Mesmo tendo aumentado o gasto com Educação, o Brasil ainda não conseguiu fazer com que muitos jovens cheguem às universidades e concluam o Ensino superior. Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com dados de 2010, aponta que, no país, 9% das pessoas entre 55 e 64 anos concluíram essa etapa. Na faixa etária dos 25 aos 34 anos, o percentual não passa dos 12%. Um avanço, segundo especialistas, pequeno entre uma geração e outra.
A Coreia do Sul, por exemplo, que tinha 13% da população entre 55 e 64 anos com Ensino superior, deu um salto: 65% entre 24 e 35 anos concluíram um curso universitário. No estudo, a organização reuniu dados dos países desenvolvidos e ainda de alguns que fazem parte do G20, caso do Brasil. Ao todo, foram 42.
- O número mostra o fracasso do Ensino superior do país. Por aqui, ir para a universidade é parte do posicionamento para melhorar a carreira. Com o Enem e com as cotas, nós vamos aumentar o número de pessoas que conclui essa etapa. A expansão da rede federal e do Prouni também vai contribuir - diz Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, lembrando que é preciso que haja Educação de qualidade: - Não é só aumentar a oferta de vagas. O desafio é criar políticas para que quem ingresse possa concluir o curso.
Ministro da Educação, Aloizio Mercadante diz que o relatório da OCDE ainda não reflete as mudanças pelas quais o país vem passando. Segundo ele, na faixa dos 18 aos 24 anos, 17% estão nas universidades ou já concluíram os cursos. Além disso, em uma década, entre 2000 e 2010, o número de matrículas cresceu: foram de 2,7 milhões para 6,4 milhões.
- Tivemos duas décadas de estagnação econômica, quando não houve expansão da rede. Agora, o número cresce porque tivemos três programas para expandir o Ensino superior: o Prouni, o Fies e o Reuni. Estamos revertendo esse quadro histórico e a nova geração está tendo mais oportunidades - diz Mercadante.
Segundo o relatório, entre os 42 países, o Brasil ocupa a segunda posição quando o assunto é o aumento do percentual do PIB gasto com Educação: saltou de 3,5 % para 5,5%, entre 2000 e 2009. No entanto, ainda está longe da Islândia, que aplica 8,1%, e da média da OCDE, 6,2%.
- Cálculos já mostraram a necessidade de 10% do PIB. Países que tinham uma dívida histórica com a Educação, assim como nós, conseguiram avançar aplicando 10% ou mais. A Coreia chegou a 12%, o Japão numa época gastou 60% do Orçamento em Educação - diz Daniel Cara.
Diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz alerta que só mais dinheiro não fará a mudança necessária:
- Não adianta colocar 12% ou até 15% do PIB se não houver uma reforma estrutural, se a formação de Professores não for voltada para a prática em sala de aula, se o país não tiver um currículo mínimo. Só dinheiro não resolve.
Ainda que o Brasil tenha avançado, o gasto anual por Aluno está aquém da média da OCDE. Na Educação infantil, em 2009, eram investidos em média US$ 1.696, o menor valor entre as nações (a OCDE registra US$ 6.426). A média não foi alcançada também nos Ensinos fundamental e médio.
- O Brasil fez um esforço aumentando o percentual do PIB na Educação. Mas ainda é chocante que o país gaste quatro vezes menos que a média da OCDE com o Aluno matriculado na Educação infantil - diz Paula Louzano, da Faculdade de Educação da USP.
De acordo com Mercadante, na Educação infantil, já houve um aumento no investimento por Aluno. Em 2002, eram R$ 1.491. Oito anos depois, R$ 2.942.
- Ainda estamos aquém do que é preciso fazer. A diferença também ainda é significativa na Educação básica. Para competirmos com os países mais ricos, temos que continuar crescendo economicamente e investindo em Educação - diz Mercadante, lembrando que o Congresso precisa definir de onde virá o recurso para que o Brasil aplique 10% do PIB na Educação. - O governo queria 8% e estaria no patamar da Islândia.
Fonte: O Globo (RJ)
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