domingo, 30 de setembro de 2012

ELEIÇÕES 2012: O perfil ideal do secretário municipal de Educação

 No dia 07 de outubro, as 5.565 cidades brasileiras definirão seus novos prefeitos e, consequente e indiretamente, novos secretários municipais de Educação. A escolha é decisiva para determinar os rumos da base da Educação brasileira nos próximos 4 anos. Afinal, as redes municipais são responsáveis por atender a demanda da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
Os secretários são escolhidos pelos prefeitos. Por isso, durante a campanha, nem sempre é possível saber qual nome ocupará a pasta. “Os critérios de nomeação nem sempre são objetivos. Na maior parte das vezes, pesa a relação de confiança”, explica Sinoel Batista, consultor de gestão municipal.
A responsabilidade do gestor da Educação do município é grande, ressaltam os especialistas. “É o cargo mais importante num município, depois do prefeito. Por isso, é uma vaga muito visada. Na caneta desse gestor está 25% do orçamento de toda a prefeitura. Escolher um nome errado tem impacto em toda a gestão municipal”, afirma Flávio Caetano da Silva, professor da pós-graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Para saber quais características formam o perfil ideal de um bom secretário de Educação, o Todos Pela Educação conversou com gestores, especialistas em financiamento e políticas educacionais e com entidades que fiscalizam o processo eleitoral. Abaixo, os principais aspectos ressaltados por eles.
1.    Ser comprometido com a qualidade da Educação
O secretário deve ser alguém interessado pela área que vai administrar, apresentando propostas sólidas que demonstrem o seu entendimento do tema e sua vontade de mudar. “O compromisso com a ampliação do acesso à Educação pública e com os gastos em manutenção e desenvolvimento de ensino, objetivando a qualidade da Educação municipal são dois exemplos disso”, relata a professora Thereza Adrião, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O comprometimento com o investimento na área, segundo os pesquisadores, tem relação direta com a qualidade. “As metas do PNE (Plano Nacional de Educação) implicam numa maior participação da União, já que os municípios não darão conta. Por isso, é importante o candidato ter clareza nessa questão”, afirma Andréa Barbosa Gouveia, do Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

2. Conhecer a área da Educação
Ter noções pedagógicas, conhecer os programas do Ministério da Educação (MEC) – como o Plano de Ações Articulada (PAR), por exemplo – e compreender a legislação da área. Estes são apenas alguns dos aspectos que o secretário deve ter para gerir bem a rede.
“Ele deve conhecer a Educação como um todo: dados das dificuldades dos alunos, perfil dos estudantes, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), bons projetos e experiências já desenvolvidas na área”, afirma a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Maria Nilene Badeca da Costa.
Os especialistas destacam que é importante o secretário ser da área de Educação – porém isso não é vital caso ele construa uma equipe técnica consistente.

3.    Montar uma boa equipe
Montar uma equipe que dê as condições básicas para que os projetos se realizem é tão fundamental quanto a escolha de um bom nome para ocupar o cargo de secretário. “Nenhum gestor vai reunir todas as características ideais. Isso não existe. Portanto, a melhor opção é reconhecer os pontos fracos e contratar pessoas que sejam fortes nesses aspectos para formar a equipe técnica”, resume Sinoel Batista.

4. Ser um bom articulador
O compromisso do secretário com o caráter público da gestão passa pela capacidade de articulação entre os vários segmentos interessados na Educação do município. “Por essa razão, o gestor deve ter disposição para o debate porque, se a Educação é questão pública, vários interesses, concepções, posições estarão presentes, expressos por segmentos diversos”, explica Tais Moura Tavares, professora do Núcleo de Política, Gestão e Financiamento da Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Um gestor público necessita estar disposto a reconhecer as diferenças, os conflitos e ter capacidade de negociação.”
Cleuza Repulho, presidente da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e secretária de São Bernardo do Campo (SP) lembra também a relação com os sindicatos. “O secretário tem que saber dialogar com os professores, coordenadores e diretores para obter os melhores resultados para a rede”, afirma.

5. Propor uma gestão democrática
O secretário deve dialogar com as comunidades escolares e com a população em geral, valorizando o debate que ocorre nos conselhos escolares e no Conselho Municipal de Educação da cidade. “Esses dois mecanismos são responsáveis por democratizar a política educacional de uma cidade”, afirma Flávio da Silva, da UFSCar. Ele também destaca a importância do plano municipal de Educação ser discutido com a sociedade.

6. Ter conhecimento da realidade educacional do município
Conhecer o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da rede – incluindo os patamares de proficiência em português e matemática que o índice oferece –, bem como os resultados das avaliações estaduais e municipais é essencial para traçar um plano de melhoria. “O gestor precisa ter clareza dos dados para poder colocar metas factíveis e organizar bem o seu orçamento”, afirma Cleuza Repulho, da Undime. “É fundamental ter envolvimento com o diagnóstico da rede.”

7. Ter vida pregressa limpa
Estar munido de dados concretos sobre os candidatos é um dos principais fatores que ajudam a decidir o voto. “O eleitor pode procurar informações nos tribunais de conta, em processos judiciais e até observar se o político é devedor do INSS”, diz Claudio Weber Abramo, diretor executivo da Transparência Brasil, organização independente que luta contra a corrupção. “Nas capitais, temos uma mídia atuante, que denuncia irregularidades e amplia o acesso a informação. Já nas cidades pequenas, a situação é bem mais complicada”, lembra ele.

8. Efetivar o regime de colaboração
Apesar de estar previsto na Constituição, o regime de colaboração entre os entes federados existe, segundo os especialistas, somente no papel. É o regime que define a forma como estados, municípios e governo federal devem cooperar entre si para a oferta dos serviços educacionais – ou seja, que demarca as responsabilidades e a divisão dos recursos para cada um. Sem ele, não há como criar um Sistema Nacional de Educação.
“A Educação Básica é compartida entre os entes federados, ou seja, é responsabilidade da União, estados e municípios e o cidadão está sujeito ao que se decida em todas essas esferas”, afirma Tais Tavares da UFPR. “O aluno que sai de uma escola municipal para uma estadual, por exemplo, tem direito a uma articulação entre as gestões – há necessidade de continuidade do acompanhamento. Ou seja, ele não é um cidadão ‘municipal’ que passa a ser ‘estadual’. Ele é uma criança ou um adolescente no meio de um percurso educacional, que precisa ser mantido para garantir o direito a uma educação de qualidade”, completa.
Tais ainda lembra que existe uma grande mobilidade das populações entre municípios, principalmente nas regiões metropolitanas. “Não dá para cada município gerir a Educação isoladamente se a população circula na região cotidianamente. Não tem sentido uma mãe andar três quilômetros para levar a criança para a creche se a uma quadra da sua casa, no outro município, há uma creche pública.”

9. Dar continuidade às políticas da gestão anterior
É muito comum a troca de partidos na prefeitura implicar no fim de projetos começados pela sigla anterior – mesmo que os programas implementados estivessem dando certo. Para os especialistas, esse tipo de atitude dos novos prefeitos é nefasta para a rede municipal.
“A descontinuidade tem sido um dos grandes problemas na política educacional. Propor uma visão não imediatista dos resultados das políticas sociais implica em não abandonar o que vem se fazendo apenas porque é da gestão anterior ou do ‘adversário’”, diz Tais Tavares, da UFPR.
Flávio da Silva, da UFSCar, ressalta que o secretário que deixa o cargo deve ser cuidadoso nas informações e contas que deixa para o seu substituto. “Acontece com frequência de se deixar grandes dívidas para o próximo a assumir o mandato.”

10. Articular políticas intersetorais
Pesquisas demonstram cada vez mais que, para o atendimento de crianças na primeira infância, há a necessidade de políticas que cruzem, especialmente, Educação, saúde e assistência social. “Alunos que estão em locais onde há maior aporte de equipamentos públicos e acesso a politicas de saúde, assistência e cultura, têm melhor desempenho escolar. Está na hora de propor políticas que articulem essas áreas. Isso potencializa o uso dos recursos de cada área e gera efetividade. Para a Educação, tem impactos importantes nas condições do aluno e na qualidade de ensino”, relata a pesquisadora Tais Tavares, da UFPR.
Mariana Mandelli

Educação requer trabalho já, na cidade e no campo

O desempenho das escolas de Ensino Médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), foi classificado pelo movimento Todos pela Educação como “uma verdadeira crise do modelo de ensino atual”. Apesar de a média geral ter sido atingida, ficando em 3,7 pontos (em uma escala que vai até 10), o indicador caiu em relação a 2009 em nove estados: Acre, Pará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul. Acontece que temos uma crise por duas razões: primeiro porque esta etapa acaba recebendo o acúmulo das deficiências das etapas anteriores, ou seja, o aluno chega com muitas lacunas de aprendizagem. Em segundo lugar, ocorre um problema de estrutura. Temos um Ensino Médio com 14 disciplinas obrigatórias, não se consegue aprofundar em tema nenhum, a fragmentação é enorme, segundo especialistas em educação. Educação, então, requer muito trabalho, tanto na cidade como no meio rural. O Rio Grande do Sul, há décadas, não tem uma solução definitiva para a questão, governo após governo.
Porém, o governo federal lançou o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo), a fim de formar professores, educar jovens e adultos e garantir práticas pedagógicas para reduzir as distorções no cenário educacional do campo. A iniciativa dará uma grande contribuição para que o Brasil resgate uma dívida histórica, uma vez que não temos uma política específica de educação para os jovens do meio rural. Em questão de vida pessoal e dos governantes, temos duas tragédias. Uma delas é não se conseguir o anseio de uma realização, de um desejo de fazer coisas acontecerem. A outra poderá ser, justamente, o fato de alcançarmos um objetivo. O Ministério da Educação informa que, nos últimos cinco anos, foram fechadas 13.691 escolas no campo. Ora, isso é um escândalo, ainda que, em um ou outro caso, existam motivos que justifiquem a medida. Acontece que muitas prefeituras querem reduzir os custos no setor, um erro crasso e com prejuízos irreversíveis à boa formação das novas gerações. Parte do fenômeno é decorrente da própria urbanização, mas a outra é uma redução de custo. O prefeito põe uma condução que vai buscar os alunos mais longe e economiza recursos, mas é uma economia que sai caro para o Brasil. Essas crianças são muito sobrecarregadas, às vezes andando mais de 100 quilômetros para estudar.
O Pronacampo garantirá o acesso de 1,9 milhão de estudantes a bibliotecas, implantando ensino integral em mais de 10 mil escolas, promovendo a formação continuada para mais de 10 mil professores, com 120 mil bolsas de formação profissional no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Também disponibilizará recursos para a construção de 3 mil escolas e aquisição de 8 mil ônibus escolares. Os pequenos agricultores e os assentados, uma população pobre, mas produtiva no campo, serão assistidos. No meio rural, 23,18% da população com mais de 15 anos é analfabeta, e 50,95% não concluiu o Ensino Fundamental. O fato é que nem dinheiro nem sucesso aproximam-se, mesmo remotamente, da sensação que um empresário ou um político tem quando fazem algo de bom para o seu País.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)

sábado, 29 de setembro de 2012

O discurso sobre a Educação

Muito se diz sobre a importância da Educação na vida das pessoas, seja no âmbito pessoal, seja no profissional. Historicamente, no Brasil, a Educação nunca teve seu devido reconhecimento pelos seus gestores, nos diferentes níveis de Ensino. Estudos recentes do MEC comprovam a situação pela qual passa a Educação do Ensino básico no Brasil.
Apesar de haver pequenos avanços no Ensino brasileiro nos últimos anos, mantém-se aquém do ideal esperado para esta realidade. Numa pontuação que alterna de 0 a 10, chegou à média 3,7 na nota do Ideb de 2011. No comparativo do Brasil com países desenvolvidos, como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Finlândia e Coreia do Sul, para citar alguns exemplos, e inclusive aos em desenvolvimento, Argentina, Chile etc., no referente a esse mesmo grau de Ensino, a cizânia é ainda maior, pois esses chegam, nessa comparação, à média de seis pontos. Temos de considerar as realidades distintas entre esses países com o nosso nos aspectos geográficos, econômicos, culturais e políticos, sobretudo. Esses fenômenos, de algum modo, revelam as características fisionômicas de um país, bem como antecipam o que se deve ter como prioridade de uma nação que almeja desenvolvimento e sustentabilidade deste mesmo e assim alcançar progressivamente condições sociais de emancipação humana dos seus cidadãos, a começar pelo investimento na Educação.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação básica) resulta da equação, cujas referências são: o desempenho dos estudantes em avaliações de matemática e português, através dos exames da Prova Brasil ou Saeb, bem como das taxas de aprovação, reprovação e abandono Escolar. Contudo, já se ouvem discursos de fazer também do Enem (Exame Nacional do Ensino médio) instrumento de avaliação para tal índice. Talvez possa ser mais um meio de eufemismo à Educação no contexto brasileiro. Assim garantir-se-iam novamente os números, e não a qualidade, a qual deveria convir de protótipo a ser alcançado por ações estratégicas de governo neste ínterim.
A Educação brasileira precisa é de transformação e não de simples paliativos, como se tem feito até então. Uma transformação que aconteça simultaneamente de cima para baixo e de baixo para cima, em todos os níveis do Ensino. Para isso, precisa de uma gestão descentralizada com padrões nacionais de políticas públicas que envolva União, Estados e municípios ao mesmo tempo. Além disso, de um plano estratégico, a começar por uma reforma pedagógica baseada em paradigmas de capacitações gerais e práticas do Ensino compatíveis com a realidade. Ter como metas a utilização das novas tecnologias, métodos científicos em cada disciplina e da interdisciplinaridade, em contraposição a fragmentação do conhecimento, e a formação continuada dos Professores, de todos os níveis e modalidades, levando-se em conta as constantes transformações e complexidades inerentes à sociedade contemporânea.
O primeiro passo dado pelos países líderes da Educação no mundo foi o investimento nos Professores e na formação dos mesmos, em sequência às estruturas das Escolas. Segundo Tapio Varis, catedrático da Unesco e Professor das universidades de Tampere e Helsinki, na Finlândia, a Educação é uma questão de estratégia. Algo a ser vivenciado e respeitado. Para a pedagoga Ivania Cover, a relação teoria e prática é um fator relevante à qualidade do Ensino, pois se estabelece vínculo do que se aprende com o que é vivenciado no dia a dia. Educação é valor, é ação constante do diálogo dos saberes para um mundo que se almeja mais humano. Para isso, não pode haver um discurso contraditório sobre a Educação.
Fonte: Zero Hora (RS)

Projeto prevê uma biblioteca pública em cada município

A Câmara analisa o Projeto de Lei 3727/12, que inclui entre os princípios do ensino, previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), a presença de pelo menos uma biblioteca pública em cada município brasileiro.
Conforme a proposta, do deputado Jose Stédile (PSB-RS), será obrigatório um acervo de no mínimo um título para cada habitante do município. Caberá ao Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas determinar a ampliação desse acervo conforme a realidade de cada município, além de divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas.
O projeto estabelece ainda que os municípios, dentro de sua autonomia e capacidade financeira, deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas públicas seja efetivada no prazo máximo de cinco anos.
“A verdadeira função de uma biblioteca pública é promover o desenvolvimento do contexto social onde atua. Para isso, deverá atender aos diferentes tipos de usuários: infantil e adulto, alfabetizado, neoalfabetizado e não alfabetizado, o recluso e o livre, o hospitalizado, o deficiente físico e visual, entre outros”, afirma.
São 11 os princípios do ensino previstos na LDB, entre eles: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte: Agência Câmara

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Aprovação automática gera polêmica

 
A discussão sobre aprovação automática nas Escolas do Rio voltou à baila nas eleições. O prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), rebateu os ataques de Rodrigo Maia (DEM), que o acusou de "disfarçar" índices de repetência na rede municipal.
- Isso é opinião dele. É claro que não há aprovação automática - disse Paes. 
Em entrevista no GLOBO, anteontem, Maia afirmou que os Professores têm de cumprir a meta de reprovar, no máximo, 8% dos Alunos no primeiro segmento e 16% no segundo. 
A Secretaria municipal de Educação nega que haja as metas. Diz também que o regime de progressão continuada, que permite aprovação automática, continua vigente nos três primeiros anos (Alfabetização) do primeiro ciclo da rede. 
- Ele (Paes) tem que dizer a verdade. A aprovação automática não acabou para todos os Alunos - disse Maia.
Segundo a prefeitura do Rio, a progressão continuada existe apenas nos anos iniciais porque segue a resolução 7 editada em dezembro de 2010 do Conselho Nacional de Educação - que entende que a repetência nos primeiros anos de estudo pode causar prejuízos na Alfabetização das crianças. 
O MEC, porém, informou ao GLOBO que a resolução é uma orientação dada ao sistema de Ensino, não uma exigência. Ainda de acordo com a informação do MEC, os municípios têm autonomia para seguir as regras de acordo com as peculiaridades de sua rede.
Fonte: O Globo (RJ)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os gastos com Educação

Apoiado por estudantes, movimentos sociais e ONGs, o projeto que obriga a União, os Estados e os municípios a destinarem 10% do PIB para a Educação pública tornou-se uma enorme dor de cabeça para o governo. O projeto foi aprovado, em caráter terminativo, por uma comissão especial da Câmara dos Deputados às vésperas do recesso legislativo de julho. Mas, alegando que o poder público não tem de onde tirar tantos recursos para cumprir essa determinação, o Palácio do Planalto montou uma estratégia para tentar impedir que o projeto seguisse para o Senado. E fracassou. A ideia era derrubar o projeto ainda na Câmara, evitando que seguisse para o Senado.
Para isso, o Planalto pediu às lideranças da base aliada que apresentassem um recurso, pedindo que o projeto fosse apreciado pelo plenário, onde o governo tem maioria. Encabeçado pelos líderes do governo, Arlindo Chinaglia, e do PT, Jilmar Tatto, o recurso foi assinado por 80 parlamentares situacionistas, entre os dias 9 de agosto e 3 de setembro. Mas, com medo de enfrentar problemas políticos em seus redutos eleitorais, na campanha para o pleito municipal de 3 de outubro, 46 deputados do PMDB, PSD, PDT e do PT retiraram sua assinatura e o recurso foi retirado da pauta e engavetado.
Com isso, o projeto agora passará pela Comissão de Constituição e Justiça, que não pode alterar substantivamente o texto, limitando-se a fazer ajustes na redação final. Depois, seguirá para o Senado, onde o governo terá mais dificuldades políticas para derrubá-lo. O movimento de retirada das assinaturas foi coordenado pelo líder do PDT, deputado André Figueiredo. “Quem deseja uma Educação de qualidade não pode jamais ser contra a elevação do investimento”, disse ele. “Agora, em que fonte buscar os recursos para se chegar ao montante proposto?”, indagou Chinaglia, depois de lembrar que o projeto não define as participações da União, Estados e municípios na formação dos 10% do PIB.
Atualmente, o Brasil gasta 5,1% do PIB para financiar a rede pública de Ensino, em todos seus níveis. Ao elaborar o Plano Nacional de Educação para a década de 2010, o então ministro da Educação, Fernando Haddad, previu um gasto mínimo de 7% do PIB. Preocupados em levantar uma bandeira política para as eleições municipais de 2012, deputados de todos os partidos – inclusive da base aliada – aumentaram esse porcentual para 7,5%. Mas, na hora da votação na comissão especial, os líderes partidários alegaram que havia necessidade de recursos para a implantação do regime de tempo integral no Ensino fundamental e aprovaram os 10% do PIB.
Antes da votação, a equipe econômica do governo tentou persuadir as lideranças partidárias a rejeitar essa proposta, mas o fez de modo pouco enfático, por receio de atrapalhar a campanha dos candidatos petistas no pleito de outubro. Como movimentos sociais e ONGs já deixaram claro que se mobilizarão para tentar impedir a reeleição dos senadores que votarem contra a proposta, o Palácio do Planalto teme que os líderes situacionistas no Senado não consigam controlar a base aliada e percam o controle da situação. Tanto a equipe econômica do governo como especialistas em Educação afirmam que a destinação de 10% do PIB para a Educação poderá aumentar os gastos perdulários dos municípios, Estados e até da União com Ensino.
A partir de 2003, por exemplo, o governo Lula aumentou sem planejamento a rede de universidades federais, criando instituições onde não havia demanda, em vez de investir no aprimoramento da qualidade da rede pública de Ensino fundamental.Umdos fatores responsáveis pela greve das universidades federais este ano, e que ainda não terminou em grande parte delas, é o descontentamento dos Professores com a falta de condições mínimas de trabalho nas instituições recém-criadas. A Educação é prioritária, mas a destinação de recursos para o setor tem de ser compatível com a realidade orçamentária. É por isso que cabe ao Senado derrubar essa proposta, não se curvando às pressões de ONGs e movimentos sociais.
Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Mostrando a Língua - 61

Prezados diqueiros,

Em homenagem a São Cosme e São Damião (amanhã) mando hoje  duas curtinhas, mas bem instigantes. Uma vem de nosso diqueiro Vilmar Rangel, poeta, meu confrade na ACL, homem de refinada e bela escrita. A outra vem do amigo José Luiz, professor, engenheiro, criativa e bem humorada presença em minha vida que está longe (Bahia- que sacrifício!), mas curte nossas dicas e, entre um axé e a boa comida da Dadá, tem tempo para estudar!

 

Dica 1: a de Vilmar:

Bebê, por vezes me esqueço de algumas dicas que já circularam. Agora, por exemplo (e após a reforma ortográfica), me assalta a dúvida do uso do pós, com hífen ou sem hífen. Aliás, por que hífen termina com "n''? Mas isso é outra história...

Bem, vamos lá: Pós-Modernidade? Pós modernidade ?

Afinal, como está correto neste e noutros casos?

Bjs

V

 

Vamos à questão do hífen com o prefixo pós: pós-modernidade ou pós modernidade?

Com os prefixos pós, pró, pré - usa-se o hífen, quando forem tônicos e acentuados.

Ex: pós-graduação

Pós-modernidade

Pró-memória

Pró-reitor

Pré-nupcial

Pré- parto

Pré-escolar

Não se usa o hífen, portanto, quando é átono e sem acento como em: predeterminado, pressupor, pospor, etc.

 

Agora, por que hífen termina com 'n'?

Pensei que vc quisesse saber por que a palavra tem 'h' e aproveito para explicar as duas ocorrências. Trata-se da origem. Hífen origina-se do grego hyphen (com 'n') que quer dizer 'juntamente' e, era pronunciado com o 'h' aspirado como no inglês have, hand. Chegou à língua portuguesa pelas mãos do latim que manteve o 'h', mas já sem som.

   

Dica 2: a de José Luis

Prezada amiga Ednalda,

Quando tempo!!!!!!! A Bahia sente a sua falta, apareça, ouviu (estou sem ponto de interrogação neste computador)

Bom, acho que a minha dúvida já foi esclarecida por aqui, mas procurei e não encontrei.

No caso da sigla ISO (ISO 26000, ISO 9000, ...) Não vejo serem escritas como I.S.O.; então é certo escrever sem os pontos de abreviações?

Beijos baianos, rsrsrsrs

José Luiz da Silva

 

Pois muito bem: iso não é abreviação; é sigla e não tem ponto, como também, ONU, CEP, IOF.

Exemplo de abreviação- moto, fone, cine, etc

Exemplo de abreviatura- adj.; gên.; a.c.; d.c.

 

Espero ter respondido satisfatoriamente. Obrigada pela oportunidade de poder colaborar.

Até quarta, pessoal,

Abraço fraterno da Edinalda

Novo presidente do Ipea diz que qualidade da Educação é o maior desafio para a política pública

 O economista Marcelo Neri, empossado hoje (12), em Brasília, como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quer aumentar a participação do órgão como formulador e assessor dos ministérios para concepção e monitoramento de políticas públicas, especialmente na área da educação. “Essa é a política pública que mais gera efeito sobre as outras”, acredita.
Segundo Neri, a preocupação é fazer os “dois brasis” avançarem: o país que ainda tem um grande passivo (grande número de analfabetos, pessoas com baixa escolaridade e má qualidade do ensino); e o país que, para crescer, precisa de força de trabalho qualificada. “O Brasil velho e Brasil do futuro têm que andar juntos”, disse.
O economista diz que o gargalo da mão de obra ocorre em todos os setores, inclusive entre os segmentos menos qualificados (empregadas domésticas, operários da construção civil e trabalhadores da agricultura) – o que já pode ser sinal da elevação do padrão de vida e aspirações das camadas mais baixas na distribuição de renda. “É um bom apagão no sentido de que o Brasil vai ter que mudar suas tecnologias”, disse.
Neri, que admite “não ter nascido no Ipea, mas ter sido criado no instituto”, avalia que o órgão tem “massa crítica” e “uma tradição impressionante” para reflexão sobre os problemas socioeconômicos e pretende orientar o Ipea para que ajude o país a “avançar mais na vertical”.
Segundo Neri, continua ocorrendo um movimento de ascensão social verificado nos últimos anos, mas que ainda não foi bem captado pela pesquisa social. “Há mais coisas acontecendo no Brasil do que os nossos olhos conseguiram enxergar até agora”, disse, após citar os impactos do Programa Brasil Carinhoso, da queda da mortalidade, o crescimento da renda dos analfabetos e a elevação do padrão de vida dos 20% mais pobres de forma mais acelerada do que ocorre na China, na Rússia e na Índia (os países que, com o Brasil, formam o Bric, bloco das economias emergentes).
O estudo desses fenômenos podem gerar surpresas entre os pesquisadores do Ipea. “Do ponto de vista do pesquisador, o Brasil é um país que oferece todas as surpresas. A gente acha aquilo que não esperava achar. Para o pesquisador, o grande momento não é quando você confirma o que esperava achar, mas quando descobre algo que não sabia”.
Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Ensino Médio e as repercussões no Ensino Superior

A má formação dos estudantes do ensino básico (fundamental e médio), que o Ideb só veio confirmar, tem repercussões extremamente negativas no ensino superior. O Brasil tem demonstrado péssimo desempenho em todos os testes internacionais e se situa próximo à 50.ª posição nos exames do Pisa (organizado pela OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que são aplicados a estudantes do ensino básico em aproximadamente 60 países.
As políticas de expansão das vagas no ensino universitário esbarram na falta de preparação de uma parcela grande dos egressos do ensino médio.
Com a exceção de algumas instituições de nível elevado, inclusive internacionalmente falando, e altamente seletivas, a maioria das instituições de ensino superior recebe estudantes mal preparados e, como diz o professor Vincent Tinto, da Universidade de Syracuse nos EUA e especialista nos estudos de evasão: “O grande problema dos estudantes que ingressam nas universidades americanas não é a falta de domínio dos conteúdos, mas a dificuldade de pensar por si mesmos.”
Por causa dessa má formação dos egressos do nosso ensino médio, a grande maioria das instituições de ensino superior cada vez mais se defronta com duas alternativas: ou recusam estudantes sem formação e ficam com muitas vagas ociosas e, se forem privadas, com dificuldades para se viabilizar financeiramente; ou são forçadas a baixar o nível de dificuldade de seus cursos e/ou a criar programas de nivelamento (que se tornam indispensáveis em razão do nível do ingressante). Tais programas, dependendo de sua intensidade e duração, podem atrasar o desenvolvimento curricular dos cursos e onerar a instituição, mas ao menos fazem com que as disciplinas dos primeiros anos possam ser minimamente acompanhadas por esses alunos.
O Brasil tem proposto vários projetos para ampliar o número de estudantes no ensino superior, com a abertura de vagas públicas e programas específicos de financiamento e de inclusão. No entanto, a quantidade de estudantes que se forma no ensino médio é a mesma dos ingressantes no ensino superior, o que demonstra que os grandes gargalos para a ampliação do ensino superior, como já se sabe há muito tempo, são: a formação precária dos estudantes do ensino médio, a grande evasão nesse nível de ensino e a limitação dos programas de financiamento e de bolsas aos estudantes (que tem impacto maior no setor privado, mas também afeta o setor público).
Pensar que é possível ter um ensino superior de Primeiro Mundo com um ensino básico de Terceiro é a mesma coisa do que começar treinar pessoas somente a partir dos 20 anos para que elas se tornem atletas olímpicos de sucesso. Sem uma formação ampla e de base nenhum país terá sucesso nas Olimpíadas. O mesmo se dá com a educação.
Roberto Lobo, in: Estadão.edu

domingo, 23 de setembro de 2012

Atalho para a Educação

De repente, constatamos um fato positivo que nos alenta diante dos pífios resultados da avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb), e dos três meses de paralisação dos Professores das universidades federais: os livros didáticos do Ensino médio, distribuídos pelo Ministério da Educação às Escolas públicas, são muito bons, especialmente os de matemática, física e química, que apresentam conteúdo teórico seguido de exemplos de aplicações práticas, do maior interesse para os jovens brasileiros. Parece pouco diante do caos educacional, mas não é. Um Aluno que consiga dominar os temas lá apresentados em boa pedagogia estaria plenamente capacitado ao ingresso nos cursos superiores de engenharia, de medicina e outros, de que tanto o país necessita urgentemente. E, se optar pelo trabalho técnico antes da universidade, conseguirá seu emprego no mercado, posto que as melhores empresas estão dispostas a ensinar a parte técnica para aqueles novatos que já conhecem bem a teoria lecionada nos três anos do Ensino médio.
A atual carência de mão de obra especializada – vide as palestras apresentadas em recente seminário sobre petróleo e gás – se deve à impossibilidade de as empresas capacitarem, em pouco tempo, estagiários egressos de Escolas onde lhes foi exigida apenas a nota cinco, em provas de múltipla escolha, durante anos letivos cheios de feriados, cujos Professores estão cansados porque têm dois empregos, e que não contam com o apoio dos pais dos Alunos, no caso de eventual conflito disciplinar. Diante da urgência de suprir o parque industrial com brasileiros mais bem capacitados, um atalho factível seria a aplicação imediata de mais esforços no Ensino médio, aproveitando inclusive o cidadão voluntário e as ONGs, que teriam como referencial os livros didáticos do Ministério da Educação. Cada Aluno, ao concluir a terceira série, deveria ganhar os livros que utilizou durante o curso. Assim, ao cair na realidade da distância entre o aprendido e o exigido pelo mercado, poderia pedir ajuda aos colegas, agora, com a motivação alavancada pela necessidade.
Mais de 15 milhões de estudantes seriam beneficiados com essa iniciativa de alta relação custoxbenefício. Mencionei atalho na intenção de superar a emergência nacional, mas tenho plena consciência, vivida na docência universitária, de que o conhecimento é uma árvore de pré-requisitos (Wanda Engel). De fato, do be-a-bá ao simples entendimento do que significa bóson de Higgs, o estudante terá que subir uma longa escadaria multidisciplinar cujos degraus são todos indispensáveis. Para os cidadãos que ainda se emocionam com o futuro do nosso país, assusta a afirmativa do senador Cristóvão Buarque, de que enquanto o Brasil traça meta para o Ideb alcançar a nota 6 em 2021, a China está programando voo tripulado à Lua antes de 2020.
Fonte: Estado de Minas (MG)

sábado, 22 de setembro de 2012

Educação - tudo legal e tudo muito ruim

O título é de Anísio Teixeira, na década de 1950. E continua na mesma.
A paixão da Educação brasileira é a burocracia. Tudo é legalmente correto, mas os resultados são pífios. Os currículos são fixados e fiscalizados pelo Ministério da Educação (MEC) e terminam em exames que medem todos os Alunos com a mesma régua. Não importam as suas preferências intelectuais e pretensões profissionais. Bem-sucedido é quem tira as melhores notas em todas as matérias, só que a vida e os progressos não são medidos assim. Uns serão capazes em umas coisas e outros, em outras. "Eu não posso fazer isso, mas posso fazer aquilo" e são as diversidades que alimentam o progresso, não as homogeneidades. Mal educamos a maioria dos Alunos para as coisas que eles não gostam de fazer e fracassamos em ensinar-lhes o que eles gostam.
Todos sabemos, já no segundo grau, definir nossa direção básica: ciências humanas e sociais ou exatas. O gargalo são as exatas.
Perguntei a um Professor de Matemática, defensor apaixonado da necessidade de todos saberem altas matemáticas, para que elas serviam. Sua pronta resposta: "Para calcular o tamanho dos planetas e a distância entre eles". Segunda pergunta: e quando foi a última vez que o senhor precisou calcular o tamanho de um planeta? Ele coçou a parte de trás da cabeça, sorriu e disse: "Só quando eu estava na Escola". Isso não é uma diatribe para que não se ensinem ciências exatas na Escola, mas a maneira de ensinar pode e deve variar, dependendo do propósito, das vocações e das intenções de cada Aluno.
Hoje o acesso às informações está gigantescamente expandido. Fora da internet, há ciência no canais de TV do tipo Discovery e seus desdobramentos, como há nos seriados policiais CSI, Criminal Minds e Numbers. Isso basta para quem não vai ser cientista exato. Para quem vai há necessidade de saber mais sobre cálculos e experimentos. Fica, então, a pergunta: por que tentar enfiar paralelepípedos em buracos cilíndricos e esperar que eles coincidam exatamente?
Autoritarismo burocrático é a resposta. É assim "porque tem de ser assim". Os Professores ensinam o que sabem, sem poder mudar currículos, e de olho nos testes estandardizados por meio dos quais o MEC insiste em que todos usem o mesmo tamanho de sapato, não importando o tamanho do pé.
Na década de 1990 a Universidade Estácio de Sá criou cursos com aulas das 11 da noite à 1 da madrugada. O MEC não autorizou. A razão alegada: ninguém pode estudar a sério nesse horário. Depois de idas e vindas burocráticas, acabaram autorizados e foram um grande sucesso. Havia público, que, pelas mais variadas razões, se sentia bem e rendia melhor nesse horário.
No ano passado, com a falta de mão de obra especializada, o Senai, que não é controlado pelo MEC, criou cursos na área de metalurgia, nas favelas do Complexo do Alemão, das 4 da madrugada às 7 da manhã. Estavam duros de gente e havia fila na porta (O Estado de S. Paulo, 31/7/2011). Na ausência do preciosismo autoritário-regulatório do MEC, os cursos foram criados para atender às necessidade do mercado e aos interesses dos candidatos.
Isso nos leva à conclusão de estudo recente de Simon Schwartzman: Educação e crescimento econômico estão ligados, só que, ao contrário do que o senso comum pensava, é o crescimento econômico que empurra a Educação, e não esta que puxa o crescimento.
As grandes universidades tecnológicas norte-americanas, criadas e financiadas pelos milionários do fim do século 19 e início do século 20, como John Rockefeller, Andrew Carnegie, Andrew Mellon e Leland Stanford, surgiram não porque a burocracia exigia ou gostava, mas porque a continuação do crescimento capitalista das fortunas dos robber barons dependia da formação de profissionais. No Brasil tudo fica na mão do governo, que pouco sabe do que o crescimento precisa e segue iludido achando que é a Educação que puxa o desenvolvimento.
Sofro de discalculia (dificuldades em matemática, Estado, 9/4/2009). Pouco aprendi na Escola nessa matéria, mas era fascinado pelos conceitos e princípios matemáticos descritos por Malba Tahan em O Homem que Calculava (Editora Record). Aprendi muito com o Laboratório Químico Juvenil - fornecia substâncias que, quando misturadas corretamente, produziam tinta de escrever invisível, cores ou fumaça - e com o Poliopticon, cheio de lentes e tubos que me permitiam fazer desde microscópios até lunetas para ver as vizinhas trocando de roupa.
Cedo aprendi o básico sobre perfuração de petróleo em O Poço do Visconde, de Monteiro Lobato, originalmente publicado em 1937. Mais recentemente, entendi muitos conceitos de estatística, que tentaram ensinar-me por meio de fórmulas e cálculos, lendo o Desafio aos Deuses: A Fantástica História do Risco, de Peter L. Bernstein (Campus, 1997).
Nunca iria ser cientista exato, mas tudo isso foi importante para entender o mundo. Com o Tesouro da Juventude (uma coleção de livros que era como que uma mescla das revistas Superinteressante e Galileu) aprendi a fazer uma porção de coisas que currículos e Professores insistiam em não ensinar ou em fazê-lo de maneira errada.
Ou bem passamos a fornecer Educação customizada, tal como vendemos sapatos dos tamanhos e modelos adequados aos pés dos clientes, ou vamos continuar a seguir a sina de Anísio Teixeira. Na Educação tudo seguirá sendo legal, mas continuará sendo muito ruim e não funcionando.
Nisso desperdiçaremos dinheiro dos pagadores de impostos, que terão a ilusão de que a Educação será melhor apenas porque o governo gasta mais dinheiro e insiste em formar todos para se tornarem cientistas e literatos, quando a grande demanda do crescimento vai em outra direção.
Alexandre Barros, in: O Estado de S. Paulo (SP)

Educação Básica precisa de mais apoio do governo, dizem debatedores

 

O papel do Governo Federal na Educação básica do país foi discutido, nesta quarta-feira (12), durante audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Os debatedores afirmaram que apesar dos avanços, a participação e contribuição da União tem sido insuficiente.
Na opinião do secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Cesar Callegari, o país possui um sistema avançado de avaliação da educação básica e superior, que se consolidaram a partir da contribuição do Governo Federal ao lado dos municípios e estados.
Uma das medidas apontadas como grande exemplo é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que hoje representa, de acordo com Callegari, uma possibilidade real do estudante ingressar na Educação Superior, privada e federal.
Já o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Fernando Veloso, disse que o Governo Federal faz muito pouco. Para ele, é preciso estabelecer padrões e metas de aprendizagem, para ter uma avaliação mais precisa e igualitária do sistema educacional do país.
Segundo informou, 70% dos jovens brasileiros estão abaixo do nível básico de proficiência em matemática e 54% em ciência, excluindo essa parcela da sociedade de se inserir na economia de forma produtiva.
Fernando Veloso acredita que o sistema educacional do país é um dos melhores do mundo, mas defende a construção de um sistema nacional, com diretrizes iguais para todos os estados e regiões, estipulando metas de aprendizagem.
- Nenhum país consegue avançar e se desenvolver sem integrar plenamente seus cidadãos. No processo produtivo da sociedade a educação é a ferramenta básica. O sistema está correto, mas o governo pode fazer muito mais do que já faz – afirmou Veloso.
A diretora executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz, elogia o estágio atingido por programas como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).
Mas ela também defende maior participação do Governo Federal. Priscila acha necessário avançar mais com o Plano Nacional de Educação e seus arranjos; fortalecer os municípios e instituir um Currículo Educacional Nacional, para que ele seja o centro de regulamentação, podendo garantir uma aprendizagem igualitária a todas as regiões.
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) afirmou que o Brasil “trata igual os desiguais, cometendo injustiça com os mais fracos”. Ele reclama que o Governo Federal “joga” a responsabilidade da educação e da saúde para os municípios, mas não oferece a contrapartida que é o recurso.
Para Mozarildo, o ciclo de debates promovido pela comissão propõe uma nova conduta ao Estado. Segundo ele, “o diagnóstico está sendo feito, só é preciso que se utilize a terapêutica adequada”.
Fonte: Portal de Notícias do Senado

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Brasil aumenta investimento em Educação, mas ainda não alcança metas da OCDE

Mesmo sendo um dos países que mais aumentou os gastos com educação entre os anos 2000 e 2009, o Brasil ainda não investe o recomendado do PIB (Produto Interno Bruto) em educação e está longe de aplicar o valor anual por aluno indicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Os dados fazem parte do relatório sobre educação divulgado nesta terça-feira (11) pelo órgão.
Os gastos por aluno na educação primária e secundária cresceram 149% entre 2005 e 2009, mas o Brasil ainda está entre os cinco países que menos investem por aluno, entre os avaliados pela OCDE.
Já no ensino superior houve uma diminuição de 2% dos gastos públicos por estudante - com isso, o Brasil fica em 23º lugar de uma lista com 29 países.
Apesar de estar abaixo do recomendado, o investimento público total em educação no Brasil passou de 10,5% em 2000 para 16,8% em 2009. Nesse quesito, o país é o 4º em um ranking de 32 países avaliados – atrás somente de Nova Zelândia, México e Chile.

PIB
A porcentagem do PIB brasileiro que vai para educação também está abaixo do indicado pela OCDE: o Brasil investe 5,55% do PIB no setor, quando o recomendado é 6,23%. O PNE (Plano Nacional da Educação), aprovado na Câmara e que segue agora para o Senado, prevê o investimento de 10% do PIB em educação.
Segundo a OCDE, 4,23% do PIB brasileiro é investido em ensino primário e secundário – acima da média de 4% definida pelo órgão. No ensino superior, entretanto, o Brasil investe apenas 0,8%, sendo o 4º país que menos gasta nesse nível de ensino. Já com pesquisa e desenvolvimento o Brasil apresenta o menor gasto entre 36 países avaliados: somente 0,04% dos investimentos em educação são para o setor.
O relatório destaca a evolução da porcentagem do PIB brasileiro investido em educação: "Em 1995, o Brasil investiu 3,7% do seu PIB em educação, em comparação com a média da OCDE de 5,6%. Enquanto o nível de investimento caiu um pouco em 2000, no Brasil (para 3,5%) e nos países da OCDE como um todo (5,4%), até 2005 o Brasil conseguiu aumentar seu investimento em educação para 4,4% do PIB (a média da OCDE, que ano foi de 5,7%), e em 2009 o nível subiu para 5,5% do PIB no Brasil, enquanto a média da OCDE chegou a 6% e, entre os países do G20, 5,7%".

OCDE
A OCDE é uma organização internacional para cooperação e desenvolvimento dos países membros. Fazem parte da OCDE: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Coréia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
O relatório "Education at a Glance 2012" analisa os sistemas de ensino dos 34 países membros da OCDE, bem como os da Argentina, Brasil, China, Índia, Indonésia, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul.
A OCDE também é responsável pela aplicação e divulgação dos resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos).
Fonte: UOL Educação

Preconceito causa abandono escolar

Gabi Vitória Chopelly Glaudystton, 30 anos, revelou que sentia medo do ambiente Escolar Estima-se que 80% da população de travestis e transexuais que vivem em Pernambuco abandonaram os estudos. Esse é um dado levantado pela Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans) e que comprova como o preconceito dentro das Escolas confronta um dos principais direitos previstos na Constituição Federal Brasileira, que é o direito à Educação.
A transexual Chopelly Glaudystton, 30 anos, sabe bem o significado da palavra preconceito. Na década de 1990, quando estudava o Ensino médio em uma Escola particular do Recife, ela sentia medo do ambiente Escolar. Chopelly conta que nenhum dos 80 colegas de sala a tratava bem. “Eles não falavam comigo, a não ser que fosse para me ofender. Eu tinha uma fobia tão grande que preferia passar o intervalo sozinha na sala de aula só para não ter que ser constrangida”.
A transexual afirmou que até o porteiro da Escola, que presenciava aquela situação, não ajudava. “Ele apagava a luz da sala só para me deixar no escuro”, relembrou. Situações como essa são constantes até hoje em unidades educacionais. “Como podemos cobrar Educação social das pessoas trans que não tiveram pais e nem Professores para educá-los? Dessa forma, a Escola delas serão as ruas”.
A discussão da homofobia dentro das Escolas é, pela terceira vez, tema do Encontro Estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) pela Diversidade Sexual. O presidente do órgão, Heleno Araújo, afirmou que a promoção desse debate está inclusa nos três eixos que formam o sindicato. “Temos a formação, mobilização e negociação. Nesse encontro, capacitamos os profissionais que atuam na Educação para que eles tenham conhecimento sobre a liberdade sexual”.
O Sintepe subdivide-se em 13 núcleos regionais de forma a alcançar todos os municípios do Estado. Dessa forma, os profissionais, além de se capacitarem, também se transformam em multiplicadores da informação. Para o coordenador de políticas sociais do Sintepe, José Ivo, a intenção é que os seminários promovam ideias para combater esse preconceito pontualmente em cada uma das Escolas. “Nossa ideia é quebrar tabus para que sejam promovidas oficinas, palestras e debates dentro das comunidades Escolares para que exista maior abertura para a comunidade LGBT”, afirmou.

Mundo
A Unesco, no seu relatório de “Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas Escolas” divulga dados da Anistia Internacional. No documento, consta que nos Estados Unidos, estudantes LGBT recebem em média 26 insultos por dia, 80% sofrem “grave isolamento social”, 53% ouvem comentários homofóbicos por parte de Professores e da administração, 28% deixam a Escola antes de obter o diploma (a evasão entre heterossexuais é de 11%), 19% são vítimas de agressão física na Escola. Em 97% dos casos, não se registram intervenções por parte do corpo Docente e, em 40 estados, Professores podem ser demitidos por serem LGBT.
Fonte: Folha de Pernambuco (PE)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Chances para professores

Os Professores de Brasília podem começar a atualizar os seus currículos. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, autorizou a realização de processo seletivo para contratação temporária de 6.500 Docentes ou 260.000 horas semanais de trabalho. A medida visa suprir as carências da rede pública de Ensino. Segundo informou a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, as contratações serão feitas para o ano de 2013, e não 2012, como publicado no Diário Oficial da União do Distrito Federal.
A assessoria informou também que, pelo caráter temporário das contratações – dois anos, podendo ser prorrogadas uma única vez por igual período –, não havia necessidade de realização de concurso público. LEI 4.266 A autorização do processo seletivo é consoante às excepcionalidades previstas na Lei 4.266, de 11 de dezembro de 2008, que dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal.
As condições sob as quais a contratação de Professor substituto para rede pública de Ensino devem ser feitas, estão dispostas no artigo 2, inciso IV da Lei, que menciona a exoneração e demissão, falecimento, aposentadoria, afastamento para capacitação e afastamento ou licença de concessão obrigatória como motivos plausíveis. A lei ainda diz que a contratação de Professores substitutos deverá acontecer apenas quando o fato ocorrer durante o período letivo, ficando a administração pública obrigada a realizar processo seletivo para constituição de banco de reserva de Professor para suprir imediatamente a carência. As contratações somente poderão ser feitas com observância da dotação orçamentária específica e mediante prévia autorização do secretário de Estado de Planejamento e Gestão e do secretário de Estado sob cuja supervisão se encontrar o órgão ou a entidade contratante.
Quem perdeu o prazo para inscrição no concurso da Agência Nacional de Águas (ANA) tem uma nova oportunidade. As inscrições foram prorrogadas até o próximo dia 27 pois, a data da prova, antes prevista para o dia 21 de outubro, coincidia com a do concurso do Ibama para 300 vagas de nível médio e do Ministério da Fazenda para 463 vagas, também de nível médio. A Ana irá oferecer 45 vagas para o cargo de técnico administrativo, que exige nível médio completo para atuação em Brasília. Três vagas serão destinadas a pessoas com deficiência.
O salário, com a gratificação, é R$ 4.760,18. As inscrições devem ser feitas pelo site da Cetro, instituição organizadora do certame (www.cetroconcursos.org.br), até 27 de setembro. A taxa é R$ 37. O concurso será composto de provas objetivas, que serão aplicadas no dia 11 de novembro e contarão com questões de língua portuguesa, raciocínio lógico, ética, noções de informática, legislação aplicada à ANA, noções de direito constitucional e noções de direito administrativo. Os participantes também farão prova discursiva. O técnico administrativo deverá exercer atividades administrativas e logísticas de nível intermediário relativas ao exercício das competências constitucionais e legais a cargo da ANA, fazendo uso de todos os equipamentos e recursos disponíveis para a consecução dessas atividades.
Fonte: Jornal de Brasília (DF)