A recente divulgação pelo Ministério da Educação do Ideb 2011 (Índice de Desenvolvimento da Educação básica) trouxe informações relevantes para que o Brasil continue a avançar em direção a uma Educação de qualidade. Tão importante quanto os resultados é a constatação que a sociedade brasileira está incorporando as discussões sobre a qualidade da Educação em sua rotina.
Ao apresentar os resultados do Ideb, o ministro Aloizio Mercadante trouxe à tona algumas questões que devem ser amplamente debatidas para não comprometer os avanços.
O ministro abordou a necessidade de discutir o currículo do Ensino médio, considerando a viabilidade de se migrar do atual modelo curricular para um organizado em áreas do conhecimento, sem prejuízos a disciplinas especificas, que evidentemente estariam contidas de forma integrada nas grandes áreas. Solicitou ainda o avanço em direção à Educação em tempo integral.
Outra questão abordada foi a necessidade de um estudo para verificar a efetividade do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação básica), que é aplicado de forma amostral para Alunos do 3º ano do Ensino médio, como métrica para avaliar e permitir a construção de políticas de melhorias nessa fase de Ensino. Hoje, o Saeb é utilizado no cálculo do Ideb.
A discussão é necessária e útil. Afinal, no passado foi tomada a decisão de transformar a avaliação aplicada no 5º e 9º anos do Ensino fundamental de amostral para censitária, permitindo assim a geração de médias de desempenho para as instituições participantes, propiciando um maior envolvimento das Escolas, da família e da sociedade.
Houve igualmente uma polêmica muito grande. Parece não haver dúvidas, hoje, que tal decisão foi acertada e que a mesma mobilização é necessária para o Ensino médio.
O estudo da mudança de uma aplicação amostral para censitária não desconhece que todas as aplicações amostrais foram feitas dentro da mais correta técnica e que, portanto, todos os seus resultados são validos e relevantes.
A discussão de aplicação censitária da avaliação do Ensino médio leva ainda a outra importante e questão: é apropriado substituir no cálculo do Ideb a métrica do Saeb pela do Enem?
Estudos sobre isso podem se constituir em uma uma ótima oportunidade para tornar a avaliação da Educação brasileira mais apropriada.
Eis alguns aspectos que tal debate introduz: como será tratado o problema da ausência de Alunos matriculados no Ensino médio que ocorre tanto no Saeb como no Enem? Como garantir a coerência da nova metodologia de cálculo com a importante série histórica que o Brasil hoje possui? Como considerar as notas das quatro áreas do Enem, lembrando que no Saeb são avaliadas somente língua portuguesa e matemática? A nota da redação deve ser incluída?
Tais estudos demandam uma revisão ou introdução da interpretação pedagógica dos escores do Enem. Ressalte-se ainda a questão da motivação, que pode levar um estudante a se empenhar mais ao fazer uma prova de impacto em sua vida Escolar, como o Enem.
O bom debate trazido pelas reflexões propostas é uma ótima oportunidade para se discutir e apresentar soluções para os grandes desafios que temos na Educação brasileira, especialmente no Ensino médio.
Por essa razão o ministro solicitou, sem açodamento, estudos técnicos adequados para posterior debate, escrutínio e diálogo com especialistas e a sociedade. Com o bom debate ganhamos todos, com a polêmica perde o Brasil.
Luiz Cláudio Costa, presidente do INEPE, in: Folha de S.Paulo (SP)
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