Em todo o Brasil, 3,7 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estão fora da escola, segundo dados da Pnad/2009. A maioria - mais de 1,5 milhão - na faixa de 15 a 17 anos, mas o problema existe mesmo nos anos iniciais do ensino fundamental, quase universalizado no país: são 375.177 crianças longe das salas de aula, o que representa 2,3% da população dos 6 aos 10 anos. Com base nesses números, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação traçaram o perfil dos brasileiros que não estão na escola ou correm risco de evasão.
O relatório 'Todas as crianças na escola em 2015 – Iniciativa global pelas crianças fora da escola' aponta que as maiores desigualdades estão relacionadas às crianças mais pobres, aquelas que a família tem renda per capita de até 1/4 do salário mínimo, negras, indígenas e/ou deficientes. E ainda que a repetência e o trabalho infantil são os principais fatores de risco para a permanência na escola.
- O fracasso escolar é fator de exclusão. A criança repete e perde o pique. E o Brasil ainda tem defasagem-série muito alta, nos anos finais do fundamental, por exemplo, 40% dos alunos têm dois anos de atraso - diz Maria de Salete Silva, coordenadora do Programa de Educação no Brasil, do Unicef.
Segundo o estudo, em termos absolutos, as regiões com maior número de alunos em risco de abandono são o Nordeste e o Sudeste. As duas regiões têm, respectivamente, 1,7 milhão e 1 milhão de crianças matriculadas nos anos iniciais do fundamental com idade superior à recomendada para a série que frequentam. Em termos proporcionais, Norte (18,33%) e Nordeste (17,68%) são as regiões com mais estudantes em risco. Em todo o país, nos anos iniciais, pouco mais de 1 milhão de crianças brancas não está na série recomendada. As negras são mais que o dobro: 2,6 milhões.
Nos anos finais do fundamental, o problema também impressiona: mais de 5 milhões não estão na série recomendada. No ensino médio, 24,2% dos matriculados (2.843 alunos) estão dois anos ou mais acima da idade recomendada e, por conta disso, correm o risco de abandonar a escola.
Segundo o estudo, a gravidez na adolescência também está relacionada ao abandono e evasão. Além disso, a violência na escola é outro fator que afasta crianças e adolescentes.
Em relação ao trabalho infantil, o estudo mostra que mais de 214 mil crianças de 6 a 10 anos trabalham e estudam. Dessas, mais de 90 mil vivem em famílias com renda per capita de até 1/4 de salário mínimo, sendo que a maioria está no Nordeste. Na faixa de 15 a 17 anos, mais de 2 milhões têm que conciliar estudo e trabalho.
Somando todas as faixas etárias, 571.491 crianças trabalham e estudam. A maioria está na zona urbana.
Fora da escola
Na faixa etária de 4 a 5 anos, quando deveriam frequentar o pré-escolar, mais de 1,4 milhão de crianças está fora da escola. Dessas, 612 mil são brancas e 798 mil, negras. A maioria - pouco mais de 453 mil - vive em famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo.
Nos anos iniciais do fundamental (dos 6 aos 10 anos), o Nordeste é, em números absolutos, a região com o maior número de crianças fora da escola: são 116.125.
Na faixa dos 7 aos 14 anos, são 534 mil longe das salas de aula. Mais de 309 mil são meninos. Do total, mais de 329 mil são negros.
Na faixa de 11 a 14 anos, o Brasil tem 355.600 crianças fora da escola. Nessa faixa, o número das que trabalham é 20 vezes maior que na faixa anterior, de 6 a 10 anos: são 68.289. A maioria vive no Nordeste e no Sudeste.
O estudo mostra ainda que a discriminação racial afeta o acesso e a vida escolar. De acordo com o relatório, as crianças negras têm menos anos de estudo que as brancas: 6,7 anos contra 8,4 anos. Além disso, entre a população negra com 15 anos ou mais há mais analfabetos do que na mesma faixa etária da população branca: 13,4% contra 5,9%. E adolescentes negros de 12 a 17 anos têm 42% a mais de chance de estar fora da escola do que um jovem branco.
Fonte: O Globo Online
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