sábado, 29 de setembro de 2012

O discurso sobre a Educação

Muito se diz sobre a importância da Educação na vida das pessoas, seja no âmbito pessoal, seja no profissional. Historicamente, no Brasil, a Educação nunca teve seu devido reconhecimento pelos seus gestores, nos diferentes níveis de Ensino. Estudos recentes do MEC comprovam a situação pela qual passa a Educação do Ensino básico no Brasil.
Apesar de haver pequenos avanços no Ensino brasileiro nos últimos anos, mantém-se aquém do ideal esperado para esta realidade. Numa pontuação que alterna de 0 a 10, chegou à média 3,7 na nota do Ideb de 2011. No comparativo do Brasil com países desenvolvidos, como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Finlândia e Coreia do Sul, para citar alguns exemplos, e inclusive aos em desenvolvimento, Argentina, Chile etc., no referente a esse mesmo grau de Ensino, a cizânia é ainda maior, pois esses chegam, nessa comparação, à média de seis pontos. Temos de considerar as realidades distintas entre esses países com o nosso nos aspectos geográficos, econômicos, culturais e políticos, sobretudo. Esses fenômenos, de algum modo, revelam as características fisionômicas de um país, bem como antecipam o que se deve ter como prioridade de uma nação que almeja desenvolvimento e sustentabilidade deste mesmo e assim alcançar progressivamente condições sociais de emancipação humana dos seus cidadãos, a começar pelo investimento na Educação.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação básica) resulta da equação, cujas referências são: o desempenho dos estudantes em avaliações de matemática e português, através dos exames da Prova Brasil ou Saeb, bem como das taxas de aprovação, reprovação e abandono Escolar. Contudo, já se ouvem discursos de fazer também do Enem (Exame Nacional do Ensino médio) instrumento de avaliação para tal índice. Talvez possa ser mais um meio de eufemismo à Educação no contexto brasileiro. Assim garantir-se-iam novamente os números, e não a qualidade, a qual deveria convir de protótipo a ser alcançado por ações estratégicas de governo neste ínterim.
A Educação brasileira precisa é de transformação e não de simples paliativos, como se tem feito até então. Uma transformação que aconteça simultaneamente de cima para baixo e de baixo para cima, em todos os níveis do Ensino. Para isso, precisa de uma gestão descentralizada com padrões nacionais de políticas públicas que envolva União, Estados e municípios ao mesmo tempo. Além disso, de um plano estratégico, a começar por uma reforma pedagógica baseada em paradigmas de capacitações gerais e práticas do Ensino compatíveis com a realidade. Ter como metas a utilização das novas tecnologias, métodos científicos em cada disciplina e da interdisciplinaridade, em contraposição a fragmentação do conhecimento, e a formação continuada dos Professores, de todos os níveis e modalidades, levando-se em conta as constantes transformações e complexidades inerentes à sociedade contemporânea.
O primeiro passo dado pelos países líderes da Educação no mundo foi o investimento nos Professores e na formação dos mesmos, em sequência às estruturas das Escolas. Segundo Tapio Varis, catedrático da Unesco e Professor das universidades de Tampere e Helsinki, na Finlândia, a Educação é uma questão de estratégia. Algo a ser vivenciado e respeitado. Para a pedagoga Ivania Cover, a relação teoria e prática é um fator relevante à qualidade do Ensino, pois se estabelece vínculo do que se aprende com o que é vivenciado no dia a dia. Educação é valor, é ação constante do diálogo dos saberes para um mundo que se almeja mais humano. Para isso, não pode haver um discurso contraditório sobre a Educação.
Fonte: Zero Hora (RS)

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