou, desaparecera como um raio.
Até hoje aquela cena não me sai da cabeça.
Porém, ficou uma grandiosa e belíssima lição para o hoje mestre e professor: por mais que sejamos detentores de títulos, informações e conhecimentos, sempre haverá pessoas que consideramos “menores” com grandes coisas pra nos ensinar.
Como na vida, assim é na escola: o professor se faz educador no processo, e quase nunca estamos preparados para o inusitado. Se a palavra professor fosse um verbo, só deveria ser conjugado no gerúndio — professando. E assim como o sentido do texto se completa com o leitor, a incompletude do educador só é preenchida pelos valores que ele consegue enxergar em seu educando.
Prof. Erivelton R. Almeida

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DEPENDE DA POSIÇÃO...

Segundo estudos recentes,
parado, fortalece a coluna;
de cabeça baixa, estimula a circulação do sangue;
de barriga para cima é mais prazeroso;
sozinho é estimulante;
em grupo, pode até ser divertido;
no banho, pode ser arriscado;
no automóvel, é muito perigoso...
com frequência, desenvolve a imaginação;
entre duas pessoas, enriquece o conhecimento;
de joelhos, o resultado pode ser  doloroso...

Enfim, sobre a mesa ou no escritório,
antes de comer ou depois da sobremesa,
sobre a cama ou na rede,
nus ou vestidos,
sobre o sofá ou no tapete,
com música ou em silêncio,
entre lençóis ou no "closet":
sempre é um ato de amor e de enriquecimento.
Não importa a idade, nem a raça, nem a crença,
nem o sexo, nem a posição socioeconômica...  

...Ler é sempre um prazer!!!

Definitivamente, o ato de ler leva você a desfrutar e desenvolver a imaginação...

...E VOCÊ ACABOU DE EXPERIMENTAR ESSE FATO...!!!












Colaboração: Profa. Dinês Rangel