domingo, 31 de julho de 2011

Férias escolares para quê?

Nestes dias chuvosos de julho, as escolas fecham as portas e há, inclusive, uma orientação do Ministério da Educação para que as creches façam o mesmo. Dizem que é para descansar. Mas descansar de quê? Manjedouras do conhecimento, as escolas deveriam abrir todos os dias, o ano todo.
Assim como fazem os hospitais e os postos de gasolina. Ou será que gasolina é mais importante que conhecimento? As escolas parecem preferir se nivelar pelas câmaras de deputados e de vereadores que gostam mais de gozar seus recessos, do que labutar ao lado de seus eleitores.
A escola diz que precisa pausar as atividades para reciclar os professores e para que os alunos descansem. Até as melhores faculdades de Administração reproduzem esse discurso. Que outra empresa fecharia para treinar funcionários? Em que outro negócio se ousaria dar férias aos clientes?
Nossas escolas são responsáveis pela produção do mais importante bem do país, o conhecimento, não só no sentido da transmissão, mas também do contínuo e dialético desenvolvimento de novas tecnologias.
No entanto, quem as dirige não vê razão para atender em tempo integral e de forma continuada. Um estado que aconselha a subutilização de suas escolas está produzindo cidadãos subdesenvolvidos.
Afinal, será que conhecer cansa? Ou aprender é sempre chato? Claro que não. O conhecimento é um alimento que nunca engorda. A musculatura que nos move é nossa curiosidade. E a curiosidade não mata, nem cansa. Os livros e salas de aula são as academias de ginástica de nossos cérebros. Quanto mais conhecemos, mais fortes e saudáveis nos tornamos.
Que a escola cansa seus alunos não duvido. Mas isso deveria ser motivo para rediscuti-la e jamais para fechá-la. Férias duas vezes por ano, somando quase quatro meses, tendem a enfraquecer a viga mestra da sociedade, a Educação.
Escolas distanciadas da comunidade, bibliotecas herméticas, greves sem diálogo, professores desmotivados, isto sim cansa, dá sono e definha os neurônios dos nossos filhos.
Claudemir Casarin dos Santos, psicólogo, in: Jornal de Santa Catarina (SC)

Proposta cria política de prevenção à violência contra professores

A Câmara analisa o Projeto de Lei 604/11, do deputado Manoel Junior (PMDB-PB), que cria a política de prevenção à violência contra os profissionais do magistério público e privado.
Além de campanhas educativas sobre a questão, a proposta prevê medidas punitivas como o afastamento temporário ou definitivo do aluno ou funcionário violento ou a transferência do estudante infrator. Segundo o texto, o professor poderá se licenciar quando estiver em situação de risco sem perda de vencimentos.
O projeto equipara os professores de escolas particulares, desde a educação básica até o ensino superior, a agentes públicos para medidas de punição.

Agressões frequentes 
Segundo o autor da proposta, as agressões sofridas por educadores se tornam cada vez mais frequentes e graves no cotidiano das escolas brasileiras. “Tais agressões não se configuram somente no aspecto físico, sendo registrados números significativos de agressões verbais, furtos e vandalismo, entre outras manifestações de violência”, afirmou Manoel Junior.
A proposta também quer estimular a discussão sobre atos de violência física e moral nas escolas, universidades e comunidades, com a participação de entidades de estudantes e acompanhamento dos ministérios da Justiça e da Educação.

Tramitação
A proposta tramita apensada aos PLs 732/11 e 1225/11 nas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; de Educação e Cultura; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, inclusive no mérito. Em seguida será votada pelo Plenário.

Íntegra da proposta:
·         PL-604/2011
·         PL-732/2011
·         PL-1225/2011
 Agência Câmara

Manter práticas obsoletas é crime

O educador José Pacheco, mestre em Ciências da Educação, é o idealizador de um dos casos mais bem-sucedidos de inovação em Educação, a Escola da Ponte, na cidade do Porto, em Portugal. Para ele, a Educação brasileira colhe o que plantou e não padece de falta de recursos, mas da má administração deles. Confira a seguir a entrevista concedida ao Educação & Ensino:

Quase 100% das crianças foram matriculadas no Brasil. Mas isso não quer dizer que elas estão aprendendo. Há dados que mostram que há alunos que chegam ao ensino médio analfabetos ou incapazes de fazer uma interpretação de texto, por exemplo. Por que motivos isso acontece?
O modelo dito “tradicional”, aquele em que é suposto ser possível transmitir conhecimento, como se professores e alunos fossem vasos comunicantes, faliu muito tempo atrás. Se o modelo epistemológico baseado na transmissão faliu, por que razão se mantém o modelo organizacional que o suporta?
A manutenção de práticas obsoletas é criminosa. Ou seremos cegos perante a dura realidade de um país em que milhões de alunos não completam o ensino fundamental, onde milhões de brasileiros sobrevivem na tragédia do analfabetismo funcional?
Talvez falte competência naqueles que detêm a responsabilidade de tomar decisões de política educativa. Talvez falte dignidade profissional em muitos professores. Ou talvez seja conveniente às elites que a reprodução da ignorância e das desigualdades sociais perdurem.
Os dogmas velhos cercearam a responsabilidade cidadã e a curiosidade científica. O Estado burocrático impõe um sistema de ensino centralizado, estruturas curriculares rígidas e modos de organização do trabalho Escolar obsoletos. Resultados? Setenta por cento dos brasileiros não conseguem interpretar um texto simples. E as Escolas continuam a exigir decorebas de “piroclásticas”, “dolomitas” e “crivos de Eratóstenes”...

Que fatores levam a essa situação?
Anualmente são desperdiçados 56 bilhões de reais por má gestão do dinheiro público investido na Educação. As causas são: corrupção, burocracia, escolhas políticas equivocadas, má gestão. A Escola mantém-se conivente com o estímulo da competitividade, fomenta o imediatismo e a frivolidade.
Reifica o virtual, a transitoriedade. Colhemos aquilo que semeamos. Desde há mais de dois séculos desenvolvemos e alimentamos um sistema educacional reprodutor de absurdos, produtor de múltiplas formas de ignorância e reprodutor de desigualdades sociais.

O senhor conhece iniciativas brasileiras que estejam combatendo o problema da falta de aprendizagem ou da má qualidade do ensino?
Acompanho algumas práticas, que poderei designar de “Educação integral, numa Escola integrada, em tempo integral”. Ainda que embrionárias, partem de desejos e necessidades sentidas pelos atores locais, esses projetos acontecem a todo o momento e em múltiplos espaços.
Requerem descentralização, questionamento do modelo de relação hierárquica, negociação e contrato, iniciativas culturais, disponibilização de equipamentos coletivos, flexibilidade na organização, respeito pela diversidade.
É conhecida a minha relutância relativamente a iniciativas provindas dos centros dos sistemas educativos. Mas, quando tive oportunidade de participar num evento organizado pelo MEC, confirmei o velho aforismo que nos diz que só um jegue velho não muda de opinião. Assisti a depoimentos de secretarias de Educação e de universidades envolvidas no “Mais Educação”.
Recolhi dados da avaliação, ouvi falar de currículo na Educação integral e de estratégias para implantar a Educação integral no Brasil. Falou-se de Educação integral e não de meras “escolas em tempo integral”. Há, no Brasil, Escolas que reconfiguram as suas práticas. Admiro a abertura e generosidade dos professores brasileiros com quem trabalho. Não copiam, mas reinventam.

O que poderia ser feito para evitar as falhas na Educação das crianças e jovens brasileiros?
O Brasil não padece de carência de recursos; o Brasil gere mal, ou desperdiça recursos. Se as Escolas se converteram ao mundo digital, mas mantêm e reforçam práticas de ensino obsoletas, o improviso e o imediatismo das “novas” práticas faz prosperar o insucesso. Urge instituir novas e autonômicas formas de organização das Escolas, mas também recuperar práticas antigas.
É necessário prudência. A mudança em Educação é um processo complexo e moroso: para grandes metas, pequenos passos. Urge buscar uma Escola do conhecimento e abandonar um ensino meramente transmissivo, fomentar a organização do acesso à informação e a aprendizagem do uso do conhecimento.
A mudança das instituições passa pela transformação do eu das pessoas que as mantêm. Estabeleça-se uma práxis pautada numa ética da responsabilidade e numa relação dialógica e não hierárquica. Que os professores reelaborarem a sua cultura pessoal e profissional, no exercício da convivencialidade. Que recusem ideias feitas e escapem à síndrome do pensamento único.
Freire disse que “não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor”. E Agostinho da Silva acrescentou:
“Temos de reorganizar todo o sistema educacional, de maneira que para o aluno brasileiro haja mais esforço no sentido de descobrir a realidade do que ela ser comunicada por um professor. Talvez se nós ouvíssemos o estudante, o estudante viesse com o espírito de descobrimento do século XIV e viesse com o espírito que foi criativo em Canudos”. Escutêmo-los.
Gazeta do Povo (PR)

sábado, 30 de julho de 2011

Projeto trabalha saúde emocional das crianças


Manter a calma diante de situações difíceis e pensar antes de agir são habilidades que integram o currículo de 16 escolas municipais de Curitiba. A partir de histórias sobre um bicho-pau chamado Zippy, alunos do primeiro e do segundo ano de escolas de ensino integral, têm aulas de Educação emocional.
O programa Amigos do Zippy foi criado pela organização não governamental inglesa Partnership for Children. No Brasil, ele foi implantado pela ONG Associação pela Saúde Emocional das Crianças (Asec) e em Curitiba recebe investimentos do Instituto HSBC Solidariedade. Ao todo, são 24 aulas de uma hora de duração cada uma.
Segundo Andreza do Rocio Pereira Magalhães Mendes, pedagoga da Gerência da Educação Integral da Secretaria Municipal de Educação, as crianças aprendem a identificar e conversar sobre os seus sentimentos, além de explorar maneiras diferentes de lidar com eles.
Pedagoga da Escola Municipal Professor Lauro Esmanhoto, no bairro Pilarzinho, Juliana Elissa da Rocha Escorsin diz que o colégio trabalha há dois anos com o projeto. Ela conta que o personagem foi transformado em bicho de pelúcia e que a cada semana o “novo colega” vai para casa com uma das crianças.
Na volta, o estudante compartilha com os amigos as experiências que viveu ao lado do Zippy. “A criança traz a vivência da sua casa para os demais, ela tem a chance de compartilhar a sua realidade”, explica.
Segundo a presidente da Asec, Tânia Paris, o programa é desenvolvido atualmente em 19 países e envolve cerca de 200 mil crianças. Em todo o Brasil, são 30.400 estudantes de 39 cidades. Já em Curitiba, o Amigos do Zippy atende 1.428 crianças e também envolve três escolas particulares: Dom Bosco, Umbrella e Supremo.
Gazeta do Povo (PR)

Parada Poética - 1

TERRA DE POETAS

Não precisamos ir longe
além das nossas fronteiras
para encontrar um poeta.
São Antônios, tantas Lizas,
Ângelas, Maria Helenas,
os Haroldos, as Narcisas...

Aqui nesta terra doce,
lugar de muitos que escrevem
palavras com melodias,
falando de si, dos outros,
dos lugares com harmonia,
dos fatos em versos soltos,
livres ou metrificados,
em trovas, quadras, sonetos
e cordéis bem humorados.

São Antônios, tantas Lizas,
Ângelas, Maria Helenas,
os Haroldos, as Narcisas...

Heloisa Crespo

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os analfabetos digitais e o aumento de consumo

Há cada cinco brasileiros, um é analfabeto informal. Estes aceleram o consumo sem noções básicas de matemática, cultura e civilidade.
Verdade seja dita, a baixa renda e a nova classe média, intituladas como classes D, E e C mudaram demais nos últimos 10 anos o cenário econômico do País. Graças a elas, a crise econômica americana do subprime, no Brasil, teve efeito ameno em relação ao resto do globo.
O varejo e a indústria nacional descobriram novas possibilidades, cada vez mais conseguem atender esse novo consumidor de uma maneira customizada, de acordo suas necessidades e aspirações, em detrimento ao velho modelo de adaptar produtos e serviços, fornecidos as classes mais favorecidas.
A nova estrutura econômica passa pela estabilização da moeda, incentivos governamentais, fomento ao crédito e cenário econômico internacional instável.
O consumidor de baixa renda vem se acostumando ao consumo mais regular de produtos antes, altamente supérfluos, como iogurtes, amaciantes de roupa, xampu, entre outros e a serviços como manicure, cabeleireira e entregas em domicílio, além de vislumbrar a possibilidade de aquisição de produtos que não passavam de sonho, em um passado próximo, como carro, celular, televisão de plasma entre outros mimos eletroeletrônicos.
Esse Brasil, consumidor e crescente da baixa renda dos últimos anos, contrasta com outro país vivido por essa mesma baixa renda, que no médio e longo prazo será fator inibidor da pujança de agora.
Segundo o resultado do primeiro levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), para analisar a relação entre os sistemas de ensino e a tecnologia, elaborado com dados de 2009 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as escolas brasileiras não estão equipadas e o Brasil é o último em uma lista de 38 países avaliados em relação ao número de computadores por alunos na escola.
Metade dos alunos no Brasil não tem acesso a computador, porém 53% dos estudantes de 15 anos têm computador em casa, uma melhora significativa para uma taxa de 23% registrada há 10 anos, porém é uma melhora insuficiente se isolarmos a classe A e B do universo pesquisado.
A queda no percentual mostrará a realidade de exposição da baixa renda à informação e tecnologia. O PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2010, realizado pelo IBGE aponta que de cada cinco brasileiros, um é analfabeto informal, isso significa dizer, que a pessoa sabe apenas escrever o nome.
Mais uma vez se levarmos em consideração a exclusão, das classes A e B na pesquisa, temos aumento significativo desse índice, nas camadas mais populares da economia.
A dicotomia entre o País em crescimento do consumidor da baixa renda contrasta com a realidade da falta de informação e principalmente da ausência de qualidade na Educação, infelizmente na gíria popular, durante todos esses anos foram dados alguns peixes para a população, mas nenhuma vara ou técnica de como pescar.
A pergunta que fica é até quando será possível ao mercado expandir sem alicerces e até onde o consumidor de baixa renda conseguirá consumir sem noções básicas de matemática, cultura e civilidade.
Você acha exagero? Então, dê uma olhada nas taxas do cartão de crédito, nos juros do financiamento pessoal e no limite do seu cheque especial.
Jornal do Commercio (RJ)

''Estamos sozinhos''

O escritor porto-alegrense Altair Martins trabalha com Educação há bastante tempo. Tem passagens por diversas instituições de ensino gaúchas, além de ter sido o responsável pela cadeira de Conto no hoje extinto Curso de Formação de Escritores e Agentes Literários da Unisinos, no Rio Grande do Sul.
É autor dos livros Dentro do Olho Dentro, Como se Moesse Ferro, Se Chovessem Pássaros e A Parede no Escuro, este último vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2009. Martins é conhecido por ter opiniões duras e realistas quanto ao ensino de literatura e ao incentivo escolar à leitura de ficção e poesia em nosso país.
Em suas respostas, como ele mesmo diz, não há nada de “light”. Para ele, problema maior que o fato de a Educação literária no Brasil estar ligada às exigências do vestibular é a mediocridade do “novo público” leitor, que, habituado a perguntar tudo aos computadores, não estaria mais “habilitado para ler”.
Martins defende a permanência dos clássicos na sala de aula, e diz que os alunos de hoje também apresentam dificuldades para compreender os autores contemporâneos.

Qual o maior problema enfrentado pelos professores que precisam incentivar seus alunos à leitura no Brasil?
A literatura engessada. O problema da leitura é uma questão social. É exigir demais dos professores, e sobretudo dos professores de literatura, que formem leitores no curto espaço com que lidamos com o aluno. Ajudar na leitura — e na escrita — é função de todas as disciplinas. Mas ler para quê?, ouvimos. Para parar de pé, respondemos. E não parece suficiente.
Se a minha geração ainda sacralizava o livro, deve ter sido a última. O livro não atrai, é objeto antigo — porque não é óbvio, exige mais perguntas do que fornece respostas. Transborda. Agride o leitor medíocre, que sempre busca a alegoria como boia. O novo público não é habilitado para ler. Ao contrário, acostumou-se a apontar suas dúvidas para os computadores e se contentar com as primeiras respostas. 

A obrigação de dar aulas tendo o vestibular ou o Enem em mente atrapalha?
Quanto ao vestibular, ao menos no Rio Grande do Sul, é o juízo final, o momento em que o leitorzinho de telinha descobre: “Putz, não sei ler esse troço!”. Quanto ao Enem, até de vendas nos olhos esse leitorzinho de telinha que só lê o obviozinho mas que é considerado moderninho consegue fazer. Estamos quase sozinhos, então? Não, estamos sozinhos mesmo.

Trabalhar com livros contemporâneos funcionaria mais do que com os clássicos? Ou aqui também enfrentamos problemas maiores, decorrentes da formação familiar?
Trabalhar com contemporâneos, dizem os que não trabalham com leitura nenhuma, ajudaria. Ahã. E desde quando contemporâneos são mais fáceis, ou mais atrativos? Tenho dificuldades para trabalhar em sala de aula com o Cristovão Tezza.
Sou daqueles que lutam pela manutenção do clássico na sala de aula porque a sala de aula é o último reduto do clássico. Luto pela leitura de excelência, que é a de poesia. Se não trabalharmos na escola com Machado de Assis e Fernando Pessoa, vamos trabalhar onde? Esperaremos os pais apresentarem Dom Casmurro em casa, aos filhos?
Gazeta do Povo (PR)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Educação no Brasil - tragédia ou desafio?

A Educação para o bem-estar de uma nação é a chave de ouro. No Brasil, embora a política educacional tenha mudado nas últimas décadas, ainda está longe de ser satisfatória. Há planos, projetos e discursos, mas pouca praticidade. O país não leva a Educação a sério, considerando ser política de segundo plano, embora nas campanhas eleitorais seja alardeada como prioridade.
É um país que paga mal os professores, oferece ensino de má qualidade (Segundo o MEC, 91% dos estudantes terminam o ensino fundamental sem saberem ler, compreender e interpretar um texto básico. Isto é triste), não cumpre metas e, com isso, fica estagnado, com elevado índice de violência e desemprego.
O Brasil se atrasou, historicamente, em relação a outros países que haviam feito seu dever de casa há muito tempo - como os EUA - ou se dedicaram intensamente à Educação nas últimas décadas - com destaque para alguns países asiáticos. Estudos apontam que no começo da década o número médio de Escolaridade da população economicamente ativa dos países de língua inglesa, por exemplo, com destaque para os EUA, era o dobro em relação ao Brasil.
Há, no mundo, outros exemplos de países que venceram o atraso, a derrocada, com a implantação segura de eficiente política educacional.
Um exemplo é a China, antes considerada uma das nações mais atrasadas do mundo, com imensa população e o ensino de baixa qualidade, o país sofria um caos.
Hoje, entre os 65 participantes do Pisa (exame internacional de avaliação de alunos de 15 anos de idade), a China alcançou o primeiro lugar com 556 pontos, nos testes de conhecimentos em leitura, matemática e ciências. Isso não é milagre, mas o esforço consciente de um país que deseja avançar no mundo, em termos de desenvolvimento e qualidade de vida.
O Brasil, nessa mesma pesquisa, aparece em 53º lugar entre os 65 participantes, atrás de países como Chile, Colômbia e Trinidad e Tobago. Isso representa, no cenário nacional, para os governantes, uma tragédia ou um desafio? Sabe-se que crescendo devagar, sem política sólida no campo educacional, será difícil chegar perto das nações mais desenvolvidas. É urgente priorizar a Educação.
Então, o Brasil precisa avançar. E o avanço depende, também, do aumento dos recursos para a área e da boa gestão dessas verbas. Até 2014, uma meta possível é a ampliação do investimento para 7% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Brasil investe na Educação básica cerca de US$ 1.500 por aluno/ano. Países vizinhos como Chile e México, investem US$ 2 mil; já a Comunidade Europeia, US$ 6 mil. A gestão da Educação, que vai do secretário de Estado aos profissionais das instituições de ensino, precisa ser aprimorada.
Recentemente, pesquisa realizada pela Consultoria Mc Kinsey & Company, que assessora empresas e governos, concluiu que todos os países, ricos ou pobres, localizados em qualquer canto do mundo, podem conquistar uma Educação de excelência. Para tanto, eficientes políticas devem ser adotadas, em prol do crescimento e desenvolvimento nacional.
A história do Brasil tem sido demarcada pela injustiça social e pela concentração de renda, fatores que distanciam a maioria da população do acesso à Educação básica e superior e, portanto, levam à desvantagem na busca do emprego e de condições melhores de vida, elementos básicos para o exercício da cidadania.
Agora, é preciso dizer se o país deseja continuar patinando com o baixíssimo nível educacional ou se decide a ingressar de vez na economia do conhecimento que se desenha há séculos e da qual optou ficar fora.
Para se tornar uma sociedade avançada é fundamental garantir recursos orçamentários e financeiros crescentes para a Educação, bem como manter e ampliar as políticas de universalização da Educação básica, com programas como o Piso Salarial Nacional digno para os profissionais da esfera pública que nela trabalham. Inconcebível um país pagar mal a seus professores.
De igual modo é preciso incentivar e consolidar o ensino profissional, aumentando significativamente a oferta de técnicos e tecnólogos, assim como manter e ampliar as políticas de incentivo às universidades públicas, centros de pesquisa e de produção de conhecimento. Para isso, é imperativo expandir as redes dessas instituições, garantindo-se a democratização do acesso, a melhoria das condições de permanência dos estudantes e a assistência estudantil.
Nesse contexto, é essencial valorizar os professores e técnico-administrativos que trabalham na Educação, devidamente qualificados e, no caso de instituições públicas, contratados por concurso público.
No Brasil, as soluções caseiras ou de pouca densidade não irão modificar o melancólico quadro educacional. Convém à nação brasileira se espelhar nas soluções encontradas pelos países que se encontram à frente. Seguramente os exemplos darão novo direcionamento à Educação, com políticas capazes de elevar o nível educacional da população. Crescer é preciso. Educar, uma prioridade.
Assim, espera-se que o novo Plano Nacional de Educação 2011-2020, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), em dezembro passado, agora em avaliação no Congresso, possa ser mais efetivo do que o anterior, que teve apenas um terço de suas metas cumpridas, promovendo, assim, uma aceleração no enfrentamento dos atuais desafios.
Por fim, entende-se ser imprescindível que os recursos para a Educação não sejam submetidos a restrições, cortes ou contingenciamentos, ao sabor da conjuntura e de eventuais desequilíbrios tributários decorrentes da apropriação crescente da renda nacional por interesses particulares.
É, portanto, dever do Governo e do Congresso Nacional garantir os recursos necessários à Educação. Conclama-se, por meio desse artigo, toda a sociedade a se engajar nesta luta importante para o país. Educação É PRIORIDADE Nº 1.
A Gazeta (AC)

Ensino da Linguagem Brasileira de Sinais pode se tornar obrigatório nas escolas

Os deficientes auditivos podem ter o aprendizado facilitado nas escolas. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 14/07, que deve entrar na pauta do Plenário na próxima terça-feira (2), torna a Língua Brasileira de Sinais (Libras) obrigatória para todos os estudantes surdos, como língua de comunicação, em todos os níveis e modalidades da educação básica, nas instituições públicas e privadas de ensino.
O projeto, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), insere a obrigatoriedade na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e prevê que as condições de oferta do ensino da Libras serão definidas em regulamento, que deve dispor sobre a necessidade de professores bilíngues, intérpretes, tecnologias para as aulas e acesso dos alunos ouvintes ao aprendizado da linguagem de sinais.
Na justificativa do projeto, o senador Cristovam Buarque argumenta que o ensino da Libras pode marcar "o início da integração dos portadores de deficiência auditiva nas escolas e na sociedade". Se o projeto for aprovado, os sistemas de ensino terão o prazo de três anos para cumprir as exigências.
Agência Senado

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Na hora do recreio, o lanche ideal

O número, cada vez maior, de crianças com problemas na balança, nos últimos meses, tem nos preocupado e nos levado a refletir sobre a Educação alimentar como uma das competências Escolares.
Como deixar a alimentação das crianças mais saudável? É uma pergunta que parece fácil, mas na hora de colocar em prática, a dificuldade logo aparece. Nas férias, crianças e adolescentes se reúnem nas praças de alimentação de shopping centers, onde as “tentações” das lanchonetes estilo fast-food estão por toda parte.
É preciso ter cuidado com este tipo de alimento e os danos que podem causar o excesso de seu consumo, sobretudo, nas crianças. Considero a obesidade infantil e o colesterol alto como apenas alguns destes males.
Outra situação ainda mais grave é a possibilidade de um comprometimento futuro da saúde do coração. Uma criança acima do peso, por exemplo, pode tornar-se um adulto com problemas cardiovasculares. Na volta às aulas, o alerta deve ser feito aos pais, educadores e também aos alunos.
Assim como eu, médicos como o doutor Rinaldo Nóbrega (diretor da Viva Planos de Saúde) acreditam que hambúrgueres, batatas-fritas e refrigerantes não precisam, necessariamente, ser excluídos da alimentação dos pequenos, mas limitados. O segredo é balancear, ou seja, associá-los a um consumo maior de dietas caseiras. 
Vejo como um fator importante para auxiliar nessa missão a busca de respostas às seguintes questões: o que os estudantes de Escolas particulares e públicas lancham? Há realmente diferença na alimentação destes alunos? Como equilibrar sabor e nutrição no cardápio dos estudantes? Os adolescentes são mais conscientes que as crianças quanto à influência dos alimentos na saúde? Será que levar a merenda de casa é a solução?
Duas Escolas do Recife, o Colégio Atual, da rede particular de ensino, e a Escola de Referência em ensino médio Dom Sebastião Leme, da rede pública, são exemplos de instituições que prezam pela Educação alimentar de seus alunos.
O Colégio Atual adota critérios como a oferta de alimentos mais saudáveis e naturais na cantina, com valor nutricional diferenciado, preparados com ingredientes saudáveis, além de uma cultura de plantio, junto à coordenação de meio ambiente, com ensinamentos teóricos e práticos no cultivo de plantas e hortaliças. 
Neste projeto, as crianças, a partir de três anos, aprendem as técnicas para semear e cultivar os alimentos de forma natural, sem utilização de agrotóxicos. Após a colheita, os pequenos ainda aprendem a tratar, preparar e degustar o que colheram. Essa é uma maneira de fazer as crianças descobrirem o sabor dos alimentos naturais e, com isso, adaptarem o paladar, transferindo o hábito até mesmo, para dentro de casa. 
Já na Escola de Referência em ensino médio Dom Sebastião Leme, os alunos além de frequentar aulas de práticas agrícolas, têm à disposição um profissional especializado em nutrição que fica encarregado de selecionar um cardápio apropriado para a merenda Escolar deles. Creme de galinha, arroz, feijão, salada, peixe e carne guizada são alguns dos itens oferecidos aos alunos, que frequentam o ensino integral nessa Escola, no horário do almoço. 
Sendo assim, acredito que há muitas chances para as Escolas, em geral, promoverem uma Educação de qualidade direcionada ao bem-estar dos estudantes.
Folha de Pernambuco (PE)

Condições do aprendizado

Cada vez menos citado na prática, o velho conceito de que é o aluno quem faz a escola começa a ser desfeito também no plano teórico. Levantamento com base na revisão de quase 200 artigos científicos nacionais e internacionais sobre Educação, reunidos em único estudo chamado Caminhos para Melhorar o Aprendizado, demonstra que alunos dos melhores professores aprendem 68% mais do que os colegas orientados pelos docentes de menor competência.
A quantidade de alunos por sala, o apoio e a estrutura física também são importantes sob o ponto de vista dos resultados. Mas a constatação, embasada pelo estudo, de que uma boa escola e um bom professor são indispensáveis para o aprendizado do aluno é que precisa motivar uma reflexão por parte do poder público e de todos os envolvidos na definição de políticas educacionais.
Realizada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Instituto Ayrton Senna e movimento Todos pela Educação, a iniciativa pode contribuir para a valorização dos educadores e, em consequência, para a qualificação do ensino país.
Um aspecto interessante é que o trabalho ajuda a desfazer também a ideia de que o ambiente familiar é sempre vital para o aprendizado. As conclusões nessa área tendem a se encaminhar para um fato tido como incontestável: a qualidade do professor é o que realmente conta sob o ponto de vista dos resultados alcançados por crianças e jovens.
O levantamento, voltado para a Educação básica – que vai da fase de alfabetização, por volta dos 6 anos, até a conclusão do Ensino Médio, aos 17 –, contribui para desmontar outros mitos. Um deles é que a Educação continuada do professor é fundamental para o seu desempenho em sala de aula. Como sabem bem os próprios alunos e pais, nem sempre os melhores educadores são os que têm a titulação acadêmica mais vasta.
Da mesma forma, nada garante que os profissionais de carreira longa sejam os melhores. Tempo de serviço pode não dizer muito se deixar de ser aproveitado para atividades que contribuam para o aperfeiçoamento profissional e mesmo pessoal, favorecendo uma melhor relação com os alunos.
Certamente, de nada adianta uma vantagem como a de contar com professores habilitados se as condições físicas não forem adequadas. Os responsáveis pelas políticas educacionais devem perseguir uma combinação adequada entre professores aptos a ensinar e um ambiente favorável na escola.
É nesse sentido que os resultados do projeto Caminhos para Melhorar o Aprendizado pode dar uma contribuição importante para a qualificação do ensino. O país não pode mais continuar perdendo tempo nesta área, pois é decisiva para definir em que condições passará a figurar entre as economias mais importantes do planeta.
Jornal Zero Hora (RS) e Jornal de Santa Catarina (SC)

“Professor em versos”


A Ciranda on-line vai começar!

Entre na roda com a sua trova, quadra, hai-cai, soneto, cordel ou poesia livre.

Tema: PROFESSOR (a palavra-tema deverá constar no trabalho literário)

Início da Ciranda pelo Brasil e pelo mundo: 25/07/2011
Término para entrega dos trabalhos: 25/09/2011

Apresentação da Ciranda on-line “Professor em versos’ com todos os participantes: 15/10/2011 (Dia do Professor)
Enviar para: Isa Henriques <isahhenriques@gmail.com>
Trabalho literário: Fonte Arial 12
Dados do participante:
Nome completo, nome literário, endereço (rua, número, bairro, CEP, cidade, estado e país), e-mail e telefone.
Participe e divulgue!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ensino fundamental poderá ter jornada de sete horas

A Câmara analisa o Projeto de Lei 450/11, do deputado licenciado Thiago Peixoto (GO), que define os critérios que os gestores de escolas públicas de educação básica devem adotar para garantir o padrão de qualidade previsto na Constituição. O texto também especifica as penalidades impostas aos responsáveis que deixarem de adotar os procedimentos previstos.
Entre os critérios obrigatórios de qualidade propostos constam a jornada escolar universal em tempo integral, de pelo menos sete horas diárias no ensino fundamental e de cinco horas no ensino médio. O magistério público também deve contar com plano de carreira e exigir titulação mínima de todos os profissionais da educação.
A proposta estabelece outros cinco critérios para a melhoria da qualidade do ensino:
- programa de formação continuada para os profissionais do magistério e servidores técnico-administrativos, de duração anual, e com dotação orçamentária específica;
- período de tempo semanal dedicado a atividades de planejamento e estudo coletivo, inserido na jornada de trabalho dos profissionais da educação;
- elaboração pelas escolas de seus próprios planos de educação, em consonância com o Plano Nacional de Educação;
- padrões definidos de infra-estrutura e funcionamento das escolas, de acordo com a relação custo/aluno/padrão/qualidade periodicamente calculada para cada etapa e modalidade da educação básica;
- estratégias diferenciadas na oferta de educação infantil, a fim de que todas as crianças na faixa etária de zero a cinco anos recebam a atenção educacional adequada.

MELHORA PROGRESSIVA
De acordo com o projeto, a qualidade do ensino fundamental e médio deverá ser avaliada periodicamente. A cada avaliação, as médias de resultados deverão ser superiores às anteriormente verificadas.
Para tanto devem ser desenvolvidas ações específicas, com a necessária alocação de recursos financeiros em volume compatível com os esforços a serem empreendidos em cada sistema e rede pública de ensino.
A proposta determina também que enquanto houver estudantes com aproveitamento inferior ao mínimo aceitável, as unidades da Federação deverão desenvolver essas ações específicas, com destinação de recursos em escala compatível com a necessidade de superação das causas da insuficiência.

PENALIDADES
O descumprimento dessas regras, segundo a proposta, será considerado crime de responsabilidade, infração político-administrativa e ato de improbidade administrativa. Além disso, levará à suspensão das transferências voluntárias, relativas à educação, da União ao estado ou ao município, enquanto não forem superadas as irregularidades.

TRAMITAÇÃO
A proposta é idêntica ao PL 7420/06, da ex-deputada Professora Raquel Teixeira (GO), ao qual está apensado. Os projetos serão analisados pelas comissões de Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirão para o Plenário.
Thiago reapresentou seu projeto porque o anterior havia sido arquivado, mas ele foi desarquivado depois, e agora tramitam em conjunto.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:
Agência Câmara

Estados e cidades temem custos de plano de educação

Enquanto o Congresso discute o Plano Nacional de Educação (PNE), Estados e municípios temem ficar com a maior parte da conta para cumprir as metas que estão sendo traçadas para a década.
O governo federal estima que, para atingir os 20 objetivos, seja necessário R$ 61 bilhões, além dos atuais 5% do PIB já investidos. Estados e municípios são responsáveis por 80% do gasto público na área. 
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) se diz preocupada com o cumprimento do plano - só a oferta de creche a 50% da população de até 3 anos, como estabelece o PNE, demandará R$ 18,3 bilhões.
Como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) cobre, em média, 46% dos custos com creches, a CNM estima que os municípios terão de desembolsar R$ 9,9 bilhões nos próximos anos. 
Outra meta do PNE, a universalização do atendimento Escolar da população de 4 e 5 anos na Educação infantil até 2016, exigiria R$ 3,3 bilhões - considerando a média de repasses do Fundeb, o complemento dos municípios ficaria em R$ 700 milhões. 
A CNM alega que a União concentra recursos no ensino superior, forçando os municípios a bancarem cada vez mais os gastos com creches e ensinos infantil e fundamental. Em 2009, a média da receita municipal destinada à Educação foi de 29,1%, diz a confederação.
A Constituição determina que a União aplique pelo menos 18% da sua receita em ações visando à manutenção e desenvolvimento do ensino - para municípios e Estados, a porcentagem é de 25%. 
O deputado Manoel Junior (PMDB-PB) apresentou emenda prevendo que a União amplie sua participação no financiamento da Educação básica.
"O PNE cria demandas na Educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, Educação especial e Educação de jovens e adultos, mas não indica a fonte de receita para custear as despesas nem acrescenta dispositivos para que a União também se responsabilize pelo alcance das metas." 
Em 10 diretrizes e 20 metas, o PNE prevê aumento para professores e ampliação do investimento público até atingir 7% do PIB.
O Estado de São Paulo (SP)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Como melhorar o ensino

Pesquisadores de quatro universidades brasileiras analisaram 165 estudos nacionais e internacionais sobre aprendizado escolar e concluíram que o fator mais importante em sala de aula é a qualidade do professor.
Uma das análises revelou que um bom docente aumenta em até 68% a proficiência do aluno. O levantamento faz parte de uma iniciativa do movimento Todos pela Educação e do Instituto Ayrton Senna, cujo objetivo é apontar caminhos para a melhoria do ensino no Brasil.
Hoje, os estudantes brasileiros alcançam resultados negativos tanto em avaliações nacionais como internacionais. Alunos da 4.ª e 8.ª séries do ensino fundamental e do 3.º ano do ensino médio não atingem metas mínimas. Na média nacional, nenhuma série consegue ter ao menos 35% da turma com o aprendizado correto para a idade.
O tamanho e a composição da turma ocupam o segundo e terceiro lugar, respectivamente, no ranking dos fatores que mais influenciam a capacidade de aprendizado.
Classes menores permitem atendimento individualizado e turmas homogêneas – com alunos da mesma idade e desempenho semelhante – facilitam o preparo da aula e a exposição do conteúdo. Em seguida vem o calendário escolar – com fatores como o número de dias letivos e de faltas dos docentes – e a experiência do professor em sala de aula.

1- QUALIDADE DO PROFESSOR 
Benefícios: Estudos demonstram que um aluno que estuda com os melhores professores da rede em vez de ter aula com os piores docentes aprende cerca de 68% a mais do que o aprendizado médio dos alunos durante o ano letivo. 
Desafios: Critérios frequentemente usados para seleção dos profissionais e definição de salários, como titulação e anos de carreira, não são sinônimos de qualidade. O sucesso do professor pode depender mais de características não observadas nas pesquisas, como liderança, motivação e persistência.
Impacto esperado: Aumentar em 68% o aprendizado anual.

2- TAMANHO DA TURMA
Benefícios: Quanto maior o número de alunos por classe, menor a atenção dada pelo professor a cada um, o que pode comprometer o aprendizado. Menos estudantes é sinônimo de atendimento individualizado. 
Desafios: Reduzir o número de alunos por turma requer espaço físico e professores qualificados para atender a demanda criada pelo aumento do número de salas de aula. Por isso, antes de implementar essa política, é necessário avaliar com cuidado o seu custo-benefício.
Impacto esperado: Aumentar em 44% o aprendizado anual. 

3- COMPOSIÇÃO DA TURMA 
Benefícios: Estudos indicam que o aprendizado é mais favorável em classes homogêneas, pois o professor pode preparar a aula segundo o nível da turma. O docente também se sente mais motivado e empenha-se mais em ensinar. 
Desafios: A diversidade da turma traria por si só ganhos para os alunos em termos de convivência e respeito às diferenças. Por isso, gestores e escolas devem avaliar com critério qual a melhor opção. 
Impacto esperado: Aumentar em 35% o aprendizado anual.

4- EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA 
Benefícios: Ter aula com um professor inexperiente, comparado a um docente com no mínimo dois anos de experiência, faz os alunos aprenderem 22% a mais no ano letivo. Além disso, é crescente a indicação de que a experiência do professor é mais importante nas comunidades mais vulneráveis.
Desafios: Pode ocorrer que professores mais experientes reduzam seu nível de esforço exatamente por perceberem que são melhores ou por serem mais bem remunerados por tempo de serviço e não por terem um melhor desempenho em sala de aula.
Impacto esperado: Aumentar em 22% o aprendizado anual. 

5- CALENDÁRIO ESCOLAR 
Benefícios: A ausência do professor pode ter não só um impacto direto no aprendizado dos alunos, com a redução no número de aulas, mas também um efeito indireto sobre sua motivação.
Desafios: Há evidência científica de que não cumprir os dias letivos previstos pode aumentar a taxa de repetência, especialmente dos alunos com pior desempenho.
Impacto esperado: Aumentar em 29% o aprendizado anual.

PESQUISA REDUZ IMPORTÂNCIA DA TITULAÇÃO ACADÊMICA
Os mais de 150 estudos analisados desmitificam algumas ideias de senso comum sobre a figura do professor, entre elas a relação entre titulação acadêmica e desempenho. Um docente formado nas me­­lhores universidades traz impactos positivos, mas a mesma correla­ção não existe com a conclusão ou não de um mestrado, por exemplo. 
Pesquisas mostram que, entre estudantes da mesma escola e vindos de ambientes familiares semelhantes, não há diferença de aprendizado quando o professor tem formação superior ou completou uma pós-graduação. Conse­lheiro do Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos explica que uma das possibilidades é que há um descompasso entre o que é ensinado nas universidades e o que é exigido para os alunos da Educação básica, por isso não há um impacto direto. 

MOTIVAÇÃO
Outra hipótese é que as pesquisas existentes não conseguem mensurar a motivação dos docentes. Se um determinado professor tem o magistério como primeira opção certamente será melhor que alguém lecionando por simples falta de alternativa profissional, ainda que este tenha titulação acadêmica maior. 
Por fim, uma última alternativa é que estabilidade, segurança e me­­lhor remuneração oferecidas a quem tem maior titulação possa ter impacto negativo sobre o esforço do professor em sala de aula. “De fato, qualquer privilégio definido segundo o nível educacional, em particular a diferença de remuneração, pode também servir de de­­sestímulo ao esforço dos professores”, dizem os pesquisadores do To­­dos pela Educação no documento.
Gazeta do Povo (PR)