De repente, constatamos um fato positivo que nos alenta diante dos pífios resultados da avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb), e dos três meses de paralisação dos Professores das universidades federais: os livros didáticos do Ensino médio, distribuídos pelo Ministério da Educação às Escolas públicas, são muito bons, especialmente os de matemática, física e química, que apresentam conteúdo teórico seguido de exemplos de aplicações práticas, do maior interesse para os jovens brasileiros. Parece pouco diante do caos educacional, mas não é. Um Aluno que consiga dominar os temas lá apresentados em boa pedagogia estaria plenamente capacitado ao ingresso nos cursos superiores de engenharia, de medicina e outros, de que tanto o país necessita urgentemente. E, se optar pelo trabalho técnico antes da universidade, conseguirá seu emprego no mercado, posto que as melhores empresas estão dispostas a ensinar a parte técnica para aqueles novatos que já conhecem bem a teoria lecionada nos três anos do Ensino médio.
A atual carência de mão de obra especializada – vide as palestras apresentadas em recente seminário sobre petróleo e gás – se deve à impossibilidade de as empresas capacitarem, em pouco tempo, estagiários egressos de Escolas onde lhes foi exigida apenas a nota cinco, em provas de múltipla escolha, durante anos letivos cheios de feriados, cujos Professores estão cansados porque têm dois empregos, e que não contam com o apoio dos pais dos Alunos, no caso de eventual conflito disciplinar. Diante da urgência de suprir o parque industrial com brasileiros mais bem capacitados, um atalho factível seria a aplicação imediata de mais esforços no Ensino médio, aproveitando inclusive o cidadão voluntário e as ONGs, que teriam como referencial os livros didáticos do Ministério da Educação. Cada Aluno, ao concluir a terceira série, deveria ganhar os livros que utilizou durante o curso. Assim, ao cair na realidade da distância entre o aprendido e o exigido pelo mercado, poderia pedir ajuda aos colegas, agora, com a motivação alavancada pela necessidade.
Mais de 15 milhões de estudantes seriam beneficiados com essa iniciativa de alta relação custoxbenefício. Mencionei atalho na intenção de superar a emergência nacional, mas tenho plena consciência, vivida na docência universitária, de que o conhecimento é uma árvore de pré-requisitos (Wanda Engel). De fato, do be-a-bá ao simples entendimento do que significa bóson de Higgs, o estudante terá que subir uma longa escadaria multidisciplinar cujos degraus são todos indispensáveis. Para os cidadãos que ainda se emocionam com o futuro do nosso país, assusta a afirmativa do senador Cristóvão Buarque, de que enquanto o Brasil traça meta para o Ideb alcançar a nota 6 em 2021, a China está programando voo tripulado à Lua antes de 2020.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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