domingo, 6 de fevereiro de 2011

Licenciaturas ‘Online’: Caminho sem volta?

Por Carlos Fabiano de Souza
A cada novo ano, parece-me que os cursos de licenciatura em instituições de ensino particular, em especial, perdem cada vez mais espaço em ambientes presenciais. As faculdades privadas que oferecem cursos de graduação em Letras, História, Geografia, Matemática e Biologia em nossa cidade (Campos dos Goytacazes/RJ) já parecem estar conformadas com o atual panorama educacional. Por isso, é com tristeza que vejo o ensino à distância (EaD) ganhar fôlego diante desta realidade, pois ele é o responsável por receber os alunos que ainda almejam tornarem-se licenciados apesar da má propaganda feita há alguns bons anos (até mesmo por colegas de profissão) sobre O OFÍCIO DE SER PROFESSOR no Brasil. Basta uma rápida olhada nos dados fornecidos pelo Censo da Educação Superior de 2009 (Resumo Técnico 2009, disponível em material PDF ‘online’) para percebermos o quanto caminhamos rumo ao ensino à distância. De acordo com o resumo, “ao comparar a distribuição do número de matrículas por grau acadêmico, segundo a modalidade de ensino, verifica-se que, enquanto 71% dos cursos presenciais são de bacharelado, metade dos cursos de EaD é de licenciatura.”(grifo do autor)
Bem, não me coloco na posição de defensor do ensino presencial em detrimento do ensino à distância. No entanto, ressalto que diante do atual cenário mundial, no qual o ambiente virtual ganha cada vez mais força, o PROFESSOR, com sua PRESENÇA HUMANA, ainda é muito importante. Graças aos esforços dos incansáveis professores do ensino superior deste país e ao tempo que todos eles dedicam à formação docente, muitos alunos descobrem que podem se tornar pessoas melhores, grandes profissionais e, desta maneira, contribuir significativamente com a formação de seus futuros alunos. Os ‘verdadeiros’ professores, os que de fato estabelecem um maior contato com os seus educandos em ambientes presenciais, são aqueles que ensinam mensagens que não ficarão restritas apenas aos muros da Instituição de Ensino. As verdadeiras lições de nossos mestres são as que carregaremos para sempre!

4 comentários:

  1. Olá, Fabiano
    Sou defensora de cursos a distância até porque trabalho com eles no IF Fluminense.No entanto, combato veementemente os cursos de má qualidade e aqueles professores que se dizem educadores sem sê-los.Presença humana, como diz vc, não significa presença física.Muitas vezes temos o professor presencial e estamos bastante distante dele. O afeto, a doação e a compreensão são qualidades que se percebe na presença real ou virtual.
    Um beijo
    Maria Lúcia

    ResponderExcluir
  2. Olá, Maria Lúcia!

    Primeiramente, tenho plena consciência da relevância das novas TICs para o processo educacional como um todo. No que se refere ao uso de computadores, acredito que estes nunca substituirão os professores. Contudo, os professores que não utilizarem os PCs de modo proficiente serão fatalmente substituídos por aqueles profissionais que sabem utilizá-los. Estudos nesta área são realmente de meu interesse e, portanto, sinto-me bastante à vontade para debater tais questões.
    Bem, seu apontamento, acerca dos cursos de má qualidade e docentes que se dizem educadores sem sê-los, foi bastante pertinente. Diante de tal fato, devo ressaltar que concordo plenamente com você. Porém, acredito que no que tange aos cursos de licenciatura à distância (em especial, cursos oferecidos por algumas instituições privadas) ainda há um grande caminho a ser percorrido para que tenhamos certeza de que profissionais realmente competentes e qualificados estejam sendo formados.
    Fato é que a questão levantada carece de maiores detalhes cuja fundamentação possa não ser embasada apenas em 'ACHISMOs'. Quem sabe em um próximo 'post'? Hehehe

    ALERTA: Alunos que em ambientes presenciais não se dedicam totalmente à construção do conhecimento, que exercem influência negativa - (direta ou indiretamente) moldando o sistema de ensino da instituição na qual estudam (pelo simples fato de que estão pagando), por certo também atuarão da mesma forma em ambientes virtuais de aprendizagem. É triste saber que muitas instituições-empresas estão bem mais preocupadas com questões financeiras do que com as questões que norteiam os princípios básicos da educação. Pelo menos nos resta um consolo: "Quem não tem competência, não se estabelece." Sendo assim, muitos terão o 'diploma', no entanto, somente os 'BONS' ocuparão um lugar de destaque. Dito isto, agora é rezar para que nossos filhos caiam nas mãos de 'bons' profissionais, pois há espaço para todos os 'gostos' neste mundo insano.

    Bjs
    Carlos Fabiano

    ResponderExcluir
  3. Isso mesmo, Fabiano, afinal, educação é uma questão de consciência e de postura.Para muitos fazemos gastos com educação, para outros investimentos para o futuro. Percebe a diferença?
    Abços

    ResponderExcluir
  4. Perfeito!

    A propósito, mudando parcialmente o foco . . . no que se refere aos investimentos em educação, recorro ao apontamento feito por Maria Thereza Lopes de Azevedo em seu texto "A Educação e o Desenvolvimento Social", quando afirma: "[...]há busca constante no sentido de fazer com que as políticas públicas dirigidas às áreas sociais, especialmente à educação, sejam políticas de longo alcance, que superem os mandatos dos governantes eleitos e se cristalizem em ações duradouras, transformando a educação em função de Estado, independente de governo e governantes, que são transitórios."

    Sendo assim, resta-me finalizar com a mensagem (referenciada no texto em questão) deixada por Moacir Gadotti no artigo 'Perspectivas Atuais da Educação' ao comentar que "espera-se que a educação do futuro seja mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo tempo nossa causa e nosso desafio".

    Forte Abraço =]

    ResponderExcluir