“Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da Educação.” A frase poderia ter sido proferida pela presidente Dilma Rousseff. As confederações nacionais da Indústria, do Comércio ou da Agricultura a repetiriam com a convicção com que falam da alta carga tributária, dos juros escorchantes ou da defasagem da infraestrutura nacional. Profissionais que buscam colocação no mercado de trabalho assinariam embaixo depois de verem se fechar as portas dos bons empregos e das oportunidades que exigem qualificação sofisticada. Escrito há 80 anos, o enunciado do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova continua tão atual quanto em 1932. Então como agora, o país se dá conta da necessidade de contar com recursos humanos capazes de ombrear com os do mundo desenvolvido. Em 2012, porém, o quadro se apresenta mais complexo. Disputando mercados com economias globalizadas das quais faz parte, o Brasil tem pressa. A competitividade nacional bate no teto da capacitação da mão de obra. Não se pode esperar, por exemplo, que um soldador melhore o produto em menos tempo sem que tenha adquirido conhecimento para o salto qualitativo.
Mais: enquanto nós andamos a passos de tartaruga, os Estados mais avançados ou mais conscientes da urgência imposta pelo contexto mundial seguem a passos céleres — seja para manter-se no topo, seja para chegar mais próximo dos melhores. Significa que ficamos mais para trás. Avaliações nacionais e internacionais comprovam o abismo que separa as duas pontas. Vale lembrar que cérebros não se compram em supermercado. Formam-se. A caminhada exige não menos de uma geração.
Há oito décadas, Educadores que pensaram o Brasil traçaram as diretrizes para o Ensino de qualidade. A orientação incluiu, obrigatoriamente, aulas em tempo integral, qualificação de Professores e infraestrutura adequada. Nada de excepcional. Mas as estatísticas demonstram o descaso que governos após governos, independentemente de partido ou coloração política, dispensam à Educação. Nas campanhas, fazem promessas que, cumpridas, colocariam o país, senão na dianteira mundial, pelo menos entre os primeiros no ranking da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo dos 34 países mais ricos do planeta que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado.
Talvez não seja excesso de otimismo afirmar que ainda há tempo de recuperar o tempo perdido. Mas é excesso de otimismo, sem dúvida, imaginar que possamos continuar a substituir ação por discurso. As avaliações mostraram o descalabro do Ensino. Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Cecília Meireles traçaram, no manifesto, o caminho a ser seguido. O futuro, vale lembrar, chegou. É agora.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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